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23-04-2002
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23 ABRIL 2002 6:50 20 ABRIL A mudança Se todo o mundo é composto de mudança, como escreveu Camões, então o país ontem mudou - e mudou muito. De uma clara maioria de esquerda, Portugal passou para uma maioria de direita, estreita, mas em todo o caso evidente. E esse é um inequívoco sinal de que os portugueses querem experimentar uma outra solução governativa depois de seis anos de consulado socialista. Não será, contudo, fácil chegar a esse desiderato. Portugal precisa de um governo estável para os próximos quatro anos, até 2006, data em que cessa o III Quadro Comunitário de Apoio. E isso exige que PSD e PP se entendam para uma solução governativa a dois, com maioria de apoio na Assembleia da República. A tentação de repetir a estratégia de Cavaco Silva em 1985 - um governo minoritário, que governa bem, e lhe permite depois chegar à maioria absoluta - é, hoje em dia, bastante mais arriscada e de resultados bem mais duvidosos. Não será, contudo, fácil chegar a esse desiderato. Portugal precisa de um governo estável para os próximos quatro anos, até 2006, data em que cessa o III Quadro Comunitário de Apoio. E isso exige que PSD e PP se entendam para uma solução governativa a dois, com maioria de apoio na Assembleia da República. A tentação de repetir a estratégia de Cavaco Silva em 1985 - um governo minoritário, que governa bem, e lhe permite depois chegar à maioria absoluta - é, hoje em dia, bastante mais arriscada e de resultados bem mais duvidosos. Sem entrar pela comparação das qualidades de Cavaco e Durão, convém notar que em 1985 a economia portuguesa estava saneada económica e financeiramente, os fundos comunitários começavam a afluir em força como resultado da nossa adesão à CEE em 1986 e a Europa entrava num vigoroso ciclo de crescimento, o que constituiu um poderoso «doping» para a actividade económica no país. Hoje, o quadro é de um crescimento lento pelo menos nos próximos dois anos, só marginalmente acima da média europeia, e as decisões difíceis estão por tomar, nomeadamente em relação à administração do Estado, aos funcionários públicos e às transferências automáticas para as autarquias, para as regiões, para o Serviço Nacional de Saúde, para a Lei de Programação Militar, etc. Além disso, as novas regras dos fundos comunitários - as verbas não utilizadas num determinado ano não podem ser transpostas para o ano seguinte - também condicionam a estratégia das autoridades nacionais. Sem entrar pela comparação das qualidades de Cavaco e Durão, convém notar que em 1985 a economia portuguesa estava saneada económica e financeiramente, os fundos comunitários começavam a afluir em força como resultado da nossa adesão à CEE em 1986 e a Europa entrava num vigoroso ciclo de crescimento, o que constituiu um poderoso «doping» para a actividade económica no país. Hoje, o quadro é de um crescimento lento pelo menos nos próximos dois anos, só marginalmente acima da média europeia, e as decisões difíceis estão por tomar, nomeadamente em relação à administração do Estado, aos funcionários públicos e às transferências automáticas para as autarquias, para as regiões, para o Serviço Nacional de Saúde, para a Lei de Programação Militar, etc. Além disso, as novas regras dos fundos comunitários - as verbas não utilizadas num determinado ano não podem ser transpostas para o ano seguinte - também condicionam a estratégia das autoridades nacionais. Por isso, um governo que dê estabilidade ao país passa, incontornavelmente, por uma coligação governativa entre PSD e PP. Mas isso não chega. O sucesso desta solução depende ainda da existência de um primeiro-ministro forte e decididido e do homem que ocupar a pasta das Finanças, que será um cargo-chave no próximo executivo. Sem estas três condições, só dificilmente o país terá estabilidade governativa até 2006 - e não terá, seguramente, sucesso nos objectivos que se torna necessário atingir. Por isso, um governo que dê estabilidade ao país passa, incontornavelmente, por uma coligação governativa entre PSD e PP. Mas isso não chega. O sucesso desta solução depende ainda da existência de um primeiro-ministro forte e decididido e do homem que ocupar a pasta das Finanças, que será um cargo-chave no próximo executivo. Sem estas três condições, só dificilmente o país terá estabilidade governativa até 2006 - e não terá, seguramente, sucesso nos objectivos que se torna necessário atingir. Em qualquer caso, convém lembrar que Durão, a quem ninguém augurava grande futuro político consegue, contra ventos e marés, ser o homem que está ao leme dos sociais-democratas quando o PSD alcança a maior vitória vindo da oposição. Que Paulo Portas, com mais vidas que um gato, faz o Partido Popular crescer, ao mesmo tempo que o PSD - o que, como bem referiu, é sinal que os dois partidos são complementares. Que Ferro Rodrigues consegue, em três meses de liderança dos socialistas, travar a hecatombe eleitoral que se previa para o partido da rosa e obter uma derrota honrosa, que lhe coloca o PS na mão. Que o Partido Comunista continua a sua inexorável e penosa degenerescência - será desta que é convocado um congresso extraordinário? E que o Bloco de Esquerda, sem ter conseguido o melhor dos mundos (5 deputados), se tornou já a escolha das causas alternativas de um eleitorado jovem urbano e uma realidade que não pode ser ignorada pelos outros partidos à esquerda. Em qualquer caso, convém lembrar que Durão, a quem ninguém augurava grande futuro político consegue, contra ventos e marés, ser o homem que está ao leme dos sociais-democratas quando o PSD alcança a maior vitória vindo da oposição. Que Paulo Portas, com mais vidas que um gato, faz o Partido Popular crescer, ao mesmo tempo que o PSD - o que, como bem referiu, é sinal que os dois partidos são complementares. Que Ferro Rodrigues consegue, em três meses de liderança dos socialistas, travar a hecatombe eleitoral que se previa para o partido da rosa e obter uma derrota honrosa, que lhe coloca o PS na mão. Que o Partido Comunista continua a sua inexorável e penosa degenerescência - será desta que é convocado um congresso extraordinário? E que o Bloco de Esquerda, sem ter conseguido o melhor dos mundos (5 deputados), se tornou já a escolha das causas alternativas de um eleitorado jovem urbano e uma realidade que não pode ser ignorada pelos outros partidos à esquerda. Finalmente, a vitória do PSD é também sinal dos ventos de mudança que sopram na Europa desde há quase dois anos. A terceira via socialista começa a dar lugar aos neo-liberais de centro-direita. É um novo ciclo que se abre no Velho Continente, que terá também implicações no modelo de construção europeia nos próximos anos, com mais soluções próximas do mercado e menos do Estado, com mais iniciativa privada e menos imobilismo social. Ou, como escreveu José Mário Branco, «e se todo o mundo é composto de mudança, troquemos-lhe as voltas, qu'inda o dia é uma criança». Finalmente, a vitória do PSD é também sinal dos ventos de mudança que sopram na Europa desde há quase dois anos. A terceira via socialista começa a dar lugar aos neo-liberais de centro-direita. É um novo ciclo que se abre no Velho Continente, que terá também implicações no modelo de construção europeia nos próximos anos, com mais soluções próximas do mercado e menos do Estado, com mais iniciativa privada e menos imobilismo social. Ou, como escreveu José Mário Branco, «e se todo o mundo é composto de mudança, troquemos-lhe as voltas, qu'inda o dia é uma criança». 18 Março 2002

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Comentários

21 a 40 de 66 João Marafuga 00:36 19 Março 2002 PORQUÊ?

O PS não pode culpar nenhum sector da sociedade portuguesa pela derrota sofrida.

A responsabilidade da derrota rosa de 17 de Março cabe aos dirigentes socialistas. T.H.CANNABIS 00:35 19 Março 2002 Palitinho esférico!...

Você com uns anitos a mais teria tido um enorme sucesso na Mocidade Portuguesa ou na Legião Portuguesa, sabia?

Mude para uma posição ganhadora senão ainda acaba a dizer mal dos seus e de si próprio.

Que história é essa dos generais?

Kostas Kalimera 00:03 19 Março 2002 O habitual foguetório da ocasião

Que não esconde que tudo continua na mesma!

Continuam a governar os mesmos, ontem com os ministros 'soft', amanhã com os ministros 'hard'

Irão continuar a pagar os mesmos, os trabalhadores e o país (os grandes derrotados da noite) cada vez mais dependente, cada vez menos capaz, cada vez mais uma freguesia marginal desta "Europa"

Ah, sim, a cor do cartão para os boys e girls vais ser diferente. Guardam o rosa e voltam ao laranja com azul escuro!

Motivo para a fofoca: o Portas entra ou não! A diferença é de peso! Se não entrar, quem manda no governo será o ministro das finanças se entrar teremos um governo bicéfalo: Portas/António Borges.

Pobre Durão! Será o cherne do governo, já não se pode queixar!

Quanto ao resto, mais mês, menos mês voltaremos ao mesmo! Então é já previsivel, o heroi salvador será o do PS do dia! Nada que não tenhamos visto já!

E, até lá, ainda haverá tempo para descobrir que opção eleitoral não significa obrigatoriamente concordãncia e apoio às politicas concretas que se vão seguir... Palitinho 23:40 18 Março 2002 Rumos de Portugal...

Portugal, voltaste a renascer ! Suportando toda a espécie de incúrias e traições, voltaste-te a erguer da estagnação, das águas putrefactas a que te tinham predestinado. Como é bom ver-te assim, Portugal, olhando para o futuro, caminhando devagar mas seguramente. Caminha, avança, define os teus passos pausadamente para que não tornes a cair de novo na insensatez daqueles que te desprezaram. Ergue-te suavemente para que não tropeces de novo nas armadilhas dos que te conduziram cruelmente à encruzilhada onde te prostraram, escarnecendo de ti e evitando a todo o custo que te ajudassem a reencontrar o rumo que precisavas para prosseguires com a dignidade que sempre te caracterizou.

Ergue-te Portugal, ergue-te com a certeza de que vais vencer, ergue-te com a esperança de que irás de novo viver uma aventura de progresso, uma nova revolução, e que tens agora uma oportunidade única de fazeres ver àqueles que em ti não acreditavam que afinal são eles que constituem um equívoco histórico. Porém, não te esqueças do passado, constrói o teu presente encarando o futuro com a presença e solidez necessárias para que não voltes a repetir os mesmos erros, pois já foste demasiado martirizado para tornares a sentir os horrores da ignorância, da ingovernabilidade, da incapacidade e da dislexia económica e marasmo social em que vegetaste estes últimos anos.

Não permitas, Portugal, que te envergonhem ainda mais e te retirem todo o teu conteúdo cultural e histórico, que te destroçem o teu valor económico e sobretudo, que substituam a tua glória por valores que não te dignifiquem e te mudem a personalidade tão bela e honrosa que sempre tiveste. Lembras-te, Portugal, que em tempos te tentaram mudar as cores da tua bandeira, e inclusivé a letra do teu hino ? Não te esqueças, Portugal, que infelizmente nem todos os teus filhos te amam, nem todos te desejam próspero e te respeitam como seria exigível a todo o filho que ama um pai que lhe deu o berço e sempre o acarinhou e como tal, terás de ter cuidado neste momento de transição, estar sempre alerta, desperto, caminhando passo a passo olhando em teu redor, para te poderes proteger das adversidades que certamente irás encontrar.

Escolhe os teus filhos, garante a sua fidelidade, protege-os do suborno, da calúnia e porventura das ameaças de outros que se tornaram teus inimigos, traça o teu destino e segue-o fervorosamente não te desviando um milímetro dos teus objectivos e alcançarás a harmonia, a estabilidade económica e o progresso por que sempre ansiaste ! Acima de tudo, certifica-te que aqueles que duma forma ou de outra contribuiram para o teu insucesso e te provocaram feridas profundas não tornam a adquirir o poder nem a legitimidade para te ferirem novamente, agonizando ainda mais a situação precária em que te encontras. Ergue-te Portugal, derrota o desígnio socialista, enfrenta a democracia e controi o teu futuro ! Tu mereces, o teu povo também e sobretudo os teus filhos que sempre te respeitaram e dignificaram as cores e o escudo da tua bandeira, esperam isso de ti !

alfa 23:31 18 Março 2002 Qual mudança, nem meia mudança! O país há 500 anos que anda de crise em crise, é só ver cada um a governar-se e a não se preocupar com a "res publica", e ainda falam dos políticos africanos...! Agora vamos assistir à saída dos boys e à entrada dos laranjas, e ao fim de quatro anos voltaremos a eleger um governo que vai tentar tirar o país de outra crise ainda maior do que a actual, e assim sucessivamente... Enquanto não houver um país de gente culta e instruída e não houver uma mudança de mentalidades, será sempre assim, e olhem que isto já dura há 500 anos! João Marafuga 23:17 18 Março 2002 PORQUÊ?

O PS, defensor de políticas sociais, perdeu as eleições.

PORQUÊ? T.H.CANNABIS 23:15 18 Março 2002 Paulo Portas para ministro. Já!

Ó palitinho de espinha feito olha que isto está negro.

Um Sacadura Cabral no governo e outro na oposiçao são muitos Sacaduras.

Como será que o Imperador SeFossePeixeEraCherne irá lidar com este lóbi familiar tão ressonante das histórias?

A senhora não o disse mas espera-se que cherne do marido saiba nadar nas águas turvas de pedros, digo paulos, e miguelistas.

paulao 22:41 18 Março 2002 Parabéns oh Nicolau. É pa´ põe-te em bicos-de-pés. Pode ser que chegues a ministro. Pior figura não farias que os canditados a ministros PSD - O Proença de Carvalho, o Isaltino, o Vasco Graça Moura, etc. Meu Deus é de fugir para bem longe........ Tin Pan Alley 22:34 18 Março 2002 ? Zé Luiz 22:25 18 Março 2002 As pessoas somos nós.

Numa das emissões televisivas sobre a noite eleitoral, já perto do fim, estava uma apresentadora e dois políticos. Pergunta sacramental: quem é que ganhou e quem é que perdeu?

Um dos políticos começa a debitar as suas opiniões sobre esta questão, partido a partido.

"Está bem", diz a apresentadora virando-se para o outro político. "Mas eu não me estava a referir aos partidos, estava a referir-me às pessoas."

Resposta do outro: uma brilhante análise em que se dissecam os ganhos e as perdas de cada autarca, dirigente partidário, etc.

Eu acho isto perfeitamente espantoso. Então "as pessoas" são os políticos? Nós outros, que estávamos sentados em frente à televisão, não somos pessoas? Ou será que não temos nada a perder ou a ganhar com a vitória de um ou de outro partido?

Portugal é uma sociedade plural e variada. Dividimo-nos em dois sexos, quase pela metade. Diferimos na idade, na aparência física, na capacidade intelectual, no lugar em que vivemos, nas opiniões, na fortuna, no montante e origem dos rendimentos, na propensão para a saúde ou para a doença, na educação, na situação familiar, na actividade profissional, na participação cívica, na personalidade, nos hábitos, nas virtudes, nos vícios.

É óbvio que, qualquer que seja o resultado eleitoral, entre pessoas e circunstâncias tão diferentes haverá sempre quem ganhe e quem perca.

Mas esta contabilidade nunca se faz nos media, nem antes, nem depois das eleições. Talvez não se faça por preguiça, talvez por cálculo, talvez por ser difícil demais ou demorado demais. Mas suspeito que a principal razão é porque aos políticos e aos jornalistas, isolados na sua aconchegada e promíscua torre de marfim, a questão muito simplesmente nem sequer lhes ocorre. imperador 22:01 18 Março 2002 Aprendeu: não é Camões é José Mario Branco!

Muito bem: o Nocolau emendou o disparate que tinha feito, o de confudir versos sobejamente conhecidos de Camões com uma cançoneta de José Mário Branco da resistência, nos anos setente. Aliás, mesmo os versos de Camões, são metidos a martelo no seu texto. E assim, o soneto, continua mau. Mas devia agradecer a quem o ajudou a salvar da vergonha.

O meu amigo não é o único a enganar-se, mas pode é ser mais bem educado e agradecer.

Não cometa os mesmos erros dos jornalistas do PS. Lembre-se que a hora é de mudança. E ainda criança o dia é para a maioria de direita e já se começa a sentir a aberração cultural de que dá mostras a direita. Vejam o que o bacoco e serôdio ministro da propaganda do PSD anda a escrever e a dizer: Vasco Graça Moura.

rapala 21:53 18 Março 2002 "Governo triplica salários na administração do ICP

O esforço de contenção da despesa pública não chegou à entidade reguladora do sector das telecomunicações. Os administradores do ICP triplicam a sua remuneração, passam a ter mandatos de cinco anos e, ao abandonarem o cargo, têm garantidos dois terços do salário enquanto não arranjarem outro emprego.

A transformação do Instituto das Comunicações de Portugal em ICP - Autoridade Nacional das Comunicações (ICP-Anacom), aprovada na reunião do Conselho de Ministros de 20 de Setembro mas ainda não promulgada pela Presidência da República, vai trazer enormes benefícios financeiros aos gestores da entidade de regulação e supervisão do sector. Desde que se mantenham em funções, Luís Nazaré e os restantes administradores irão triplicar o salário mensal, além de obterem outras vantagens remuneratórias pouco compatíveis com o apregoado esforço de redução da despesa pública.

Os membros do Conselho de Administração do ICP-Anacom verão o seu vencimento estabelecido por despacho conjunto dos ministros da Reforma do Estado, do Equipamento Social e das Finanças. Ao que o Independente apurou, a remuneração do presidente saltará do actual milhão de escudos para mais de três mil contos, equiparando-se ao vice-governador do Banco de Portugal, à imagem do que sucederá noutras entidades reguladoras, como o Instituto dos Seguros de Portugal, a Entidade Reguladora do Sector Eléctrico ou a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Para os vogais da administração, continuarão a ser reservados 85 por cento da remuneração do presidente, mas a quantia aumenta na mesma proporção. Além desse aumento, o número de vencimentos anuais deverá passar dos tradicionais 14 para um mínimo de 17 meses. No entanto, dado que a aprovação dos novos estatutos não implica o termo dos mandatos dos actuais órgãos sociais do ICP, as novas regras não são directamente aplicáveis à equipa presidida por Luís Nazaré. Caberá ao presidente e aos restantes administradores revelar se aceitam as novas condições, o que terá de suceder “mediante declaração dos próprios, a apresentar no prazo de 30 dias” após a entrada em vigor do diploma.

Os membros do Conselho de Administração, escolhidos por resolução do Conselho de Ministros, passam a ser nomeados por um período não renovável de cinco anos, sendo à partida inelegíveis caso tenham pertencido aos corpos gerentes das empresas do sector nos dois últimos anos, existindo igual proibição para trabalhadores ou colaboradores permanentes com funções de chefia ou direcção. Por outro lado, os responsáveis pelo ICP-Anacom “não podem ter interesses de natureza financeira ou participações nas empresas reguladas”, além de lhes ser vedada qualquer outra actividade profissional, excepto o exercício de funções docentes no ensino superior em tempo parcial. É o que sucede actualmente com o próprio Luís Nazaré e com o administrador João Confraria.

A maior novidade acontece no termo das funções. Os administradores ficam impedidos de “desempenhar qualquer função ou prestar qualquer serviço” às empresas do sector por um período de dois anos, mas têm garantido um rendimento nada mínimo. Durante esse impedimento, a entidade reguladora continua a entregar dois terços da remuneração correspondente ao cargo, o que só termina no momento em que os ex-administradores “sejam contratados ou nomeados para o desempenho de qualquer função ou serviço público ou privado remunerados”. A excepção a esse ponto continua a ser o ensino universitário em “part-time”.

ICP milionário.

Apesar do próximo aumento com as remunerações da administração, as contas da entidade reguladora não correm o risco de tornar-se deficitárias. Bem longe disso. Transformou-se ao longo dos últimos anos num dos mais prósperos actores das telecomunicações portuguesas. Depois de encerrar as contas com um resultado líquido de apenas 563 mil contos em 1998, viu esse valor passar para 2,7 milhões de contos no exercício seguinte, aproximando-se dos 5,9 milhões de contos em 2000. A evolução deve-se à quase duplicação dos proveitos — explicável pelo aumento do número de operadores devido à liberalização do sector —, enquanto os custos se mantiverem relativamente estáveis.

Esses resultados líquidos atribuem ao ICP a quarta posição do sector no que toca a lucros, sendo apenas ultrapassado pela PT Comunicações, TMN e Telecel, agora Vodafone a partir de 22 de Outubro. Mais atrás vem a Optimus, ainda na fase do “break-even”, enquanto boa parte dos novos operadores estão à beira da falência ou a atravessar dificuldades. Entre as receitas da entidade reguladora incluem-se as taxas cobradas pela gestão do espectro radioeléctrico e pela atribuição dos títulos de exercício da actividade e fiscalização do sector, tal como a aplicação de multas e coimas.

Leonardo Ralha

Independente

13/10/2001"

Qual a razão do medo em relação à mudança? Será por causa de "coisinhas" deste tipo?

Já agora viva o Benfica ...

Palitinho 21:28 18 Março 2002 CaragoNaoPorra

" Mas os Portugueses já não andam a dormir, conforme provaram com a sua votação. " - Não torna a dizer outra mais acertada, Carago ! É verdade, sim, de uma clara maioria de esquerda no eleitorado passámos para uma clara maioria de direita!

Guardian 21:12 18 Março 2002 Ganhou o PS, Não Viram na Televisão?

Lindo ....

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Desta vez, os canais de televisão respeitaram melhor as regras eleitorais do que os partidos. Portaram-se bem: esperaram que fechasse a última mesa de voto na ilha do Corvo para darem as projecções eleitorais. A coisa até lhes convinha, pois este ano as projecções foram bem complicadas. Só com muitos milhares de consultados foi possível aos três canais apresentar projecções de resultados credíveis, em especial à TVI, que acertou com grande rigor, ficando a SIC logo a seguir e a RTP mais atrás.

As transmissões começaram depois do habitual, especialmente na TVI, onde o "Anjo Selvagem" certamente ganhou a diária batalha eleitoral das audiências.

A RTP foi a primeira, e começou com uma graça cabalística: José Alberto Carvalho mostrou um e depois o outro botão de punho onde estavam um X e um Y. Já nem me lembro porquê, mas a coisa impressionou-me.

Este lado espectacular da informação televisiva sentia-se também no estúdio virtual da SIC (ontem menos africanista do que o costume) e no formato tipo "talk-show" que em alguns momentos a emissão da TVI assumiu, nomeadamente quando José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes falaram, quais pombinhos alegres, das coisas lá de casa, das crianças, dos cães.

A SIC e a TVI mostraram que quem não tem uma motorizada com uma câmara não é boa gente e lá andaram pelas avenidas vazias a mostrar o entusiasmo antes de ele existir. José Manuel Mestre, da SIC, é exímio nesta tarefa, pois, com uma experiência antiga de encher "chouriços" no desporto, consegue manter-se no ar mais tempo do que no assento da moto. Mas TV é isto, imagens bonitas, e as avenidas mortas são mesmo assim mais interessantes de ver do que as mortiças sedes partidárias.

O resto foram ocorrências normais. Na emissão da RTP, há a referir o destaque inusitado dado à candidata da casa, Maria Elisa Domingues, com uma pequena reportagem de Castelo Branco, o que não sucedeu com mais nenhuma das outras delegações da RTP da "província". Aqui está um interesse corporativo para o PSD combater quando formar governo.

À parte isso, a função foi-se cumprindo com as únicas maiorias absolutas da noite, a dos repórteres televisivos, sempre com muitas coisas sem interesse para dizer e para mostrar, a dos comentadores em estúdio, que desta vez, confesso, não me comentaram nada (à parte o painel Proença de Carvalho e Mega Ferreira na RTP, os outros painéis não foram de grande utilidade) e a da propaganda da "União Nacional Rosa" do PS.

É certo que toda a atenção dos telejornalistas e comentadores estava concentrada na questão da maioria absoluta por culpa dos dois maiores partidos. O comportamento foi este: "OK, que o PSD ganha a gente já sabia, mas como não tem maioria absoluta, é um derrotado".

Esta arrogância dos telejornalistas e de comentadores correspondeu em absoluto à estratégia assumida pelo PS para a noite eleitoral: assumir vitória, referir mesmo a possibilidade de o PS ganhar nas urnas quando a derrota já se previa, como fizeram Paulo Pedroso às 20h03, Narciso de Miranda às 20h20, António Costa às 20h41 (afirmando "neste momento tudo ainda é possível") e António José Seguro às 21h52.

Quando a vitória do PSD já era inquestionável, o PS prosseguia a sua manobra propagandística afirmando, às 22h31: "Ainda não há maioria de direita".

Estava assim preparada a "grande vitória" do PS, e principalmente do seu líder, "facto" que a mulher de Ferro Rodrigues exprimia visualmente com o "V" de vitória, que o marido exprimia com um discurso triunfal e que a assistência socialista na sala exprimia assobiando, como se estivesse no estádio de futebol, a uma pergunta rigorosa e profissional que Fátima Campos Ferreira, da RTP, colocou ao secretário-geral do PS.

Em vez de acalmar os ânimos dos malcriados militantes, irritados com uma pergunta, Ferro Rodrigues alimentou a atitude deles pela expressão facial que fez. O caso do telefonema tardio de Ferro a Durão (tardio porque já todos os portugueses sabiam quem ganhara e perdera) revela esta tendência para prolongar a propaganda do espectáculo, para a pressão sobre os jornalistas e para a imposição de "factos" para além da realidade, como se o PS nos quisesse fazer viver a todos na "Mulholland Drive" de David Lynch.

Este lado arrogante, este lado de prolongamento da mentira para além do razoável - transformando a derrota em vitória e recusando a humildade de, apenas, declarar derrota - é a continuação, com Ferro Rodrigues, do furor propagandístico de "União Nacional Rosa" criada no PS e no governo de António Guterres.

Que eles prossigam nesse caminho, que, apesar de tudo, lhes deu bons resultados, é compreensível (do ponto de vista deles). Mas seria grave que os telejornalistas se deixassem levar pela "grande vitória" do PS e pela "derrota" do PSD por não ter obtido a maioria absoluta.

A "grande vitória" do PS prosseguiria na RTP mesmo até ao final da emissão (o "serviço público" foi, curiosamente, o primeiro canal a fechar a noite eleitoral): enquanto a SIC e a TVI davam a festa do partido vencedor nas ruas, o que sempre a RTP fez em eleições passadas, a RTP1 escondia-a com declarações estafadas do seu painel de comentadores partidários. A RTP1, depois de dar a saída exultante do "vitorioso" Ferro Rodrigues da sua sede eleitoral, silenciava o único sinal verdadeiro, para além dos resultados, de quem tinha ganho as eleições: a gente na rua. A máquina de propaganda do PS está, de facto, de parabéns. Ontem à noite, foi ela que ganhou.

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EDUARDO CINTRA TORRES

http://jornal.publico.pt/2002/03/18/Destaque/X70OPI.html Zé Luiz 21:09 18 Março 2002 Emendar sem pedir desculpa é feio, Nicolau!

Verifico que entre as 14.28 e o momento presente o sr. Nicolau Santos já emendou "Camões" para "José Mário Branco". Emendar os erros cometidos é meritório, sem dúvida; mas fazê-lo de um modo subreptício, assobiando para o ar, sem os reconhecer nem pedir desculpa - isso, meu amigo, é um daqueles casos em que a emenda é pior do que o soneto. AdegaVelha 20:29 18 Março 2002 Ao Zarolho

Sim sr. ate k enfim um comentario decente, os meus parabens! So falta acrescentar a estas conclusoes k o Portas, apesar de casmurro foi realmente o grande vencedor e agora é k se vai ver o k é k ele vale. Ele k se deixe de patetices de por as criancinhas a cantar o hino e trate de coisas realmente importantes, tais como nao deitar o governo abaixo com intrigas de bastidores. Agora é k se vai ver o sentido de responsabilidade do homem. Ja agora quem é k se ri agora do "Cherne" "Zandinga" Durao Barroso e da sua previsao, de k seria primeiro-ministro. Gostava de ver todos esses srs. comentadores de meis tigela a reconhecerem k erraram. Palitinho 20:05 18 Março 2002 Zarolho

É isso mesmo, amigo Zarolho. "- Os senhores do futebol (principalmente PdC) descobriram que a sua influência é reduzida e o país ficou mais coeso." - mas melhor que isso, os senhores do partido socialista ficaram a saber que para além disso de nada lhes adianta recorrerem ao futebol para virarem o curso da História.

Zarolho 19:33 18 Março 2002 Não foi o centro que ganhou, foi a transparência

Para além da vitória da direita (ainda que marginal) houve várias coisas positivas que sairam das eleições de ontem:

- O PCP está em extinção, até faz pena.

- Os senhores do futebol (principalmente PdC) descobriram que a sua influência é reduzida e o país ficou mais coeso (quem não se lembra dos mouros e de Lisboa a arder).

- O PS perdeu mas ganhou um secretário geral. O país ganhou porque parece que o modelo banana incompetente não vai voltar tão depressa.

- Acabou-se a história da economia de mercado com cariz social, também baptizada por Terceira Via por Toni Blair.

Ou seja, acabou-se (espero) o modelo do centro, onde não se entendia a diferença entre PS e PSD (em termos de ideologia). O PSD concorreu com um programa de direita: redução do IRS, do IRC, privatização de partes importantes da economia como a saúde, etc. O PS concorreu com RMG, farmácias sociais, não redução de impostos nas classes mais altes, etc.

Ontem estava em discussão um programa claramente de direita (o único verdadeiramente discutido durante a campanha e que custou bastantes votos ao PSD nas classes mais baixas) e outro claramente de esquerda. Ganhou a direita, esperemos que o País também ganhe. Não basta fazer melhor que Guterres e PS (o que convenhamos não é difícil), há que fazer muito melhor.

p.s.: Não posso deixar de lembrar um comentário recente de Mário Soares: "Sempre que houve uma disputa entre a esquerda e a direita, ganhou a esquerda". Olhe que não, nos últimos quatro meses: direita 2, esquerda 0. Esperemos que em quatro anos também tenhamos um presidente de direita e interventivo. Samsara 18:28 18 Março 2002 A MUDANÇA PARA MELHOR

Pior não pode ser.Impossível.

Mudam-se as vontades, [e] mudam-se os tempos.

Finalmente parece que vamos entrar no novo milénio.

Subiram os refrescantes BE e CDS, o PSD ganhou e temos uma maioria de direita civilizada.

PARABÉNS POVO PORTUGUÊS.

Só quero dizer isto.

Foi o Centrão que decidiu, está decidido.

Tempos difíceis aproximam-se, claro, cá estaremos e aguentaremos de pé firme, como nos temos aguentado ao longo dos séculos.

Não somos, afinal, aquele povo que os loucos dos romanos diziam que 'não se governam nem se deixam governar'?!

Força, vamos em frente!

Melhores dias virão. imperador 18:02 18 Março 2002 Nicolau: Um fiel criado de Vasco Graça Moura

Muitos Parabéns ao Nicolau pela vitória do seu partido nas eleições de ontem. O PS estava a merecer ser perdedor, mas não Ferro Rodrigues que se mostrou um bom líder, não Maria Carrilho nem Sousa Franco que foram dos ministros mais competentes que tivemos nas respectivas áreas nos últimos anos de governação. O PSD merecia ganhar mas não Durão Barroso, que se assemelha muito a Guterres nas trapalhadas e nos desdiz que disse e mostrou-se um mau'líder. Não merecem ser ministros da Cultura e das finanças, respectivamente, Vasco Graça Moura e Cadille. O primeiro é um yes man de pensamento serôdio e o segundo é o que todos nós já vimos. A influência de Vasco Graça Moura já se começou a fazer sentir quando induz os jornalistas a retocarem os seus textos com Camões, como é o caso deste jornalista seguidista sem que tenham a preparação do mestre. O jornalista rendido à nova ordem confunde palavras de baladeiro de esquerda (infeliz que baste para enganar papalvos misturando as suas escrevinhações com a obra de Camões que se julgou atribuída a Sá de Miranda. A Direita nas questões de cultura sempre meteu água. É intrinsecamente e por natureza estúpida, como estúpidi e ignorante é o jornalista que confunde um baladeiro com Camões. Estúpido porque de direita como é segue às cegas, o protesto dos anos 70, de esquerda, que não é.

todo o mundo é composto de mudança. é escrito por Camões. Os versos infelizes e primários troquemos-lhe as voltas que ainda o dia é uma criança, foi escito e abusivamente colado ao texto de Camões por José Mário Branco que nada tem a ver com a direita. Aproveite os fundos europeus e como boy futuro do PSD faça Cursos de Formação, mesmo em jornalismo, para aprender o bàbás obre os clássicos.

Por favor, escreva as parvoíces que quiser sobretudo sobre o Euro2004, mas não estrague o que de mais precioso temos, a nossa língua e a nossa literatura. O seu artigo revela quais os ventos da mudança anunciada. Nenhuma! Teremos Durão Guterres e a mesma papalvice. O que haveria que mudar era isso. E sabe uma coisa, ao ouvir a esteria de Leonor Beleza, o

peuguinhas do ex-CDS, Proença, ao ver o desajeitado Arnaud, na telavisão já estou cheio de PSD, como também já o estava de PS, com o Trombone Coelho, com o Pina MOura e Oliveira Martins, a fazerem a tabuada idiota, essas excrescências que estiveram na Cultura para nada fazerem senão estragar o bom trabalho feito anteriormente por Carrilho que deram pelo nome de Sásportes e ainda pior Santos Silva.

Estou farto de governo PSD e dos seus Abranhantes jornalistas. < anteriores seguintes >

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23 ABRIL 2002 6:50 20 ABRIL A mudança Se todo o mundo é composto de mudança, como escreveu Camões, então o país ontem mudou - e mudou muito. De uma clara maioria de esquerda, Portugal passou para uma maioria de direita, estreita, mas em todo o caso evidente. E esse é um inequívoco sinal de que os portugueses querem experimentar uma outra solução governativa depois de seis anos de consulado socialista. Não será, contudo, fácil chegar a esse desiderato. Portugal precisa de um governo estável para os próximos quatro anos, até 2006, data em que cessa o III Quadro Comunitário de Apoio. E isso exige que PSD e PP se entendam para uma solução governativa a dois, com maioria de apoio na Assembleia da República. A tentação de repetir a estratégia de Cavaco Silva em 1985 - um governo minoritário, que governa bem, e lhe permite depois chegar à maioria absoluta - é, hoje em dia, bastante mais arriscada e de resultados bem mais duvidosos. Não será, contudo, fácil chegar a esse desiderato. Portugal precisa de um governo estável para os próximos quatro anos, até 2006, data em que cessa o III Quadro Comunitário de Apoio. E isso exige que PSD e PP se entendam para uma solução governativa a dois, com maioria de apoio na Assembleia da República. A tentação de repetir a estratégia de Cavaco Silva em 1985 - um governo minoritário, que governa bem, e lhe permite depois chegar à maioria absoluta - é, hoje em dia, bastante mais arriscada e de resultados bem mais duvidosos. Sem entrar pela comparação das qualidades de Cavaco e Durão, convém notar que em 1985 a economia portuguesa estava saneada económica e financeiramente, os fundos comunitários começavam a afluir em força como resultado da nossa adesão à CEE em 1986 e a Europa entrava num vigoroso ciclo de crescimento, o que constituiu um poderoso «doping» para a actividade económica no país. Hoje, o quadro é de um crescimento lento pelo menos nos próximos dois anos, só marginalmente acima da média europeia, e as decisões difíceis estão por tomar, nomeadamente em relação à administração do Estado, aos funcionários públicos e às transferências automáticas para as autarquias, para as regiões, para o Serviço Nacional de Saúde, para a Lei de Programação Militar, etc. Além disso, as novas regras dos fundos comunitários - as verbas não utilizadas num determinado ano não podem ser transpostas para o ano seguinte - também condicionam a estratégia das autoridades nacionais. Sem entrar pela comparação das qualidades de Cavaco e Durão, convém notar que em 1985 a economia portuguesa estava saneada económica e financeiramente, os fundos comunitários começavam a afluir em força como resultado da nossa adesão à CEE em 1986 e a Europa entrava num vigoroso ciclo de crescimento, o que constituiu um poderoso «doping» para a actividade económica no país. Hoje, o quadro é de um crescimento lento pelo menos nos próximos dois anos, só marginalmente acima da média europeia, e as decisões difíceis estão por tomar, nomeadamente em relação à administração do Estado, aos funcionários públicos e às transferências automáticas para as autarquias, para as regiões, para o Serviço Nacional de Saúde, para a Lei de Programação Militar, etc. Além disso, as novas regras dos fundos comunitários - as verbas não utilizadas num determinado ano não podem ser transpostas para o ano seguinte - também condicionam a estratégia das autoridades nacionais. Por isso, um governo que dê estabilidade ao país passa, incontornavelmente, por uma coligação governativa entre PSD e PP. Mas isso não chega. O sucesso desta solução depende ainda da existência de um primeiro-ministro forte e decididido e do homem que ocupar a pasta das Finanças, que será um cargo-chave no próximo executivo. Sem estas três condições, só dificilmente o país terá estabilidade governativa até 2006 - e não terá, seguramente, sucesso nos objectivos que se torna necessário atingir. Por isso, um governo que dê estabilidade ao país passa, incontornavelmente, por uma coligação governativa entre PSD e PP. Mas isso não chega. O sucesso desta solução depende ainda da existência de um primeiro-ministro forte e decididido e do homem que ocupar a pasta das Finanças, que será um cargo-chave no próximo executivo. Sem estas três condições, só dificilmente o país terá estabilidade governativa até 2006 - e não terá, seguramente, sucesso nos objectivos que se torna necessário atingir. Em qualquer caso, convém lembrar que Durão, a quem ninguém augurava grande futuro político consegue, contra ventos e marés, ser o homem que está ao leme dos sociais-democratas quando o PSD alcança a maior vitória vindo da oposição. Que Paulo Portas, com mais vidas que um gato, faz o Partido Popular crescer, ao mesmo tempo que o PSD - o que, como bem referiu, é sinal que os dois partidos são complementares. Que Ferro Rodrigues consegue, em três meses de liderança dos socialistas, travar a hecatombe eleitoral que se previa para o partido da rosa e obter uma derrota honrosa, que lhe coloca o PS na mão. Que o Partido Comunista continua a sua inexorável e penosa degenerescência - será desta que é convocado um congresso extraordinário? E que o Bloco de Esquerda, sem ter conseguido o melhor dos mundos (5 deputados), se tornou já a escolha das causas alternativas de um eleitorado jovem urbano e uma realidade que não pode ser ignorada pelos outros partidos à esquerda. Em qualquer caso, convém lembrar que Durão, a quem ninguém augurava grande futuro político consegue, contra ventos e marés, ser o homem que está ao leme dos sociais-democratas quando o PSD alcança a maior vitória vindo da oposição. Que Paulo Portas, com mais vidas que um gato, faz o Partido Popular crescer, ao mesmo tempo que o PSD - o que, como bem referiu, é sinal que os dois partidos são complementares. Que Ferro Rodrigues consegue, em três meses de liderança dos socialistas, travar a hecatombe eleitoral que se previa para o partido da rosa e obter uma derrota honrosa, que lhe coloca o PS na mão. Que o Partido Comunista continua a sua inexorável e penosa degenerescência - será desta que é convocado um congresso extraordinário? E que o Bloco de Esquerda, sem ter conseguido o melhor dos mundos (5 deputados), se tornou já a escolha das causas alternativas de um eleitorado jovem urbano e uma realidade que não pode ser ignorada pelos outros partidos à esquerda. Finalmente, a vitória do PSD é também sinal dos ventos de mudança que sopram na Europa desde há quase dois anos. A terceira via socialista começa a dar lugar aos neo-liberais de centro-direita. É um novo ciclo que se abre no Velho Continente, que terá também implicações no modelo de construção europeia nos próximos anos, com mais soluções próximas do mercado e menos do Estado, com mais iniciativa privada e menos imobilismo social. Ou, como escreveu José Mário Branco, «e se todo o mundo é composto de mudança, troquemos-lhe as voltas, qu'inda o dia é uma criança». Finalmente, a vitória do PSD é também sinal dos ventos de mudança que sopram na Europa desde há quase dois anos. A terceira via socialista começa a dar lugar aos neo-liberais de centro-direita. É um novo ciclo que se abre no Velho Continente, que terá também implicações no modelo de construção europeia nos próximos anos, com mais soluções próximas do mercado e menos do Estado, com mais iniciativa privada e menos imobilismo social. Ou, como escreveu José Mário Branco, «e se todo o mundo é composto de mudança, troquemos-lhe as voltas, qu'inda o dia é uma criança». 18 Março 2002

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Comentários

21 a 40 de 66 João Marafuga 00:36 19 Março 2002 PORQUÊ?

O PS não pode culpar nenhum sector da sociedade portuguesa pela derrota sofrida.

A responsabilidade da derrota rosa de 17 de Março cabe aos dirigentes socialistas. T.H.CANNABIS 00:35 19 Março 2002 Palitinho esférico!...

Você com uns anitos a mais teria tido um enorme sucesso na Mocidade Portuguesa ou na Legião Portuguesa, sabia?

Mude para uma posição ganhadora senão ainda acaba a dizer mal dos seus e de si próprio.

Que história é essa dos generais?

Kostas Kalimera 00:03 19 Março 2002 O habitual foguetório da ocasião

Que não esconde que tudo continua na mesma!

Continuam a governar os mesmos, ontem com os ministros 'soft', amanhã com os ministros 'hard'

Irão continuar a pagar os mesmos, os trabalhadores e o país (os grandes derrotados da noite) cada vez mais dependente, cada vez menos capaz, cada vez mais uma freguesia marginal desta "Europa"

Ah, sim, a cor do cartão para os boys e girls vais ser diferente. Guardam o rosa e voltam ao laranja com azul escuro!

Motivo para a fofoca: o Portas entra ou não! A diferença é de peso! Se não entrar, quem manda no governo será o ministro das finanças se entrar teremos um governo bicéfalo: Portas/António Borges.

Pobre Durão! Será o cherne do governo, já não se pode queixar!

Quanto ao resto, mais mês, menos mês voltaremos ao mesmo! Então é já previsivel, o heroi salvador será o do PS do dia! Nada que não tenhamos visto já!

E, até lá, ainda haverá tempo para descobrir que opção eleitoral não significa obrigatoriamente concordãncia e apoio às politicas concretas que se vão seguir... Palitinho 23:40 18 Março 2002 Rumos de Portugal...

Portugal, voltaste a renascer ! Suportando toda a espécie de incúrias e traições, voltaste-te a erguer da estagnação, das águas putrefactas a que te tinham predestinado. Como é bom ver-te assim, Portugal, olhando para o futuro, caminhando devagar mas seguramente. Caminha, avança, define os teus passos pausadamente para que não tornes a cair de novo na insensatez daqueles que te desprezaram. Ergue-te suavemente para que não tropeces de novo nas armadilhas dos que te conduziram cruelmente à encruzilhada onde te prostraram, escarnecendo de ti e evitando a todo o custo que te ajudassem a reencontrar o rumo que precisavas para prosseguires com a dignidade que sempre te caracterizou.

Ergue-te Portugal, ergue-te com a certeza de que vais vencer, ergue-te com a esperança de que irás de novo viver uma aventura de progresso, uma nova revolução, e que tens agora uma oportunidade única de fazeres ver àqueles que em ti não acreditavam que afinal são eles que constituem um equívoco histórico. Porém, não te esqueças do passado, constrói o teu presente encarando o futuro com a presença e solidez necessárias para que não voltes a repetir os mesmos erros, pois já foste demasiado martirizado para tornares a sentir os horrores da ignorância, da ingovernabilidade, da incapacidade e da dislexia económica e marasmo social em que vegetaste estes últimos anos.

Não permitas, Portugal, que te envergonhem ainda mais e te retirem todo o teu conteúdo cultural e histórico, que te destroçem o teu valor económico e sobretudo, que substituam a tua glória por valores que não te dignifiquem e te mudem a personalidade tão bela e honrosa que sempre tiveste. Lembras-te, Portugal, que em tempos te tentaram mudar as cores da tua bandeira, e inclusivé a letra do teu hino ? Não te esqueças, Portugal, que infelizmente nem todos os teus filhos te amam, nem todos te desejam próspero e te respeitam como seria exigível a todo o filho que ama um pai que lhe deu o berço e sempre o acarinhou e como tal, terás de ter cuidado neste momento de transição, estar sempre alerta, desperto, caminhando passo a passo olhando em teu redor, para te poderes proteger das adversidades que certamente irás encontrar.

Escolhe os teus filhos, garante a sua fidelidade, protege-os do suborno, da calúnia e porventura das ameaças de outros que se tornaram teus inimigos, traça o teu destino e segue-o fervorosamente não te desviando um milímetro dos teus objectivos e alcançarás a harmonia, a estabilidade económica e o progresso por que sempre ansiaste ! Acima de tudo, certifica-te que aqueles que duma forma ou de outra contribuiram para o teu insucesso e te provocaram feridas profundas não tornam a adquirir o poder nem a legitimidade para te ferirem novamente, agonizando ainda mais a situação precária em que te encontras. Ergue-te Portugal, derrota o desígnio socialista, enfrenta a democracia e controi o teu futuro ! Tu mereces, o teu povo também e sobretudo os teus filhos que sempre te respeitaram e dignificaram as cores e o escudo da tua bandeira, esperam isso de ti !

alfa 23:31 18 Março 2002 Qual mudança, nem meia mudança! O país há 500 anos que anda de crise em crise, é só ver cada um a governar-se e a não se preocupar com a "res publica", e ainda falam dos políticos africanos...! Agora vamos assistir à saída dos boys e à entrada dos laranjas, e ao fim de quatro anos voltaremos a eleger um governo que vai tentar tirar o país de outra crise ainda maior do que a actual, e assim sucessivamente... Enquanto não houver um país de gente culta e instruída e não houver uma mudança de mentalidades, será sempre assim, e olhem que isto já dura há 500 anos! João Marafuga 23:17 18 Março 2002 PORQUÊ?

O PS, defensor de políticas sociais, perdeu as eleições.

PORQUÊ? T.H.CANNABIS 23:15 18 Março 2002 Paulo Portas para ministro. Já!

Ó palitinho de espinha feito olha que isto está negro.

Um Sacadura Cabral no governo e outro na oposiçao são muitos Sacaduras.

Como será que o Imperador SeFossePeixeEraCherne irá lidar com este lóbi familiar tão ressonante das histórias?

A senhora não o disse mas espera-se que cherne do marido saiba nadar nas águas turvas de pedros, digo paulos, e miguelistas.

paulao 22:41 18 Março 2002 Parabéns oh Nicolau. É pa´ põe-te em bicos-de-pés. Pode ser que chegues a ministro. Pior figura não farias que os canditados a ministros PSD - O Proença de Carvalho, o Isaltino, o Vasco Graça Moura, etc. Meu Deus é de fugir para bem longe........ Tin Pan Alley 22:34 18 Março 2002 ? Zé Luiz 22:25 18 Março 2002 As pessoas somos nós.

Numa das emissões televisivas sobre a noite eleitoral, já perto do fim, estava uma apresentadora e dois políticos. Pergunta sacramental: quem é que ganhou e quem é que perdeu?

Um dos políticos começa a debitar as suas opiniões sobre esta questão, partido a partido.

"Está bem", diz a apresentadora virando-se para o outro político. "Mas eu não me estava a referir aos partidos, estava a referir-me às pessoas."

Resposta do outro: uma brilhante análise em que se dissecam os ganhos e as perdas de cada autarca, dirigente partidário, etc.

Eu acho isto perfeitamente espantoso. Então "as pessoas" são os políticos? Nós outros, que estávamos sentados em frente à televisão, não somos pessoas? Ou será que não temos nada a perder ou a ganhar com a vitória de um ou de outro partido?

Portugal é uma sociedade plural e variada. Dividimo-nos em dois sexos, quase pela metade. Diferimos na idade, na aparência física, na capacidade intelectual, no lugar em que vivemos, nas opiniões, na fortuna, no montante e origem dos rendimentos, na propensão para a saúde ou para a doença, na educação, na situação familiar, na actividade profissional, na participação cívica, na personalidade, nos hábitos, nas virtudes, nos vícios.

É óbvio que, qualquer que seja o resultado eleitoral, entre pessoas e circunstâncias tão diferentes haverá sempre quem ganhe e quem perca.

Mas esta contabilidade nunca se faz nos media, nem antes, nem depois das eleições. Talvez não se faça por preguiça, talvez por cálculo, talvez por ser difícil demais ou demorado demais. Mas suspeito que a principal razão é porque aos políticos e aos jornalistas, isolados na sua aconchegada e promíscua torre de marfim, a questão muito simplesmente nem sequer lhes ocorre. imperador 22:01 18 Março 2002 Aprendeu: não é Camões é José Mario Branco!

Muito bem: o Nocolau emendou o disparate que tinha feito, o de confudir versos sobejamente conhecidos de Camões com uma cançoneta de José Mário Branco da resistência, nos anos setente. Aliás, mesmo os versos de Camões, são metidos a martelo no seu texto. E assim, o soneto, continua mau. Mas devia agradecer a quem o ajudou a salvar da vergonha.

O meu amigo não é o único a enganar-se, mas pode é ser mais bem educado e agradecer.

Não cometa os mesmos erros dos jornalistas do PS. Lembre-se que a hora é de mudança. E ainda criança o dia é para a maioria de direita e já se começa a sentir a aberração cultural de que dá mostras a direita. Vejam o que o bacoco e serôdio ministro da propaganda do PSD anda a escrever e a dizer: Vasco Graça Moura.

rapala 21:53 18 Março 2002 "Governo triplica salários na administração do ICP

O esforço de contenção da despesa pública não chegou à entidade reguladora do sector das telecomunicações. Os administradores do ICP triplicam a sua remuneração, passam a ter mandatos de cinco anos e, ao abandonarem o cargo, têm garantidos dois terços do salário enquanto não arranjarem outro emprego.

A transformação do Instituto das Comunicações de Portugal em ICP - Autoridade Nacional das Comunicações (ICP-Anacom), aprovada na reunião do Conselho de Ministros de 20 de Setembro mas ainda não promulgada pela Presidência da República, vai trazer enormes benefícios financeiros aos gestores da entidade de regulação e supervisão do sector. Desde que se mantenham em funções, Luís Nazaré e os restantes administradores irão triplicar o salário mensal, além de obterem outras vantagens remuneratórias pouco compatíveis com o apregoado esforço de redução da despesa pública.

Os membros do Conselho de Administração do ICP-Anacom verão o seu vencimento estabelecido por despacho conjunto dos ministros da Reforma do Estado, do Equipamento Social e das Finanças. Ao que o Independente apurou, a remuneração do presidente saltará do actual milhão de escudos para mais de três mil contos, equiparando-se ao vice-governador do Banco de Portugal, à imagem do que sucederá noutras entidades reguladoras, como o Instituto dos Seguros de Portugal, a Entidade Reguladora do Sector Eléctrico ou a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Para os vogais da administração, continuarão a ser reservados 85 por cento da remuneração do presidente, mas a quantia aumenta na mesma proporção. Além desse aumento, o número de vencimentos anuais deverá passar dos tradicionais 14 para um mínimo de 17 meses. No entanto, dado que a aprovação dos novos estatutos não implica o termo dos mandatos dos actuais órgãos sociais do ICP, as novas regras não são directamente aplicáveis à equipa presidida por Luís Nazaré. Caberá ao presidente e aos restantes administradores revelar se aceitam as novas condições, o que terá de suceder “mediante declaração dos próprios, a apresentar no prazo de 30 dias” após a entrada em vigor do diploma.

Os membros do Conselho de Administração, escolhidos por resolução do Conselho de Ministros, passam a ser nomeados por um período não renovável de cinco anos, sendo à partida inelegíveis caso tenham pertencido aos corpos gerentes das empresas do sector nos dois últimos anos, existindo igual proibição para trabalhadores ou colaboradores permanentes com funções de chefia ou direcção. Por outro lado, os responsáveis pelo ICP-Anacom “não podem ter interesses de natureza financeira ou participações nas empresas reguladas”, além de lhes ser vedada qualquer outra actividade profissional, excepto o exercício de funções docentes no ensino superior em tempo parcial. É o que sucede actualmente com o próprio Luís Nazaré e com o administrador João Confraria.

A maior novidade acontece no termo das funções. Os administradores ficam impedidos de “desempenhar qualquer função ou prestar qualquer serviço” às empresas do sector por um período de dois anos, mas têm garantido um rendimento nada mínimo. Durante esse impedimento, a entidade reguladora continua a entregar dois terços da remuneração correspondente ao cargo, o que só termina no momento em que os ex-administradores “sejam contratados ou nomeados para o desempenho de qualquer função ou serviço público ou privado remunerados”. A excepção a esse ponto continua a ser o ensino universitário em “part-time”.

ICP milionário.

Apesar do próximo aumento com as remunerações da administração, as contas da entidade reguladora não correm o risco de tornar-se deficitárias. Bem longe disso. Transformou-se ao longo dos últimos anos num dos mais prósperos actores das telecomunicações portuguesas. Depois de encerrar as contas com um resultado líquido de apenas 563 mil contos em 1998, viu esse valor passar para 2,7 milhões de contos no exercício seguinte, aproximando-se dos 5,9 milhões de contos em 2000. A evolução deve-se à quase duplicação dos proveitos — explicável pelo aumento do número de operadores devido à liberalização do sector —, enquanto os custos se mantiverem relativamente estáveis.

Esses resultados líquidos atribuem ao ICP a quarta posição do sector no que toca a lucros, sendo apenas ultrapassado pela PT Comunicações, TMN e Telecel, agora Vodafone a partir de 22 de Outubro. Mais atrás vem a Optimus, ainda na fase do “break-even”, enquanto boa parte dos novos operadores estão à beira da falência ou a atravessar dificuldades. Entre as receitas da entidade reguladora incluem-se as taxas cobradas pela gestão do espectro radioeléctrico e pela atribuição dos títulos de exercício da actividade e fiscalização do sector, tal como a aplicação de multas e coimas.

Leonardo Ralha

Independente

13/10/2001"

Qual a razão do medo em relação à mudança? Será por causa de "coisinhas" deste tipo?

Já agora viva o Benfica ...

Palitinho 21:28 18 Março 2002 CaragoNaoPorra

" Mas os Portugueses já não andam a dormir, conforme provaram com a sua votação. " - Não torna a dizer outra mais acertada, Carago ! É verdade, sim, de uma clara maioria de esquerda no eleitorado passámos para uma clara maioria de direita!

Guardian 21:12 18 Março 2002 Ganhou o PS, Não Viram na Televisão?

Lindo ....

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Desta vez, os canais de televisão respeitaram melhor as regras eleitorais do que os partidos. Portaram-se bem: esperaram que fechasse a última mesa de voto na ilha do Corvo para darem as projecções eleitorais. A coisa até lhes convinha, pois este ano as projecções foram bem complicadas. Só com muitos milhares de consultados foi possível aos três canais apresentar projecções de resultados credíveis, em especial à TVI, que acertou com grande rigor, ficando a SIC logo a seguir e a RTP mais atrás.

As transmissões começaram depois do habitual, especialmente na TVI, onde o "Anjo Selvagem" certamente ganhou a diária batalha eleitoral das audiências.

A RTP foi a primeira, e começou com uma graça cabalística: José Alberto Carvalho mostrou um e depois o outro botão de punho onde estavam um X e um Y. Já nem me lembro porquê, mas a coisa impressionou-me.

Este lado espectacular da informação televisiva sentia-se também no estúdio virtual da SIC (ontem menos africanista do que o costume) e no formato tipo "talk-show" que em alguns momentos a emissão da TVI assumiu, nomeadamente quando José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes falaram, quais pombinhos alegres, das coisas lá de casa, das crianças, dos cães.

A SIC e a TVI mostraram que quem não tem uma motorizada com uma câmara não é boa gente e lá andaram pelas avenidas vazias a mostrar o entusiasmo antes de ele existir. José Manuel Mestre, da SIC, é exímio nesta tarefa, pois, com uma experiência antiga de encher "chouriços" no desporto, consegue manter-se no ar mais tempo do que no assento da moto. Mas TV é isto, imagens bonitas, e as avenidas mortas são mesmo assim mais interessantes de ver do que as mortiças sedes partidárias.

O resto foram ocorrências normais. Na emissão da RTP, há a referir o destaque inusitado dado à candidata da casa, Maria Elisa Domingues, com uma pequena reportagem de Castelo Branco, o que não sucedeu com mais nenhuma das outras delegações da RTP da "província". Aqui está um interesse corporativo para o PSD combater quando formar governo.

À parte isso, a função foi-se cumprindo com as únicas maiorias absolutas da noite, a dos repórteres televisivos, sempre com muitas coisas sem interesse para dizer e para mostrar, a dos comentadores em estúdio, que desta vez, confesso, não me comentaram nada (à parte o painel Proença de Carvalho e Mega Ferreira na RTP, os outros painéis não foram de grande utilidade) e a da propaganda da "União Nacional Rosa" do PS.

É certo que toda a atenção dos telejornalistas e comentadores estava concentrada na questão da maioria absoluta por culpa dos dois maiores partidos. O comportamento foi este: "OK, que o PSD ganha a gente já sabia, mas como não tem maioria absoluta, é um derrotado".

Esta arrogância dos telejornalistas e de comentadores correspondeu em absoluto à estratégia assumida pelo PS para a noite eleitoral: assumir vitória, referir mesmo a possibilidade de o PS ganhar nas urnas quando a derrota já se previa, como fizeram Paulo Pedroso às 20h03, Narciso de Miranda às 20h20, António Costa às 20h41 (afirmando "neste momento tudo ainda é possível") e António José Seguro às 21h52.

Quando a vitória do PSD já era inquestionável, o PS prosseguia a sua manobra propagandística afirmando, às 22h31: "Ainda não há maioria de direita".

Estava assim preparada a "grande vitória" do PS, e principalmente do seu líder, "facto" que a mulher de Ferro Rodrigues exprimia visualmente com o "V" de vitória, que o marido exprimia com um discurso triunfal e que a assistência socialista na sala exprimia assobiando, como se estivesse no estádio de futebol, a uma pergunta rigorosa e profissional que Fátima Campos Ferreira, da RTP, colocou ao secretário-geral do PS.

Em vez de acalmar os ânimos dos malcriados militantes, irritados com uma pergunta, Ferro Rodrigues alimentou a atitude deles pela expressão facial que fez. O caso do telefonema tardio de Ferro a Durão (tardio porque já todos os portugueses sabiam quem ganhara e perdera) revela esta tendência para prolongar a propaganda do espectáculo, para a pressão sobre os jornalistas e para a imposição de "factos" para além da realidade, como se o PS nos quisesse fazer viver a todos na "Mulholland Drive" de David Lynch.

Este lado arrogante, este lado de prolongamento da mentira para além do razoável - transformando a derrota em vitória e recusando a humildade de, apenas, declarar derrota - é a continuação, com Ferro Rodrigues, do furor propagandístico de "União Nacional Rosa" criada no PS e no governo de António Guterres.

Que eles prossigam nesse caminho, que, apesar de tudo, lhes deu bons resultados, é compreensível (do ponto de vista deles). Mas seria grave que os telejornalistas se deixassem levar pela "grande vitória" do PS e pela "derrota" do PSD por não ter obtido a maioria absoluta.

A "grande vitória" do PS prosseguiria na RTP mesmo até ao final da emissão (o "serviço público" foi, curiosamente, o primeiro canal a fechar a noite eleitoral): enquanto a SIC e a TVI davam a festa do partido vencedor nas ruas, o que sempre a RTP fez em eleições passadas, a RTP1 escondia-a com declarações estafadas do seu painel de comentadores partidários. A RTP1, depois de dar a saída exultante do "vitorioso" Ferro Rodrigues da sua sede eleitoral, silenciava o único sinal verdadeiro, para além dos resultados, de quem tinha ganho as eleições: a gente na rua. A máquina de propaganda do PS está, de facto, de parabéns. Ontem à noite, foi ela que ganhou.

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EDUARDO CINTRA TORRES

http://jornal.publico.pt/2002/03/18/Destaque/X70OPI.html Zé Luiz 21:09 18 Março 2002 Emendar sem pedir desculpa é feio, Nicolau!

Verifico que entre as 14.28 e o momento presente o sr. Nicolau Santos já emendou "Camões" para "José Mário Branco". Emendar os erros cometidos é meritório, sem dúvida; mas fazê-lo de um modo subreptício, assobiando para o ar, sem os reconhecer nem pedir desculpa - isso, meu amigo, é um daqueles casos em que a emenda é pior do que o soneto. AdegaVelha 20:29 18 Março 2002 Ao Zarolho

Sim sr. ate k enfim um comentario decente, os meus parabens! So falta acrescentar a estas conclusoes k o Portas, apesar de casmurro foi realmente o grande vencedor e agora é k se vai ver o k é k ele vale. Ele k se deixe de patetices de por as criancinhas a cantar o hino e trate de coisas realmente importantes, tais como nao deitar o governo abaixo com intrigas de bastidores. Agora é k se vai ver o sentido de responsabilidade do homem. Ja agora quem é k se ri agora do "Cherne" "Zandinga" Durao Barroso e da sua previsao, de k seria primeiro-ministro. Gostava de ver todos esses srs. comentadores de meis tigela a reconhecerem k erraram. Palitinho 20:05 18 Março 2002 Zarolho

É isso mesmo, amigo Zarolho. "- Os senhores do futebol (principalmente PdC) descobriram que a sua influência é reduzida e o país ficou mais coeso." - mas melhor que isso, os senhores do partido socialista ficaram a saber que para além disso de nada lhes adianta recorrerem ao futebol para virarem o curso da História.

Zarolho 19:33 18 Março 2002 Não foi o centro que ganhou, foi a transparência

Para além da vitória da direita (ainda que marginal) houve várias coisas positivas que sairam das eleições de ontem:

- O PCP está em extinção, até faz pena.

- Os senhores do futebol (principalmente PdC) descobriram que a sua influência é reduzida e o país ficou mais coeso (quem não se lembra dos mouros e de Lisboa a arder).

- O PS perdeu mas ganhou um secretário geral. O país ganhou porque parece que o modelo banana incompetente não vai voltar tão depressa.

- Acabou-se a história da economia de mercado com cariz social, também baptizada por Terceira Via por Toni Blair.

Ou seja, acabou-se (espero) o modelo do centro, onde não se entendia a diferença entre PS e PSD (em termos de ideologia). O PSD concorreu com um programa de direita: redução do IRS, do IRC, privatização de partes importantes da economia como a saúde, etc. O PS concorreu com RMG, farmácias sociais, não redução de impostos nas classes mais altes, etc.

Ontem estava em discussão um programa claramente de direita (o único verdadeiramente discutido durante a campanha e que custou bastantes votos ao PSD nas classes mais baixas) e outro claramente de esquerda. Ganhou a direita, esperemos que o País também ganhe. Não basta fazer melhor que Guterres e PS (o que convenhamos não é difícil), há que fazer muito melhor.

p.s.: Não posso deixar de lembrar um comentário recente de Mário Soares: "Sempre que houve uma disputa entre a esquerda e a direita, ganhou a esquerda". Olhe que não, nos últimos quatro meses: direita 2, esquerda 0. Esperemos que em quatro anos também tenhamos um presidente de direita e interventivo. Samsara 18:28 18 Março 2002 A MUDANÇA PARA MELHOR

Pior não pode ser.Impossível.

Mudam-se as vontades, [e] mudam-se os tempos.

Finalmente parece que vamos entrar no novo milénio.

Subiram os refrescantes BE e CDS, o PSD ganhou e temos uma maioria de direita civilizada.

PARABÉNS POVO PORTUGUÊS.

Só quero dizer isto.

Foi o Centrão que decidiu, está decidido.

Tempos difíceis aproximam-se, claro, cá estaremos e aguentaremos de pé firme, como nos temos aguentado ao longo dos séculos.

Não somos, afinal, aquele povo que os loucos dos romanos diziam que 'não se governam nem se deixam governar'?!

Força, vamos em frente!

Melhores dias virão. imperador 18:02 18 Março 2002 Nicolau: Um fiel criado de Vasco Graça Moura

Muitos Parabéns ao Nicolau pela vitória do seu partido nas eleições de ontem. O PS estava a merecer ser perdedor, mas não Ferro Rodrigues que se mostrou um bom líder, não Maria Carrilho nem Sousa Franco que foram dos ministros mais competentes que tivemos nas respectivas áreas nos últimos anos de governação. O PSD merecia ganhar mas não Durão Barroso, que se assemelha muito a Guterres nas trapalhadas e nos desdiz que disse e mostrou-se um mau'líder. Não merecem ser ministros da Cultura e das finanças, respectivamente, Vasco Graça Moura e Cadille. O primeiro é um yes man de pensamento serôdio e o segundo é o que todos nós já vimos. A influência de Vasco Graça Moura já se começou a fazer sentir quando induz os jornalistas a retocarem os seus textos com Camões, como é o caso deste jornalista seguidista sem que tenham a preparação do mestre. O jornalista rendido à nova ordem confunde palavras de baladeiro de esquerda (infeliz que baste para enganar papalvos misturando as suas escrevinhações com a obra de Camões que se julgou atribuída a Sá de Miranda. A Direita nas questões de cultura sempre meteu água. É intrinsecamente e por natureza estúpida, como estúpidi e ignorante é o jornalista que confunde um baladeiro com Camões. Estúpido porque de direita como é segue às cegas, o protesto dos anos 70, de esquerda, que não é.

todo o mundo é composto de mudança. é escrito por Camões. Os versos infelizes e primários troquemos-lhe as voltas que ainda o dia é uma criança, foi escito e abusivamente colado ao texto de Camões por José Mário Branco que nada tem a ver com a direita. Aproveite os fundos europeus e como boy futuro do PSD faça Cursos de Formação, mesmo em jornalismo, para aprender o bàbás obre os clássicos.

Por favor, escreva as parvoíces que quiser sobretudo sobre o Euro2004, mas não estrague o que de mais precioso temos, a nossa língua e a nossa literatura. O seu artigo revela quais os ventos da mudança anunciada. Nenhuma! Teremos Durão Guterres e a mesma papalvice. O que haveria que mudar era isso. E sabe uma coisa, ao ouvir a esteria de Leonor Beleza, o

peuguinhas do ex-CDS, Proença, ao ver o desajeitado Arnaud, na telavisão já estou cheio de PSD, como também já o estava de PS, com o Trombone Coelho, com o Pina MOura e Oliveira Martins, a fazerem a tabuada idiota, essas excrescências que estiveram na Cultura para nada fazerem senão estragar o bom trabalho feito anteriormente por Carrilho que deram pelo nome de Sásportes e ainda pior Santos Silva.

Estou farto de governo PSD e dos seus Abranhantes jornalistas. < anteriores seguintes >

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