PCP e BE disputam eleitorado urbano

03-08-2004
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PCP e BE Disputam Eleitorado Urbano

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Terça-feira, 15 de Junho de 2004

O PCP viu o BE aproximar-se, principalmente, entre os eleitorado mais urbano. Em dia de análise de resultados, o PÚBLICO falou com os dirigentes do dois partidos para tentar perceber como estão a olhar para essa situação e as reacções foram muito diferentes. Enquanto que a direcção do PCP afirma não estar preocupada com o BE, os dirigentes bloquistas falam em tornar-se na terceira força política - que actualmente é o PCP - nas próximas legislativas em 2006.

Os resultados finais nas 18 capitais de distrito, ou seja, nas zonas mais urbanas, revelam a aproximação entre os dois partidos em termos de votação. Em sete dessas cidades, o Bloco de Esquerda ultrapassa a CDU (coligação entre PCP e "Os Verdes") e em outras quatro estaciona a cerca de um ponto percentual. O BE fica à frente em locais como Leiria (4,84 contra 2,82 por cento), Aveiro (6,08 contra 4,08 por cento) ou Viseu (4,57 contra 2,57 por cento), ficando próximo de o conseguir em Lisboa (CDU consegue 9,58 contra 8,45 por cento do BE), Porto (CDU chega aos 8,22 e o BE 6,90 por cento) e Coimbra (CDU atinge os 8,67 contra os 7,12 por cento do BE).

"Nós não avaliamos o nosso resultado em função dos resultados do BE", disse o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, quando questionado pelo PÚBLICO. Para este dirigente do PCP, os dois mandatos para Bruxelas foram um "resultado positivo, tendo em conta o que foi anunciado como previsível nas semanas anteriores ao dia das eleições". Segundo Bernardino Soares, estas europeias abrem "boas perspectivas para as próximas eleições".

Carreira Marques, presidente da Câmara de Beja e um militante do PCP próximo do Movimento de Renovação Comunista faz uma análise mais crítica sobre os resultados. Começa por considerar que os mais de nove por cento e os dois mandatos foram "um bom resultado" embora acrescente não "ser aquilo que nós [comunistas] gostaríamos". Para o autarca, esta "é uma situação que dá para pensar", já que em locais como Beja ou Setúbal, onde as votações eram "sempre um bocado melhores [para a CDU], mais uma vez verifica-se uma perda de influência".

Carreira Marques não tem dúvidas em reconhecer que tal se deve ao BE: "Neste momento o BE significa mais que o somatório dos partidos que o compõem, conta com muita gente da CDU que não se revê nesta CDU. São perdas da CDU, não tenho dúvidas."

O militante comunista afirma que tal sucede, não apenas por mérito do carisma de Francisco Louçã. A isso é preciso acrescentar, na sua opinião "propostas que a CDU tem deixado cair". "O que me preocupa é que o PCP não tem uma política cativadora. Essa é que é a grande questão", resume.

Entre os dirigentes do Bloco de Esquerda, as legislativas de 2006 estão marcadas como o momento da verdade entre os dois partidos. Sobre estas eleições, Louçã considera relevante para a análise da correlação de forças entre PCP e BE alguns casos específicos: "O crescimento em Setúbal é muito significativo [CDU recebeu 20 por cento dos votos contra 7,6 por cento do BE] e sobretudo em Lisboa o BE está a par do PCP".

"O teste serão as eleições legislativas", afirma Francisco Louçã. Este dirigente do BE define esse escrutínio como o momento ideal para o Bloco passar a ser a terceira força política. "É certo que faremos um grande esforço para que a expressão política aumente. Isso vamos disputar concerteza", assevera Louçã.

Luís Fazenda, deputado à Assembleia da República, assume o mesmo objectivo. "O BE já estabeleceu para as legislativas tentar ser a terceira força política", afirma antes de explicar que as autárquicas "comportam variáveis" que impedem que essas eleições sirvam para a batalha entre comunistas.

O dia de ontem serviu também para o BE analisar o impacto da abstenção entre os seu eleitorado. Louçã e Fazenda reconheceram que o maior receio anterior às eleições era o comportamento nas faixas etárias mais jovens. Ambos se mostraram satisfeitos com os resultados. Louçã afirmou mesmo que estas eleições permitem concluir que o BE tinha já "representatividade suficiente para contrariar o fenómenos da abstenção".

PCP e BE Disputam Eleitorado Urbano

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Terça-feira, 15 de Junho de 2004

O PCP viu o BE aproximar-se, principalmente, entre os eleitorado mais urbano. Em dia de análise de resultados, o PÚBLICO falou com os dirigentes do dois partidos para tentar perceber como estão a olhar para essa situação e as reacções foram muito diferentes. Enquanto que a direcção do PCP afirma não estar preocupada com o BE, os dirigentes bloquistas falam em tornar-se na terceira força política - que actualmente é o PCP - nas próximas legislativas em 2006.

Os resultados finais nas 18 capitais de distrito, ou seja, nas zonas mais urbanas, revelam a aproximação entre os dois partidos em termos de votação. Em sete dessas cidades, o Bloco de Esquerda ultrapassa a CDU (coligação entre PCP e "Os Verdes") e em outras quatro estaciona a cerca de um ponto percentual. O BE fica à frente em locais como Leiria (4,84 contra 2,82 por cento), Aveiro (6,08 contra 4,08 por cento) ou Viseu (4,57 contra 2,57 por cento), ficando próximo de o conseguir em Lisboa (CDU consegue 9,58 contra 8,45 por cento do BE), Porto (CDU chega aos 8,22 e o BE 6,90 por cento) e Coimbra (CDU atinge os 8,67 contra os 7,12 por cento do BE).

"Nós não avaliamos o nosso resultado em função dos resultados do BE", disse o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, quando questionado pelo PÚBLICO. Para este dirigente do PCP, os dois mandatos para Bruxelas foram um "resultado positivo, tendo em conta o que foi anunciado como previsível nas semanas anteriores ao dia das eleições". Segundo Bernardino Soares, estas europeias abrem "boas perspectivas para as próximas eleições".

Carreira Marques, presidente da Câmara de Beja e um militante do PCP próximo do Movimento de Renovação Comunista faz uma análise mais crítica sobre os resultados. Começa por considerar que os mais de nove por cento e os dois mandatos foram "um bom resultado" embora acrescente não "ser aquilo que nós [comunistas] gostaríamos". Para o autarca, esta "é uma situação que dá para pensar", já que em locais como Beja ou Setúbal, onde as votações eram "sempre um bocado melhores [para a CDU], mais uma vez verifica-se uma perda de influência".

Carreira Marques não tem dúvidas em reconhecer que tal se deve ao BE: "Neste momento o BE significa mais que o somatório dos partidos que o compõem, conta com muita gente da CDU que não se revê nesta CDU. São perdas da CDU, não tenho dúvidas."

O militante comunista afirma que tal sucede, não apenas por mérito do carisma de Francisco Louçã. A isso é preciso acrescentar, na sua opinião "propostas que a CDU tem deixado cair". "O que me preocupa é que o PCP não tem uma política cativadora. Essa é que é a grande questão", resume.

Entre os dirigentes do Bloco de Esquerda, as legislativas de 2006 estão marcadas como o momento da verdade entre os dois partidos. Sobre estas eleições, Louçã considera relevante para a análise da correlação de forças entre PCP e BE alguns casos específicos: "O crescimento em Setúbal é muito significativo [CDU recebeu 20 por cento dos votos contra 7,6 por cento do BE] e sobretudo em Lisboa o BE está a par do PCP".

"O teste serão as eleições legislativas", afirma Francisco Louçã. Este dirigente do BE define esse escrutínio como o momento ideal para o Bloco passar a ser a terceira força política. "É certo que faremos um grande esforço para que a expressão política aumente. Isso vamos disputar concerteza", assevera Louçã.

Luís Fazenda, deputado à Assembleia da República, assume o mesmo objectivo. "O BE já estabeleceu para as legislativas tentar ser a terceira força política", afirma antes de explicar que as autárquicas "comportam variáveis" que impedem que essas eleições sirvam para a batalha entre comunistas.

O dia de ontem serviu também para o BE analisar o impacto da abstenção entre os seu eleitorado. Louçã e Fazenda reconheceram que o maior receio anterior às eleições era o comportamento nas faixas etárias mais jovens. Ambos se mostraram satisfeitos com os resultados. Louçã afirmou mesmo que estas eleições permitem concluir que o BE tinha já "representatividade suficiente para contrariar o fenómenos da abstenção".

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