PS actua como se antecipadas

12-08-2004
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PS Actua como Se Antecipadas

Por JOÃO PEDRO HENRIQUES

Quinta-feira, 08 de Julho de 2004

já fossem uma certeza

A direcção do PS saiu da audiência com o Presidente da República convencida de que haverá eleições legislativas antecipadas - a coincidir com as regionais, a 10 ou 17 de Outubro. Para a liderança de Ferro Rodrigues, esta solução da crise é como que uma benção do céu. O secretário-geral do PS pode chegar a primeiro-ministro muito mais cedo do que esperaria, curto-circuitando todos os projectos que já borbulhavam no partido para o fazer depor da liderança.

O próximo congresso do partido só terá lugar depois das eventuais legislativas antecipadas. E aí de duas uma: ou Ferro chega vencedor e será uma passeata; ou chega derrotado, sendo deposto (se antes não sair pelo seu próprio pé).

Após as europeias - que deram ao PS um resultado superior às suas melhores expectativas -, Ferro ficou com a missão de iniciar a reconquista do partido. Mas agora, perante um cenário com que, de todo, não contava, a perspectiva é radicalmente outra: conquistar o país. Se isso acontecer, o partido será "seu", por inerência. O poder é um bálsamo e, como tal, por razões de mera unidade táctica, voltou a colar todas as tendências e facções em torno do secretário-geral. Os projectos alternativos de liderança - os assumidos e os não assumidos - foram, para já, suspensos.

Entretanto, o partido vai-se preparando para a possível campanha. Anteontem, no encerramento das jornadas parlamentares do PS, em Ponta Delgada, Ferro Rodrigues afirmou: "O PS já se está a preparar para governar." O trabalho até agora tem sido feito pelo Gabinete de Estudos, primeiro chefiado por António José Seguro (agora líder parlamentar) e depois por Luís Nazaré. Ao mesmo tempo tem-se reunido o chamado "Grupo da Lapa" (chama-se assim porque as reuniões têm decorrido no Hotel da Lapa) que reúne economistas, académicos e gestores, mais virado para as áreas económicas e financeiras. Os dois principais dinamizadores têm sido Manuel Pinho (grupo BES) e Campos Cunha (Banco de Portugal).

Já se especula no PS sobre o lugar que estes dois economistas terão (ou não) num futuro eventual Governo socialista. Aliás não se especula só sobre as pastas económicas - especula-se sobre o que será, no seu todo, um governo de Ferro Rodrigues. Que lugares para personalidades como José Sócrates, Jaime Gama, Jorge Coelho ou António Vitorino? Terá Paulo Pedroso condições para regressar à governação? Que independentes tem o PS para apresentar? As dúvidas são muitas - até para lugares sobretudo essencialmente simbólicos, como o de presidente da Assembleia da República. Para já, no entanto, o essencial do esforço é concentrado na produção programática. Tudo será antecipado face aos calendários originais (o congresso de Novembro), devendo desembocar numa convenção eleitoral destinada a aprovar o documento final.

PS Actua como Se Antecipadas

Por JOÃO PEDRO HENRIQUES

Quinta-feira, 08 de Julho de 2004

já fossem uma certeza

A direcção do PS saiu da audiência com o Presidente da República convencida de que haverá eleições legislativas antecipadas - a coincidir com as regionais, a 10 ou 17 de Outubro. Para a liderança de Ferro Rodrigues, esta solução da crise é como que uma benção do céu. O secretário-geral do PS pode chegar a primeiro-ministro muito mais cedo do que esperaria, curto-circuitando todos os projectos que já borbulhavam no partido para o fazer depor da liderança.

O próximo congresso do partido só terá lugar depois das eventuais legislativas antecipadas. E aí de duas uma: ou Ferro chega vencedor e será uma passeata; ou chega derrotado, sendo deposto (se antes não sair pelo seu próprio pé).

Após as europeias - que deram ao PS um resultado superior às suas melhores expectativas -, Ferro ficou com a missão de iniciar a reconquista do partido. Mas agora, perante um cenário com que, de todo, não contava, a perspectiva é radicalmente outra: conquistar o país. Se isso acontecer, o partido será "seu", por inerência. O poder é um bálsamo e, como tal, por razões de mera unidade táctica, voltou a colar todas as tendências e facções em torno do secretário-geral. Os projectos alternativos de liderança - os assumidos e os não assumidos - foram, para já, suspensos.

Entretanto, o partido vai-se preparando para a possível campanha. Anteontem, no encerramento das jornadas parlamentares do PS, em Ponta Delgada, Ferro Rodrigues afirmou: "O PS já se está a preparar para governar." O trabalho até agora tem sido feito pelo Gabinete de Estudos, primeiro chefiado por António José Seguro (agora líder parlamentar) e depois por Luís Nazaré. Ao mesmo tempo tem-se reunido o chamado "Grupo da Lapa" (chama-se assim porque as reuniões têm decorrido no Hotel da Lapa) que reúne economistas, académicos e gestores, mais virado para as áreas económicas e financeiras. Os dois principais dinamizadores têm sido Manuel Pinho (grupo BES) e Campos Cunha (Banco de Portugal).

Já se especula no PS sobre o lugar que estes dois economistas terão (ou não) num futuro eventual Governo socialista. Aliás não se especula só sobre as pastas económicas - especula-se sobre o que será, no seu todo, um governo de Ferro Rodrigues. Que lugares para personalidades como José Sócrates, Jaime Gama, Jorge Coelho ou António Vitorino? Terá Paulo Pedroso condições para regressar à governação? Que independentes tem o PS para apresentar? As dúvidas são muitas - até para lugares sobretudo essencialmente simbólicos, como o de presidente da Assembleia da República. Para já, no entanto, o essencial do esforço é concentrado na produção programática. Tudo será antecipado face aos calendários originais (o congresso de Novembro), devendo desembocar numa convenção eleitoral destinada a aprovar o documento final.

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