EXPRESSO: País

13-07-2002
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O cansaço de um comunista Vinte e dois anos como deputado é a «razão central» anunciada por Octávio Teixeira para deixar S. Bento. Mas há quem não acredite Alberto Frias Carlos Carvalhas e Octávio Teixeira: o secretário-geral apoia a homenagem ao ex-líder parlamentar e este promete manter a colaboração com o partido A NOTÍCIA, como aliás admitiram o próprio Octávio Teixeira e o secretário-geral, Carlos Carvalhas, surgiu mais cedo do que se previa, mas apenas acertou pela metade. Apesar de confirmar a anunciada saída da liderança da bancada e também das funções de deputado — a seu pedido —, Octávio Teixeira manter-se-á como membro da Comissão Política e do Comité Central. Para o substituir à frente da bancada a direcção do PCP adiantou o nome de Bernardino Soares. A NOTÍCIA, como aliás admitiram o próprio Octávio Teixeira e o secretário-geral, Carlos Carvalhas, surgiu mais cedo do que se previa, mas apenas acertou pela metade. Apesar de confirmar a anunciada saída da liderança da bancada e também das funções de deputado — a seu pedido —, Octávio Teixeira manter-se-á como membro da Comissão Política e do Comité Central. Para o substituir à frente da bancada a direcção do PCP adiantou o nome de Bernardino Soares. Na conferência de imprensa onde, ao lado de Carvalhas, assumiu o abandono de S. Bento, Octávio Teixeira apontou, como justificação, o desgaste de quase 22 anos de Parlamento e dez de liderança da bancada: «É a razão central, diria, é a razão». Entre os «renovadores», antes de conhecidos os termos finais da decisão, era dado como certo que Octávio Teixeira iria simultaneamente abandonar os órgãos dirigentes do PCP. Por outro lado, também se ligava a saída às divergências com a ala «ortodoxa» do partido, nomeadamente em relação à questão do Orçamento do Estado. Mas às várias perguntas que abordaram o tema das divergências, Octávio Teixeira respondeu: «Se por acaso houvesse outras motivações é evidente que ao mesmo tempo que sairia de deputado sairia da Comissão Política e do Comité Central». Entre os «renovadores», assumiu posição pública Carlos Brito. O antecessor de Octávio Teixeira na liderança da bancada considera «perfeitamente justificado prestar-lhe homenagem pelo profundo senso político com que, durante 10 anos, geriu a bancada comunista, numa tarefa complexa e exigente». Escolha polémica Depois de exprimir «uma total surpresa» quanto à decisão do PCP, Brito afirma «não conhecer bem» Bernardino Soares, com quem se teria cruzado apenas «algumas vezes». Sem assumir uma crítica directa às decisões da Comissão Política, não deixa, porém, de referir que, na bancada do seu partido, «há 4 ou 5 deputados que poderiam desempenhar essa tarefa, cuja complexidade necessita de experiência adequada». Aliás, a escolha de Bernardino Soares não parece ser — ou ter sido — pacífica. Às perguntas a Carlos Carvalhas sobre eventuais votos contra a sua escolha nos órgãos dirigentes, o secretário-geral disse ser «falso» ter havido votação... pelo que «não houve votos negativos». Alguns comunistas ligados ao sector «renovador», contactados pelo EXPRESSO, também manifestaram surpresa pela escolha de Bernardino Soares — que «não tem peso específico», consideram. Em alternativa foram apontados os nomes de Agostinho Lopes (que pertence à Comissão Política e ao Secretariado) e de Lino de Carvalho, detentor de grande experiência parlamentar e que pertence à direcção da bancada. Segundo estes elementos, o facto de a escolha não ter recaído nestes dois deputados deve-se ao facto de serem tidos como mais próximos da ala crítica do PCP. Outras fontes, próximas da Comissão Política, disseram, por outro lado, ao EXPRESSO, que, além de não ter sido uma escolha pacífica, Bernardino Soares não foi a primeira opção de Carvalhas, que não terá conseguido convencer Lino de Carvalho ou Agostinho Lopes. Apesar das diferentes explicações, todos convergem em acentuar que a pouca experiência de Bernardino Soares vai colocar a direcção política do grupo parlamentar nas mãos do «ortodoxo» Francisco Lopes, do qual estará próximo, fragilizando ainda mais a posição do secretário-geral. Durante a conferência de imprensa, Carlos Carvalhas escusou-se a adiantar pormenores sobre a escolha do novo líder parlamentar, afirmando apenas que «a questão já tinha sido ponderada na direcção do PCP». Frisou também que a opção «não significa nenhum demérito de outros camaradas» e, quanto à sua juventude, lembrou nomeadamente o seu exemplo ao ter assumido a Secretaria de Estado do Trabalho, em 1974, «com a mesma idade». Octávio Teixeira, por seu lado, considerou que esta não é «uma aposta no escuro», uma vez que Bernardino já pertence à direcção do grupo.

MARIA TERESA OLIVEIRA com CONCEIÇÃO BRANCO

Um abandono... Octávio Teixeira NO PARLAMENTO desde a II Legislatura, «no final de 2001 faria 22 anos de deputado, dez dos quais à frente do grupo», nas suas próprias palavras. Líder da bancada do PCP desde 1991, Octávio Teixeira veio ocupar o lugar de Carlos Brito - depois do seu inesperado abandono - e foi ganhando cada vez mais peso político, sendo uma voz respeitada dentro e fora do PCP. Fora do partido é um dos nomes mais conhecidos e, dentro, foi sintomática a forma como foi ouvido e aplaudido no último Congresso dos comunistas. NO PARLAMENTO desde a II Legislatura,, nas suas próprias palavras. Líder da bancada do PCP desde 1991, Octávio Teixeira veio ocupar o lugar de Carlos Brito - depois do seu inesperado abandono - e foi ganhando cada vez mais peso político, sendo uma voz respeitada dentro e fora do PCP. Fora do partido é um dos nomes mais conhecidos e, dentro, foi sintomática a forma como foi ouvido e aplaudido no último Congresso dos comunistas. Aos 56 anos, Octávio Teixeira vai agora regressar à sua profissão de origem, às funções de economista que ocupava no Banco de Portugal. Membro do PCP desde 1974, faz parte do Comité Central desde o Congresso de 1988, tendo subido à Comissão Política em 1990. Na Assembleia da República, têm sido fundamentais as suas colaborações, nomeadamente na discussão do Orçamento do Estado, bem como no trabalho das comissões de Economia e de Assuntos Constitucionais. Visto como um renovador, mas também um dos apoios mais seguros de Carvalhas, conseguiu sempre manter uma imagem de neutralidade. Há muito que se murmurava a sua saída do Parlamento e dos órgãos dirigentes do PCP. Ontem, antes da data que tinha previsto, ouviu Carvalhas assumir o seu abandono do comando do grupo parlamentar e anunciar que era «ainda devida a informação de que Octávio Teixeira continuará a ser membro do Comité Central do PCP e a integrar a sua Comissão Política».

M.T.O.

...e uma surpresa Bernardino Soares NOS ÚLTIMOS meses, a ascensão política de Bernardino Soares tem sido absolutamente meteórica. Até Dezembro, era «apenas» deputado, posto que já ocupava desde Outubro de 1995, tendo sido reeleito em 1999 (sendo, actualmente, vogal da direcção da bancada). Seis meses depois, é indigitado pelos órgãos dirigentes do PCP como sucessor do histórico Octávio Teixeira à frente da bancada parlamentar dos comunistas. NOS ÚLTIMOS meses, a ascensão política de Bernardino Soares tem sido absolutamente meteórica. Até Dezembro, era «apenas» deputado, posto que já ocupava desde Outubro de 1995, tendo sido reeleito em 1999 (sendo, actualmente, vogal da direcção da bancada). Seis meses depois, é indigitado pelos órgãos dirigentes do PCP como sucessor do histórico Octávio Teixeira à frente da bancada parlamentar dos comunistas. Foi no XVI Congresso que passou, de uma assentada, a membro do Comité Central e do órgão máximo de direcção dos comunistas, a Comissão Política (CP). Se a primeira escolha já era conhecida, surpreendeu a sua promoção à CP. E, no reinício dos trabalhos parlamentares - já este ano, depois do Natal -, foi Bernardino Soares quem leu, na Assembleia da República, a declaração política sobre o Congresso do seu partido (honra que em 1996, na sequência do conclave anterior, coubera a João Amaral). Na altura do Congresso, Bernardino Soares, tal como António Abreu, era visto pelo sector «renovador» como «mais aberto e aceitável» entre os novos nomes escolhidos para a CP, apreciação que, entretanto, parece ter sofrido alguma alteração. Licenciado em Direito, fará 30 anos no dia em que se iniciar a terceira sessão da actual legislatura. Membro da JCP desde 1989 e do PCP desde 1993, integra as comissões parlamentares da Juventude e Desporto, Paridade, e as comissões eventuais de acompanhamento da situação em Timor-Leste e da revisão constitucional.

M.T.O.

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O cansaço de um comunista Vinte e dois anos como deputado é a «razão central» anunciada por Octávio Teixeira para deixar S. Bento. Mas há quem não acredite Alberto Frias Carlos Carvalhas e Octávio Teixeira: o secretário-geral apoia a homenagem ao ex-líder parlamentar e este promete manter a colaboração com o partido A NOTÍCIA, como aliás admitiram o próprio Octávio Teixeira e o secretário-geral, Carlos Carvalhas, surgiu mais cedo do que se previa, mas apenas acertou pela metade. Apesar de confirmar a anunciada saída da liderança da bancada e também das funções de deputado — a seu pedido —, Octávio Teixeira manter-se-á como membro da Comissão Política e do Comité Central. Para o substituir à frente da bancada a direcção do PCP adiantou o nome de Bernardino Soares. A NOTÍCIA, como aliás admitiram o próprio Octávio Teixeira e o secretário-geral, Carlos Carvalhas, surgiu mais cedo do que se previa, mas apenas acertou pela metade. Apesar de confirmar a anunciada saída da liderança da bancada e também das funções de deputado — a seu pedido —, Octávio Teixeira manter-se-á como membro da Comissão Política e do Comité Central. Para o substituir à frente da bancada a direcção do PCP adiantou o nome de Bernardino Soares. Na conferência de imprensa onde, ao lado de Carvalhas, assumiu o abandono de S. Bento, Octávio Teixeira apontou, como justificação, o desgaste de quase 22 anos de Parlamento e dez de liderança da bancada: «É a razão central, diria, é a razão». Entre os «renovadores», antes de conhecidos os termos finais da decisão, era dado como certo que Octávio Teixeira iria simultaneamente abandonar os órgãos dirigentes do PCP. Por outro lado, também se ligava a saída às divergências com a ala «ortodoxa» do partido, nomeadamente em relação à questão do Orçamento do Estado. Mas às várias perguntas que abordaram o tema das divergências, Octávio Teixeira respondeu: «Se por acaso houvesse outras motivações é evidente que ao mesmo tempo que sairia de deputado sairia da Comissão Política e do Comité Central». Entre os «renovadores», assumiu posição pública Carlos Brito. O antecessor de Octávio Teixeira na liderança da bancada considera «perfeitamente justificado prestar-lhe homenagem pelo profundo senso político com que, durante 10 anos, geriu a bancada comunista, numa tarefa complexa e exigente». Escolha polémica Depois de exprimir «uma total surpresa» quanto à decisão do PCP, Brito afirma «não conhecer bem» Bernardino Soares, com quem se teria cruzado apenas «algumas vezes». Sem assumir uma crítica directa às decisões da Comissão Política, não deixa, porém, de referir que, na bancada do seu partido, «há 4 ou 5 deputados que poderiam desempenhar essa tarefa, cuja complexidade necessita de experiência adequada». Aliás, a escolha de Bernardino Soares não parece ser — ou ter sido — pacífica. Às perguntas a Carlos Carvalhas sobre eventuais votos contra a sua escolha nos órgãos dirigentes, o secretário-geral disse ser «falso» ter havido votação... pelo que «não houve votos negativos». Alguns comunistas ligados ao sector «renovador», contactados pelo EXPRESSO, também manifestaram surpresa pela escolha de Bernardino Soares — que «não tem peso específico», consideram. Em alternativa foram apontados os nomes de Agostinho Lopes (que pertence à Comissão Política e ao Secretariado) e de Lino de Carvalho, detentor de grande experiência parlamentar e que pertence à direcção da bancada. Segundo estes elementos, o facto de a escolha não ter recaído nestes dois deputados deve-se ao facto de serem tidos como mais próximos da ala crítica do PCP. Outras fontes, próximas da Comissão Política, disseram, por outro lado, ao EXPRESSO, que, além de não ter sido uma escolha pacífica, Bernardino Soares não foi a primeira opção de Carvalhas, que não terá conseguido convencer Lino de Carvalho ou Agostinho Lopes. Apesar das diferentes explicações, todos convergem em acentuar que a pouca experiência de Bernardino Soares vai colocar a direcção política do grupo parlamentar nas mãos do «ortodoxo» Francisco Lopes, do qual estará próximo, fragilizando ainda mais a posição do secretário-geral. Durante a conferência de imprensa, Carlos Carvalhas escusou-se a adiantar pormenores sobre a escolha do novo líder parlamentar, afirmando apenas que «a questão já tinha sido ponderada na direcção do PCP». Frisou também que a opção «não significa nenhum demérito de outros camaradas» e, quanto à sua juventude, lembrou nomeadamente o seu exemplo ao ter assumido a Secretaria de Estado do Trabalho, em 1974, «com a mesma idade». Octávio Teixeira, por seu lado, considerou que esta não é «uma aposta no escuro», uma vez que Bernardino já pertence à direcção do grupo.

MARIA TERESA OLIVEIRA com CONCEIÇÃO BRANCO

Um abandono... Octávio Teixeira NO PARLAMENTO desde a II Legislatura, «no final de 2001 faria 22 anos de deputado, dez dos quais à frente do grupo», nas suas próprias palavras. Líder da bancada do PCP desde 1991, Octávio Teixeira veio ocupar o lugar de Carlos Brito - depois do seu inesperado abandono - e foi ganhando cada vez mais peso político, sendo uma voz respeitada dentro e fora do PCP. Fora do partido é um dos nomes mais conhecidos e, dentro, foi sintomática a forma como foi ouvido e aplaudido no último Congresso dos comunistas. NO PARLAMENTO desde a II Legislatura,, nas suas próprias palavras. Líder da bancada do PCP desde 1991, Octávio Teixeira veio ocupar o lugar de Carlos Brito - depois do seu inesperado abandono - e foi ganhando cada vez mais peso político, sendo uma voz respeitada dentro e fora do PCP. Fora do partido é um dos nomes mais conhecidos e, dentro, foi sintomática a forma como foi ouvido e aplaudido no último Congresso dos comunistas. Aos 56 anos, Octávio Teixeira vai agora regressar à sua profissão de origem, às funções de economista que ocupava no Banco de Portugal. Membro do PCP desde 1974, faz parte do Comité Central desde o Congresso de 1988, tendo subido à Comissão Política em 1990. Na Assembleia da República, têm sido fundamentais as suas colaborações, nomeadamente na discussão do Orçamento do Estado, bem como no trabalho das comissões de Economia e de Assuntos Constitucionais. Visto como um renovador, mas também um dos apoios mais seguros de Carvalhas, conseguiu sempre manter uma imagem de neutralidade. Há muito que se murmurava a sua saída do Parlamento e dos órgãos dirigentes do PCP. Ontem, antes da data que tinha previsto, ouviu Carvalhas assumir o seu abandono do comando do grupo parlamentar e anunciar que era «ainda devida a informação de que Octávio Teixeira continuará a ser membro do Comité Central do PCP e a integrar a sua Comissão Política».

M.T.O.

...e uma surpresa Bernardino Soares NOS ÚLTIMOS meses, a ascensão política de Bernardino Soares tem sido absolutamente meteórica. Até Dezembro, era «apenas» deputado, posto que já ocupava desde Outubro de 1995, tendo sido reeleito em 1999 (sendo, actualmente, vogal da direcção da bancada). Seis meses depois, é indigitado pelos órgãos dirigentes do PCP como sucessor do histórico Octávio Teixeira à frente da bancada parlamentar dos comunistas. NOS ÚLTIMOS meses, a ascensão política de Bernardino Soares tem sido absolutamente meteórica. Até Dezembro, era «apenas» deputado, posto que já ocupava desde Outubro de 1995, tendo sido reeleito em 1999 (sendo, actualmente, vogal da direcção da bancada). Seis meses depois, é indigitado pelos órgãos dirigentes do PCP como sucessor do histórico Octávio Teixeira à frente da bancada parlamentar dos comunistas. Foi no XVI Congresso que passou, de uma assentada, a membro do Comité Central e do órgão máximo de direcção dos comunistas, a Comissão Política (CP). Se a primeira escolha já era conhecida, surpreendeu a sua promoção à CP. E, no reinício dos trabalhos parlamentares - já este ano, depois do Natal -, foi Bernardino Soares quem leu, na Assembleia da República, a declaração política sobre o Congresso do seu partido (honra que em 1996, na sequência do conclave anterior, coubera a João Amaral). Na altura do Congresso, Bernardino Soares, tal como António Abreu, era visto pelo sector «renovador» como «mais aberto e aceitável» entre os novos nomes escolhidos para a CP, apreciação que, entretanto, parece ter sofrido alguma alteração. Licenciado em Direito, fará 30 anos no dia em que se iniciar a terceira sessão da actual legislatura. Membro da JCP desde 1989 e do PCP desde 1993, integra as comissões parlamentares da Juventude e Desporto, Paridade, e as comissões eventuais de acompanhamento da situação em Timor-Leste e da revisão constitucional.

M.T.O.

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