"Se não está no sector privado, onde está a sociedade civil?"

23-12-2002
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"Se Não Está no Sector Privado, Onde Está a Sociedade Civil?"

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Quinta-feira, 19 de Dezembro de 2002

$Esquerda quer que Morais Sarmento volte ao Parlamento para explicar em pormenor medidas apresentadas para o sector

A oposição manifestou ontem, na Assembleia da República, receios de que a entrega da RTP2 à sociedade civil mais não seja do que um compasso de espera antes da efectiva privatização do segundo canal do Estado. As reticências do PS, PCP e BE às medidas apresentadas anteontem, surgiram na sequência da intervenção do ministro da Presidência, Morais Sarmento, que esteve em São Bento para explicar as suas "opções" para o sector da comunicação social do Estado.

O ex-ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, foi um dos que afirmou não perceber de que sociedade civil falava exactamente o governante. "O senhor disse: Entre Estado e privado, optámos pela sociedade civil... Mas o que é isso? Se não está no sector privado, onde está a sociedade civil?", confrontou o socialista, acusando Morais Sarmento de tratar o serviço público como se "fosse um loteamento ou um condomínio privado".

Criticando o ministro pela sua falta de concretização, o comunista Bruno Dias perguntou se a sociedade civil era "uma reunião de amigos da TV portuguesa". António Costa, líder parlamentar do PS, aproveitou a figura da defesa da honra para perguntar ao ministro para onde ia a RTP2. "Eu não conheço sociedade civil sem privados", disse Costa, antes de questionar sobre a forma como o Governo admitia vir a processar-se essa relação: "É uma sociedade, é uma cooperativa?" O que estes partidos expressaram sob a forma de dúvidas, Francisco Louçã apresentou de forma mais explícita. Acusou o Governo de apresentar "um cavalo de Tróia que anuncia a privatização do canal dois".

O ministro reagiu, dizendo compreender o porquê da incompreensão da oposição. "O PCP porque só há uma opção que é o Estado, o PS por causa da decisão, há uns anos [quando eram Governo], do benefício exclusivo dos canais privados."

Os socialistas aconselharam Morais Sarmento a ter a "elegância" de comparecer na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, para explicar mais pormenorizadamente as alterações propostas. O ministro não respondeu.

"Se Não Está no Sector Privado, Onde Está a Sociedade Civil?"

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Quinta-feira, 19 de Dezembro de 2002

$Esquerda quer que Morais Sarmento volte ao Parlamento para explicar em pormenor medidas apresentadas para o sector

A oposição manifestou ontem, na Assembleia da República, receios de que a entrega da RTP2 à sociedade civil mais não seja do que um compasso de espera antes da efectiva privatização do segundo canal do Estado. As reticências do PS, PCP e BE às medidas apresentadas anteontem, surgiram na sequência da intervenção do ministro da Presidência, Morais Sarmento, que esteve em São Bento para explicar as suas "opções" para o sector da comunicação social do Estado.

O ex-ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, foi um dos que afirmou não perceber de que sociedade civil falava exactamente o governante. "O senhor disse: Entre Estado e privado, optámos pela sociedade civil... Mas o que é isso? Se não está no sector privado, onde está a sociedade civil?", confrontou o socialista, acusando Morais Sarmento de tratar o serviço público como se "fosse um loteamento ou um condomínio privado".

Criticando o ministro pela sua falta de concretização, o comunista Bruno Dias perguntou se a sociedade civil era "uma reunião de amigos da TV portuguesa". António Costa, líder parlamentar do PS, aproveitou a figura da defesa da honra para perguntar ao ministro para onde ia a RTP2. "Eu não conheço sociedade civil sem privados", disse Costa, antes de questionar sobre a forma como o Governo admitia vir a processar-se essa relação: "É uma sociedade, é uma cooperativa?" O que estes partidos expressaram sob a forma de dúvidas, Francisco Louçã apresentou de forma mais explícita. Acusou o Governo de apresentar "um cavalo de Tróia que anuncia a privatização do canal dois".

O ministro reagiu, dizendo compreender o porquê da incompreensão da oposição. "O PCP porque só há uma opção que é o Estado, o PS por causa da decisão, há uns anos [quando eram Governo], do benefício exclusivo dos canais privados."

Os socialistas aconselharam Morais Sarmento a ter a "elegância" de comparecer na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, para explicar mais pormenorizadamente as alterações propostas. O ministro não respondeu.

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