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22-09-2003
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Generais reúnem ao jantar e acusam ministro da Defesa

Portas escolhe Valença Pinto

Paulo Portas indigitou Valença Pinto para o cargo de Chefe de Estado Maior do Exército. O novo CEME sucede no cargo a Silva Viegas que se demitiu em divergência com o ministro de Estado e da Defesa, Paulo Portas. A nomeação de Valença Pinto, que já mereceu pareceres das chefias militares - Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas e Conselho Superior do Exército - aguarda agora pela concordância do Presidente da República. Recorde-se que a demissão de Silva Viegas provocou um enorme mau estar entre os ex-chefes de Estado-Maior do Exército (CEME), que acusaram quinta-feira o ministro da Defesa de ter tido «atitudes de desrespeito» para com os militares e «mandataram» o general Ramalho Eanes para expor a situação ao Presidente da República e ao primeiro-ministro. Recorde-se que a demissão de Silva Viegas provocou um enorme mau estar entre os ex-chefes de Estado-Maior do Exército (CEME), que acusaram quinta-feira o ministro da Defesa de ter tido «atitudes de desrespeito» para com os militares e «mandataram» o general Ramalho Eanes para expor a situação ao Presidente da República e ao primeiro-ministro. «O comportamento da tutela tem sido marcado por atitudes de desrespeito para com os militares», acusou o general Loureiro dos Santos, acrescentando que os nove generais ex-CEME incumbiram o ex- presidente da República Ramalho Eanes de servir de intermediário com o chefe de Estado, Jorge Sampaio, e o primeiro-ministro, Durão Barroso. «O comportamento da tutela tem sido marcado por atitudes de desrespeito para com os militares», acusou o general Loureiro dos Santos, acrescentando que os nove generais ex-CEME incumbiram o ex- presidente da República Ramalho Eanes de servir de intermediário com o chefe de Estado, Jorge Sampaio, e o primeiro-ministro, Durão Barroso. «Solicitámos ao general Ramalho Eanes que se disponibilizasse para manifestar ao presidente da República e primeiro-ministro, caso fosse solicitado, a nossa preocupação para que tudo seja feito para assegurar no futuro uma relação democrática condigna entre o poder militar e o poder político», declarou Loureiro dos Santos, em representação dos nove oficiais generais que desempenharam funções de CEME desde 1975. «Solicitámos ao general Ramalho Eanes que se disponibilizasse para manifestar ao presidente da República e primeiro-ministro, caso fosse solicitado, a nossa preocupação para que tudo seja feito para assegurar no futuro uma relação democrática condigna entre o poder militar e o poder político», declarou Loureiro dos Santos, em representação dos nove oficiais generais que desempenharam funções de CEME desde 1975. Loureiro dos Santos alertou ainda para a existência de dificuldades orçamentais no sector, que poderão colocar em causa as missões militares portuguesas no estrangeiro. Loureiro dos Santos alertou ainda para a existência de dificuldades orçamentais no sector, que poderão colocar em causa as missões militares portuguesas no estrangeiro. «Acentuaram-se as dificuldades no exército, que podem colocar em risco as missões no exterior», avisou o general. «Acentuaram-se as dificuldades no exército, que podem colocar em risco as missões no exterior», avisou o general. Loureiro dos Santos, destacou a «perigosa degradação do material e infra-estruturas», além da existência de «dívidas do ramo a organismos exteriores por falta de dotação». Loureiro dos Santos, destacou a «perigosa degradação do material e infra-estruturas», além da existência de «dívidas do ramo a organismos exteriores por falta de dotação». Sobre a lei da programação militar, o general Loureiro dos Santos referiu ter havido «modificações positivas», apesar de lamentar não terem sido tomadas «medidas concretas» para resolver os problemas do material. Sobre a lei da programação militar, o general Loureiro dos Santos referiu ter havido «modificações positivas», apesar de lamentar não terem sido tomadas «medidas concretas» para resolver os problemas do material. A declaração de Loureiro dos Santos, em nome dos ex-CEME, ocorreu depois de três horas e meia de um jantar privado num restaurante lisboeta, no qual participaram os generais Ramalho Eanes, Rocha Vieira, Martins Barrento e Garcia dos Santos, entre outros. A declaração de Loureiro dos Santos, em nome dos ex-CEME, ocorreu depois de três horas e meia de um jantar privado num restaurante lisboeta, no qual participaram os generais Ramalho Eanes, Rocha Vieira, Martins Barrento e Garcia dos Santos, entre outros. Na «ementa» estiveram as razões da demissão de Silva Viegas das funções de CEME e a atitude a tomar em relação Na «ementa» estiveram as razões da demissão de Silva Viegas das funções de CEME e a atitude a tomar em relação ao sucedido. ao sucedido. O general Silva Viegas demitiu-se na passada sexta-feira, alegando ter perdido a «confiança» no ministro da Defesa, O general Silva Viegas demitiu-se na passada sexta-feira, alegando ter perdido a «confiança» no ministro da Defesa, que, por seu lado, elogiou o trabalho do CEME demissionário, ainda que tenha admitido a existência de «divergências que, por seu lado, elogiou o trabalho do CEME demissionário, ainda que tenha admitido a existência de «divergências funcionais». funcionais». Natural de Lisboa, Valença Pinto, 57 anos, tem os cursos de engenharia militar, da Academia Militar, de comando e Estado-Maior, do Instituto de Altos Estudos Militares, e do Colégio de Defesa da NATO. Foi também conselheiro militar junto da NATO e da UEO e director do Instituto de Defesa Nacional. Natural de Lisboa, Valença Pinto, 57 anos, tem os cursos de engenharia militar, da Academia Militar, de comando e Estado-Maior, do Instituto de Altos Estudos Militares, e do Colégio de Defesa da NATO. Foi também conselheiro militar junto da NATO e da UEO e director do Instituto de Defesa Nacional. 09:20 1 Agosto 2003

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Comentários

41 a 60 de 206 Tokarev 20:50 3 Agosto 2003 São operações de polícia com napalm mal cheiroso

Deve ter sido comprado no Arsenal de Kiev... zippiz 20:39 3 Agosto 2003 >água mole 20:26 3 Agosto 2003

Vc. só tem isso para dizer acerca do comentário das 11:12 ? Valha-nos deus !!! >água mole 20:26 3 Agosto 2003 Eunucos que escrevem Deus com letra pequena. Não se imaginam morrer as alimárias. Quanto mais uma Pátria. zippiz 20:17 3 Agosto 2003 tokarev :

"As operações de polícia desenvolvidas pelo EP em África não se consideram tecnicamente guerra."

Vc. pode até chamar "operações de polícia" ao que o EP fez em Africa mas permitirá que discorde ...até pelo cheiro que o napalm tem...

Tokarev 20:06 3 Agosto 2003 caro zippiz

As operações de polícia desenvolvidas pelo EP em África não se consideram tecnicamente guerra.

Assim o entenderam também todas as outras potências coloniais que descolonizaram antes de Portugal.

Podem ter parecido guerra por deficiências de enquadramento ou por faltas materiais do EP. Essas faltas podem ter implicado muito sofrimento às populações ou aos próprios militares. Mas essa circunstância não transforma as operações de polícia em guerra.

Não são assim comparáveis, de forma alguma, à Guerra do Vietname. zippiz 19:55 3 Agosto 2003 Tokarev 19:53 3 Agosto 2003 : sejamos sérios

esteve lá o sr ou alguém de família ?

Tokarev 19:53 3 Agosto 2003 Tanto dá dizer guerra colonial ou do ultramar

Até porque não houve guerra nenhuma. ze chico 19:35 3 Agosto 2003

Fatinha 18:23 3 Agosto 2003

História: Pedro Nunes inventou o nónio.

Estória: Paulo Portas inventou a maneira de pagar aos "miúdos" sem recibo.

É tudo uma questão de orientação.

zippiz 19:34 3 Agosto 2003 tokarev está a evoluir ...já se refere à Guerra Colonial em vez de guerra do "ultramar"

este exército acabará por ganhar a Portas por falta de comparência deste ! Tokarev 19:09 3 Agosto 2003 o exército da guerra colonial

O Exército Português não ganha nenhuma batalha há muito tempo. Não é de crer que consiga vencer o Ministro da Defesa. incredulo 19:04 3 Agosto 2003 Fatinha 18:23 3 Agosto 2003

"Estória" é utilizado quando não está subjacente um registo documental. Fatinha 18:23 3 Agosto 2003 Estórias ou Histórias?

Nos últimos tempos tenho visto tanta vez a palavra 'estórias', não só aqui nos comentários do expresso, vindo de diversos comentadores, como noutros locais.

Começo a duvidar do que aprendi na primária. Até já fui consultar o dicionário.

Que se passa? É algum termo brasileiro novo? Sou eu que ando distraída? Por favor alguém me ajude! O Ardina 17:02 3 Agosto 2003 Morder o Pó

"Another one bites the dust..." Mais um general mordeu o pó por ter perdido a confiança em Paulo Portas. Primeiro foi Alvarenga Sousa Santos, agora Silva Viegas. Assim vão as Forças Armadas Portuguesas: de demissão em demissão até que o ministro da Defesa consiga colocar todos os seus homens em lugares-chave. Os militares regem-se por um código de honra; o ministro usa as regras de um jogo de vídeo, daqueles em que se mata e esfola até o ecrã ficar "melado de sangue", para usar uma bela expressão brasileira. É uma batalha desigual.

Portas não frequentou o Instituto de Altos Estudos Militares, não fez-pós graduações em Estratégia ou Tácticas de Guerrilha, não tem mestrados em contra-informação. Mas é um adversário temível. Passou pela escola do "Independente", licenciou-se no PP de Monteiro, tirou o mestrado na Moderna. A farda dele são os fatos de Saville Road e as gravatas Hermés. Usa o cargo de ministro da Defesa como se tivesse na mão um "joystick". Dispara a matar e não faz prisioneiros.

Tem uns ajudantes de campo capazes de dar a vida por ele. Inspira dedicações caninas e cultiva ódios de estimação. É capaz de nos convencer de que está a trabalhar por nós, que está a deixar obra, que é um reformador, apesar de "desviar" as verbas da Lei de Programação Militar para "despesas correntes" e de nunca mais se definir sobre o fim do Serviço Militar Obrigatório.

Acredito que o ministro dorme com um olho aberto e o revólver debaixo do travesseiro. Colecciona livros sobre a CIA e o FBI, não perde um romance de Le Carré, é amigo de Donald Rumsfeld. Com este ministro da Defesa não se brinca. Os militares não têm nenhuma hipótese. Resta-lhes renderem-se, combater até ao último homem ou esperar que Durão Barroso saia das próximas eleições legislativas numa situação que lhe permita dispensar o seu cabo-de-guerra.

Por RUI BAPTISTA

>água mole 13:52 3 Agosto 2003 A. Vaz

Pois... A. Vaz 11:26 3 Agosto 2003 Dunca 22:54 2 Agosto 2003

Uma pergunta simples: V. costuma fazer omoletes sem ovos?

Isto vem a propósito da ganância que V. atribui aos nossos generais ("não estão para sacrifícios, querem sempre mais dinheiro")...

De resto estou de acordo consigo quanto a essa ideia de que o nosso governo deveria dar prioridade às "guerras" internas. Mas isso só muito remotamente - para não dizer de má fé! - se pode atribuír aos nossos generais. Veja o caso da recente decisão governamental de mandar GNRs para o Iraque: pelo que sabe, ainda não foram para lá porque não tinham material adequado para a região. Serão os "generais" da GNR os culpados? Será a sua "ganância" desmesurada?

Ah, e não se esqueça que o sr. Silva Viegas se auto-demitiu porque "O comportamento da tutela tem sido marcado por atitudes de desrespeito para com os militares"... A. Vaz 11:12 3 Agosto 2003 >água mole 18:14 2 Agosto 2003

Fiquei elucidado sobre a sua resposta à minha questão. Como eu estou , “imagina” V., “de tal modo (...) nos antípodas dos valores que veículam” a “História e a Tradição” (e aqui uma correção: não é de Portugal, mas sim) da instituição militar, decide não perder tempo a “falar” do que evoca...

É uma posição aceitável para quem pretende “dialogar”!

Quanto ao resto do seu comentário:

Eu tentei ler qualquer coisa no “site” do Independente mas não o consegui... será uma dificuldade (selectiva?) da minha rede? Mas isso não me impedirá de lhe dizer que a “História” e a “Tradição” da instiuição não poderá deixar de passar pelos “generais” que se reuniram com o ex-CEME, SV.

Quanto aos “meninos de coro”/“trinta dinheiros”, enfim, não tendo lido o tal artigo que sugere, apenas lhe posso dizer que eles, de facto, não devem ser “meninos de coro” mas isso nunca o devem ter sido, não?, e que mal da nação em que os seus ex-CEME se vendessem por “trinta dinheiros” se bem que esta figura de estilo, por uma questão de inflação, deveria ser actualizada.

As muitas sugestões que faz deixam-me um pouco a Leste do que pretende dizer – é que eu estou mesmo a Leste! – e claro está que V. até pode “descobrir” que “Essas estórinhas-embaladeiras já não colhem...”, no fim de contas cada um de nós gosta de ser embalado pelas “estórinhas” que mais lhe agradam. A mim o que me admira é que certos contadores de “estórinhas” venham “embalar-me” com várias versões das mesmas: A “História” e a “Tradição” da instituição militar terá mudado em meia década? Que raio de “Tradição”!

Quanto a Mário Soares/”Quinta do Portus Cale & Associados Ldª”/”todos os outros ou são de "extrema-direita" ou são sucedâneos de Salazar”... pouco haverá para lhe dizer. Mário Soares, ideologicamente, nada me diz. Ouço-o como ouço um Freitas do Amaral... são “dinissauros” da política e convém ouvir o que eles têm para dizer.

A tal Quinta do não-sei-quantos, não imagino o que será – se quiser explicar-se pode ser que eu lhe diga qualquer coisa.

E o “todos os outros ou são de "extrema-direita" ou são sucedâneos de Salazar”. Creio que V. se está a referir ao facto de eu ter afirmado que o sr. PP “é o Salazar possível dentro dos tempos que correm”. Se assim é, graças a deus, não são todos os outros, e muito menos de “extrema-direita”. Não creio estar a dar-lhe uma novidade se lhe disser que o sr. PP é lider de um partido de direita e que dentro da direita se encontra na mesma área ideológia que se encontrava o sr. Oliveira Salazar, e que a grande diferença é a época: o CDS é a UN em versão “light” para a democracia. Aliás, os líderes-fundadores do CDS militavam precisamente nas hostes do antigo regime.

Espero ter-lhe conseguido responder a esse seu comentário cheio de enigmas – claro: Haja saúde na pomba!

A. Vaz 09:58 3 Agosto 2003 Albatroz 17:42 2 Agosto 2003

Caro Albatroz

Começo pelo fim: “Não será altura de nos deixarmos de anti-militarismos primários?”

“Primário”? Porquê primário?

Que eu saiba, neste fórum aberto em torno da auto-demissão+novo CEME, escrevi para aí 4 ou 5 comentários, e em todos eles tentei apenas traduzir a minha conclusão do quanto hipócrita é a actual posição dos comentadores conotados com a direita (eu gosto de lhes chamar “direitinhas”! Espero que não se ofendam já que eu não me ofendo quando me cham de comuna... embora não o seja!) sobre o assunto; de resto, apenas fiz um comentário sobre o que pensava sobre os militares, e apenas disse que não gostava deles, e porque é que não gostava deles. Se isso lhe chega para me conotar com “anti-militarismos primários”, então, posso deduzir que V. é um “militarista primário”?!?

As estórias que contei estão inseridas num contexto: são a resposta ao comentário do(a) sr(a). >água mole, no qual ele(a) evocava a “História” e a “Tradição”, assim com maiúsculas!, e eu apenas lhe quis demonstrar que os militares não são Heróis (com H) mas sim comuns mortais que, embora tenham uma história e uma tradição, cometem e estão sujeitos a erros. Tudo o que contei, são apenas episódios humanos naturais no contexto que se vivia. O facto das miúdas pretas serem menores não adianta nada para o que vi (pedófilia aqui será um termo exagerado! V. que esteve em Angola deve saber do que estou a falar...), e como é evidente não foram forçadas (a não ser pelos escudos extras, o que é natural na prostituição em países pobres!) a fazerem o que estavam a fazer. Quanto a fumarem publicamente marijuana, enfim, era o fim do império e a alegria da anarquia de tal estar a acontecer. Era o regresso a casa a ser comemorado! Não é por isso que eles, quer como pessoas, quer como instituição, deixam de ser homens honrados. Soldados e prostitutas sempre foi um binómio bem aceite, e fumar marijuana já não é sequer um crime! Nem sequer foi isso que quis traduzir com as tais estórias. O que lhe (ao/à sr(a). >água mole!) quis transmitir foi precisamente a natureza humana da instituição que, como sabe, era (é?) uma instituição maioritariamente composta por “forçados” (o chamado serviço militar obrigatório).

Eu acredito que V. não tenha “um único episódio militar de que tenha de (se) envergonhar” e que não teve “conhecimento directo de nada (...) que (vos) pudesse envergonhar”, nessa sua “comissão de dois anos em Angola, entre 1966 e 1968” . Espero também que não faça disso a regra, até porque a “vergonha” varia de ser humano para ser humano, e no fim de contas, o Exército português era apenas um dos instrumentos da repressão necessária para se manter o “statos quo” colonial, isto é, da negação do direito a um povo ser independente. Alguns, envergonhar-se-ão apenas por isso...

Sobre o livro: o autor não se manifesta sobre barbaridades e afins, mas sim sob um ponto de vista estritamente militar. Ele não faz qualquer referência a barbaridades, massacres, natureza da função do exército, etc, até porque a presença do exército “yankee” não tem qualquer paralelismo, em termos histórico-políticos, com a presença do exército português em Angola, Guiné-Bissau, e Moçambique. A única coisa que têm em comum é que ambos foram derrotados: a finalidade para que foram chamados não foi cumprida. O Vietname reunificou-se sob a bandeira da República Democrática do Vietname, e as ex-colónias portuguesas tornaram-se independentes. O mesmo é válido para os casos britânicos que cita: Malásia e Quénia, ou franceses: Vietname e Argélia.

Eu tenho orgulho das FAs que temos: devolveram-nos a democracia, para além de se terem empenhado, nos anos imediatos a 1974, numa mudança revolucionária da sociedade portuguesa. Lembro-me de em 1974 ter visto soldados na aldeia daonde a minha mãe é natural, a alfabetizar adultos e a ajudarem os jovens da aldeia a construir uma sala de convívio e um campo de futebol.

Será que isto muda a minha maneira de pensar? Não, nem o 25 de Abril, nem a ocupação militar das colónias, são aspectos determinantes no que penso sobre a instituição militar. Eu defendo a extinsão definitiva dos exércitos mas porque sei que é uma posição utópica, não faço disso o meu cavalo de batalha. E por isso é que lhe digo que embora seja anti-militarista não o sou primário.

acoriano38 09:22 3 Agosto 2003 Paulo Portas deve cair de podre, não de golpe de estado

Certamente que as chefias militares merecem ter o mínimo de confiança no poder político e vice-versa.

Se bem que, lá no trabalho, se amuasse sempre que há uma crise de confiança, quem perdia éramos todos nós. É por isso, que nunca digo que não tenho confiança no meu patrão.

O jantar dos generais deve ser interpretado, não como uma ameaça de sublevação, tão característica das repúblicas das bananas, mas sim como uma posição política a considerar. Não parece ter sido por acaso a evocação de Eanes, ex-líder do PRD.

Na minha opinião, Portas é um fracasso como estadista. A sua permanência no governo só tem sido possível devido à dispersão da atenção pública pelos casos Prestige, Iraque, Reformas (trabalho FP), fogos florestais...

Contudo, apesar de todas as contrariedades conhecidas, Portas tem faro de animal político. E sabe que, numa Europa adepta de populismos de direita, pode tirar partido de um possível afastamento “forçado” do governo.

Será que no partido de Adriano Moreira, Bagão Félix, Basílio Horta, Narana Coissoró, não existirão alternativas mais credíveis?

ze chico 01:50 3 Agosto 2003 Cataventos da política

Que curioso! A direita a malhar em generais!

A direita (extrema ou não) sempre disposta a defender o poder castrense,

sempre, sempre ao lado dos generais,

(se fossem ditadores, melhor!), anda agora em "contracorrente". Comentários extensos e supostamente ideológicos.

Os generais são esquerdistas, querem protagonismo, os militares são uns inúteis, "deviam estar a combater os fogos".

E tudo isto porquê? Porque "ousaram" discordar do Ministro da Defesa.

Sendo que o Ministro não se chama Tóino Júlio nem Jaquim Augusto, mas sim Paulo Portas.

Ó direita portuguesa,

que é como quem diz, ó fascistas!

Tenham vergonha na cara, já que não têm noutro lado.

Vejam lá se aprendem alguma coisa: os "generais não são bons num dia e maus no outro".

O Paulinho é que é mau todos os dias.

PS. As aspas são decorativas. Nunca fizeram parte do discurso de alguns figurões que hoje seguram o Paulinho.

>água mole 00:30 3 Agosto 2003 Quando o óbvio «unula» "ao quadrado"...

«O Óbvio»

É inquestionável que o jantar que reuniu os generais que ocuparam o cargo de chefe do Estado-Maior do Exército desde 25 de Abril de 1974 não corresponde aos padrões do funcionamento normal daquela instituição.

A situação é mais melindrosa quando nos encontramos perante uma instituição com rígidas normas de funcionamento e padrões de disciplina, rigorosas cadeias de comando, clara definição dos relacionamentos horizontais e verticais.

A personalidade dos protagonistas é duplamente relevante : pela relevância das funções militares que desempenharam e pelo facto de, na sua diversidade pessoal (e não só), terem em comum nunca haverem, pessoal ou colectivamente, assumido comportamentos fora do normal funcionamento da instituição a que pertencem.

Há, portanto, factores de perturbação do normal funcionamento das instituições. O factor da anormalidade é claramente conhecido e a iniciativa de quinta-feira torna o seu desconhecimento impossível.

O ministro da Defesa Paulo Portas é, incontornávelmente, um factor perturbador do normal funcionamento das instituições democráticas. A Constituição é clara sobre o assunto».

RUBEN de CARVALHO (DN, Agosto de 2003)

PS; Não sei ao certo quem é este senhor, mas não será o Director (ou ex-Director) do «Ávante»? Kamarada... < anteriores seguintes >

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Generais reúnem ao jantar e acusam ministro da Defesa

Portas escolhe Valença Pinto

Paulo Portas indigitou Valença Pinto para o cargo de Chefe de Estado Maior do Exército. O novo CEME sucede no cargo a Silva Viegas que se demitiu em divergência com o ministro de Estado e da Defesa, Paulo Portas. A nomeação de Valença Pinto, que já mereceu pareceres das chefias militares - Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas e Conselho Superior do Exército - aguarda agora pela concordância do Presidente da República. Recorde-se que a demissão de Silva Viegas provocou um enorme mau estar entre os ex-chefes de Estado-Maior do Exército (CEME), que acusaram quinta-feira o ministro da Defesa de ter tido «atitudes de desrespeito» para com os militares e «mandataram» o general Ramalho Eanes para expor a situação ao Presidente da República e ao primeiro-ministro. Recorde-se que a demissão de Silva Viegas provocou um enorme mau estar entre os ex-chefes de Estado-Maior do Exército (CEME), que acusaram quinta-feira o ministro da Defesa de ter tido «atitudes de desrespeito» para com os militares e «mandataram» o general Ramalho Eanes para expor a situação ao Presidente da República e ao primeiro-ministro. «O comportamento da tutela tem sido marcado por atitudes de desrespeito para com os militares», acusou o general Loureiro dos Santos, acrescentando que os nove generais ex-CEME incumbiram o ex- presidente da República Ramalho Eanes de servir de intermediário com o chefe de Estado, Jorge Sampaio, e o primeiro-ministro, Durão Barroso. «O comportamento da tutela tem sido marcado por atitudes de desrespeito para com os militares», acusou o general Loureiro dos Santos, acrescentando que os nove generais ex-CEME incumbiram o ex- presidente da República Ramalho Eanes de servir de intermediário com o chefe de Estado, Jorge Sampaio, e o primeiro-ministro, Durão Barroso. «Solicitámos ao general Ramalho Eanes que se disponibilizasse para manifestar ao presidente da República e primeiro-ministro, caso fosse solicitado, a nossa preocupação para que tudo seja feito para assegurar no futuro uma relação democrática condigna entre o poder militar e o poder político», declarou Loureiro dos Santos, em representação dos nove oficiais generais que desempenharam funções de CEME desde 1975. «Solicitámos ao general Ramalho Eanes que se disponibilizasse para manifestar ao presidente da República e primeiro-ministro, caso fosse solicitado, a nossa preocupação para que tudo seja feito para assegurar no futuro uma relação democrática condigna entre o poder militar e o poder político», declarou Loureiro dos Santos, em representação dos nove oficiais generais que desempenharam funções de CEME desde 1975. Loureiro dos Santos alertou ainda para a existência de dificuldades orçamentais no sector, que poderão colocar em causa as missões militares portuguesas no estrangeiro. Loureiro dos Santos alertou ainda para a existência de dificuldades orçamentais no sector, que poderão colocar em causa as missões militares portuguesas no estrangeiro. «Acentuaram-se as dificuldades no exército, que podem colocar em risco as missões no exterior», avisou o general. «Acentuaram-se as dificuldades no exército, que podem colocar em risco as missões no exterior», avisou o general. Loureiro dos Santos, destacou a «perigosa degradação do material e infra-estruturas», além da existência de «dívidas do ramo a organismos exteriores por falta de dotação». Loureiro dos Santos, destacou a «perigosa degradação do material e infra-estruturas», além da existência de «dívidas do ramo a organismos exteriores por falta de dotação». Sobre a lei da programação militar, o general Loureiro dos Santos referiu ter havido «modificações positivas», apesar de lamentar não terem sido tomadas «medidas concretas» para resolver os problemas do material. Sobre a lei da programação militar, o general Loureiro dos Santos referiu ter havido «modificações positivas», apesar de lamentar não terem sido tomadas «medidas concretas» para resolver os problemas do material. A declaração de Loureiro dos Santos, em nome dos ex-CEME, ocorreu depois de três horas e meia de um jantar privado num restaurante lisboeta, no qual participaram os generais Ramalho Eanes, Rocha Vieira, Martins Barrento e Garcia dos Santos, entre outros. A declaração de Loureiro dos Santos, em nome dos ex-CEME, ocorreu depois de três horas e meia de um jantar privado num restaurante lisboeta, no qual participaram os generais Ramalho Eanes, Rocha Vieira, Martins Barrento e Garcia dos Santos, entre outros. Na «ementa» estiveram as razões da demissão de Silva Viegas das funções de CEME e a atitude a tomar em relação Na «ementa» estiveram as razões da demissão de Silva Viegas das funções de CEME e a atitude a tomar em relação ao sucedido. ao sucedido. O general Silva Viegas demitiu-se na passada sexta-feira, alegando ter perdido a «confiança» no ministro da Defesa, O general Silva Viegas demitiu-se na passada sexta-feira, alegando ter perdido a «confiança» no ministro da Defesa, que, por seu lado, elogiou o trabalho do CEME demissionário, ainda que tenha admitido a existência de «divergências que, por seu lado, elogiou o trabalho do CEME demissionário, ainda que tenha admitido a existência de «divergências funcionais». funcionais». Natural de Lisboa, Valença Pinto, 57 anos, tem os cursos de engenharia militar, da Academia Militar, de comando e Estado-Maior, do Instituto de Altos Estudos Militares, e do Colégio de Defesa da NATO. Foi também conselheiro militar junto da NATO e da UEO e director do Instituto de Defesa Nacional. Natural de Lisboa, Valença Pinto, 57 anos, tem os cursos de engenharia militar, da Academia Militar, de comando e Estado-Maior, do Instituto de Altos Estudos Militares, e do Colégio de Defesa da NATO. Foi também conselheiro militar junto da NATO e da UEO e director do Instituto de Defesa Nacional. 09:20 1 Agosto 2003

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41 a 60 de 206 Tokarev 20:50 3 Agosto 2003 São operações de polícia com napalm mal cheiroso

Deve ter sido comprado no Arsenal de Kiev... zippiz 20:39 3 Agosto 2003 >água mole 20:26 3 Agosto 2003

Vc. só tem isso para dizer acerca do comentário das 11:12 ? Valha-nos deus !!! >água mole 20:26 3 Agosto 2003 Eunucos que escrevem Deus com letra pequena. Não se imaginam morrer as alimárias. Quanto mais uma Pátria. zippiz 20:17 3 Agosto 2003 tokarev :

"As operações de polícia desenvolvidas pelo EP em África não se consideram tecnicamente guerra."

Vc. pode até chamar "operações de polícia" ao que o EP fez em Africa mas permitirá que discorde ...até pelo cheiro que o napalm tem...

Tokarev 20:06 3 Agosto 2003 caro zippiz

As operações de polícia desenvolvidas pelo EP em África não se consideram tecnicamente guerra.

Assim o entenderam também todas as outras potências coloniais que descolonizaram antes de Portugal.

Podem ter parecido guerra por deficiências de enquadramento ou por faltas materiais do EP. Essas faltas podem ter implicado muito sofrimento às populações ou aos próprios militares. Mas essa circunstância não transforma as operações de polícia em guerra.

Não são assim comparáveis, de forma alguma, à Guerra do Vietname. zippiz 19:55 3 Agosto 2003 Tokarev 19:53 3 Agosto 2003 : sejamos sérios

esteve lá o sr ou alguém de família ?

Tokarev 19:53 3 Agosto 2003 Tanto dá dizer guerra colonial ou do ultramar

Até porque não houve guerra nenhuma. ze chico 19:35 3 Agosto 2003

Fatinha 18:23 3 Agosto 2003

História: Pedro Nunes inventou o nónio.

Estória: Paulo Portas inventou a maneira de pagar aos "miúdos" sem recibo.

É tudo uma questão de orientação.

zippiz 19:34 3 Agosto 2003 tokarev está a evoluir ...já se refere à Guerra Colonial em vez de guerra do "ultramar"

este exército acabará por ganhar a Portas por falta de comparência deste ! Tokarev 19:09 3 Agosto 2003 o exército da guerra colonial

O Exército Português não ganha nenhuma batalha há muito tempo. Não é de crer que consiga vencer o Ministro da Defesa. incredulo 19:04 3 Agosto 2003 Fatinha 18:23 3 Agosto 2003

"Estória" é utilizado quando não está subjacente um registo documental. Fatinha 18:23 3 Agosto 2003 Estórias ou Histórias?

Nos últimos tempos tenho visto tanta vez a palavra 'estórias', não só aqui nos comentários do expresso, vindo de diversos comentadores, como noutros locais.

Começo a duvidar do que aprendi na primária. Até já fui consultar o dicionário.

Que se passa? É algum termo brasileiro novo? Sou eu que ando distraída? Por favor alguém me ajude! O Ardina 17:02 3 Agosto 2003 Morder o Pó

"Another one bites the dust..." Mais um general mordeu o pó por ter perdido a confiança em Paulo Portas. Primeiro foi Alvarenga Sousa Santos, agora Silva Viegas. Assim vão as Forças Armadas Portuguesas: de demissão em demissão até que o ministro da Defesa consiga colocar todos os seus homens em lugares-chave. Os militares regem-se por um código de honra; o ministro usa as regras de um jogo de vídeo, daqueles em que se mata e esfola até o ecrã ficar "melado de sangue", para usar uma bela expressão brasileira. É uma batalha desigual.

Portas não frequentou o Instituto de Altos Estudos Militares, não fez-pós graduações em Estratégia ou Tácticas de Guerrilha, não tem mestrados em contra-informação. Mas é um adversário temível. Passou pela escola do "Independente", licenciou-se no PP de Monteiro, tirou o mestrado na Moderna. A farda dele são os fatos de Saville Road e as gravatas Hermés. Usa o cargo de ministro da Defesa como se tivesse na mão um "joystick". Dispara a matar e não faz prisioneiros.

Tem uns ajudantes de campo capazes de dar a vida por ele. Inspira dedicações caninas e cultiva ódios de estimação. É capaz de nos convencer de que está a trabalhar por nós, que está a deixar obra, que é um reformador, apesar de "desviar" as verbas da Lei de Programação Militar para "despesas correntes" e de nunca mais se definir sobre o fim do Serviço Militar Obrigatório.

Acredito que o ministro dorme com um olho aberto e o revólver debaixo do travesseiro. Colecciona livros sobre a CIA e o FBI, não perde um romance de Le Carré, é amigo de Donald Rumsfeld. Com este ministro da Defesa não se brinca. Os militares não têm nenhuma hipótese. Resta-lhes renderem-se, combater até ao último homem ou esperar que Durão Barroso saia das próximas eleições legislativas numa situação que lhe permita dispensar o seu cabo-de-guerra.

Por RUI BAPTISTA

>água mole 13:52 3 Agosto 2003 A. Vaz

Pois... A. Vaz 11:26 3 Agosto 2003 Dunca 22:54 2 Agosto 2003

Uma pergunta simples: V. costuma fazer omoletes sem ovos?

Isto vem a propósito da ganância que V. atribui aos nossos generais ("não estão para sacrifícios, querem sempre mais dinheiro")...

De resto estou de acordo consigo quanto a essa ideia de que o nosso governo deveria dar prioridade às "guerras" internas. Mas isso só muito remotamente - para não dizer de má fé! - se pode atribuír aos nossos generais. Veja o caso da recente decisão governamental de mandar GNRs para o Iraque: pelo que sabe, ainda não foram para lá porque não tinham material adequado para a região. Serão os "generais" da GNR os culpados? Será a sua "ganância" desmesurada?

Ah, e não se esqueça que o sr. Silva Viegas se auto-demitiu porque "O comportamento da tutela tem sido marcado por atitudes de desrespeito para com os militares"... A. Vaz 11:12 3 Agosto 2003 >água mole 18:14 2 Agosto 2003

Fiquei elucidado sobre a sua resposta à minha questão. Como eu estou , “imagina” V., “de tal modo (...) nos antípodas dos valores que veículam” a “História e a Tradição” (e aqui uma correção: não é de Portugal, mas sim) da instituição militar, decide não perder tempo a “falar” do que evoca...

É uma posição aceitável para quem pretende “dialogar”!

Quanto ao resto do seu comentário:

Eu tentei ler qualquer coisa no “site” do Independente mas não o consegui... será uma dificuldade (selectiva?) da minha rede? Mas isso não me impedirá de lhe dizer que a “História” e a “Tradição” da instiuição não poderá deixar de passar pelos “generais” que se reuniram com o ex-CEME, SV.

Quanto aos “meninos de coro”/“trinta dinheiros”, enfim, não tendo lido o tal artigo que sugere, apenas lhe posso dizer que eles, de facto, não devem ser “meninos de coro” mas isso nunca o devem ter sido, não?, e que mal da nação em que os seus ex-CEME se vendessem por “trinta dinheiros” se bem que esta figura de estilo, por uma questão de inflação, deveria ser actualizada.

As muitas sugestões que faz deixam-me um pouco a Leste do que pretende dizer – é que eu estou mesmo a Leste! – e claro está que V. até pode “descobrir” que “Essas estórinhas-embaladeiras já não colhem...”, no fim de contas cada um de nós gosta de ser embalado pelas “estórinhas” que mais lhe agradam. A mim o que me admira é que certos contadores de “estórinhas” venham “embalar-me” com várias versões das mesmas: A “História” e a “Tradição” da instituição militar terá mudado em meia década? Que raio de “Tradição”!

Quanto a Mário Soares/”Quinta do Portus Cale & Associados Ldª”/”todos os outros ou são de "extrema-direita" ou são sucedâneos de Salazar”... pouco haverá para lhe dizer. Mário Soares, ideologicamente, nada me diz. Ouço-o como ouço um Freitas do Amaral... são “dinissauros” da política e convém ouvir o que eles têm para dizer.

A tal Quinta do não-sei-quantos, não imagino o que será – se quiser explicar-se pode ser que eu lhe diga qualquer coisa.

E o “todos os outros ou são de "extrema-direita" ou são sucedâneos de Salazar”. Creio que V. se está a referir ao facto de eu ter afirmado que o sr. PP “é o Salazar possível dentro dos tempos que correm”. Se assim é, graças a deus, não são todos os outros, e muito menos de “extrema-direita”. Não creio estar a dar-lhe uma novidade se lhe disser que o sr. PP é lider de um partido de direita e que dentro da direita se encontra na mesma área ideológia que se encontrava o sr. Oliveira Salazar, e que a grande diferença é a época: o CDS é a UN em versão “light” para a democracia. Aliás, os líderes-fundadores do CDS militavam precisamente nas hostes do antigo regime.

Espero ter-lhe conseguido responder a esse seu comentário cheio de enigmas – claro: Haja saúde na pomba!

A. Vaz 09:58 3 Agosto 2003 Albatroz 17:42 2 Agosto 2003

Caro Albatroz

Começo pelo fim: “Não será altura de nos deixarmos de anti-militarismos primários?”

“Primário”? Porquê primário?

Que eu saiba, neste fórum aberto em torno da auto-demissão+novo CEME, escrevi para aí 4 ou 5 comentários, e em todos eles tentei apenas traduzir a minha conclusão do quanto hipócrita é a actual posição dos comentadores conotados com a direita (eu gosto de lhes chamar “direitinhas”! Espero que não se ofendam já que eu não me ofendo quando me cham de comuna... embora não o seja!) sobre o assunto; de resto, apenas fiz um comentário sobre o que pensava sobre os militares, e apenas disse que não gostava deles, e porque é que não gostava deles. Se isso lhe chega para me conotar com “anti-militarismos primários”, então, posso deduzir que V. é um “militarista primário”?!?

As estórias que contei estão inseridas num contexto: são a resposta ao comentário do(a) sr(a). >água mole, no qual ele(a) evocava a “História” e a “Tradição”, assim com maiúsculas!, e eu apenas lhe quis demonstrar que os militares não são Heróis (com H) mas sim comuns mortais que, embora tenham uma história e uma tradição, cometem e estão sujeitos a erros. Tudo o que contei, são apenas episódios humanos naturais no contexto que se vivia. O facto das miúdas pretas serem menores não adianta nada para o que vi (pedófilia aqui será um termo exagerado! V. que esteve em Angola deve saber do que estou a falar...), e como é evidente não foram forçadas (a não ser pelos escudos extras, o que é natural na prostituição em países pobres!) a fazerem o que estavam a fazer. Quanto a fumarem publicamente marijuana, enfim, era o fim do império e a alegria da anarquia de tal estar a acontecer. Era o regresso a casa a ser comemorado! Não é por isso que eles, quer como pessoas, quer como instituição, deixam de ser homens honrados. Soldados e prostitutas sempre foi um binómio bem aceite, e fumar marijuana já não é sequer um crime! Nem sequer foi isso que quis traduzir com as tais estórias. O que lhe (ao/à sr(a). >água mole!) quis transmitir foi precisamente a natureza humana da instituição que, como sabe, era (é?) uma instituição maioritariamente composta por “forçados” (o chamado serviço militar obrigatório).

Eu acredito que V. não tenha “um único episódio militar de que tenha de (se) envergonhar” e que não teve “conhecimento directo de nada (...) que (vos) pudesse envergonhar”, nessa sua “comissão de dois anos em Angola, entre 1966 e 1968” . Espero também que não faça disso a regra, até porque a “vergonha” varia de ser humano para ser humano, e no fim de contas, o Exército português era apenas um dos instrumentos da repressão necessária para se manter o “statos quo” colonial, isto é, da negação do direito a um povo ser independente. Alguns, envergonhar-se-ão apenas por isso...

Sobre o livro: o autor não se manifesta sobre barbaridades e afins, mas sim sob um ponto de vista estritamente militar. Ele não faz qualquer referência a barbaridades, massacres, natureza da função do exército, etc, até porque a presença do exército “yankee” não tem qualquer paralelismo, em termos histórico-políticos, com a presença do exército português em Angola, Guiné-Bissau, e Moçambique. A única coisa que têm em comum é que ambos foram derrotados: a finalidade para que foram chamados não foi cumprida. O Vietname reunificou-se sob a bandeira da República Democrática do Vietname, e as ex-colónias portuguesas tornaram-se independentes. O mesmo é válido para os casos britânicos que cita: Malásia e Quénia, ou franceses: Vietname e Argélia.

Eu tenho orgulho das FAs que temos: devolveram-nos a democracia, para além de se terem empenhado, nos anos imediatos a 1974, numa mudança revolucionária da sociedade portuguesa. Lembro-me de em 1974 ter visto soldados na aldeia daonde a minha mãe é natural, a alfabetizar adultos e a ajudarem os jovens da aldeia a construir uma sala de convívio e um campo de futebol.

Será que isto muda a minha maneira de pensar? Não, nem o 25 de Abril, nem a ocupação militar das colónias, são aspectos determinantes no que penso sobre a instituição militar. Eu defendo a extinsão definitiva dos exércitos mas porque sei que é uma posição utópica, não faço disso o meu cavalo de batalha. E por isso é que lhe digo que embora seja anti-militarista não o sou primário.

acoriano38 09:22 3 Agosto 2003 Paulo Portas deve cair de podre, não de golpe de estado

Certamente que as chefias militares merecem ter o mínimo de confiança no poder político e vice-versa.

Se bem que, lá no trabalho, se amuasse sempre que há uma crise de confiança, quem perdia éramos todos nós. É por isso, que nunca digo que não tenho confiança no meu patrão.

O jantar dos generais deve ser interpretado, não como uma ameaça de sublevação, tão característica das repúblicas das bananas, mas sim como uma posição política a considerar. Não parece ter sido por acaso a evocação de Eanes, ex-líder do PRD.

Na minha opinião, Portas é um fracasso como estadista. A sua permanência no governo só tem sido possível devido à dispersão da atenção pública pelos casos Prestige, Iraque, Reformas (trabalho FP), fogos florestais...

Contudo, apesar de todas as contrariedades conhecidas, Portas tem faro de animal político. E sabe que, numa Europa adepta de populismos de direita, pode tirar partido de um possível afastamento “forçado” do governo.

Será que no partido de Adriano Moreira, Bagão Félix, Basílio Horta, Narana Coissoró, não existirão alternativas mais credíveis?

ze chico 01:50 3 Agosto 2003 Cataventos da política

Que curioso! A direita a malhar em generais!

A direita (extrema ou não) sempre disposta a defender o poder castrense,

sempre, sempre ao lado dos generais,

(se fossem ditadores, melhor!), anda agora em "contracorrente". Comentários extensos e supostamente ideológicos.

Os generais são esquerdistas, querem protagonismo, os militares são uns inúteis, "deviam estar a combater os fogos".

E tudo isto porquê? Porque "ousaram" discordar do Ministro da Defesa.

Sendo que o Ministro não se chama Tóino Júlio nem Jaquim Augusto, mas sim Paulo Portas.

Ó direita portuguesa,

que é como quem diz, ó fascistas!

Tenham vergonha na cara, já que não têm noutro lado.

Vejam lá se aprendem alguma coisa: os "generais não são bons num dia e maus no outro".

O Paulinho é que é mau todos os dias.

PS. As aspas são decorativas. Nunca fizeram parte do discurso de alguns figurões que hoje seguram o Paulinho.

>água mole 00:30 3 Agosto 2003 Quando o óbvio «unula» "ao quadrado"...

«O Óbvio»

É inquestionável que o jantar que reuniu os generais que ocuparam o cargo de chefe do Estado-Maior do Exército desde 25 de Abril de 1974 não corresponde aos padrões do funcionamento normal daquela instituição.

A situação é mais melindrosa quando nos encontramos perante uma instituição com rígidas normas de funcionamento e padrões de disciplina, rigorosas cadeias de comando, clara definição dos relacionamentos horizontais e verticais.

A personalidade dos protagonistas é duplamente relevante : pela relevância das funções militares que desempenharam e pelo facto de, na sua diversidade pessoal (e não só), terem em comum nunca haverem, pessoal ou colectivamente, assumido comportamentos fora do normal funcionamento da instituição a que pertencem.

Há, portanto, factores de perturbação do normal funcionamento das instituições. O factor da anormalidade é claramente conhecido e a iniciativa de quinta-feira torna o seu desconhecimento impossível.

O ministro da Defesa Paulo Portas é, incontornávelmente, um factor perturbador do normal funcionamento das instituições democráticas. A Constituição é clara sobre o assunto».

RUBEN de CARVALHO (DN, Agosto de 2003)

PS; Não sei ao certo quem é este senhor, mas não será o Director (ou ex-Director) do «Ávante»? Kamarada... < anteriores seguintes >

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