Jerónimo de Sousa levanta "anti-corpos" no PCP

26-10-2004
marcar artigo

Jerónimo de Sousa Levanta "Anti-corpos" no PCP

Por NUNO SÁ LOURENÇO E MARIA JOSÉ OLIVEIRA

Sábado, 09 de Outubro de 2004

A auscultação que o PCP está a realizar no interior do partido a propósito da escolha do novo secretário-geral dá mostras de contestação àquele que seria o nome mais provável para suceder. O PÚBLICO falou sobre o processo em curso com vários comunistas, que pediram anonimato, tendo estes manifestado a convicção de que o nome de Jerónimo de Sousa não será bem aceite "no partido da militância", ou seja, pelos militantes.

"Está a levantar muitos anti-corpos", resume um comunista, que descreve assim a forma como foi recebida a possibilidade do ex-candidato a Presidente da República poder vir a suceder a Carlos Carvalhas, prevendo ainda que a auscultação venha a ter respostas pouco simpáticas para o deputado e membro da comissão política do comité central (CC).

Jerónimo de Sousa sempre foi usado pelo PCP como exemplo da sua ligação com o operariado. Com 53 anos é membro do partido desde 1974, tendo sido deputado e candidato às eleições presidenciais de 1996. Actualmente faz parte daComissão Política do CC.

As razões apontadas para esses "anti-corpos" são a sua excessiva proximidade com a actual direcção e a falta de "todo o tipo de condições para o exercício das funções". Há mesmo quem assegure que, entre a linha dura que dirige o partido, exista quem considere Jerónimo de Sousa não tem as qualidades necessárias para exercer as funções de secretário-geral.

A forma como este nome virá a ser recebido não deverá, contudo, ser determinante. A percepção geral é que a direcção avançará com Jerónimo de Sousa mesmo que a maioria das auscultações se mostre contra. .

Ainda existe entre alguns comunistas a impressão que o núcleo duro não descarta uma segunda possibilidade na eventualidade de uma hecatombe à volta do nome já escolhido: Francisco Lopes. Apresentado como operário (tal como Jerónimo de Sousa) tem a vantagem de ser mais novo (45 anos), podendo assim jogar com a ideia da renovação. É, no entanto, um dirigente com responsabilides há algum tempo. É membro do comité central desde o IX Congresso, em 1979, em representação da JCP. Faz parte da comissão política e do secretariado desde 1990.

António Filipe proposto para vice-presidência da AR

Os deputados comunistas quiseram levar para as Jornadas Parlamentares de Aveiro, que hoje terminam, uma novidade: a bancada parlamentar decidiu, por consenso, propor o nome de António Filipe para a vice-presidência da Assembleia da República (AR). Isto mesmo foi confirmado ontem à tarde pelo próprio deputado, que disse sentir-se "honrado" com o convite feito pelos seus pares. "É uma decisão que me honra, considerando a grande responsabilidade das funções, e agradeço aos meus camaradas a confiança que os meus camaradas depositaram em mim", afirmou António Filipe.

À margem dos trabalhos das jornadas, o líder da bancada do PCP, Bernardino Soares, justificou a escolha de António Filipe com "o enorme prestígio" deste deputado no Parlamento e os "muitos anos de experiência parlamentar". Refira-se que o anúncio da candidatura do deputado comunista surge três dias antes da conferência de líderes, que reúne na próxima terça-feira e na qual poderá ficar agendado o dia de votação. Caso a maioria vote favoravelmente à indigitação de António Filipe para vice-presidente da AR, o deputado irá ocupar as funções exercidas por Lino de Carvalho até Junho passado, data do seu falecimento. António Filipe não deixou de recordar o seu companheiro de bancada, afirmando que aceitou o convite "em circunstâncias" que lhe são "dolorosas". "Tenho consciência disso e sinto-me muito honrado também por isso", apontou.

Para além do completo mutismo dos comunistas em torno do futuro secretário-geral do partido - sobre o XVII Congresso, a realizar em Novembro, afirmaram apenas que está em curso um "debate preparatório" -, as jornadas de Aveiro serviram igualmente para fazer algumas referências ao PS. Na intervenção que fez durante a manhã, Carlos Carvalhas apelou ao "reforço" da "intervenção e influência" do PCP na sociedade portuguesa, atendendo àquilo que designou como "as recentes clarificações operadas nos posicionamentos partidários".

Jerónimo de Sousa Levanta "Anti-corpos" no PCP

Por NUNO SÁ LOURENÇO E MARIA JOSÉ OLIVEIRA

Sábado, 09 de Outubro de 2004

A auscultação que o PCP está a realizar no interior do partido a propósito da escolha do novo secretário-geral dá mostras de contestação àquele que seria o nome mais provável para suceder. O PÚBLICO falou sobre o processo em curso com vários comunistas, que pediram anonimato, tendo estes manifestado a convicção de que o nome de Jerónimo de Sousa não será bem aceite "no partido da militância", ou seja, pelos militantes.

"Está a levantar muitos anti-corpos", resume um comunista, que descreve assim a forma como foi recebida a possibilidade do ex-candidato a Presidente da República poder vir a suceder a Carlos Carvalhas, prevendo ainda que a auscultação venha a ter respostas pouco simpáticas para o deputado e membro da comissão política do comité central (CC).

Jerónimo de Sousa sempre foi usado pelo PCP como exemplo da sua ligação com o operariado. Com 53 anos é membro do partido desde 1974, tendo sido deputado e candidato às eleições presidenciais de 1996. Actualmente faz parte daComissão Política do CC.

As razões apontadas para esses "anti-corpos" são a sua excessiva proximidade com a actual direcção e a falta de "todo o tipo de condições para o exercício das funções". Há mesmo quem assegure que, entre a linha dura que dirige o partido, exista quem considere Jerónimo de Sousa não tem as qualidades necessárias para exercer as funções de secretário-geral.

A forma como este nome virá a ser recebido não deverá, contudo, ser determinante. A percepção geral é que a direcção avançará com Jerónimo de Sousa mesmo que a maioria das auscultações se mostre contra. .

Ainda existe entre alguns comunistas a impressão que o núcleo duro não descarta uma segunda possibilidade na eventualidade de uma hecatombe à volta do nome já escolhido: Francisco Lopes. Apresentado como operário (tal como Jerónimo de Sousa) tem a vantagem de ser mais novo (45 anos), podendo assim jogar com a ideia da renovação. É, no entanto, um dirigente com responsabilides há algum tempo. É membro do comité central desde o IX Congresso, em 1979, em representação da JCP. Faz parte da comissão política e do secretariado desde 1990.

António Filipe proposto para vice-presidência da AR

Os deputados comunistas quiseram levar para as Jornadas Parlamentares de Aveiro, que hoje terminam, uma novidade: a bancada parlamentar decidiu, por consenso, propor o nome de António Filipe para a vice-presidência da Assembleia da República (AR). Isto mesmo foi confirmado ontem à tarde pelo próprio deputado, que disse sentir-se "honrado" com o convite feito pelos seus pares. "É uma decisão que me honra, considerando a grande responsabilidade das funções, e agradeço aos meus camaradas a confiança que os meus camaradas depositaram em mim", afirmou António Filipe.

À margem dos trabalhos das jornadas, o líder da bancada do PCP, Bernardino Soares, justificou a escolha de António Filipe com "o enorme prestígio" deste deputado no Parlamento e os "muitos anos de experiência parlamentar". Refira-se que o anúncio da candidatura do deputado comunista surge três dias antes da conferência de líderes, que reúne na próxima terça-feira e na qual poderá ficar agendado o dia de votação. Caso a maioria vote favoravelmente à indigitação de António Filipe para vice-presidente da AR, o deputado irá ocupar as funções exercidas por Lino de Carvalho até Junho passado, data do seu falecimento. António Filipe não deixou de recordar o seu companheiro de bancada, afirmando que aceitou o convite "em circunstâncias" que lhe são "dolorosas". "Tenho consciência disso e sinto-me muito honrado também por isso", apontou.

Para além do completo mutismo dos comunistas em torno do futuro secretário-geral do partido - sobre o XVII Congresso, a realizar em Novembro, afirmaram apenas que está em curso um "debate preparatório" -, as jornadas de Aveiro serviram igualmente para fazer algumas referências ao PS. Na intervenção que fez durante a manhã, Carlos Carvalhas apelou ao "reforço" da "intervenção e influência" do PCP na sociedade portuguesa, atendendo àquilo que designou como "as recentes clarificações operadas nos posicionamentos partidários".

marcar artigo