As frases que marcaram o debate de uma moção de censura condenada

31-10-2019
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Estava definido desde que, na sexta-feira, Assunção Cristas anunciou que o CDS-PP iria apresentar uma moção de censura ao Governo de António Costa: o documento não superaria o crivo parlamentar e tinha o destinado traçado. A censura, que mais do que efeito prático, tem leitura política chumbou. PSD e do CDS, somados, registaram 103 votos a favor da destituição do Executivo socialista; PS, BE, PCP, PEV, PAN e o deputado independente Paulo Trigo Pereira totalizaram 115 votos para o manter em funções até 6 de outubro.

Não se pode dizer que os centristas tenham falhado o objetivo central da moção – pois estavam cientes de que a esquerda se uniria para evitar a queda do Governo -, mas também não é líquido que tenham conseguido atingir todos os seus desígnios. É certo que, numa altura em que a esquerda e os sindicatos põem os soldados na rua para pressionar a equipa de Costa, o CDS forçou Catarina Martins e Jerónimo de Sousa a aparecerem na fotografia como suportes de António Costa, embora tenha falhado na missão de “entalar” o PSD e poder, doravante, afirmar-se como única alternativa de poder. Os sociais-democratas, refira-se, foram contidos ao longo de todo o debate e a esquerda não deixou de realçar que o verdadeiro visado pela censura era… Rui Rio. Noves fora, tudo na mesma. Eleições só no outono.

Confira aqui as frases que marcaram o debate parlamentar de uma moção que até mesmo antes de ser já era.

“Quem critica esta moção pode fazê-lo por entender que o Governo não merece ser censurado e cá estamos hoje para essa clarificação, mas é de uma profunda hipocrisia política que se queira justificar com qualquer outra razão. (…) Ainda bem que há o CDS para fazer oposição.”

Assunção Cristas, presidente do CDS

“Deixem-se [BE e PCP] de habilidades! Assumam que continuam a apoiar o Governo e então poupem-nos à desfaçatez de quererem ser ao mesmo tempo Governo e oposição. Ou tenham estatura e votem esta moção de censura.”

Assunção Cristas

“Esta iniciativa (…) tem uma e só uma virtualidade: confirmar que a direita permanece em minoria neste Parlamento e não dispõe de qualquer alternativa viável de Governo. Esta moção nada tem a ver com a disputa do Governo, mas com a medição de forças na oposição.”

António Costa, primeiro-ministro e secretário-geral do PS

“O artificialismo desta iniciativa fica patente nos fundamentos da moção de censura, em que o CDS se pretende apresentar como porta-voz das lutas sindicais, que sempre combateu; campeão do investimento público, que sempre diabolizou; e guardião do Serviço Nacional de Saúde, contra o qual votou e nunca desistiu de querer destruir.”

António Costa

“[O primeiro-ministro] apresentou uma tese que não corresponde à motivação do CDS. Lamento, mas nós queremos mesmo ir para eleições. Achamos mesmo que este Governo faz mal ao País.”

Assunção Cristas

“O Governo cativa o futuro e a propaganda fica feita. (…) O que importa é que temos um primeiro-ministro que acredita que as vacas voam.”

Joana Barata Lopes, deputada do PSD

“Seja para obrigar o PSD a correr atrás do CDS, seja um biombo para tapar o Pavilhão Atlântico, seja qual for o motivo do CDS, esta moção não merece o nosso voto.”

Catarina Martins, coodenadora nacional do BE

“A moção de censura é apenas uma encenação na disputa do espaço da direita, onde o PCP não se mete.”

João Oliveira, líder parlamentar do PCP

“Se estivéssemos num tabuleiro de xadrez, esta moção seria um xeque ao [Rui] Rio, um xeque ao PSD.”

Heloísa Apolónia, deputada do PEV

“Nasceu na sexta, não chegou viva a sábado. Não se dirige ao Governo, o objetivo é marcar território à direita. O destinatário é, principalmente, o PSD e, acessoriamente, o recém-nascido Aliança. (…) É a moção que o PSD poderia apresentar, mas não quer, e que Santana quer, mas não pode. O PSD lançou-se num fascinante debate interno entre o professor David Justino e o comentador Marques Mendes para discutir quem faz papel de idiota. Enquanto discutem, o CDS chega-se à frente e não deixa os seus créditos por mãos alheias.”

António Filipe, deputado do PCP

“Se à expressão idiotas juntar úteis, ninguém fica com dúvidas de quem são.”

Telmo Correia, deputado do CDS

“Esqueçamos o Frei Tomás, fiquemos com o Frei Louçã. Revolucionário ontem, conselheiro de Estado e no Banco de Portugal amanhã.”

Telmo Correia

“O que agita os partidos parlamentares das direitas? O que leva o CDS a levantar a crista e a apresentar esta moção de censura? E o PSD, rasteirado e desnorteado, a servir-lhe de palmilha como um partido amordaçado?”

Carlos César, presidente e líder parlamentar do PS

“O CDS de 2019 tem vergonha do que dizia o CDS de 2016. E compreende-se… (…) O dia de hoje não fica marcado por uma moção de censura, mas por uma assunção de incapacidades.”

Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência e da Modernização Administrativa

“Este Governo é formado por um conjunto de pessoas que se juntam à quinta-feira para decidir de que fação fazem parte e quem é mais amiguinho do BE. (…) Este Governo é liderado por um primeiro-ministro que é um diretor de campanha. Este Governo está acabado e esta maioria já não tem soluções para oferecer. Esperam-se oito longos e penosos meses.”

Pedro Mota Soares, deputado do CDS

Estava definido desde que, na sexta-feira, Assunção Cristas anunciou que o CDS-PP iria apresentar uma moção de censura ao Governo de António Costa: o documento não superaria o crivo parlamentar e tinha o destinado traçado. A censura, que mais do que efeito prático, tem leitura política chumbou. PSD e do CDS, somados, registaram 103 votos a favor da destituição do Executivo socialista; PS, BE, PCP, PEV, PAN e o deputado independente Paulo Trigo Pereira totalizaram 115 votos para o manter em funções até 6 de outubro.

Não se pode dizer que os centristas tenham falhado o objetivo central da moção – pois estavam cientes de que a esquerda se uniria para evitar a queda do Governo -, mas também não é líquido que tenham conseguido atingir todos os seus desígnios. É certo que, numa altura em que a esquerda e os sindicatos põem os soldados na rua para pressionar a equipa de Costa, o CDS forçou Catarina Martins e Jerónimo de Sousa a aparecerem na fotografia como suportes de António Costa, embora tenha falhado na missão de “entalar” o PSD e poder, doravante, afirmar-se como única alternativa de poder. Os sociais-democratas, refira-se, foram contidos ao longo de todo o debate e a esquerda não deixou de realçar que o verdadeiro visado pela censura era… Rui Rio. Noves fora, tudo na mesma. Eleições só no outono.

Confira aqui as frases que marcaram o debate parlamentar de uma moção que até mesmo antes de ser já era.

“Quem critica esta moção pode fazê-lo por entender que o Governo não merece ser censurado e cá estamos hoje para essa clarificação, mas é de uma profunda hipocrisia política que se queira justificar com qualquer outra razão. (…) Ainda bem que há o CDS para fazer oposição.”

Assunção Cristas, presidente do CDS

“Deixem-se [BE e PCP] de habilidades! Assumam que continuam a apoiar o Governo e então poupem-nos à desfaçatez de quererem ser ao mesmo tempo Governo e oposição. Ou tenham estatura e votem esta moção de censura.”

Assunção Cristas

“Esta iniciativa (…) tem uma e só uma virtualidade: confirmar que a direita permanece em minoria neste Parlamento e não dispõe de qualquer alternativa viável de Governo. Esta moção nada tem a ver com a disputa do Governo, mas com a medição de forças na oposição.”

António Costa, primeiro-ministro e secretário-geral do PS

“O artificialismo desta iniciativa fica patente nos fundamentos da moção de censura, em que o CDS se pretende apresentar como porta-voz das lutas sindicais, que sempre combateu; campeão do investimento público, que sempre diabolizou; e guardião do Serviço Nacional de Saúde, contra o qual votou e nunca desistiu de querer destruir.”

António Costa

“[O primeiro-ministro] apresentou uma tese que não corresponde à motivação do CDS. Lamento, mas nós queremos mesmo ir para eleições. Achamos mesmo que este Governo faz mal ao País.”

Assunção Cristas

“O Governo cativa o futuro e a propaganda fica feita. (…) O que importa é que temos um primeiro-ministro que acredita que as vacas voam.”

Joana Barata Lopes, deputada do PSD

“Seja para obrigar o PSD a correr atrás do CDS, seja um biombo para tapar o Pavilhão Atlântico, seja qual for o motivo do CDS, esta moção não merece o nosso voto.”

Catarina Martins, coodenadora nacional do BE

“A moção de censura é apenas uma encenação na disputa do espaço da direita, onde o PCP não se mete.”

João Oliveira, líder parlamentar do PCP

“Se estivéssemos num tabuleiro de xadrez, esta moção seria um xeque ao [Rui] Rio, um xeque ao PSD.”

Heloísa Apolónia, deputada do PEV

“Nasceu na sexta, não chegou viva a sábado. Não se dirige ao Governo, o objetivo é marcar território à direita. O destinatário é, principalmente, o PSD e, acessoriamente, o recém-nascido Aliança. (…) É a moção que o PSD poderia apresentar, mas não quer, e que Santana quer, mas não pode. O PSD lançou-se num fascinante debate interno entre o professor David Justino e o comentador Marques Mendes para discutir quem faz papel de idiota. Enquanto discutem, o CDS chega-se à frente e não deixa os seus créditos por mãos alheias.”

António Filipe, deputado do PCP

“Se à expressão idiotas juntar úteis, ninguém fica com dúvidas de quem são.”

Telmo Correia, deputado do CDS

“Esqueçamos o Frei Tomás, fiquemos com o Frei Louçã. Revolucionário ontem, conselheiro de Estado e no Banco de Portugal amanhã.”

Telmo Correia

“O que agita os partidos parlamentares das direitas? O que leva o CDS a levantar a crista e a apresentar esta moção de censura? E o PSD, rasteirado e desnorteado, a servir-lhe de palmilha como um partido amordaçado?”

Carlos César, presidente e líder parlamentar do PS

“O CDS de 2019 tem vergonha do que dizia o CDS de 2016. E compreende-se… (…) O dia de hoje não fica marcado por uma moção de censura, mas por uma assunção de incapacidades.”

Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência e da Modernização Administrativa

“Este Governo é formado por um conjunto de pessoas que se juntam à quinta-feira para decidir de que fação fazem parte e quem é mais amiguinho do BE. (…) Este Governo é liderado por um primeiro-ministro que é um diretor de campanha. Este Governo está acabado e esta maioria já não tem soluções para oferecer. Esperam-se oito longos e penosos meses.”

Pedro Mota Soares, deputado do CDS

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