EXPRESSO: Vidas

25-12-2002
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16/11/2002

GENTE

A estética de Macário Coordenação de Pedro Andrade

ANA BAIÃO O célebre secretário de Estado a quem tanto fazia lamber um cinzeiro como beijar uma mulher fumadora, o actual presidente da Câmara de Tavira, Macário Correia, veio alertar, há dias, no jornal «O Algarve», para o facto de «o ar que nós respiramos e as casas onde vivemos e os locais onde trabalhamos» estarem «repletos de ondas electromagnéticas». O célebre secretário de Estado a quem tanto fazia lamber um cinzeiro como beijar uma mulher fumadora, o actual presidente da Câmara de Tavira,, veio alertar, há dias, no jornal «O Algarve», para o facto deestarem «Os cabos de alta tensão e os cabos de televisão, as emissões de rádio, etc., tudo isso propaga como os cientistas e os técnicos sabem pelo espectro rádio eléctrico, e portanto nós vivemos num mundo em que essa circunstância é um facto, todavia, há que ter serenidade e tranquilidade», prosseguiu Macário, para concluir: «No concelho de Tavira temos tido esse cuidado, procurámos que as antenas tivessem um aspecto estético, adequado, em vez de serem gaiolas de arame sem qualquer nexo». Ou seja, perigosas, mas bonitinhas.

McLenine em Budapeste João Bosco Mota Amaral e uma comitiva de todos os partidos representados na Assembleia da República fizeram, na semana passada, uma visita protocolar a Budapeste. A certa altura, os deputados foram dar uma volta pelo centro da capital húngara e encontraram uma banca com «T-shirts» alusivas à queda do comunismo na Europa de Leste. Logo, um dos presentes se prontificou a comprar uma para oferecer ao deputado do PCP Bruno Dias, que ostentava na frente os arcos do McDonald's, só que transformados em McLenine, juntamente com a cara do revolucionário russo, enquanto nas costas exibia o símbolo do Partido Comunista soviético junto com a frase «The Party is Over». No meio de imensas gargalhadas, Bruno Dias respondeu que agradecia muito mas já tinha comprado uma que dizia «The Party is Well and Kicking».

O pecado do seminarista Igreja e futebol, definitivamente, não combinam bem. Há duas semanas, o jornal «Record» deu a conhecer ao mundo Paulo Vaz, o seminarista, prestes a ser padre, que acumulava o desejo de seguir uma vida dedicada a Deus, com o prazer da bola - não jogando mas arbitrando. A originalidade da história deste jovem árbitro levou outros meios de comunicação social atrás do «Record». E Paulo Vaz transformou-se numa pequena vedeta, deixando-se fotografar e filmar com vestes clericais, dentro da igreja da paróquia da Tebosa, em Braga, onde, disse, ajuda à missa. «Isto até é uma coisa que me incomoda», confessou depois o padre Manuel Azevedo da Costa, prior da paróquia do Divino Salvador. Ele, sim, é pároco, celebra missa na Tebosa e só lamenta «os mal-entendidos» criados, «não sei bem se pelo Paulo, se pelos jornalistas». É que o seu ajudante já pouco ajuda na Igreja, não é sequer seminarista, não estuda Teologia em Braga (está apenas a tirar umas disciplinas do 12º ano) e a ideia de ser padre, por enquanto, é mesmo só uma ideia. Porque, para lá chegar, «o Paulo tem ainda um longo caminho para percorrer», explica o padre Manuel, como quem diz, de mentiras está o Inferno cheio.

Rui Rio na passerelle Apesar de não ser um «político de passerelle», Rui Rio deslocou-se três vezes na mesma semana à Alfândega do Porto para participar em eventos de moda: Portugal Fashion, o Porto de Moda e o Porto Fashion Awards (PFA). Isso mesmo foi recordado, com um pouco habitual sorriso nos lábios, pelo presidente da Câmara do Porto quando entregou sábado passado à portuguesa Ana Lu Correia o prémio que distinguiu a melhor estilista da meia dúzia de finalistas de outros tantos países. O PFA, que cumpriu este ano a sua segunda edição, tem lugar de dois em dois anos e premeia a carreira de personalidades ligadas à moda - este ano foram distinguidos Joaquim Cardoso e Agatha Ruiz de La Prada (na foto, a receber o prémio) - bem como jovens estilistas. Ao longo de um processo que leva alguns meses, os melhores finalistas das melhores escolas de estilistas de seis países europeus (Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha e Grã-Bretanha) escolhem tecidos portugueses que lhes são oferecidos para confeccionarem uma colecção que é apresentada na gala do PFA. Um júri composto por personalidades dos seis países (e que este ano contou com o responsável da edição espanhola da «Vogue», a editora de moda da «Wall Paper» britânica e a directora do Museu de Moda do Louvre) elegeu o melhor de cada país e o melhor dos melhores. Este ano a grande vencedora foi portuguesa - apesar de não ter recolhido o voto favorável do representante nacional no júri. Apesar de não ser um «político de passerelle»,deslocou-se três vezes na mesma semana à Alfândega do Porto para participar em eventos de moda: Portugal Fashion, o Porto de Moda e o Porto Fashion Awards (PFA). Isso mesmo foi recordado, com um pouco habitual sorriso nos lábios, pelo presidente da Câmara do Porto quando entregou sábado passado à portuguesao prémio que distinguiu a melhor estilista da meia dúzia de finalistas de outros tantos países. O PFA, que cumpriu este ano a sua segunda edição, tem lugar de dois em dois anos e premeia a carreira de personalidades ligadas à moda - este ano foram distinguidos(na foto, a receber o prémio) - bem como jovens estilistas. Ao longo de um processo que leva alguns meses, os melhores finalistas das melhores escolas de estilistas de seis países europeus (Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha e Grã-Bretanha) escolhem tecidos portugueses que lhes são oferecidos para confeccionarem uma colecção que é apresentada na gala do PFA. Um júri composto por personalidades dos seis países (e que este ano contou com o responsável da edição espanhola da «Vogue», a editora de moda da «Wall Paper» britânica e a directora do Museu de Moda do Louvre) elegeu o melhor de cada país e o melhor dos melhores. Este ano a grande vencedora foi portuguesa - apesar de não ter recolhido o voto favorável do representante nacional no júri.

António Mocho «despista-se» O ex-director do Rally de Portugal, António Mocho, vai «doar» 2500 euros à associação de apoio a crianças com Sida - a SOL. O gesto poderia ser um acto benemérito do actual assessor de imprensa do ministro da Saúde, mas resume-se a uma «condenação» judicial. Em causa está um relatório da Federação Internacional de Automobilismo sobre a edição do ano passado do Rally de Portugal, divulgado pelo colaborador da rádio RFM, e vice-presidente da AMG-Mercedes, Domingos Piedade. As várias falhas apontadas ameaçavam a continuidade do circuito português no Campeonato do Mundo e Mocho, à data director do Rally, «entrou em contra-mão» ao dizer que a divulgação do documento visava favorecer a entrada da Alemanha no calendário mundial. Piedade não gostou e apelou à Justiça. E, no dia 28 de Outubro, António Mocho foi a tribunal fazer um pedido formal de desculpas a Domingos Piedade e assinar o cheque da indemnização, que o beneficiário quis que fosse revertida para a SOL.

Portas das medalhas JOSÉ VENTURA Os militares já andaram mais satisfeitos com o ministro da Defesa Nacional do que nos tempos mais modernos. Acham que o líder do CDS/PP já teve mais capacidade reivindicativa do que tem hoje no Governo de coligação com o PSD, como bem se pode ver pelo Orçamento do Estado esta semana aprovado na Assembleia da República. Já há até quem tema pelos cortes que Paulo Portas vai mesmo ter de fazer no seu Ministério para arranjar algum dinheirinho extra para modernizar o obsoleto equipamento das Forças Armadas. É que o ministro pode ter de começar a «economizar» nas medalhas que tão generosamente tem distribuído por dezenas de militares desde que assumiu o cargo. Basta pegar num qualquer «Diário da República» para descobrir mais um, dois ou três militares agraciados por «serviços distintos» prestados. Os militares já andaram mais satisfeitos com o ministro da Defesa Nacional do que nos tempos mais modernos. Acham que o líder do CDS/PP já teve mais capacidade reivindicativa do que tem hoje no Governo de coligação com o PSD, como bem se pode ver pelo Orçamento do Estado esta semana aprovado na Assembleia da República. Já há até quem tema pelos cortes quevai mesmo ter de fazer no seu Ministério para arranjar algum dinheirinho extra para modernizar o obsoleto equipamento das Forças Armadas. É que o ministro pode ter de começar a «economizar» nas medalhas que tão generosamente tem distribuído por dezenas de militares desde que assumiu o cargo. Basta pegar num qualquer «Diário da República» para descobrir mais um, dois ou três militares agraciados por «serviços distintos» prestados.

Convite indigesto O antigo líder parlamentar do CDS/PP Jorge Ferreira é um dos mais recentes membros do American Club. E, como é da praxe no clube, cada novo membro é apresentado no primeiro acto público a que compareça imediatamente a seguir à sua adesão. E imagine-se qual foi esse acto para o novel sócio Ferreira: precisamente o almoço da semana passada em que o ministro de Estado e da Defesa, Paulo Portas, foi o convidado de honra. E lá teve o ministro de gramar com o discurso da praxe de boas vindas ao «monteirista público número um». Diz quem ouviu que Paulo Portas não digeriu bem o almoço. Valeu-lhe que, para equilibrar, também a governadora civil de Lisboa e indefectível fã do líder centrista, Teresa Caeiro, se fez sócia e foi apresentada na mesma ocasião.

Roma, não jogarás A controvérsia em torno da instalação de um casino no Parque Mayer por proposta do presidente da Câmara, Pedro Santana Lopes, teve o condão de instigar os investigadores e os especialistas em estudos comparados a verificar o que se passa nos outros países. E a conclusão é que raras são as capitais europeias que dispensam este pólo de atracção de impostos e turismo. As cidades mais cosmopolitas como Londres ou Paris batem todos os recordes - 21 e 15 casinos, respectivamente. Aqui ao lado, Madrid oferece três e, em Barcelona, um dos dois casinos foi transferido (o que não é o caso de Lisboa) dos arredores (Sitges) para o centro. Mas há duas excepções que dão que pensar e remetem para a superioridade da cultura clássica. Apesar da Grécia ter 17 casas de jogo, a capital, Atenas, não entra neste negócio. E, finalmente, Roma. As cidades de Veneza ou Milão contribuíam para os 14 casinos de Itália mas a capital rejeita tais «antros de vício». Será a influência do Vaticano e o receio de que o Papa João Paulo II pudesse acrescentar o mandamento «Não jogarás» à cartilha católica? A controvérsia em torno da instalação de um casino no Parque Mayer por proposta do presidente da Câmara,, teve o condão de instigar os investigadores e os especialistas em estudos comparados a verificar o que se passa nos outros países. E a conclusão é que raras são as capitais europeias que dispensam este pólo de atracção de impostos e turismo. As cidades mais cosmopolitas como Londres ou Paris batem todos os recordes - 21 e 15 casinos, respectivamente. Aqui ao lado, Madrid oferece três e, em Barcelona, um dos dois casinos foi transferido (o que não é o caso de Lisboa) dos arredores (Sitges) para o centro. Mas há duas excepções que dão que pensar e remetem para a superioridade da cultura clássica. Apesar da Grécia ter 17 casas de jogo, a capital, Atenas, não entra neste negócio. E, finalmente, Roma. As cidades de Veneza ou Milão contribuíam para os 14 casinos de Itália mas a capital rejeita tais «antros de vício». Será a influência do Vaticano e o receio de que o Papapudesse acrescentar o mandamento «Não jogarás» à cartilha católica?

Memória de elefante Os bons amigos do passado estarão para sempre no nosso coração. O refrão da canção tradicional casa-se como uma luva com o jantar de despedida da Agência Lusa do antigo jornalista Paulo Ramalheira, realizado no Califa em Benfica, por iniciativa de Manuel Pedroso Marques, o presidente da agência noticiosa. Uma entrada de mariscos seguida de um naco de carne foi a ementa do repasto de despedida, que contou com a presença de veteranos dos gloriosos tempos da ANOP, como Carlos Charneca, Horta Lobo, Leonor Sá Machado e Fernando Trigo, entre outros, e teve como ponto alto a oferta de cópias dos telexes das primeiras noticias redigidas em 1979 pelo então jovem estagiário Ramalheira. Curioso apenas o facto de o jantar de despedida se realizar seis anos depois de Paulo (actualmente director de Imagem e Comunicação da PT Inovação, com sede em Aveiro) ter feito a sua última notícia para a agência. Em 1996, Paulo Ramalheira, então um dos responsáveis pelo escritório da Lusa em Macau, foi requisitado para integrar a administração da TDM, nunca mais regressando à profissão de jornalista. Valeu-lhe, na hora da despedida, a memória de elefante de Manuel Pedroso Marques.

«Avaria» verde Todos aqueles que tentam ficar a par das novidades leoninas acedendo ao «site» do Sporting Clube de Portugal na Internet descobriram uma situação «sui generis» nos primeiros dias deste mês. Na semana a seguir ao dia 2 de Novembro, quando o Sporting perdeu por 3 a 0 para o Gil Vicente em Alvalade, facto que o poria em sétimo lugar no campeonato, o local do «site» onde aparecem as classificações continuava teimosamente a manter a equipa treinada por Laszlo Bölöni em segundo lugar. Entretanto, acima do local das classificações, aparecia uma explicação: «Motivos de ordem técnica impedem-nos de actualizar a tabela classificativa. Pelo facto apresentamos as nossas desculpas». Pouco habituados com esta insólita classificação, os informáticos que cuidam do «site» do Sporting foram incapazes de consertar a «avaria» ao longo da semana. Até que, no dia 8, a equipa leonina ganhou ao Guimarães, passou a ocupar o terceiro lugar da Liga e o «site» do clube voltou a funcionar normalmente. Todos aqueles que tentam ficar a par das novidades leoninas acedendo ao «site» do Sporting Clube de Portugal na Internet descobriram uma situação «sui generis» nos primeiros dias deste mês. Na semana a seguir ao dia 2 de Novembro, quando o Sporting perdeu por 3 a 0 para o Gil Vicente em Alvalade, facto que o poria em sétimo lugar no campeonato, o local do «site» onde aparecem as classificações continuava teimosamente a manter a equipa treinada porem segundo lugar. Entretanto, acima do local das classificações, aparecia uma explicação:. Pouco habituados com esta insólita classificação, os informáticos que cuidam do «site» do Sporting foram incapazes de consertar a «avaria» ao longo da semana. Até que, no dia 8, a equipa leonina ganhou ao Guimarães, passou a ocupar o terceiro lugar da Liga e o «site» do clube voltou a funcionar normalmente.

O Orçamento da madrugada A Comissão de Economia da Assembleia da República, na noite de segunda para terça-feira, funcionou para além das seis da manhã para votar todos os artigos do Orçamento de Estado, porque o PSD fez finca-pé nisso. O acordo inicial era que à uma da madrugada se fizesse um balanço, mas os sociais-democratas, argumentando que ainda havia muito para votar, impuseram a continuação dos trabalhos. Passavam das duas da manhã quando um representante oposicionista salientou o insólito da decisão, já que os deputados do PSD e do CDS estavam a escassear, deixando a oposição em maioria em relação à coligação governamental. Além disso, a certo momento, Francisco Louçã denunciou a presença de um deputado do CDS, João Almeida, que não fazia parte da comissão e portanto não podia votar. Face a isto, mandaram chamar à pressa os deputados Diogo Feyo, do CDS, e António Preto, do PSD, que fazem parte da comissão. Os dois acabaram por aparecer sem gravata, meio despenteados, com grandes olheiras e um ar de que tinham acabado de saltar da cama. A noite já ia longa e o ambiente acabou por aquecer com uma altercação entre Louçã e Preto sobre as verbas do Orçamento para a recuperação do Parque Mayer. Louçã fez alusão à existência de «um negócio pessoal» entre Pedro Santana Lopes e Stanley Ho. Indignado, Preto levantou-se e afirmou que «é uma ignomínia dizer isto, seria o mesmo que dizer que o Bloco Central, que defende a legalização das drogas leves, teria um negócio pessoal com o traficante colombiano Pablo Escobar». Louçã retorquiu declarando que «o Bloco nunca poderia fazer um negócio com Escobar, em primeiro lugar, porque ele já morreu, e em segundo, porque o negócio dele eram drogas pesadas». Acalmados os ânimos, prosseguiram as votações e finalmente, às seis e meia, os deputados puderam ir para casa.

«Blitz» fez 18 anos Juntos, como nos primeiros tempos do «Blitz», Manuel Falcão e Cândida Teresa espreitavam, em jeito de saudosismo, a primeira capa do jornal. O fundador recordava, por certo, a entrevista telefónica feita a Siouxsie Sioux, aquando da sua vinda ao Restelo em 1984, enquanto a gráfica, de quase sempre, avaliava a importância daquele primeiro logotipo impresso que nem gostava por aí além. Na altura, custava 20 escudos e tinha por concorrente o «Sete». Terça-feira passada, na festa do seu 18º aniversário, nas lojas Vyrus e espaço Amo-te Chiado, em Lisboa, o balanço foi positivo face às grandes e pequenas diferenças desses e destes tempos. Este ano, a comemoração foi dupla, com o apagar das velas pela administradora do Grupo Impresa, Mónica Balsemão Penaguião e a equipa do «Blitz» e com a entrega dos prémios musicais aos melhores de 2001. As «estatuetas-CD» foram para Wray Gunn (revelação nacional), Linkin Park (revelação internacional), Jorge Palma (artista nacional), Björk (artista internacional), Mão Morta (banda nacional), Radiohead (banda internacional), Mão Morta (álbum nacional) e «Toxicity» dos System of a Down (álbum internacional). Fernando Alvim foi o apresentador de serviço e soube defender-se bem das ausências dos laureados, chamando para a ocasião os representantes das editoras nacionais. Quem não faltou este ano foi o público, que não quis perder a entrada do «Blitz» na idade adulta. Hoje, como a única publicação musical portuguesa, feita por outros especialistas. Os destes tempos. Os portugueses Zedisaneonlight foram os últimos a subir ao palco da Vyrus, no Chiado O primeiro prémio foi parar às mãos dos Wray Gunn, a banda revelação nacional de 2001

No Amo-te Chiado, os artistas confudiram-se com o restante ambiente. Jovem e informal A administradora do Grupo Impresa, Mónica Balsemão Penaguião

A primeira... ... e a última capa

FOTOGRAFIAS DE JOSÉ VENTURA Manuel Falcão, o fundador do jornal «Blitz», ainda agradece à gráfica Cândida Teresa a primeira capa do «Blitz», em Novembro de 1984. A primeira de muitas O apagar das 18 velas

Menina directora Ainda era criança quando a primeira capa do «Blitz» saiu para as bancas. Aos nove anos poucas certezas tinha quanto ao futuro, mas o bom ouvido para a música e para tudo o que com ela se relacionasse já fora despertado. Anos mais tarde, com a paixão firmada, Sónia Pereira torna-se fã incondicional do «Blitz». «Era o meu ponto de referência». Lia-o de fio a pavio, semana a semana, e atentava a todos os detalhes. Decidiu aí que o jornalismo musical havia de ser o seu modo de vida. Acabou o curso de Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa como a melhor do seu ano, sendo presenteada com um prémio pecuniário e com a possibilidade de ingressar no «Diário de Notícias». Recusou esta última oferta e ao «DN» preferiu o «Blitz». Entra para a redacção «jovem, informal e descontraída» da única publicação musical portuguesa em Agosto de 1997 e ao fim de quatro anos, com apenas 27 anos, já estava sentada Ainda era criança quando a primeira capa do «Blitz» saiu para as bancas. Aos nove anos poucas certezas tinha quanto ao futuro, mas o bom ouvido para a música e para tudo o que com ela se relacionasse já fora despertado. Anos mais tarde, com a paixão firmada,torna-se fã incondicional do «Blitz».. Lia-o de fio a pavio, semana a semana, e atentava a todos os detalhes. Decidiu aí que o jornalismo musical havia de ser o seu modo de vida. Acabou o curso de Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa como a melhor do seu ano, sendo presenteada com um prémio pecuniário e com a possibilidade de ingressar no «Diário de Notícias». Recusou esta última oferta e ao «DN» preferiu o «Blitz». Entra para a redacçãoda única publicação musical portuguesa em Agosto de 1997 e ao fim de quatro anos, com apenas 27 anos, já estava sentada na cadeira do poder, com o cargo de directora, sucedendo a Rui Monteiro. «Não fazia parte das minhas ambições, mas é uma oportunidade que surge uma única vez na vida». Desafio aceite, foi altura de repensar o projecto e, essencialmente, de «travar a quebra progressiva anual de vendas». A curto prazo encontrou estabilidade para as contas, sem mexer na linha editorial ecléctica do jornal. «Apenas abri um espaço para apresentar novas bandas portuguesas que ainda não estão no circuito comercial e desenvolvi actividades para se estar mais perto do leitor, como a secção dos passatempos e reportagens onde esse contacto é obrigatório, como a queima das fitas». Com 20 mil exemplares de tiragem, o «Blitz» prepara-se agora para mudar e renascer como revista. A maioridade exige-lhe mais responsabilidade perante o seu público, entre os 15 e os 25 anos, mas não o obriga a perder a alma rebelde.

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16/11/2002

GENTE

A estética de Macário Coordenação de Pedro Andrade

ANA BAIÃO O célebre secretário de Estado a quem tanto fazia lamber um cinzeiro como beijar uma mulher fumadora, o actual presidente da Câmara de Tavira, Macário Correia, veio alertar, há dias, no jornal «O Algarve», para o facto de «o ar que nós respiramos e as casas onde vivemos e os locais onde trabalhamos» estarem «repletos de ondas electromagnéticas». O célebre secretário de Estado a quem tanto fazia lamber um cinzeiro como beijar uma mulher fumadora, o actual presidente da Câmara de Tavira,, veio alertar, há dias, no jornal «O Algarve», para o facto deestarem «Os cabos de alta tensão e os cabos de televisão, as emissões de rádio, etc., tudo isso propaga como os cientistas e os técnicos sabem pelo espectro rádio eléctrico, e portanto nós vivemos num mundo em que essa circunstância é um facto, todavia, há que ter serenidade e tranquilidade», prosseguiu Macário, para concluir: «No concelho de Tavira temos tido esse cuidado, procurámos que as antenas tivessem um aspecto estético, adequado, em vez de serem gaiolas de arame sem qualquer nexo». Ou seja, perigosas, mas bonitinhas.

McLenine em Budapeste João Bosco Mota Amaral e uma comitiva de todos os partidos representados na Assembleia da República fizeram, na semana passada, uma visita protocolar a Budapeste. A certa altura, os deputados foram dar uma volta pelo centro da capital húngara e encontraram uma banca com «T-shirts» alusivas à queda do comunismo na Europa de Leste. Logo, um dos presentes se prontificou a comprar uma para oferecer ao deputado do PCP Bruno Dias, que ostentava na frente os arcos do McDonald's, só que transformados em McLenine, juntamente com a cara do revolucionário russo, enquanto nas costas exibia o símbolo do Partido Comunista soviético junto com a frase «The Party is Over». No meio de imensas gargalhadas, Bruno Dias respondeu que agradecia muito mas já tinha comprado uma que dizia «The Party is Well and Kicking».

O pecado do seminarista Igreja e futebol, definitivamente, não combinam bem. Há duas semanas, o jornal «Record» deu a conhecer ao mundo Paulo Vaz, o seminarista, prestes a ser padre, que acumulava o desejo de seguir uma vida dedicada a Deus, com o prazer da bola - não jogando mas arbitrando. A originalidade da história deste jovem árbitro levou outros meios de comunicação social atrás do «Record». E Paulo Vaz transformou-se numa pequena vedeta, deixando-se fotografar e filmar com vestes clericais, dentro da igreja da paróquia da Tebosa, em Braga, onde, disse, ajuda à missa. «Isto até é uma coisa que me incomoda», confessou depois o padre Manuel Azevedo da Costa, prior da paróquia do Divino Salvador. Ele, sim, é pároco, celebra missa na Tebosa e só lamenta «os mal-entendidos» criados, «não sei bem se pelo Paulo, se pelos jornalistas». É que o seu ajudante já pouco ajuda na Igreja, não é sequer seminarista, não estuda Teologia em Braga (está apenas a tirar umas disciplinas do 12º ano) e a ideia de ser padre, por enquanto, é mesmo só uma ideia. Porque, para lá chegar, «o Paulo tem ainda um longo caminho para percorrer», explica o padre Manuel, como quem diz, de mentiras está o Inferno cheio.

Rui Rio na passerelle Apesar de não ser um «político de passerelle», Rui Rio deslocou-se três vezes na mesma semana à Alfândega do Porto para participar em eventos de moda: Portugal Fashion, o Porto de Moda e o Porto Fashion Awards (PFA). Isso mesmo foi recordado, com um pouco habitual sorriso nos lábios, pelo presidente da Câmara do Porto quando entregou sábado passado à portuguesa Ana Lu Correia o prémio que distinguiu a melhor estilista da meia dúzia de finalistas de outros tantos países. O PFA, que cumpriu este ano a sua segunda edição, tem lugar de dois em dois anos e premeia a carreira de personalidades ligadas à moda - este ano foram distinguidos Joaquim Cardoso e Agatha Ruiz de La Prada (na foto, a receber o prémio) - bem como jovens estilistas. Ao longo de um processo que leva alguns meses, os melhores finalistas das melhores escolas de estilistas de seis países europeus (Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha e Grã-Bretanha) escolhem tecidos portugueses que lhes são oferecidos para confeccionarem uma colecção que é apresentada na gala do PFA. Um júri composto por personalidades dos seis países (e que este ano contou com o responsável da edição espanhola da «Vogue», a editora de moda da «Wall Paper» britânica e a directora do Museu de Moda do Louvre) elegeu o melhor de cada país e o melhor dos melhores. Este ano a grande vencedora foi portuguesa - apesar de não ter recolhido o voto favorável do representante nacional no júri. Apesar de não ser um «político de passerelle»,deslocou-se três vezes na mesma semana à Alfândega do Porto para participar em eventos de moda: Portugal Fashion, o Porto de Moda e o Porto Fashion Awards (PFA). Isso mesmo foi recordado, com um pouco habitual sorriso nos lábios, pelo presidente da Câmara do Porto quando entregou sábado passado à portuguesao prémio que distinguiu a melhor estilista da meia dúzia de finalistas de outros tantos países. O PFA, que cumpriu este ano a sua segunda edição, tem lugar de dois em dois anos e premeia a carreira de personalidades ligadas à moda - este ano foram distinguidos(na foto, a receber o prémio) - bem como jovens estilistas. Ao longo de um processo que leva alguns meses, os melhores finalistas das melhores escolas de estilistas de seis países europeus (Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha e Grã-Bretanha) escolhem tecidos portugueses que lhes são oferecidos para confeccionarem uma colecção que é apresentada na gala do PFA. Um júri composto por personalidades dos seis países (e que este ano contou com o responsável da edição espanhola da «Vogue», a editora de moda da «Wall Paper» britânica e a directora do Museu de Moda do Louvre) elegeu o melhor de cada país e o melhor dos melhores. Este ano a grande vencedora foi portuguesa - apesar de não ter recolhido o voto favorável do representante nacional no júri.

António Mocho «despista-se» O ex-director do Rally de Portugal, António Mocho, vai «doar» 2500 euros à associação de apoio a crianças com Sida - a SOL. O gesto poderia ser um acto benemérito do actual assessor de imprensa do ministro da Saúde, mas resume-se a uma «condenação» judicial. Em causa está um relatório da Federação Internacional de Automobilismo sobre a edição do ano passado do Rally de Portugal, divulgado pelo colaborador da rádio RFM, e vice-presidente da AMG-Mercedes, Domingos Piedade. As várias falhas apontadas ameaçavam a continuidade do circuito português no Campeonato do Mundo e Mocho, à data director do Rally, «entrou em contra-mão» ao dizer que a divulgação do documento visava favorecer a entrada da Alemanha no calendário mundial. Piedade não gostou e apelou à Justiça. E, no dia 28 de Outubro, António Mocho foi a tribunal fazer um pedido formal de desculpas a Domingos Piedade e assinar o cheque da indemnização, que o beneficiário quis que fosse revertida para a SOL.

Portas das medalhas JOSÉ VENTURA Os militares já andaram mais satisfeitos com o ministro da Defesa Nacional do que nos tempos mais modernos. Acham que o líder do CDS/PP já teve mais capacidade reivindicativa do que tem hoje no Governo de coligação com o PSD, como bem se pode ver pelo Orçamento do Estado esta semana aprovado na Assembleia da República. Já há até quem tema pelos cortes que Paulo Portas vai mesmo ter de fazer no seu Ministério para arranjar algum dinheirinho extra para modernizar o obsoleto equipamento das Forças Armadas. É que o ministro pode ter de começar a «economizar» nas medalhas que tão generosamente tem distribuído por dezenas de militares desde que assumiu o cargo. Basta pegar num qualquer «Diário da República» para descobrir mais um, dois ou três militares agraciados por «serviços distintos» prestados. Os militares já andaram mais satisfeitos com o ministro da Defesa Nacional do que nos tempos mais modernos. Acham que o líder do CDS/PP já teve mais capacidade reivindicativa do que tem hoje no Governo de coligação com o PSD, como bem se pode ver pelo Orçamento do Estado esta semana aprovado na Assembleia da República. Já há até quem tema pelos cortes quevai mesmo ter de fazer no seu Ministério para arranjar algum dinheirinho extra para modernizar o obsoleto equipamento das Forças Armadas. É que o ministro pode ter de começar a «economizar» nas medalhas que tão generosamente tem distribuído por dezenas de militares desde que assumiu o cargo. Basta pegar num qualquer «Diário da República» para descobrir mais um, dois ou três militares agraciados por «serviços distintos» prestados.

Convite indigesto O antigo líder parlamentar do CDS/PP Jorge Ferreira é um dos mais recentes membros do American Club. E, como é da praxe no clube, cada novo membro é apresentado no primeiro acto público a que compareça imediatamente a seguir à sua adesão. E imagine-se qual foi esse acto para o novel sócio Ferreira: precisamente o almoço da semana passada em que o ministro de Estado e da Defesa, Paulo Portas, foi o convidado de honra. E lá teve o ministro de gramar com o discurso da praxe de boas vindas ao «monteirista público número um». Diz quem ouviu que Paulo Portas não digeriu bem o almoço. Valeu-lhe que, para equilibrar, também a governadora civil de Lisboa e indefectível fã do líder centrista, Teresa Caeiro, se fez sócia e foi apresentada na mesma ocasião.

Roma, não jogarás A controvérsia em torno da instalação de um casino no Parque Mayer por proposta do presidente da Câmara, Pedro Santana Lopes, teve o condão de instigar os investigadores e os especialistas em estudos comparados a verificar o que se passa nos outros países. E a conclusão é que raras são as capitais europeias que dispensam este pólo de atracção de impostos e turismo. As cidades mais cosmopolitas como Londres ou Paris batem todos os recordes - 21 e 15 casinos, respectivamente. Aqui ao lado, Madrid oferece três e, em Barcelona, um dos dois casinos foi transferido (o que não é o caso de Lisboa) dos arredores (Sitges) para o centro. Mas há duas excepções que dão que pensar e remetem para a superioridade da cultura clássica. Apesar da Grécia ter 17 casas de jogo, a capital, Atenas, não entra neste negócio. E, finalmente, Roma. As cidades de Veneza ou Milão contribuíam para os 14 casinos de Itália mas a capital rejeita tais «antros de vício». Será a influência do Vaticano e o receio de que o Papa João Paulo II pudesse acrescentar o mandamento «Não jogarás» à cartilha católica? A controvérsia em torno da instalação de um casino no Parque Mayer por proposta do presidente da Câmara,, teve o condão de instigar os investigadores e os especialistas em estudos comparados a verificar o que se passa nos outros países. E a conclusão é que raras são as capitais europeias que dispensam este pólo de atracção de impostos e turismo. As cidades mais cosmopolitas como Londres ou Paris batem todos os recordes - 21 e 15 casinos, respectivamente. Aqui ao lado, Madrid oferece três e, em Barcelona, um dos dois casinos foi transferido (o que não é o caso de Lisboa) dos arredores (Sitges) para o centro. Mas há duas excepções que dão que pensar e remetem para a superioridade da cultura clássica. Apesar da Grécia ter 17 casas de jogo, a capital, Atenas, não entra neste negócio. E, finalmente, Roma. As cidades de Veneza ou Milão contribuíam para os 14 casinos de Itália mas a capital rejeita tais «antros de vício». Será a influência do Vaticano e o receio de que o Papapudesse acrescentar o mandamento «Não jogarás» à cartilha católica?

Memória de elefante Os bons amigos do passado estarão para sempre no nosso coração. O refrão da canção tradicional casa-se como uma luva com o jantar de despedida da Agência Lusa do antigo jornalista Paulo Ramalheira, realizado no Califa em Benfica, por iniciativa de Manuel Pedroso Marques, o presidente da agência noticiosa. Uma entrada de mariscos seguida de um naco de carne foi a ementa do repasto de despedida, que contou com a presença de veteranos dos gloriosos tempos da ANOP, como Carlos Charneca, Horta Lobo, Leonor Sá Machado e Fernando Trigo, entre outros, e teve como ponto alto a oferta de cópias dos telexes das primeiras noticias redigidas em 1979 pelo então jovem estagiário Ramalheira. Curioso apenas o facto de o jantar de despedida se realizar seis anos depois de Paulo (actualmente director de Imagem e Comunicação da PT Inovação, com sede em Aveiro) ter feito a sua última notícia para a agência. Em 1996, Paulo Ramalheira, então um dos responsáveis pelo escritório da Lusa em Macau, foi requisitado para integrar a administração da TDM, nunca mais regressando à profissão de jornalista. Valeu-lhe, na hora da despedida, a memória de elefante de Manuel Pedroso Marques.

«Avaria» verde Todos aqueles que tentam ficar a par das novidades leoninas acedendo ao «site» do Sporting Clube de Portugal na Internet descobriram uma situação «sui generis» nos primeiros dias deste mês. Na semana a seguir ao dia 2 de Novembro, quando o Sporting perdeu por 3 a 0 para o Gil Vicente em Alvalade, facto que o poria em sétimo lugar no campeonato, o local do «site» onde aparecem as classificações continuava teimosamente a manter a equipa treinada por Laszlo Bölöni em segundo lugar. Entretanto, acima do local das classificações, aparecia uma explicação: «Motivos de ordem técnica impedem-nos de actualizar a tabela classificativa. Pelo facto apresentamos as nossas desculpas». Pouco habituados com esta insólita classificação, os informáticos que cuidam do «site» do Sporting foram incapazes de consertar a «avaria» ao longo da semana. Até que, no dia 8, a equipa leonina ganhou ao Guimarães, passou a ocupar o terceiro lugar da Liga e o «site» do clube voltou a funcionar normalmente. Todos aqueles que tentam ficar a par das novidades leoninas acedendo ao «site» do Sporting Clube de Portugal na Internet descobriram uma situação «sui generis» nos primeiros dias deste mês. Na semana a seguir ao dia 2 de Novembro, quando o Sporting perdeu por 3 a 0 para o Gil Vicente em Alvalade, facto que o poria em sétimo lugar no campeonato, o local do «site» onde aparecem as classificações continuava teimosamente a manter a equipa treinada porem segundo lugar. Entretanto, acima do local das classificações, aparecia uma explicação:. Pouco habituados com esta insólita classificação, os informáticos que cuidam do «site» do Sporting foram incapazes de consertar a «avaria» ao longo da semana. Até que, no dia 8, a equipa leonina ganhou ao Guimarães, passou a ocupar o terceiro lugar da Liga e o «site» do clube voltou a funcionar normalmente.

O Orçamento da madrugada A Comissão de Economia da Assembleia da República, na noite de segunda para terça-feira, funcionou para além das seis da manhã para votar todos os artigos do Orçamento de Estado, porque o PSD fez finca-pé nisso. O acordo inicial era que à uma da madrugada se fizesse um balanço, mas os sociais-democratas, argumentando que ainda havia muito para votar, impuseram a continuação dos trabalhos. Passavam das duas da manhã quando um representante oposicionista salientou o insólito da decisão, já que os deputados do PSD e do CDS estavam a escassear, deixando a oposição em maioria em relação à coligação governamental. Além disso, a certo momento, Francisco Louçã denunciou a presença de um deputado do CDS, João Almeida, que não fazia parte da comissão e portanto não podia votar. Face a isto, mandaram chamar à pressa os deputados Diogo Feyo, do CDS, e António Preto, do PSD, que fazem parte da comissão. Os dois acabaram por aparecer sem gravata, meio despenteados, com grandes olheiras e um ar de que tinham acabado de saltar da cama. A noite já ia longa e o ambiente acabou por aquecer com uma altercação entre Louçã e Preto sobre as verbas do Orçamento para a recuperação do Parque Mayer. Louçã fez alusão à existência de «um negócio pessoal» entre Pedro Santana Lopes e Stanley Ho. Indignado, Preto levantou-se e afirmou que «é uma ignomínia dizer isto, seria o mesmo que dizer que o Bloco Central, que defende a legalização das drogas leves, teria um negócio pessoal com o traficante colombiano Pablo Escobar». Louçã retorquiu declarando que «o Bloco nunca poderia fazer um negócio com Escobar, em primeiro lugar, porque ele já morreu, e em segundo, porque o negócio dele eram drogas pesadas». Acalmados os ânimos, prosseguiram as votações e finalmente, às seis e meia, os deputados puderam ir para casa.

«Blitz» fez 18 anos Juntos, como nos primeiros tempos do «Blitz», Manuel Falcão e Cândida Teresa espreitavam, em jeito de saudosismo, a primeira capa do jornal. O fundador recordava, por certo, a entrevista telefónica feita a Siouxsie Sioux, aquando da sua vinda ao Restelo em 1984, enquanto a gráfica, de quase sempre, avaliava a importância daquele primeiro logotipo impresso que nem gostava por aí além. Na altura, custava 20 escudos e tinha por concorrente o «Sete». Terça-feira passada, na festa do seu 18º aniversário, nas lojas Vyrus e espaço Amo-te Chiado, em Lisboa, o balanço foi positivo face às grandes e pequenas diferenças desses e destes tempos. Este ano, a comemoração foi dupla, com o apagar das velas pela administradora do Grupo Impresa, Mónica Balsemão Penaguião e a equipa do «Blitz» e com a entrega dos prémios musicais aos melhores de 2001. As «estatuetas-CD» foram para Wray Gunn (revelação nacional), Linkin Park (revelação internacional), Jorge Palma (artista nacional), Björk (artista internacional), Mão Morta (banda nacional), Radiohead (banda internacional), Mão Morta (álbum nacional) e «Toxicity» dos System of a Down (álbum internacional). Fernando Alvim foi o apresentador de serviço e soube defender-se bem das ausências dos laureados, chamando para a ocasião os representantes das editoras nacionais. Quem não faltou este ano foi o público, que não quis perder a entrada do «Blitz» na idade adulta. Hoje, como a única publicação musical portuguesa, feita por outros especialistas. Os destes tempos. Os portugueses Zedisaneonlight foram os últimos a subir ao palco da Vyrus, no Chiado O primeiro prémio foi parar às mãos dos Wray Gunn, a banda revelação nacional de 2001

No Amo-te Chiado, os artistas confudiram-se com o restante ambiente. Jovem e informal A administradora do Grupo Impresa, Mónica Balsemão Penaguião

A primeira... ... e a última capa

FOTOGRAFIAS DE JOSÉ VENTURA Manuel Falcão, o fundador do jornal «Blitz», ainda agradece à gráfica Cândida Teresa a primeira capa do «Blitz», em Novembro de 1984. A primeira de muitas O apagar das 18 velas

Menina directora Ainda era criança quando a primeira capa do «Blitz» saiu para as bancas. Aos nove anos poucas certezas tinha quanto ao futuro, mas o bom ouvido para a música e para tudo o que com ela se relacionasse já fora despertado. Anos mais tarde, com a paixão firmada, Sónia Pereira torna-se fã incondicional do «Blitz». «Era o meu ponto de referência». Lia-o de fio a pavio, semana a semana, e atentava a todos os detalhes. Decidiu aí que o jornalismo musical havia de ser o seu modo de vida. Acabou o curso de Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa como a melhor do seu ano, sendo presenteada com um prémio pecuniário e com a possibilidade de ingressar no «Diário de Notícias». Recusou esta última oferta e ao «DN» preferiu o «Blitz». Entra para a redacção «jovem, informal e descontraída» da única publicação musical portuguesa em Agosto de 1997 e ao fim de quatro anos, com apenas 27 anos, já estava sentada Ainda era criança quando a primeira capa do «Blitz» saiu para as bancas. Aos nove anos poucas certezas tinha quanto ao futuro, mas o bom ouvido para a música e para tudo o que com ela se relacionasse já fora despertado. Anos mais tarde, com a paixão firmada,torna-se fã incondicional do «Blitz».. Lia-o de fio a pavio, semana a semana, e atentava a todos os detalhes. Decidiu aí que o jornalismo musical havia de ser o seu modo de vida. Acabou o curso de Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa como a melhor do seu ano, sendo presenteada com um prémio pecuniário e com a possibilidade de ingressar no «Diário de Notícias». Recusou esta última oferta e ao «DN» preferiu o «Blitz». Entra para a redacçãoda única publicação musical portuguesa em Agosto de 1997 e ao fim de quatro anos, com apenas 27 anos, já estava sentada na cadeira do poder, com o cargo de directora, sucedendo a Rui Monteiro. «Não fazia parte das minhas ambições, mas é uma oportunidade que surge uma única vez na vida». Desafio aceite, foi altura de repensar o projecto e, essencialmente, de «travar a quebra progressiva anual de vendas». A curto prazo encontrou estabilidade para as contas, sem mexer na linha editorial ecléctica do jornal. «Apenas abri um espaço para apresentar novas bandas portuguesas que ainda não estão no circuito comercial e desenvolvi actividades para se estar mais perto do leitor, como a secção dos passatempos e reportagens onde esse contacto é obrigatório, como a queima das fitas». Com 20 mil exemplares de tiragem, o «Blitz» prepara-se agora para mudar e renascer como revista. A maioridade exige-lhe mais responsabilidade perante o seu público, entre os 15 e os 25 anos, mas não o obriga a perder a alma rebelde.

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