"Nunca vi ninguém perder com gosto o poder que tem."

11-11-2002
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"Nunca Vi Ninguém Perder com Gosto o Poder Que Tem."

Por A.S.L./J.P.H./S.J.A.

sexta-feira, 01 de Novembro de 2002 É com esta frase que António Costa explica as críticas de Jorge Coelho à concessão a Ferro Rodrigues de novos poderes na escolha de deputados. Para o líder parlamentar do PS, o desafio nos novos estatutos do PS é... aplicá-los P. - O que acha do projecto de novos estatutos para o PS? R. - É um grande desafio à sua própria concretização. Os estatutos de um partido não são estáticos. Vivem da dinâmica que eles próprios geram... P. - A sua dúvida não é sobre a qualidade do texto em si, é antes sobre a capacidade de o levar à prática. R. - É um enorme desafio que nos é colocado. O projecto reinventa o modelo de partido. O PS deixa de ser um partido exclusivamente de militantes e passa a ser de apoiantes e militantes, com um conjunto de mecanismos estatutários que permite a votantes do PS voz activa no partido, independentemente de serem, ou não, militantes. Procura-se reconverter aquilo que é o partido clássico, que tem uma lógica exclusivamente vocacionada para a conquista de centros de poder, para ser um espaço de produção de ideias. Acho decisivo que estes estatutos sejam aprovados, mas mais decisivo ainda é que seja possível concretizar esta mudança da natureza do partido. P. - No capítulo da limitação dos mandatos a solução parece de compromisso com o aparelho do partido, na medida em que a retroactividade é muito tímida. R. - É claro que é uma solução de compromisso. As renovações nos partidos têm e devem ser feitas sem cortes e sem ruptura com a história, a memória e os afectos no partido. A renovação não deve ser vista como um drama. É saudável para quem está na vida política poder ter momentos de recuo relativamente à sua presença na primeira linha do combate. Nos dirigentes do PS não haverá nenhum que pelo facto de deixar de ser membro do Secretariado Nacional resolva desinteressar-se da vida política. O conjunto do partido fica a ganhar se todos puderem ter uma, se quiserem, licença sabática. P. - Não há nenhum dirigente que conheçamos que não defenda a renovação; mas raros são aqueles que se incluem, eles próprios, nessa renovação. Essa renovação só serve para o camarada ao lado. R. - Isso não corresponde ao comportamento da generalidade das pessoas. Sobretudo nos dirigentes nacionais, existe a disponibilidade para aceitar a limitação de mandatos. Deve ser estendida aos quadros distritais e concelhios. É saudável para o partido e para os próprios. P. - O objectivo é também renovar a legitimidade externa do partido. Ou seja: renovar por dentro para depois renovar as candidaturas do partido a órgãos externos (autarquias, Assembleia da República)? Desguterrizar o partido? R. - Não ponha esses letreiros. Não é essa a preocupação. O que se passa é que temos a consciência de que no PS, e na área do PS, há uma série de quadros que devem ter a oportunidades - e que têm a capacidade - para constituir novas equipas dirigentes e induzir novas dinâmicas na vida do PS. E que há uma lição a retirar das últimas eleições autárquicas: grande parte das derrotas ocorreu porque não houve a capacidade de renovar candidaturas e e por se ter insistido em manter candidatos que à partida toda a gente sabia que não eram vitoriosos. P. - Como é que viu as resistências expressas por Jorge Coelho - e que mereceram acolhimento do aparelho distrital do partido - às intenções de Ferro Rodrigues de transpor para os estatutos os poderes que de facto já tinha no processo de indicação dos candidatos a deputados? R. - Isso é um processo normal da vida. Nunca vi ninguém perder com gosto o poder que tem. É normal, quando há redistribuição interna do poder, que quem perde o poder fique insatisfeito. É o que acontece, é normal. P. - Mas o que isso significa é que, afinal, a adesão à renovação pode ser difícil... R. - Todos os processos de renovação são difíceis. Isso implica grande empenho e determinação da liderança do partido. Ferro Rodrigues tem todas as condições para fazer isso de uma forma solidária. P. - Revê-se no texto proposta pela direcção para uma nova declaração de princípios? R. - Sim. São declinações dos valores tradicionais do PS, como sejam a importância das questões relativas à paridade, o respeito pela diferença, a não-discriminação em função da orientação sexual. E representa também uma abertura clara ao diálogo com outras famílias políticas. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE É preciso criar espaço para a renovação no PS

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