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26-09-2004
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Mais PS

Por EDUARDO PEREIRA

Sexta-feira, 24 de Setembro de 2004

João Soares

epois de vinte e três anos de intensa actividade, como engenheiro civil, fui chamado, em Março de 1975, ao desempenho de actividades políticas como Secretário de Estado dos IV e VI Governos Provisórios, integrado na equipe socialista, como "independente". Fui Ministro da Habitação em 1976 e da Administração Interna em 1983. Fui durante mais de vinte e cinco anos deputado. Aderi ao Partido Socialista no Congresso de 1976. Vivi até 1995, de uma forma muito empenhada, a vida do Partido. Considero-me um "velho" membro do P S ou, se quiserem, um membro da "velha guarda" do P S.

Tenho acompanhado, com a maior apreensão, este último período da vida do Partido. Com a demissão do dr. Ferro Rodrigues, receei o pior, que seria o aparecimento de um secretário-geral cooptado pelo Secretariado Nacional. Foi com grande satisfação que tomei conhecimento da candidatura do dr. João Soares que impediu a cooptação e "obrigou" ao aparecimento das outras duas candidaturas. Depois das grandes lutas dos anos setenta, pela democracia e pelo socialismo democrático, entrámos neste final de década, num período em que se sucederam diversas tentativas de descaracterização do P S.

Na primeira dessas tentativas, procuram, e conseguem, separar o dr. Salgado Zenha do dr. Soares. O partido sai enfraquecido, mas recompõe-se. Na segunda, o movimento procura colocar o PS na base de um apoio ao "eanismo", sendo responsável, nesse tempo quente do "sótão", pelo afastamento temporário do dr. Soares de secretário-geral. Com o Congresso de 1982, o P S renasce mais forte, ganha as eleições de 1983, forma o IX Governo que põe cobro ao Prec, termina com os atentados das F P 25 de Abril, resolve as dificuldades financeiras criadas pelos anteriores governos, prepara o país para a adesão às Comunidades. Na terceira tentativa, assiste-se ao lançamento e queda dos drs. Constâncio e Sampaio para Secretários Gerais, tenta-se ganhar tempo, enquanto a maré alta do Cavaquismo se mantiver. A quarta resume-se ao episódio da destituição do dr. Jaime Gama de presidente do Grupo Parlamentar por este querer pôr condições ao acordo PS/PSD para a revisão constitucional de 1992. Este período de sucessivas desestabilizações termina com a campanha para as legislativas de 1995. Não vou comentar os bons e os maus momentos vividos durante os seis anos dos dois governos socialistas. Do ponto de vista da tentativa global de descaracterização do partido, vou apenas recordar alguns dos episódios mais importantes: a aceitação dos referendos da Regionalização e da interrupção voluntária da gravidez, com o Primeiro Ministro e Secretário Geral do partido a votar contra o partido, as batalhas do queijo limiano para nos mantermos no poder, e o abandono do governo, em virtude do pântano criado pela própria direcção do Partido, e que ainda se mantém.

A vitória de João Soares nestas eleições poderá evitar o quinto e o sexto passo na descaracterização do partido, renovando-se o Partido e evitando-se uma candidatura do "guterrismo" à Presidência da República.

Quando procedi a esta revisão dos vários passos para a total descaracterização do nosso partido, apenas conhecia o anúncio claro da candidatura do João Soares e a longa preparação da apresentação de uma candidatura "guterrista", encabeçada pelo dr. António Vitorino, pelo António José Seguro ou pelo eng. José Sócrates. Decidi que só podia apoiar o João Soares. Só mais tarde tive conhecimento da candidatura do Manuel Alegre. Lamento o seu aparecimento, pelo óbvio favorecimento que a divisão trará à candidatura de José Sócrates. Tal conclusão não impede o meu reconhecimento de idênticos objectivos aos da candidatura do João Soares. Mantenho, no entanto, duas grandes preocupações, quanto a esta candidatura. A primeira, resulta do desconhecimento da personalidade sobre a qual recairá a escolha para candidato à Presidência da República. A segunda, prende-se com a disponibilidade de tempo e falta de algumas condições do Manuel para tão árdua luta.

Sei que o João está consciente da natureza e das dificuldades do combate a travar. O João é um homem de convicções. Um homem que sempre lutou por um mundo, um país e uma Lisboa diferentes.Vamos a isto juntos. Apoiante de João Soares

Mais PS

Por EDUARDO PEREIRA

Sexta-feira, 24 de Setembro de 2004

João Soares

epois de vinte e três anos de intensa actividade, como engenheiro civil, fui chamado, em Março de 1975, ao desempenho de actividades políticas como Secretário de Estado dos IV e VI Governos Provisórios, integrado na equipe socialista, como "independente". Fui Ministro da Habitação em 1976 e da Administração Interna em 1983. Fui durante mais de vinte e cinco anos deputado. Aderi ao Partido Socialista no Congresso de 1976. Vivi até 1995, de uma forma muito empenhada, a vida do Partido. Considero-me um "velho" membro do P S ou, se quiserem, um membro da "velha guarda" do P S.

Tenho acompanhado, com a maior apreensão, este último período da vida do Partido. Com a demissão do dr. Ferro Rodrigues, receei o pior, que seria o aparecimento de um secretário-geral cooptado pelo Secretariado Nacional. Foi com grande satisfação que tomei conhecimento da candidatura do dr. João Soares que impediu a cooptação e "obrigou" ao aparecimento das outras duas candidaturas. Depois das grandes lutas dos anos setenta, pela democracia e pelo socialismo democrático, entrámos neste final de década, num período em que se sucederam diversas tentativas de descaracterização do P S.

Na primeira dessas tentativas, procuram, e conseguem, separar o dr. Salgado Zenha do dr. Soares. O partido sai enfraquecido, mas recompõe-se. Na segunda, o movimento procura colocar o PS na base de um apoio ao "eanismo", sendo responsável, nesse tempo quente do "sótão", pelo afastamento temporário do dr. Soares de secretário-geral. Com o Congresso de 1982, o P S renasce mais forte, ganha as eleições de 1983, forma o IX Governo que põe cobro ao Prec, termina com os atentados das F P 25 de Abril, resolve as dificuldades financeiras criadas pelos anteriores governos, prepara o país para a adesão às Comunidades. Na terceira tentativa, assiste-se ao lançamento e queda dos drs. Constâncio e Sampaio para Secretários Gerais, tenta-se ganhar tempo, enquanto a maré alta do Cavaquismo se mantiver. A quarta resume-se ao episódio da destituição do dr. Jaime Gama de presidente do Grupo Parlamentar por este querer pôr condições ao acordo PS/PSD para a revisão constitucional de 1992. Este período de sucessivas desestabilizações termina com a campanha para as legislativas de 1995. Não vou comentar os bons e os maus momentos vividos durante os seis anos dos dois governos socialistas. Do ponto de vista da tentativa global de descaracterização do partido, vou apenas recordar alguns dos episódios mais importantes: a aceitação dos referendos da Regionalização e da interrupção voluntária da gravidez, com o Primeiro Ministro e Secretário Geral do partido a votar contra o partido, as batalhas do queijo limiano para nos mantermos no poder, e o abandono do governo, em virtude do pântano criado pela própria direcção do Partido, e que ainda se mantém.

A vitória de João Soares nestas eleições poderá evitar o quinto e o sexto passo na descaracterização do partido, renovando-se o Partido e evitando-se uma candidatura do "guterrismo" à Presidência da República.

Quando procedi a esta revisão dos vários passos para a total descaracterização do nosso partido, apenas conhecia o anúncio claro da candidatura do João Soares e a longa preparação da apresentação de uma candidatura "guterrista", encabeçada pelo dr. António Vitorino, pelo António José Seguro ou pelo eng. José Sócrates. Decidi que só podia apoiar o João Soares. Só mais tarde tive conhecimento da candidatura do Manuel Alegre. Lamento o seu aparecimento, pelo óbvio favorecimento que a divisão trará à candidatura de José Sócrates. Tal conclusão não impede o meu reconhecimento de idênticos objectivos aos da candidatura do João Soares. Mantenho, no entanto, duas grandes preocupações, quanto a esta candidatura. A primeira, resulta do desconhecimento da personalidade sobre a qual recairá a escolha para candidato à Presidência da República. A segunda, prende-se com a disponibilidade de tempo e falta de algumas condições do Manuel para tão árdua luta.

Sei que o João está consciente da natureza e das dificuldades do combate a travar. O João é um homem de convicções. Um homem que sempre lutou por um mundo, um país e uma Lisboa diferentes.Vamos a isto juntos. Apoiante de João Soares

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