"Se calhar não me identificam ainda..."

08-02-2005
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"Se Calhar Não Me Identificam Ainda..."

Por GRAÇA BARBOSA RIBEIRO

Sábado, 05 de Fevereiro de 2005

"Porque é que não se dirigem a mim? Se calhar porque não me identificam ainda... Mas.... Olhe, está a ver!?", solta Matilde Sousa Franco na quando é subitamente abraçada por uma jovem, em plena fila da cantina do Pólo II da Universidade de Coimbra. "Grande mulher, grande mulher! Quando a vi, pensei: meu Deus, é ela!", exclama Maria Mourão, de 28 anos, dirigindo-se à cabeça-de-lista do PS por Coimbra.

Matilde Sousa Franco segura as mãos da assistente social, funcionária da universidade de Coimbra, e aproveita a espera para o almoço para, sem sobre isso ser questionada, relembrar as suas ligações a Coimbra. Quando finalmente chegam à caixa registadora, a candidata beija e abraça por duas vezes a jovem admiradora, numa aparente despedida. Mas, depois de alguma hesitação e face à total indiferença das pessoas (estudantes e professores) que almoçam na cantina, o assessor encaminha-a de novo para junto de Maria Mourão, que fica espantada com o reencontro, desta vez à mesa..

Mais tarde, em declarações ao PÚBLICO, a jovem explicou a razão de tanta admiração: "Fiquei fascinada com a relação dela com o professor Sousa Franco, na campanha para o Parlamento Europeu. E ela ter coragem para se candidatar já nestas eleições, tão perto da tragédia... É uma grande mulher!". Votará, então, no PS? "Oh, não! Nem falei de política com ela e a admiração não tem nada a ver com o voto. Vou votar noutro partido, de acordo com as minhas convicções", explicou, sem revelar qual.

Junto à mesa, só os flashs provocados pelo repórter fotográfico do PÚBLICO fazem virar cabeças. Intrigadas. Joana Ferrolho e Rosa Gatinho, estudantes de Veterinária e Engenharia Civil, respectivamente, interrogam-se: "Será uma professora influente?" O nome, Matilde Sousa Franco, não lhes diz nada. "Sousa Franco sim. Mas Matilde?". Não sabem que é a cabeça-de-lista por Coimbra, mas sublinham que são de Beja e que nem aí vão votar. "Por opção". Noutra mesa, quatro jovens que frequentam o mestrado em Engenharia Mecânica em Coimbra dizem que, "por causa do fotógrafo", repararam em Matilde Sousa Franco. Nenhum se mostra especialmente entusiasmado. "Que é que queria que disséssemos?", pergunta João Joaquim.

No fim do almoço, e depois de cumprimentar com sorridentes boas-tardes os estudantes - que lhe respondiam com discretos acenos de cabeça, surpreendidos - Matilde Sousa Franco explicou que, "num certo sentido", não é política. E apresentou como exemplo o facto de logo a seguir ir visitar o Mosteiro de Santa-Clara-a-Velha que estava integrado na área que em tempos propôs que fosse candidatada a Património Mundial. Já pronta para o ponto seguinte do programa completou o raciocínio com um gracejo: "É nesse sentido que digo que não sou política. Vou agora para o mosteiro [que está fechado ao público], mas sei perfeitamente que as pedras não votam..."

"Se Calhar Não Me Identificam Ainda..."

Por GRAÇA BARBOSA RIBEIRO

Sábado, 05 de Fevereiro de 2005

"Porque é que não se dirigem a mim? Se calhar porque não me identificam ainda... Mas.... Olhe, está a ver!?", solta Matilde Sousa Franco na quando é subitamente abraçada por uma jovem, em plena fila da cantina do Pólo II da Universidade de Coimbra. "Grande mulher, grande mulher! Quando a vi, pensei: meu Deus, é ela!", exclama Maria Mourão, de 28 anos, dirigindo-se à cabeça-de-lista do PS por Coimbra.

Matilde Sousa Franco segura as mãos da assistente social, funcionária da universidade de Coimbra, e aproveita a espera para o almoço para, sem sobre isso ser questionada, relembrar as suas ligações a Coimbra. Quando finalmente chegam à caixa registadora, a candidata beija e abraça por duas vezes a jovem admiradora, numa aparente despedida. Mas, depois de alguma hesitação e face à total indiferença das pessoas (estudantes e professores) que almoçam na cantina, o assessor encaminha-a de novo para junto de Maria Mourão, que fica espantada com o reencontro, desta vez à mesa..

Mais tarde, em declarações ao PÚBLICO, a jovem explicou a razão de tanta admiração: "Fiquei fascinada com a relação dela com o professor Sousa Franco, na campanha para o Parlamento Europeu. E ela ter coragem para se candidatar já nestas eleições, tão perto da tragédia... É uma grande mulher!". Votará, então, no PS? "Oh, não! Nem falei de política com ela e a admiração não tem nada a ver com o voto. Vou votar noutro partido, de acordo com as minhas convicções", explicou, sem revelar qual.

Junto à mesa, só os flashs provocados pelo repórter fotográfico do PÚBLICO fazem virar cabeças. Intrigadas. Joana Ferrolho e Rosa Gatinho, estudantes de Veterinária e Engenharia Civil, respectivamente, interrogam-se: "Será uma professora influente?" O nome, Matilde Sousa Franco, não lhes diz nada. "Sousa Franco sim. Mas Matilde?". Não sabem que é a cabeça-de-lista por Coimbra, mas sublinham que são de Beja e que nem aí vão votar. "Por opção". Noutra mesa, quatro jovens que frequentam o mestrado em Engenharia Mecânica em Coimbra dizem que, "por causa do fotógrafo", repararam em Matilde Sousa Franco. Nenhum se mostra especialmente entusiasmado. "Que é que queria que disséssemos?", pergunta João Joaquim.

No fim do almoço, e depois de cumprimentar com sorridentes boas-tardes os estudantes - que lhe respondiam com discretos acenos de cabeça, surpreendidos - Matilde Sousa Franco explicou que, "num certo sentido", não é política. E apresentou como exemplo o facto de logo a seguir ir visitar o Mosteiro de Santa-Clara-a-Velha que estava integrado na área que em tempos propôs que fosse candidatada a Património Mundial. Já pronta para o ponto seguinte do programa completou o raciocínio com um gracejo: "É nesse sentido que digo que não sou política. Vou agora para o mosteiro [que está fechado ao público], mas sei perfeitamente que as pedras não votam..."

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