O Comércio do Porto

04-12-2004
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Narciso e Assis atingem acordo e partilham secretariado de Tordesilhas SERVIÇOS Imprimir esta página Contactar Anterior Voltar Seguinte

A diluição de forças faz-se com oito elementos para cada lado. Assis afirma que "só os fracos têm medo de ceder"

PAULA ESTEVES

As duas grandes correntes que dominam a Federação Distrital do Porto do PS selaram um acordo de união susceptível de relançar o partido numa nova fase que, inevitavelmente, tem as autárquicas de 2005 no horizonte.

A comissão política distrital do Porto do PS, que ontem reuniu desfalcada e com ausências notadas (dos 78 elementos com direito a voto apareceram 43), aprovou a recomposição do secretariado que aumenta ligeiramente, com a inclusão de dois secretários-adjuntos, e que troca o tom monocolor pelo bicolor (oito elementos próximos de Francisco Assis e oito sugeridos por Narciso Miranda tendo cada lado um suplente, o tal secretário-adjunto).

Podem ainda assistir às reuniões o próprio Narciso (na qualidade de presidente da comissão política) e ainda Renato Sampaio, coordenador dos deputados do Porto.

Quer o líder da Federação, quer o autarca de Matosinhos (que regressou à presidência da mesa da comissão política) foram unânimes em reclamar, com este acordo, uma vitória do partido e o começo de uma nova etapa.

Mas a leitura da composição do órgão de cúpula da Distrital socialista do Porto tem tantas nuances quantas as démarches e os episódios que o partido atravessou no último ano.

Narciso não deixou dúvidas aos jornalistas quando afirmou ter sugerido os nomes da respectiva "quota" ao presidente da Federação, que sempre reclamou o facto de a composição do secretariado ser uma competência sua.

A lista dos narcisistas que entram no secretariado representa o núcleo mais duro que se concentra em volta do autarca (ver caixa) e Assis já começou a colher, alcançado o entendimento, vários anticorpos nesta decisão.

Com a inclusão de José Luís Catarino (que representa a parte da Concelhia do Porto que não comunga dos projectos de Nuno Cardoso), Assis está a dar um dos mais importantes sinais a tirar desta recomposição do secretariado.

Nuno Cardoso elogiou a solução encontrada e até deu "os parabéns aos negociadores". Aos jornalistas frisou a sua presença no grupo de coordenação autárquica, mas o veneno estava lançado quando respondeu a uma pergunta (sobre o seu papel em tudo isto) com outra questão "Quem é que precisa de se pôr em bicos de pés?"

Mas há outros tabuleiros. No término da reunião da comissão política já Vila Nova de Gaia estava virada do avesso. Eduardo Vítor, indicado por Barbosa Ribeiro para o secretariado cessante, sai do órgão e, pior do que isso, a terceira Concelhia do distrito não fica representada. A primeira voz discordante foi a do secretário-coordenador do PS/Mafamude, João Paulo Santos, que já lamentou o facto e confessou estar cada vez mais desiludido com a Federação.

Gaia apoiou maioritariamente Assis, mas a guerra maior pode passar pelo Porto, que, para além da ascensão de Catarino, vê sair Maria de Lurdes Ruivo.

Valongo também vê entrar Afonso Lobão, que se opõe ao actual líder concelhio, Jorge Videira, e vê sair José Manuel Ribeiro, da linha que lidera a concelhia valonguense, para o gabinete de estudos.

Da JS também vêm críticas. O líder distrital, Gustavo Carranca, saiu a meio da reunião, ameaçando com a "demissão" e reclamando contra a "vergonha". Carranca é apoiante de Narciso e conclui o mandato na "Jota" em Janeiro, acabando a inerência no secretariado. Georgina Costa, outro elemento da Jota, sai também do orgão.

Quem sai e quem entra

É criado um grupo de reflexão autárquica, integrado por elementos como José Lello, Carlos Lage, Mário Almeida, Fernando Gomes, Alberto Martins e Guilherme Pinto.

O novo secretariado de Francisco Assis regista nove entradas. Por opção do líder entram Pedro Baptista e José Luís Catarino (este último protagoniza com o "narcisista" Nelson Correia os novos lugares de secretários-adjuntos).

Narciso indicou para o órgão Afonso Lobão, Bruno Almeida, Margarida Elisa, Strecht Ribeiro, Lurdes Martins, Isabel Santos e Luísa Salgueiro.

Transitam do secretariado anterior Joaquim Couto, Rio Fernandes, Fernando Jesus, Orlando Soares Gaspar, Agostinho Gonçalves e Ana Maria Pereira e abandonam José Luís Carneiro, José Manuel Ribeiro, Eduardo Vítor, Ana Maria Feijó, Maria de Lurdes Ruivo, Ana Maria Rocha e Geraldina Costa.

Os próximos dos próximos de Narciso Miranda

"Parece a lista dos assessores de Narciso". A frase não pertence a ninguém próximo de Assis, mas antes a um narcisita que assim classifica parte dos novos nomes do secretariado distrital.

E há quatro casos exemplares da ligação ao autarca de Matosinhos. Afonso Lobão é um dos elementos do gabinete de Narciso e seu homem de confiança, Luísa Salgueiro é sua vereadora, Isabel Santos é quadro da mesma autarquia e Lurdes Martins foi adjunta de Narciso no Governo e sua ex-assessora na Câmara.

São os próximos dos próximos de Narciso, que agora têm assento no secretariado pela mão de Francisco Assis, próximo de Manuel Seabra e vice-versa. O futuro pode ser mesmo uma caixa de Pandora.

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O Comércio do Porto é um produto da Editorial Prensa Ibérica.

Fica expressamente proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos oferecidos através deste meio, salvo autorização expressa de O Comércio do Porto

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A diluição de forças faz-se com oito elementos para cada lado. Assis afirma que "só os fracos têm medo de ceder"

PAULA ESTEVES

As duas grandes correntes que dominam a Federação Distrital do Porto do PS selaram um acordo de união susceptível de relançar o partido numa nova fase que, inevitavelmente, tem as autárquicas de 2005 no horizonte.

A comissão política distrital do Porto do PS, que ontem reuniu desfalcada e com ausências notadas (dos 78 elementos com direito a voto apareceram 43), aprovou a recomposição do secretariado que aumenta ligeiramente, com a inclusão de dois secretários-adjuntos, e que troca o tom monocolor pelo bicolor (oito elementos próximos de Francisco Assis e oito sugeridos por Narciso Miranda tendo cada lado um suplente, o tal secretário-adjunto).

Podem ainda assistir às reuniões o próprio Narciso (na qualidade de presidente da comissão política) e ainda Renato Sampaio, coordenador dos deputados do Porto.

Quer o líder da Federação, quer o autarca de Matosinhos (que regressou à presidência da mesa da comissão política) foram unânimes em reclamar, com este acordo, uma vitória do partido e o começo de uma nova etapa.

Mas a leitura da composição do órgão de cúpula da Distrital socialista do Porto tem tantas nuances quantas as démarches e os episódios que o partido atravessou no último ano.

Narciso não deixou dúvidas aos jornalistas quando afirmou ter sugerido os nomes da respectiva "quota" ao presidente da Federação, que sempre reclamou o facto de a composição do secretariado ser uma competência sua.

A lista dos narcisistas que entram no secretariado representa o núcleo mais duro que se concentra em volta do autarca (ver caixa) e Assis já começou a colher, alcançado o entendimento, vários anticorpos nesta decisão.

Com a inclusão de José Luís Catarino (que representa a parte da Concelhia do Porto que não comunga dos projectos de Nuno Cardoso), Assis está a dar um dos mais importantes sinais a tirar desta recomposição do secretariado.

Nuno Cardoso elogiou a solução encontrada e até deu "os parabéns aos negociadores". Aos jornalistas frisou a sua presença no grupo de coordenação autárquica, mas o veneno estava lançado quando respondeu a uma pergunta (sobre o seu papel em tudo isto) com outra questão "Quem é que precisa de se pôr em bicos de pés?"

Mas há outros tabuleiros. No término da reunião da comissão política já Vila Nova de Gaia estava virada do avesso. Eduardo Vítor, indicado por Barbosa Ribeiro para o secretariado cessante, sai do órgão e, pior do que isso, a terceira Concelhia do distrito não fica representada. A primeira voz discordante foi a do secretário-coordenador do PS/Mafamude, João Paulo Santos, que já lamentou o facto e confessou estar cada vez mais desiludido com a Federação.

Gaia apoiou maioritariamente Assis, mas a guerra maior pode passar pelo Porto, que, para além da ascensão de Catarino, vê sair Maria de Lurdes Ruivo.

Valongo também vê entrar Afonso Lobão, que se opõe ao actual líder concelhio, Jorge Videira, e vê sair José Manuel Ribeiro, da linha que lidera a concelhia valonguense, para o gabinete de estudos.

Da JS também vêm críticas. O líder distrital, Gustavo Carranca, saiu a meio da reunião, ameaçando com a "demissão" e reclamando contra a "vergonha". Carranca é apoiante de Narciso e conclui o mandato na "Jota" em Janeiro, acabando a inerência no secretariado. Georgina Costa, outro elemento da Jota, sai também do orgão.

Quem sai e quem entra

É criado um grupo de reflexão autárquica, integrado por elementos como José Lello, Carlos Lage, Mário Almeida, Fernando Gomes, Alberto Martins e Guilherme Pinto.

O novo secretariado de Francisco Assis regista nove entradas. Por opção do líder entram Pedro Baptista e José Luís Catarino (este último protagoniza com o "narcisista" Nelson Correia os novos lugares de secretários-adjuntos).

Narciso indicou para o órgão Afonso Lobão, Bruno Almeida, Margarida Elisa, Strecht Ribeiro, Lurdes Martins, Isabel Santos e Luísa Salgueiro.

Transitam do secretariado anterior Joaquim Couto, Rio Fernandes, Fernando Jesus, Orlando Soares Gaspar, Agostinho Gonçalves e Ana Maria Pereira e abandonam José Luís Carneiro, José Manuel Ribeiro, Eduardo Vítor, Ana Maria Feijó, Maria de Lurdes Ruivo, Ana Maria Rocha e Geraldina Costa.

Os próximos dos próximos de Narciso Miranda

"Parece a lista dos assessores de Narciso". A frase não pertence a ninguém próximo de Assis, mas antes a um narcisita que assim classifica parte dos novos nomes do secretariado distrital.

E há quatro casos exemplares da ligação ao autarca de Matosinhos. Afonso Lobão é um dos elementos do gabinete de Narciso e seu homem de confiança, Luísa Salgueiro é sua vereadora, Isabel Santos é quadro da mesma autarquia e Lurdes Martins foi adjunta de Narciso no Governo e sua ex-assessora na Câmara.

São os próximos dos próximos de Narciso, que agora têm assento no secretariado pela mão de Francisco Assis, próximo de Manuel Seabra e vice-versa. O futuro pode ser mesmo uma caixa de Pandora.

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