Maioria reconhece que Portas tem de explicar-se

24-09-2002
marcar artigo

Maioria Reconhece Que Portas Tem de Explicar-se

Quinta-feira, 19 de Setembro de 2002 Os contornos políticos das suspeitas sobre o comportamento de Paulo Portas enquanto gerente da Amostra e da Boas Festas desaguaram ontem no hemiciclo da AR. Os deputados ouviram o PS ler as conclusões da Judiciária sobre a actuação de Portas. E a oposição em bloco questionar a idoneidade do ministro da Defesa. Telmo Correia acabou por reconhecer que havia explicações a dar. Mas na televisão. São José Almeida e Eunice Lourenço Quando o líder parlamentar do CDS, Telmo Correia, se assumiu ontem, no hemiciclo da Assembleia da República, mandatado por Paulo Portas para desafiar o líder do PS, Eduardo Ferro Rodrigues, para um debate "em qualquer televisão" sobre os factos revelados pelo processo da Moderna, estava no fundo a atirar a toalha ao chão e a reconhecer aquilo que a oposição tinha passado a tarde a defender: que Paulo Portas tem de explicar-se. E foi o próprio Telmo Correia quem disse que "em última análise" cabe a Portas a tarefa que a oposição reclama. Telmo Correia terminava assim a tentar desviar a polémica para o plano meramente mediático - onde Paulo Portas está como peixe na água - e tentar, assim, achar uma saída que retirasse o tapete aos socialistas e à oposição em geral. Mas o PS não aceitou essa transferência. E seria já o secretário-geral do PS, Eduardo Ferro Rodrigues, a garantir que só aceitava ouvir explicações dentro do espaço institucional e que não aceitava a "transformação da vida política numa telenovela da vida real". Uma recusa que foi depois reafirmada por carta do secretário-geral do PS ao ministro. E Portas acabou por ir à televisão sozinho, mais precisamente ao noticiário da TVI. O líder do PS saía assim por cima, do ponto de vista do debate político, depois de o líder parlamentar dos socialistas ter feito, da tribuna, um discurso demolidor para o ministro de Estado e da Defesa no que diz respeito à ética democrática. António Costa, num tom pausado mas grave, tratou de apresentar aos deputados que enchiam o hemiciclo as conclusões sobre a actuação de Paulo Portas como gestor das empresas Amostra e Boas Festas, que a Polícia Judiciária apresentou nas mais de quinhentas páginas de relatório sobre a investigação do caso Moderna. E foi avassalador o efeito produzido por Costa ao citar passagens como aquela em que a PJ conclui que as empresas serviram para "criar aparências de uma circulação legítima do dinheiro", ou que serviam para disponibilizarem a José Braga Gonçalves "quantias para fins menos claros". Isto num discurso estudado ao milímetro e em que Costa fez questão de assumir que a questão era ética e política e da "idoneidade e credibilidade" e legitimidade democrática e não criminal: "Pode haver ilícitos, até penais, que não desqualificam para o exercício de cargos governativos. Há comportamentos que, ainda que não sejam ilícitos afectam a credibilidade para o exercício de cargos políticos." Mas se Costa impressionou o hemiciclo com a sua citação do relatório da PJ - era visível o constrangimento na cara de vários deputados quer do PSD quer do CDS -, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Mendes, já não ouviu a intervenção do líder parlamentar do PS. Abandonara a sala de sessões, depois de aí representar o Governo neste reinício de trabalhos e ter mesmo desafiado a oposição a apresentar uma moção de censura, em resposta ao primeiro orador do dia que levantou o caso Portas, o líder parlamentar do BE, Francisco Louçã. Mendes saiu da sala, sem justificação oficial, mas ainda esteve um pouco nos corredores a conversar com Telmo Correia. Marques Mendes foi assim ao plenário fazer o que lhe competia: dar a cara em defesa da honra e bom nome do Governo, de Portas e da ministra da Justiça Celeste Cardona - cuja actuação na demissão da direcção da Judiciária foi também questionada - e cumpriu a sua missão assim que Louçã terminou um fortíssimo ataque político ao ministro da Defesa, sugerindo-lhe a demissão, como tinha prometido há quinze dias. Já Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP, partido que tem tido neste caso uma actuação discreta, não poupou Portas no plano político e anunciou mesmo um requerimento ao Governo sobre a história fiscal da Amostra e das Boas Festas. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Maioria reconhece que Portas tem de explicar-se

PCP pede esclarecimentos sobre situação fiscal da Amostra

"O país só precisa de saber se tem um Governo que se respeita ou uma família que se protege."

Barroso denuncia "apodrecimento da vida política"

Barroso denuncia "apodrecimento da vida política"

Portas explicou-se na TVI

Julgamento do Caso Moderna recomeça hoje

Os mistérios dos dinheiros da Moderna

Os projectos de poder da Moderna

As dúvidas que permanecem

Maioria Reconhece Que Portas Tem de Explicar-se

Quinta-feira, 19 de Setembro de 2002 Os contornos políticos das suspeitas sobre o comportamento de Paulo Portas enquanto gerente da Amostra e da Boas Festas desaguaram ontem no hemiciclo da AR. Os deputados ouviram o PS ler as conclusões da Judiciária sobre a actuação de Portas. E a oposição em bloco questionar a idoneidade do ministro da Defesa. Telmo Correia acabou por reconhecer que havia explicações a dar. Mas na televisão. São José Almeida e Eunice Lourenço Quando o líder parlamentar do CDS, Telmo Correia, se assumiu ontem, no hemiciclo da Assembleia da República, mandatado por Paulo Portas para desafiar o líder do PS, Eduardo Ferro Rodrigues, para um debate "em qualquer televisão" sobre os factos revelados pelo processo da Moderna, estava no fundo a atirar a toalha ao chão e a reconhecer aquilo que a oposição tinha passado a tarde a defender: que Paulo Portas tem de explicar-se. E foi o próprio Telmo Correia quem disse que "em última análise" cabe a Portas a tarefa que a oposição reclama. Telmo Correia terminava assim a tentar desviar a polémica para o plano meramente mediático - onde Paulo Portas está como peixe na água - e tentar, assim, achar uma saída que retirasse o tapete aos socialistas e à oposição em geral. Mas o PS não aceitou essa transferência. E seria já o secretário-geral do PS, Eduardo Ferro Rodrigues, a garantir que só aceitava ouvir explicações dentro do espaço institucional e que não aceitava a "transformação da vida política numa telenovela da vida real". Uma recusa que foi depois reafirmada por carta do secretário-geral do PS ao ministro. E Portas acabou por ir à televisão sozinho, mais precisamente ao noticiário da TVI. O líder do PS saía assim por cima, do ponto de vista do debate político, depois de o líder parlamentar dos socialistas ter feito, da tribuna, um discurso demolidor para o ministro de Estado e da Defesa no que diz respeito à ética democrática. António Costa, num tom pausado mas grave, tratou de apresentar aos deputados que enchiam o hemiciclo as conclusões sobre a actuação de Paulo Portas como gestor das empresas Amostra e Boas Festas, que a Polícia Judiciária apresentou nas mais de quinhentas páginas de relatório sobre a investigação do caso Moderna. E foi avassalador o efeito produzido por Costa ao citar passagens como aquela em que a PJ conclui que as empresas serviram para "criar aparências de uma circulação legítima do dinheiro", ou que serviam para disponibilizarem a José Braga Gonçalves "quantias para fins menos claros". Isto num discurso estudado ao milímetro e em que Costa fez questão de assumir que a questão era ética e política e da "idoneidade e credibilidade" e legitimidade democrática e não criminal: "Pode haver ilícitos, até penais, que não desqualificam para o exercício de cargos governativos. Há comportamentos que, ainda que não sejam ilícitos afectam a credibilidade para o exercício de cargos políticos." Mas se Costa impressionou o hemiciclo com a sua citação do relatório da PJ - era visível o constrangimento na cara de vários deputados quer do PSD quer do CDS -, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Mendes, já não ouviu a intervenção do líder parlamentar do PS. Abandonara a sala de sessões, depois de aí representar o Governo neste reinício de trabalhos e ter mesmo desafiado a oposição a apresentar uma moção de censura, em resposta ao primeiro orador do dia que levantou o caso Portas, o líder parlamentar do BE, Francisco Louçã. Mendes saiu da sala, sem justificação oficial, mas ainda esteve um pouco nos corredores a conversar com Telmo Correia. Marques Mendes foi assim ao plenário fazer o que lhe competia: dar a cara em defesa da honra e bom nome do Governo, de Portas e da ministra da Justiça Celeste Cardona - cuja actuação na demissão da direcção da Judiciária foi também questionada - e cumpriu a sua missão assim que Louçã terminou um fortíssimo ataque político ao ministro da Defesa, sugerindo-lhe a demissão, como tinha prometido há quinze dias. Já Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP, partido que tem tido neste caso uma actuação discreta, não poupou Portas no plano político e anunciou mesmo um requerimento ao Governo sobre a história fiscal da Amostra e das Boas Festas. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Maioria reconhece que Portas tem de explicar-se

PCP pede esclarecimentos sobre situação fiscal da Amostra

"O país só precisa de saber se tem um Governo que se respeita ou uma família que se protege."

Barroso denuncia "apodrecimento da vida política"

Barroso denuncia "apodrecimento da vida política"

Portas explicou-se na TVI

Julgamento do Caso Moderna recomeça hoje

Os mistérios dos dinheiros da Moderna

Os projectos de poder da Moderna

As dúvidas que permanecem

marcar artigo