Suplemento Y

28-02-2004
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Azure Ray

Sexta-feira, 02 de Janeiro de 2004 inspiradas pelo amor %joão bonifácio Apaixonamo-nos por um disco pelas mais obscuras razões, como alguém que se enamora de um rosto desconhecido - que o perseguirá durante noites a prumo - entrevisto um dia, numa foto antiga. Escrutinamos as entranhas à cata de sons que expliquem esse abandono e damos de caras com os esqueletos todos, ainda vibrando na memória. Friamente dizemos: este objecto não é, musicalmente, um esplendor. Mas os quês e os porquês dos desencontros encravam a máquina da razão no exacto ponto em que o sangue turva. Que é o mesmo que dizer: "Hold on Love", o terceiro disco da dupla americana Azure Ray (Orenda Fink e Maria Taylor) vem, "com uma seta cravada na fantasia" (Herberto Hélder), devolver-nos a noite. Quer-se não gostar e ele ali, enleado nos pés, manta de murmúrios. Porque é de pequenos rumores e de um erotismo surdo que se faz a música destas meninas. Chega-se à fala com Orenda e fica-se apenas a saber que foram "inspiradas pelo amor". Quer-se não gostar e ele ainda aqui. Podemos sempre alegar senilidade, claro. Ou então aceitarmos que aqui caminhamos sem rede, e propor um exercício (pessoalíssimo, mas transmissível) de perda no labirinto dos afectos, em que se esquece a entrevista e se assume a cegueira. Opta-se pela segunda hipótese e, migalhas da conversa numa mão, insónias na outra, rascunha-se um pequeno (e ligeiramente patético) ensaio sobre a beleza, versão Azure Ray. Mas também acerca do amor aos grandes pequenos discos. canções como jardins. Imagine-se uma melodia com seis, sete notas. Há o eco das cordas, uma harmónica plangendo dos céus. Não se canta, sussurra-se. A orquestra está à frente, depois a electrónica cria um rumorejar de ribeiros imaginários, e ao fundo o lamento mimado das palavras. Este é o mundo que a cada nota as Azure Ray criam, jardim ascético de delícias, gravitando acima do corpo - e, no entanto, o corpo está lá, impossibilidade desejada. Como todo o objecto de sedução pura, é um catalizador para a imaginação, existe apenas como ponto de partida para o desejo. Há imagens na pauta em equilíbrio precário, aparentemente desprovidas de ligação entre si, sustentadas numa trama ínfima de insinuações: imagens de baloiços, de caixas de música, de gatos e gaiolas, o contorno indefinido de um braço, um tracejado branco a engolir em "slow-motion" uma auto-estrada, mais gatos, mantas de linho sobre a cama. E cheiros, também: do Outono, de lavanda, dos gatos novamente, de lençóis. Unem-se as imagens e os cheiros até se recuar à memória, e as canções se tornarem nossas. Música que existe para desaparecer nas sombras. Mas mesmo antes do pequeno assombro com a descoberta de "Hold on Love", já havia essa ourivesaria privada dos afectos a ser burilada em silêncio. Não tanto na estreia homónima, há dois anos - esparsos acordes e a voz a derramar-se na noite, estrelando-a - como depois na filigrana rica de "Burn and Shiver", o segundo álbum, do ano transacto. Do início ao fim de "Hold on Love" será assim: uma Isolda dúplice, cantando um Tristão obviamente ausente. Mas nada magoa aqui, porque tudo gravita: a voz (as vozes das duas, ou uma só desdobrando-se, multiplicando-se como um espelho sexuado?), os arranjos, as letras. Canções suspensas para lá do tempo, mistério ou magia? "O que fazemos é tentar criar canções que nos consolem. Talvez por isso as melodias soem infantis", disse Orenda. Há quem fale em Cocteau Twins, alguns em Julee Cruise, outros em This Mortal Coil. Mas Orenda vai mais atrás, à fonte iniciática: "Ambas admiramos Joni Mitchell e Tom Waits, definitivamente Tom Waits. Mas também Leonard Cohen e Nina Simone, a Maria adora a Nina Simone." Ajuda dizer que elas cantam "I've mastered the art of dealing"? (Ajuda: há um verso de Cohen que se assemelha perigosamente a este). o percurso. Há um factor de sedução e perturbação nas Azure Ray: o facto de parecerem uma só, especialmente desde que Orenda pintou o cabelo de preto (para se parecer ainda mais com Maria?). Orenda acha graça a essa não distinção entre ela e a amiga. "As pessoas confundem-nos ao telefone. Gostamos das mesmas canções e quando a Maria gosta de uma canção e eu não, não há problema porque sei que vou acabar por gostar." Ou então: "Fazemos compras juntas, andamos sempre juntas." E nas canções: "Pode parecer estranho ter duas mulheres diferentes a cantar a mesma canção de amor, mas escapamos porque temos timbres muito parecidos." (Algures por aqui paira "Persona", de Ingmar Bergman. Ou será já delírio nosso?) Fica-se com a ideia de raparigas para quem o tempo parou, que se recusam a crescer. Orenda não se ofende com a provocação: "O mais certo é sermos ambas ainda imaturas." E gostarem de brincar às Lolitas. Todo o percurso delas, aliás, é feito em conjunto: "Conhecemo-nos no liceu, somos melhores amigas desde os 16 anos. Fomos para artes e por isso tivemos de aprender vários instrumentos." Vieram juntas da Califórnia, instalaram-se em Athens, Geórgia. Daí saltaram, depois da estreia, para Omaha, terra da editora delas, a Saddle Creek. Nenhuma manobra comercial. "Fomos para lá porque era onde os nossos namorados viviam." E por lá disseminaram o talento, acompanhando os Bright Eyes e os Little Red Rocket, tocando tudo, de sinos à slide-guitar, passando pelo acordeão. Aconteceu, também, Moby ouvir o primeiro disco e tê-las convidado a compor uma canção ("Great escape") que surge em "18" (2002), e propor-lhes que abrissem para ele. Foi, dizem: "Uma boa experiência, ele é simpático, mas preferimos concertos em sítios mais pequenos, mais íntimos." A intimidade, outra vez. Já não é um conceito, é uma obsessão latente. o lugar da canção. Chega-se a este ponto com um dilema inultrapassável: como falar de um disco assim? Só há uma solução: afundarmo-nos nele, como antes nos perdemos na obra dos homens e das mulheres que se distinguiram por criar música dirigida unicamente a iluminar/reconhecer os ermos da intimidade, munidos apenas de palavras a raiar as amuradas do corpo. É impossível assim não ser. Reconhecemos, aos melhores, o dom de burilarem a palavra até que esta se constitua um vector dirigido ao músculo interno do afecto. Mas há outros a quem nunca passou pela cabeça arquitectar monumentos ao sufoco. Basta-lhes criar obras que, sendo novas, assentam em território conhecido. Dão-nos fundações onde lançar as amarras. Tranquilidade. Quando as Azure Ray cantam "our past is our future" estão apenas a retornar à irreprimível consciência de que o destino está há muito traçado. Elas cantam "if you see the tears in my eyes/ it's just the wind that makes me cry". O vento, aqui, é tanto o tempo no seu movimento imparável, como a sua afecção eleita, a memória, no seu incessante retorno a si mesmo. Não é um verso admirável, mas é suficientemente gracioso. Quer isto dizer o quê? Que há álbuns mínimos que se tornam amigos íntimos, porque, com palavras toscas e pequena música, de alguma forma se aninham no nosso colo ou fazem festas na nuca no momento certo. "Hold on Love" é um desses lugares de abrigo. Quando Orenda diz: "Essa linha que divide o biográfico e o encenado, quero-a esbatida", percebemos que é aqui que jaz o mistério e a graça destas canções. Como no verso do poeta Manuel António Pina: "Tu és aquilo que as tuas palavras ouvem." É que, quando as Azure Ray cantam, cresce a incómoda sensação de que algo de pessoalíssimo está a ser contado. Que não é sobre elas, antes sobre a nossa vida - sonhada. Que assim se torna real. Onde acaba a música para começar o labirinto da imaginação? Nunca o saberemos. Porque não importa de onde uma canção vem mas sim onde se aloja. Quando se fala de um disco de que se gosta, acaba-se sempre por falar de todos os discos que amámos. "Hold on Love" é uma linha divisória: de um lado o mundo, o real, do outro a funda noite do corpo, sonhado. Inscreve-se nessa linhagem de discos em que não existe o lado de fora, discos em que, de uma forma louca, acreditamos que as palavras cantadas são as nossas. Talvez por isso nos pareça que o ADN desta música se situe no David Sylvian de "Secrets of the beehive", ou no paraíso bucólico de uma Virginia Astley de "From gardens where we feel secure", ou no onirismo ensandecido de Lisa Germano (sempre). Há uma espécie de imponderabilidade que rasteja, música que convoca anjos e demónios em simultâneo. Filigrana que levanta. Terra pairando nos céus. Impossível contrariar as afinidades electivas, impossível ser mais objectivo que isto. Ao leitor resta-lhe, talvez, perder-se no mundo criado por um par de cachopas "that mastered the art of dealing". Talvez lhe saia um ás de copas. OUTROS TÍTULOS EM Y FLASH

50 cent e outkast: os mais vendidos nos EUA

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Álbuns e bandas sem os quais não

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Rogério Nuno Costa

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azure ray

June Tabor

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Ser ou não ser hip-hop

Vários

NEON

a ver vamos

a BD neurótica e os pedófilos e as crianças - e o querido professor

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Sexta-feira, 02 de Janeiro de 2004 inspiradas pelo amor %joão bonifácio Apaixonamo-nos por um disco pelas mais obscuras razões, como alguém que se enamora de um rosto desconhecido - que o perseguirá durante noites a prumo - entrevisto um dia, numa foto antiga. Escrutinamos as entranhas à cata de sons que expliquem esse abandono e damos de caras com os esqueletos todos, ainda vibrando na memória. Friamente dizemos: este objecto não é, musicalmente, um esplendor. Mas os quês e os porquês dos desencontros encravam a máquina da razão no exacto ponto em que o sangue turva. Que é o mesmo que dizer: "Hold on Love", o terceiro disco da dupla americana Azure Ray (Orenda Fink e Maria Taylor) vem, "com uma seta cravada na fantasia" (Herberto Hélder), devolver-nos a noite. Quer-se não gostar e ele ali, enleado nos pés, manta de murmúrios. Porque é de pequenos rumores e de um erotismo surdo que se faz a música destas meninas. Chega-se à fala com Orenda e fica-se apenas a saber que foram "inspiradas pelo amor". Quer-se não gostar e ele ainda aqui. Podemos sempre alegar senilidade, claro. Ou então aceitarmos que aqui caminhamos sem rede, e propor um exercício (pessoalíssimo, mas transmissível) de perda no labirinto dos afectos, em que se esquece a entrevista e se assume a cegueira. Opta-se pela segunda hipótese e, migalhas da conversa numa mão, insónias na outra, rascunha-se um pequeno (e ligeiramente patético) ensaio sobre a beleza, versão Azure Ray. Mas também acerca do amor aos grandes pequenos discos. canções como jardins. Imagine-se uma melodia com seis, sete notas. Há o eco das cordas, uma harmónica plangendo dos céus. Não se canta, sussurra-se. A orquestra está à frente, depois a electrónica cria um rumorejar de ribeiros imaginários, e ao fundo o lamento mimado das palavras. Este é o mundo que a cada nota as Azure Ray criam, jardim ascético de delícias, gravitando acima do corpo - e, no entanto, o corpo está lá, impossibilidade desejada. Como todo o objecto de sedução pura, é um catalizador para a imaginação, existe apenas como ponto de partida para o desejo. Há imagens na pauta em equilíbrio precário, aparentemente desprovidas de ligação entre si, sustentadas numa trama ínfima de insinuações: imagens de baloiços, de caixas de música, de gatos e gaiolas, o contorno indefinido de um braço, um tracejado branco a engolir em "slow-motion" uma auto-estrada, mais gatos, mantas de linho sobre a cama. E cheiros, também: do Outono, de lavanda, dos gatos novamente, de lençóis. Unem-se as imagens e os cheiros até se recuar à memória, e as canções se tornarem nossas. Música que existe para desaparecer nas sombras. Mas mesmo antes do pequeno assombro com a descoberta de "Hold on Love", já havia essa ourivesaria privada dos afectos a ser burilada em silêncio. Não tanto na estreia homónima, há dois anos - esparsos acordes e a voz a derramar-se na noite, estrelando-a - como depois na filigrana rica de "Burn and Shiver", o segundo álbum, do ano transacto. Do início ao fim de "Hold on Love" será assim: uma Isolda dúplice, cantando um Tristão obviamente ausente. Mas nada magoa aqui, porque tudo gravita: a voz (as vozes das duas, ou uma só desdobrando-se, multiplicando-se como um espelho sexuado?), os arranjos, as letras. Canções suspensas para lá do tempo, mistério ou magia? "O que fazemos é tentar criar canções que nos consolem. Talvez por isso as melodias soem infantis", disse Orenda. Há quem fale em Cocteau Twins, alguns em Julee Cruise, outros em This Mortal Coil. Mas Orenda vai mais atrás, à fonte iniciática: "Ambas admiramos Joni Mitchell e Tom Waits, definitivamente Tom Waits. Mas também Leonard Cohen e Nina Simone, a Maria adora a Nina Simone." Ajuda dizer que elas cantam "I've mastered the art of dealing"? (Ajuda: há um verso de Cohen que se assemelha perigosamente a este). o percurso. Há um factor de sedução e perturbação nas Azure Ray: o facto de parecerem uma só, especialmente desde que Orenda pintou o cabelo de preto (para se parecer ainda mais com Maria?). Orenda acha graça a essa não distinção entre ela e a amiga. "As pessoas confundem-nos ao telefone. Gostamos das mesmas canções e quando a Maria gosta de uma canção e eu não, não há problema porque sei que vou acabar por gostar." Ou então: "Fazemos compras juntas, andamos sempre juntas." E nas canções: "Pode parecer estranho ter duas mulheres diferentes a cantar a mesma canção de amor, mas escapamos porque temos timbres muito parecidos." (Algures por aqui paira "Persona", de Ingmar Bergman. Ou será já delírio nosso?) Fica-se com a ideia de raparigas para quem o tempo parou, que se recusam a crescer. Orenda não se ofende com a provocação: "O mais certo é sermos ambas ainda imaturas." E gostarem de brincar às Lolitas. Todo o percurso delas, aliás, é feito em conjunto: "Conhecemo-nos no liceu, somos melhores amigas desde os 16 anos. Fomos para artes e por isso tivemos de aprender vários instrumentos." Vieram juntas da Califórnia, instalaram-se em Athens, Geórgia. Daí saltaram, depois da estreia, para Omaha, terra da editora delas, a Saddle Creek. Nenhuma manobra comercial. "Fomos para lá porque era onde os nossos namorados viviam." E por lá disseminaram o talento, acompanhando os Bright Eyes e os Little Red Rocket, tocando tudo, de sinos à slide-guitar, passando pelo acordeão. Aconteceu, também, Moby ouvir o primeiro disco e tê-las convidado a compor uma canção ("Great escape") que surge em "18" (2002), e propor-lhes que abrissem para ele. Foi, dizem: "Uma boa experiência, ele é simpático, mas preferimos concertos em sítios mais pequenos, mais íntimos." A intimidade, outra vez. Já não é um conceito, é uma obsessão latente. o lugar da canção. Chega-se a este ponto com um dilema inultrapassável: como falar de um disco assim? Só há uma solução: afundarmo-nos nele, como antes nos perdemos na obra dos homens e das mulheres que se distinguiram por criar música dirigida unicamente a iluminar/reconhecer os ermos da intimidade, munidos apenas de palavras a raiar as amuradas do corpo. É impossível assim não ser. Reconhecemos, aos melhores, o dom de burilarem a palavra até que esta se constitua um vector dirigido ao músculo interno do afecto. Mas há outros a quem nunca passou pela cabeça arquitectar monumentos ao sufoco. Basta-lhes criar obras que, sendo novas, assentam em território conhecido. Dão-nos fundações onde lançar as amarras. Tranquilidade. Quando as Azure Ray cantam "our past is our future" estão apenas a retornar à irreprimível consciência de que o destino está há muito traçado. Elas cantam "if you see the tears in my eyes/ it's just the wind that makes me cry". O vento, aqui, é tanto o tempo no seu movimento imparável, como a sua afecção eleita, a memória, no seu incessante retorno a si mesmo. Não é um verso admirável, mas é suficientemente gracioso. Quer isto dizer o quê? Que há álbuns mínimos que se tornam amigos íntimos, porque, com palavras toscas e pequena música, de alguma forma se aninham no nosso colo ou fazem festas na nuca no momento certo. "Hold on Love" é um desses lugares de abrigo. Quando Orenda diz: "Essa linha que divide o biográfico e o encenado, quero-a esbatida", percebemos que é aqui que jaz o mistério e a graça destas canções. Como no verso do poeta Manuel António Pina: "Tu és aquilo que as tuas palavras ouvem." É que, quando as Azure Ray cantam, cresce a incómoda sensação de que algo de pessoalíssimo está a ser contado. Que não é sobre elas, antes sobre a nossa vida - sonhada. Que assim se torna real. Onde acaba a música para começar o labirinto da imaginação? Nunca o saberemos. Porque não importa de onde uma canção vem mas sim onde se aloja. Quando se fala de um disco de que se gosta, acaba-se sempre por falar de todos os discos que amámos. "Hold on Love" é uma linha divisória: de um lado o mundo, o real, do outro a funda noite do corpo, sonhado. Inscreve-se nessa linhagem de discos em que não existe o lado de fora, discos em que, de uma forma louca, acreditamos que as palavras cantadas são as nossas. Talvez por isso nos pareça que o ADN desta música se situe no David Sylvian de "Secrets of the beehive", ou no paraíso bucólico de uma Virginia Astley de "From gardens where we feel secure", ou no onirismo ensandecido de Lisa Germano (sempre). Há uma espécie de imponderabilidade que rasteja, música que convoca anjos e demónios em simultâneo. Filigrana que levanta. Terra pairando nos céus. Impossível contrariar as afinidades electivas, impossível ser mais objectivo que isto. Ao leitor resta-lhe, talvez, perder-se no mundo criado por um par de cachopas "that mastered the art of dealing". Talvez lhe saia um ás de copas. OUTROS TÍTULOS EM Y FLASH

50 cent e outkast: os mais vendidos nos EUA

DESTAQUE

X-Wife

Álbuns e bandas sem os quais não

"Feeding the Machine" faixa a faixa

CINEMA

na américa

Alex & Emma

TEATRO

Rogério Nuno Costa

Estreia

DANÇA

herbert andou por aqui

MÚSICA

filhos de filadélfia

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June Tabor

o início do ano mariano

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a ver vamos

a BD neurótica e os pedófilos e as crianças - e o querido professor

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