AD pré-eleitoral divide direcção do PSD

11-12-2004
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AD Pré-eleitoral Divide Direcção do PSD

Por HELENA PEREIRA, Eunice Lourenço e Filomena Fontes

Sexta-feira, 03 de Dezembro de 2004

O líder do PSD, Pedro Santana Lopes, admitiu fazer uma aliança pré-eleitoral com o CDS, apesar de a sua direcção ter mostrado fortes reservas a esse acordo. Na reunião da comissão política, anteontem à noite, o presidente do PSD afirmou que ainda não estão avaliadas todas as vantagens e desvantagens de uma coligação pré-eleitoral com o CDS e, por isso, defendeu a proposta já anunciada de apresentar a questão ao conselho nacional de sábado, no sentido de este mandatar a comissão política para "iniciar as negociações com vista à concretização de uma possível plataforma eleitoral, de acordo com a estratégia aprovada" no último congresso dos sociais-democratas em Barcelos.

Segundo reconstituição da reunião, que decorreu à porta fechada, feita ao PÚBLICO, Santana afirmou que é necessário o PSD ter a liberdade de movimentos para, com algum tempo, encontrar a melhor solução sobre como concorrer às legislativas antecipadas. Ontem à noite, o secretário-geral, Miguel Relvas, reuniu-se com os presidentes das distritais para começar a preparar a campanha para as legislativas.

A questão da coligação pré-eleitoral continua a dividir o PSD e suscitou grande discussão na reunião da comissão política. A maior parte dos dirigentes que intervieram (como Arménio Santos, Jorge Nuno Sá, Manuel Frexes, Marina Leitão, Nuno Freitas e Ribau Esteves) defenderam que o PSD devia ir a eleições sozinho. Quem é contra a coligação pré-eleitoral argumenta que o PSD cresce mais eleitoralmente se for sozinho e que, assim, tem mais capacidade de conquistar o centro-esquerda. Quem é a favor sustenta que seria importante os partidos do Governo manterem uma linha de coerência e, uma vez que o Governo não se demitiu, apresentarem-se em bloco.

CDS escolhe cabeças

de lista

Anteontem à noite, o líder do CDS, Paulo Portas anunciou que o seu partido iria começar a preparar-se para ir a votos sozinho, já que, nos dois últimos congressos do PSD, os sociais-democratas tinham deixado claro que não são favoráveis a uma coligação pré-eleitoral. Portas disse ainda que, para irem juntos, seria "preciso um convencimento absoluto e disciplinado" da parte do seu parceiro de coligação.

Essa exigência de um "convencimento absoluto e disciplinado" terá surpreendido alguns dirigentes do PSD. A declaração de Portas tinha sido articulada com Santana, mas os sociais-democratas não esperavam que o ministro da Defesa fosse tão longe. Havia mesmo, dentro da direcção de Santana, quem pensasse que os democratas-cristãos estavam à espera do que o PSD viesse a fazer.

Paulo Portas, no entanto, deu ontem mais um passo na sua estratégia de concorrer isolado, ao dar instrucções para que as comissões distritais do CDS indiquem ao partido quais os dirigentes ou figuras nacionais democratas-cristãs que desejam ver como cabeças de lista.

O ministro da Defesa deu também ordem ao partido que guarde silêncio generalizado até à reunião da comissão política da próxima semana.

Vozes contra

a AD levantam-se

Jorge Nuno Sá, presidente da JSD e membro por inerência da comissão política, mantém a opinião de que os dois partidos não devem coligar-se. "Já disse o que tinha a dizer. Disse-o no congresso de há 15 dias", afirmou ao PÚBLICO.

O deputado Bruno Vitorino, que no congresso também apresentou uma moção em que se afirmava contra um acordo pré-eleitoral, diz que a sua posição "mantém-se claramente". "Acho que não faz sentido" a direcção vir propor agora uma coligação pré-eleitoral, sustenta. O deputado considera que "o próximo quadro, a próxima composição da Assembleia da República, é que vai ditar" o entendimento que será possível. Bruno Vitorino insiste em que uma AD "não mobiliza o PSD e seria prejudicial".

Carlos Encarnação, autarca de Coimbra e membro do conselho nacional, afirma também que, separado, o PSD "fará um melhor resultado". "A minha posição é fundamentalmente uma posição de utilidade", defende, acrescentando acreditar que a posição assumida pela comissão política da proposta de plataforma é apenas feita "por razões tácticas", mas que não deverá concretizar-se um acordo pré-eleitoral.

A plataforma eleitoral em causa permite duas saídas. Poderá significar um entendimento pré-eleitoral, mas também um acordo de princípio para a campanha eleitoral em separado com o CDS, com porta aberta para um acordo pós-eleitoral, como sucedeu em 2002.

O PSD vive dias de turbulência. Durante os dois últimos dias, alguns dirigentes assumiam ao PÚBLICO como uma "inevitabilidade" as listas próprias do PSD, enquanto outros garantiam que o partido sabe ser pragmático e que, se o melhor for a coligação, é isso que se fará.

Também dentro do CDS, apesar da posição assumida por Paulo Portas, há divisões dentro da direcção, onde há quem tema que o desempenho de Santana em campanha lhes venha a ser prejudicial. Uma campanha bipolarizada entre Sócrates e Santana, considera, pode prejudicar o CDS.

AD Pré-eleitoral Divide Direcção do PSD

Por HELENA PEREIRA, Eunice Lourenço e Filomena Fontes

Sexta-feira, 03 de Dezembro de 2004

O líder do PSD, Pedro Santana Lopes, admitiu fazer uma aliança pré-eleitoral com o CDS, apesar de a sua direcção ter mostrado fortes reservas a esse acordo. Na reunião da comissão política, anteontem à noite, o presidente do PSD afirmou que ainda não estão avaliadas todas as vantagens e desvantagens de uma coligação pré-eleitoral com o CDS e, por isso, defendeu a proposta já anunciada de apresentar a questão ao conselho nacional de sábado, no sentido de este mandatar a comissão política para "iniciar as negociações com vista à concretização de uma possível plataforma eleitoral, de acordo com a estratégia aprovada" no último congresso dos sociais-democratas em Barcelos.

Segundo reconstituição da reunião, que decorreu à porta fechada, feita ao PÚBLICO, Santana afirmou que é necessário o PSD ter a liberdade de movimentos para, com algum tempo, encontrar a melhor solução sobre como concorrer às legislativas antecipadas. Ontem à noite, o secretário-geral, Miguel Relvas, reuniu-se com os presidentes das distritais para começar a preparar a campanha para as legislativas.

A questão da coligação pré-eleitoral continua a dividir o PSD e suscitou grande discussão na reunião da comissão política. A maior parte dos dirigentes que intervieram (como Arménio Santos, Jorge Nuno Sá, Manuel Frexes, Marina Leitão, Nuno Freitas e Ribau Esteves) defenderam que o PSD devia ir a eleições sozinho. Quem é contra a coligação pré-eleitoral argumenta que o PSD cresce mais eleitoralmente se for sozinho e que, assim, tem mais capacidade de conquistar o centro-esquerda. Quem é a favor sustenta que seria importante os partidos do Governo manterem uma linha de coerência e, uma vez que o Governo não se demitiu, apresentarem-se em bloco.

CDS escolhe cabeças

de lista

Anteontem à noite, o líder do CDS, Paulo Portas anunciou que o seu partido iria começar a preparar-se para ir a votos sozinho, já que, nos dois últimos congressos do PSD, os sociais-democratas tinham deixado claro que não são favoráveis a uma coligação pré-eleitoral. Portas disse ainda que, para irem juntos, seria "preciso um convencimento absoluto e disciplinado" da parte do seu parceiro de coligação.

Essa exigência de um "convencimento absoluto e disciplinado" terá surpreendido alguns dirigentes do PSD. A declaração de Portas tinha sido articulada com Santana, mas os sociais-democratas não esperavam que o ministro da Defesa fosse tão longe. Havia mesmo, dentro da direcção de Santana, quem pensasse que os democratas-cristãos estavam à espera do que o PSD viesse a fazer.

Paulo Portas, no entanto, deu ontem mais um passo na sua estratégia de concorrer isolado, ao dar instrucções para que as comissões distritais do CDS indiquem ao partido quais os dirigentes ou figuras nacionais democratas-cristãs que desejam ver como cabeças de lista.

O ministro da Defesa deu também ordem ao partido que guarde silêncio generalizado até à reunião da comissão política da próxima semana.

Vozes contra

a AD levantam-se

Jorge Nuno Sá, presidente da JSD e membro por inerência da comissão política, mantém a opinião de que os dois partidos não devem coligar-se. "Já disse o que tinha a dizer. Disse-o no congresso de há 15 dias", afirmou ao PÚBLICO.

O deputado Bruno Vitorino, que no congresso também apresentou uma moção em que se afirmava contra um acordo pré-eleitoral, diz que a sua posição "mantém-se claramente". "Acho que não faz sentido" a direcção vir propor agora uma coligação pré-eleitoral, sustenta. O deputado considera que "o próximo quadro, a próxima composição da Assembleia da República, é que vai ditar" o entendimento que será possível. Bruno Vitorino insiste em que uma AD "não mobiliza o PSD e seria prejudicial".

Carlos Encarnação, autarca de Coimbra e membro do conselho nacional, afirma também que, separado, o PSD "fará um melhor resultado". "A minha posição é fundamentalmente uma posição de utilidade", defende, acrescentando acreditar que a posição assumida pela comissão política da proposta de plataforma é apenas feita "por razões tácticas", mas que não deverá concretizar-se um acordo pré-eleitoral.

A plataforma eleitoral em causa permite duas saídas. Poderá significar um entendimento pré-eleitoral, mas também um acordo de princípio para a campanha eleitoral em separado com o CDS, com porta aberta para um acordo pós-eleitoral, como sucedeu em 2002.

O PSD vive dias de turbulência. Durante os dois últimos dias, alguns dirigentes assumiam ao PÚBLICO como uma "inevitabilidade" as listas próprias do PSD, enquanto outros garantiam que o partido sabe ser pragmático e que, se o melhor for a coligação, é isso que se fará.

Também dentro do CDS, apesar da posição assumida por Paulo Portas, há divisões dentro da direcção, onde há quem tema que o desempenho de Santana em campanha lhes venha a ser prejudicial. Uma campanha bipolarizada entre Sócrates e Santana, considera, pode prejudicar o CDS.

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