PT altera modelo de gestão e acautela futuro do cabo

22-06-2003
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Miguel Horta e Costa toma conta dos jornais, revistas e rádio da Lusomundo Media

PT Altera Modelo de Gestão e Acautela Futuro do Cabo

Segunda-feira, 05 de Maio de 2003

O destino da rede de cabo e da própria PTM pode ter estado na origem das recentes alterações no modelo de gestão do grupo PT. Na TMN, que aumentou o número de administradores, a tendência pode ser a de se substituir à «sub-holding» PT Móveis

Clara Teixeira

As recentes alterações no modelo de gestão da Portugal Telecom (PT), que se fizeram essencialmente na PT Multimedia (PTM) e na TMN, podem conduzir a médio prazo à extinção da «sub-holding» PT Móveis e a uma mudança de estratégia no negócio da rede de cabo, hoje afecto à TV Cabo, empresa inserida no universo PTM. O que mudou na equipa de gestão afecta particularmente estas duas áreas: a TMN alargou de cinco para sete o número de administradores executivos e, na PTM, Manuel Lancastre cedeu o lugar de presidente a Zeinal Bava, membro da comissão executiva da PT SGPS desde o tempo de Murteira Nabo, onde detém o pelouro financeiro. Miguel Horta e Costa, presidente executivo da PT, chamou para a sua dependência directa a Lusomundo Media, que acumula com a PT Brasil.

Zeinal Bava surge como «o homem certo» para desenhar uma solução financeira para os minoritários da PTM, empresa cotada em bolsa, numa altura em que a Anacom, entidade reguladora, promete apertar a pressão com vista ao acesso dos novos operadores à rede de cabo do incumbente. Foi essa a interpretação que o mercado fez da sua recente nomeação. A PT, no entanto, explica que as mudanças visam «aprofundar o modelo de gestão» adoptado pela empresa em 2002, e que levou à separação entre os cargos de «chairman» (presidente do conselho de administração) e «CEO» (presidente executivo, "chief financial officer" na terminologia anglo-saxónica). Dos cinco membros executivos da administração, apenas três eram simultaneamente responsáveis executivos de empresas participadas: Miguel Horta e Costa na «holding», Iriarte Esteves na TMN e Carlos Vasconcellos Cruz na PT Comunicações. E, segundo a empresa, foi essa a lógica que ditou a nomeação de Zeinal Bava para a PTM e também de Paulo Fernandes para a PT Sistemas de Informação.

Nunca na PTM se tinha feito até agora uma leitura tão distinta das diferenças entre os seus três negócios fundamentais: media, conteúdos audiovisuais e rede de cabo, enquanto plataforma de distribuição.

A passagem da Lusomundo Media (jornais, revistas e rádio) para a dependência directa de Horta e Costa parece ficar à espera de melhores dias, ou seja, de uma proposta de compra de um grupo do sector ou ainda da tão almejada criação de sinergias com os restantes negócios do grupo, mas que tarda em acontecer. Já a PT Conteúdos, onde Briosa e Gala substitui Luís Ribeiro (que deixou igualmente a Lusomundo para entrar para a administração da TMN), continuará a ser a área da PTM que reúne os conteúdos do grupo, tanto da TV Cabo como da Lusomundo «não media» - isto é, o negócio dos audiovisuais. Mas é na rede de cabo, enquanto plataforma de distribuição (a par do circuito de cinemas da Lusomundo), que pode dar-se uma autêntica revolução e, por isso, a nomeação de Zeinal Bava correspondeu a uma valorização das acções da PTM em bolsa, com os investidores a apostarem numa integração a prazo da empresa na PT SGPS.

Para o exterior, a PT mostra que acredita que não será obrigada a vender a rede, por mais pressões que a Anacom venha a fazer. Mesmo apostando na sua abertura simples aos novos operadores, à semelhança do que sucede na rede básica, o grupo poderá tomar medidas defensivas destinadas a proteger o cabo, como por exemplo cindi-lo da PTM (que ficaria resumida aos conteúdos) e integrá-lo no seu negócio central, das comunicações fixas, o que teria a vantagem de baralhar as cartas em cima da mesa. Esta é uma hipótese já avançada pela imprensa, mas há também observadores que afirmam que a pressão da Anacom - e do próprio Governo - acaba por ser uma espécie de «contributo» para que a PT se apresse a retirar a PTM de bolsa e a absorver os activos que nela ainda existem. Recorde-se que a PTM «perdeu» em 2002 a PTM.com, empresa de Internet, e que em Março chegou pela primeira vez aos lucros (930 mil euros).

A TMN, por seu turno, está cada vez mais convertida em «sub-holding» para a área móvel, em Portugal e no Brasil, pela que a extinção a prazo da PT Móveis pode vir a ser equacionada, até para simplificar a tomada de decisões. Iriarte Esteves continua a presidir ao conselho de administração da empresa, que acaba de alargar o número de responsáveis executivos com a entrada de Luís Ribeiro, Eduardo Correia de Matos (PT Brasil) e Brandão Rodrigues (PT Móveis). Este último substituiu, por motivos de reforma, Mendonça Ferreira.

O negócio de Internet também assumiu lugar de destaque nesta reestruturação, com a criação de um órgão de gestão das decisões relacionadas com a banda larga, banda estreita e portais e que será coordenado por Zeinal Bava e Vasconcellos Cruz. Noutro plano, as acções que visam incentivar a inovação no grupo PT e coordenar o investimento em redes e tecnologia serão dirigidas por Iriarte Esteves. A PT propõe-se ainda criar uma empresa autónoma para gerir as compras - PT Compras -, que vai ser dirigida por Alves Machado e tutelada por Zeinal Bava e Paulo Fernandes. Estalisnau da Mata Costa, ex-administrador financeiro de Murteira Nabo, foi nomeado para presidir ao novo conselho consultivo do grupo.

Miguel Horta e Costa toma conta dos jornais, revistas e rádio da Lusomundo Media

PT Altera Modelo de Gestão e Acautela Futuro do Cabo

Segunda-feira, 05 de Maio de 2003

O destino da rede de cabo e da própria PTM pode ter estado na origem das recentes alterações no modelo de gestão do grupo PT. Na TMN, que aumentou o número de administradores, a tendência pode ser a de se substituir à «sub-holding» PT Móveis

Clara Teixeira

As recentes alterações no modelo de gestão da Portugal Telecom (PT), que se fizeram essencialmente na PT Multimedia (PTM) e na TMN, podem conduzir a médio prazo à extinção da «sub-holding» PT Móveis e a uma mudança de estratégia no negócio da rede de cabo, hoje afecto à TV Cabo, empresa inserida no universo PTM. O que mudou na equipa de gestão afecta particularmente estas duas áreas: a TMN alargou de cinco para sete o número de administradores executivos e, na PTM, Manuel Lancastre cedeu o lugar de presidente a Zeinal Bava, membro da comissão executiva da PT SGPS desde o tempo de Murteira Nabo, onde detém o pelouro financeiro. Miguel Horta e Costa, presidente executivo da PT, chamou para a sua dependência directa a Lusomundo Media, que acumula com a PT Brasil.

Zeinal Bava surge como «o homem certo» para desenhar uma solução financeira para os minoritários da PTM, empresa cotada em bolsa, numa altura em que a Anacom, entidade reguladora, promete apertar a pressão com vista ao acesso dos novos operadores à rede de cabo do incumbente. Foi essa a interpretação que o mercado fez da sua recente nomeação. A PT, no entanto, explica que as mudanças visam «aprofundar o modelo de gestão» adoptado pela empresa em 2002, e que levou à separação entre os cargos de «chairman» (presidente do conselho de administração) e «CEO» (presidente executivo, "chief financial officer" na terminologia anglo-saxónica). Dos cinco membros executivos da administração, apenas três eram simultaneamente responsáveis executivos de empresas participadas: Miguel Horta e Costa na «holding», Iriarte Esteves na TMN e Carlos Vasconcellos Cruz na PT Comunicações. E, segundo a empresa, foi essa a lógica que ditou a nomeação de Zeinal Bava para a PTM e também de Paulo Fernandes para a PT Sistemas de Informação.

Nunca na PTM se tinha feito até agora uma leitura tão distinta das diferenças entre os seus três negócios fundamentais: media, conteúdos audiovisuais e rede de cabo, enquanto plataforma de distribuição.

A passagem da Lusomundo Media (jornais, revistas e rádio) para a dependência directa de Horta e Costa parece ficar à espera de melhores dias, ou seja, de uma proposta de compra de um grupo do sector ou ainda da tão almejada criação de sinergias com os restantes negócios do grupo, mas que tarda em acontecer. Já a PT Conteúdos, onde Briosa e Gala substitui Luís Ribeiro (que deixou igualmente a Lusomundo para entrar para a administração da TMN), continuará a ser a área da PTM que reúne os conteúdos do grupo, tanto da TV Cabo como da Lusomundo «não media» - isto é, o negócio dos audiovisuais. Mas é na rede de cabo, enquanto plataforma de distribuição (a par do circuito de cinemas da Lusomundo), que pode dar-se uma autêntica revolução e, por isso, a nomeação de Zeinal Bava correspondeu a uma valorização das acções da PTM em bolsa, com os investidores a apostarem numa integração a prazo da empresa na PT SGPS.

Para o exterior, a PT mostra que acredita que não será obrigada a vender a rede, por mais pressões que a Anacom venha a fazer. Mesmo apostando na sua abertura simples aos novos operadores, à semelhança do que sucede na rede básica, o grupo poderá tomar medidas defensivas destinadas a proteger o cabo, como por exemplo cindi-lo da PTM (que ficaria resumida aos conteúdos) e integrá-lo no seu negócio central, das comunicações fixas, o que teria a vantagem de baralhar as cartas em cima da mesa. Esta é uma hipótese já avançada pela imprensa, mas há também observadores que afirmam que a pressão da Anacom - e do próprio Governo - acaba por ser uma espécie de «contributo» para que a PT se apresse a retirar a PTM de bolsa e a absorver os activos que nela ainda existem. Recorde-se que a PTM «perdeu» em 2002 a PTM.com, empresa de Internet, e que em Março chegou pela primeira vez aos lucros (930 mil euros).

A TMN, por seu turno, está cada vez mais convertida em «sub-holding» para a área móvel, em Portugal e no Brasil, pela que a extinção a prazo da PT Móveis pode vir a ser equacionada, até para simplificar a tomada de decisões. Iriarte Esteves continua a presidir ao conselho de administração da empresa, que acaba de alargar o número de responsáveis executivos com a entrada de Luís Ribeiro, Eduardo Correia de Matos (PT Brasil) e Brandão Rodrigues (PT Móveis). Este último substituiu, por motivos de reforma, Mendonça Ferreira.

O negócio de Internet também assumiu lugar de destaque nesta reestruturação, com a criação de um órgão de gestão das decisões relacionadas com a banda larga, banda estreita e portais e que será coordenado por Zeinal Bava e Vasconcellos Cruz. Noutro plano, as acções que visam incentivar a inovação no grupo PT e coordenar o investimento em redes e tecnologia serão dirigidas por Iriarte Esteves. A PT propõe-se ainda criar uma empresa autónoma para gerir as compras - PT Compras -, que vai ser dirigida por Alves Machado e tutelada por Zeinal Bava e Paulo Fernandes. Estalisnau da Mata Costa, ex-administrador financeiro de Murteira Nabo, foi nomeado para presidir ao novo conselho consultivo do grupo.

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