Intervenção do Deputado Bernardino Soares

28-09-2003
marcar artigo

"Sobre a situação no distrito da Guarda"

Intervenção do Deputado Bernardino Soares

Reunião Plenária de 30 de Abril de 1997

Senhor Presidente,

Senhores Deputados:

O distrito da Guarda tem sofrido fortemente ao longo dos tempos os custos da interioridade. Uma cada vez maior desertificação, causada pela constante saída de habitantes em busca de melhores condições de vida é o espectro que paira sobre aquele distrito, especialmente nas suas zonas mais recônditas.

São muitos milhares, os beirões, e tantos os do distrito da Guarda que demandaram o país e o mundo em busca daquilo que não encontravam na sua terra: trabalho e condições de vida dignas.

Muitas das situações difíceis e dramáticas que se vivem no distrito da Guarda estão ligadas à crise do sector têxtil. A prossecução de uma política que deixou desprotegida esta indústria seguindo as orientações impostas pela União Europeia põe hoje em risco milhares de postos de trabalho com as consequências sociais que o seu desaparecimento acarretará. Tal como o PSD também o Partido Socialista fez da moeda única a sua prioridade incontornável e simultaneamente abandonou os trabalhadores e as empresas do sector têxtil à sua sorte e ao seu futuro incerto.

Mas não era isto que esperavam do Partido Socialista os muitos milhares que nele votaram e que acreditaram no que lhes era prometido. A prosápia eleitoralista da Nova Maioria criou esperanças que rapidamente se desvaneceram.

Hoje o que encontramos são situações como:

- a da Vodratex, com 517 trabalhadores, salários em atraso, trabalho suspenso para muitos, redução das remunerações ao salário mínimo - futuro incerto;

- a da Estevão Ubach, actualmente com 120 trabalhadores depois de muitas rescisões, dos quais apenas sessenta no activo, 100 mil contos de dívida e a esperança numa reviravolta que tarda;

- a da Têxtil Lopes da Costa, com 340 trabalhadores, oito subsídios mais quatro meses de salários em atraso, 115 trabalhadores em auto suspensão - futuro incerto;

- ou a da FISEL, 350 trabalhadores que já foram 1200, com salários em atraso há dez anos e a beneficiar de um balão de oxigénio até ao fim do ano sem saber o que acontecerá depois;

- ou tantas outras como a Textilana, a Gartextil, em que o diagnóstico é quase sempre o mesmo, salários em atraso, diminuição dos postos de trabalho, dívidas, trabalhadores em suspensão e perspectivas cada vez mais sombrias.

Face a esta situação social explosiva e a necessitar de intervenção urgente eis que surgiu no horizonte um instrumento importante de intervenção que podia ajudar à resolução de muitos problemas: uma Operação Integrada de Desenvolvimento. De facto a situação não se compadece com meras intervenções pontuais, importantes sem dúvida, mas exige uma visão estrutural de toda a região

A Operação Integrada de Desenvolvimento foi amplamente prometida pelo Governo e pelo Partido Socialista antes e depois das eleições, tendo sido garantido directamente aos trabalhadores de algumas empresas em dificuldades, o seu arranque em Janeiro deste ano.

Vários membros do Governo passearam pelo distrito prometendo aos trabalhadores e aos seus representantes medidas rápidas e eficazes. Garantiram mesmo que em Janeiro surgiriam as primeiras acções. Já vêm tarde - terão dito os trabalhadores. Mas ainda assim mais vale tarde do que nunca - terão pensado.

O pior, Senhor Presidente e Senhores Deputados é que passou Janeiro, passou Fevereiro, passou Março, Abril já lá vai e afinal de contas, medidas nem vê-las. Provavelmente o Governo está à espera de tempos eleitoralmente mais oportunos para lançar algumas intervenções de fachada.

De facto não nos surpreenderia que lá mais para o fim do ano subitamente o Governo se lembrasse de lançar alguma operação mediática e demagógica com objectivos bem diversos daqueles de que a região necessita.

É que não interessam intervenções em que não se ataquem os problemas de fundo e se atirem apenas engodos com vista à pescaria eleitoral. E nem interessam intervenções em que não se garanta que os apoios e investimentos servem rigorosamente para resolver os problemas dos trabalhadores têxteis e não para encher bolsas bem menos necessitadas.

O PCP afirma tanto aqui na Assembleia da República como localmente que o distrito da Guarda necessita de uma verdadeira política de desenvolvimento social e de criação de emprego. De resposta rápida e eficaz que assegure a manutenção dos postos de trabalho ainda existentes e a criação de outros. Da protecção do sector têxtil, vital para a economia local e para a subsistência de milhares de famílias.

O povo da Guarda exige que sejam cumpridas as promessas e que avance a Operação Integrada de Desenvolvimento. Cumpram-se as promessas!

"Sobre a situação no distrito da Guarda"

Intervenção do Deputado Bernardino Soares

Reunião Plenária de 30 de Abril de 1997

Senhor Presidente,

Senhores Deputados:

O distrito da Guarda tem sofrido fortemente ao longo dos tempos os custos da interioridade. Uma cada vez maior desertificação, causada pela constante saída de habitantes em busca de melhores condições de vida é o espectro que paira sobre aquele distrito, especialmente nas suas zonas mais recônditas.

São muitos milhares, os beirões, e tantos os do distrito da Guarda que demandaram o país e o mundo em busca daquilo que não encontravam na sua terra: trabalho e condições de vida dignas.

Muitas das situações difíceis e dramáticas que se vivem no distrito da Guarda estão ligadas à crise do sector têxtil. A prossecução de uma política que deixou desprotegida esta indústria seguindo as orientações impostas pela União Europeia põe hoje em risco milhares de postos de trabalho com as consequências sociais que o seu desaparecimento acarretará. Tal como o PSD também o Partido Socialista fez da moeda única a sua prioridade incontornável e simultaneamente abandonou os trabalhadores e as empresas do sector têxtil à sua sorte e ao seu futuro incerto.

Mas não era isto que esperavam do Partido Socialista os muitos milhares que nele votaram e que acreditaram no que lhes era prometido. A prosápia eleitoralista da Nova Maioria criou esperanças que rapidamente se desvaneceram.

Hoje o que encontramos são situações como:

- a da Vodratex, com 517 trabalhadores, salários em atraso, trabalho suspenso para muitos, redução das remunerações ao salário mínimo - futuro incerto;

- a da Estevão Ubach, actualmente com 120 trabalhadores depois de muitas rescisões, dos quais apenas sessenta no activo, 100 mil contos de dívida e a esperança numa reviravolta que tarda;

- a da Têxtil Lopes da Costa, com 340 trabalhadores, oito subsídios mais quatro meses de salários em atraso, 115 trabalhadores em auto suspensão - futuro incerto;

- ou a da FISEL, 350 trabalhadores que já foram 1200, com salários em atraso há dez anos e a beneficiar de um balão de oxigénio até ao fim do ano sem saber o que acontecerá depois;

- ou tantas outras como a Textilana, a Gartextil, em que o diagnóstico é quase sempre o mesmo, salários em atraso, diminuição dos postos de trabalho, dívidas, trabalhadores em suspensão e perspectivas cada vez mais sombrias.

Face a esta situação social explosiva e a necessitar de intervenção urgente eis que surgiu no horizonte um instrumento importante de intervenção que podia ajudar à resolução de muitos problemas: uma Operação Integrada de Desenvolvimento. De facto a situação não se compadece com meras intervenções pontuais, importantes sem dúvida, mas exige uma visão estrutural de toda a região

A Operação Integrada de Desenvolvimento foi amplamente prometida pelo Governo e pelo Partido Socialista antes e depois das eleições, tendo sido garantido directamente aos trabalhadores de algumas empresas em dificuldades, o seu arranque em Janeiro deste ano.

Vários membros do Governo passearam pelo distrito prometendo aos trabalhadores e aos seus representantes medidas rápidas e eficazes. Garantiram mesmo que em Janeiro surgiriam as primeiras acções. Já vêm tarde - terão dito os trabalhadores. Mas ainda assim mais vale tarde do que nunca - terão pensado.

O pior, Senhor Presidente e Senhores Deputados é que passou Janeiro, passou Fevereiro, passou Março, Abril já lá vai e afinal de contas, medidas nem vê-las. Provavelmente o Governo está à espera de tempos eleitoralmente mais oportunos para lançar algumas intervenções de fachada.

De facto não nos surpreenderia que lá mais para o fim do ano subitamente o Governo se lembrasse de lançar alguma operação mediática e demagógica com objectivos bem diversos daqueles de que a região necessita.

É que não interessam intervenções em que não se ataquem os problemas de fundo e se atirem apenas engodos com vista à pescaria eleitoral. E nem interessam intervenções em que não se garanta que os apoios e investimentos servem rigorosamente para resolver os problemas dos trabalhadores têxteis e não para encher bolsas bem menos necessitadas.

O PCP afirma tanto aqui na Assembleia da República como localmente que o distrito da Guarda necessita de uma verdadeira política de desenvolvimento social e de criação de emprego. De resposta rápida e eficaz que assegure a manutenção dos postos de trabalho ainda existentes e a criação de outros. Da protecção do sector têxtil, vital para a economia local e para a subsistência de milhares de famílias.

O povo da Guarda exige que sejam cumpridas as promessas e que avance a Operação Integrada de Desenvolvimento. Cumpram-se as promessas!

marcar artigo