Câmara de Penafiel cria transportes públicos para os mais carenciados

23-10-2002
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Câmara de Penafiel Cria Transportes Públicos para Os Mais Carenciados

Por SORAIA ABDULA

Sábado, 19 de Outubro de 2002

Serviço em fase experimental

Solução agrada aos mais idosos, mas deixa os taxistas temerosos perante uma possível diminuição de clientes

Os 79 anos de Olívio da Silva Moura, residente em Penafiel, já não ajudam nas caminhadas. Mas com o Hospital Padre Américo construido fora do centro da cidade e com uma reforma reduzida, a única solução possível parecia percorrer quatro extensos quilómetros para poder ir a uma consulta. "O táxi fica caríssimo! Não há reforma que dê para esse tipo de despesas!".

Percorrer longas distâncias a pé faz agora parte do passado deste idoso de Penafiel. Desde 7 de Outubro que a Câmara Muncipal de Penafiel pôs em funcionamento um circuito de transportes urbanos para facilitar o acesso dos munícipes aos serviços públicos mais afastados do centro da cidade, como o Hospital Padre Américo, o Centro de Saúde e a Estação de Caminhos de Ferro. O circuito de transportes, que comporta oito linhas e é efectuado por dois autocarros, encontra-se a funcionar a título experimental e vai ser, por isso, gratuito durante dois meses - "até que se possam fazer os devidos ajustamentos do percurso ou horários", como explicou ao PÚBLICO o presidente da câmara de Penafiel, Alberto Santos.

Segundo o autarca, a criação deste serviço "pretende atender a uma questão de natureza social, ou seja, corresponder aos anseios das pessoas mais carenciadas". E acrescentou: "Até agora, não havia uma resposta adequada por parte dos operadores privados, que muitas vezes deixavam os utentes nas paragens das estradas nacionais, bem longe dos serviços" e correndo riscos de atropelamento.

O vereador do pelouro responsável pela organização dos circuitos, Antonino de Sousa, afirmou que foram investidos cerca de 20 mil euros e que a "câmara está disposta a suportar um custo social para melhor servir a população, mas esse valor não ultrapassará os dez mil euros anuais".

Contudo, esta é uma medida que não agrada a gregos e a troianos. A insatisfação vem, especialmente, da parte dos taxistas do concelho - ao todo 20 - que temem uma baixa no serviço e os consequentes prejuízos. "Fomos muito penalizados! A toda a hora costumávamos receber chamadas do centro de saúde e do hospital... Agora, ficamos aqui uma manhã inteira para fazer três euros", afirma João Monteiro, 43 anos, taxista há dois.

Segundo Fernando Ribeiro, o delegado da associação de motoristas representativa da classe (ANTRAL), "os taxistas vão ser bastante prejudicados com esta situação, uma vez que os serviços destinam-se precisamente às classes médias e baixas, aqueles cidadãos que não possuem viatura própria". "Os clientes juntavam-se para dividir a corrida e, agora, esse tipo de serviço desaparece porque o transporte no autocarro da câmara é gratuito", salienta. O delegado da ANTRAL lamenta, ainda, que a autarquia nunca os tenha consultado para discutir esta questão.

"Não é sério que [os taxistas] venham acusar que não tinham conhecimento deste serviço", afirma Antonino de Sousa, sublinhando que "em reuniões com o delegado da ANTRAL o lançamento da linha urbana foi por várias vezes referido". O autarca de Penafiel considera que "a reacção de contestação dos taxistas é precipitada, uma vez que a linha é demasiado recente para se avançar com conclusões".

A frase

"Não havia uma resposta adequada por parte dos operadores privados, que muitas vezes deixavam os utentes nas paragens das estradas nacionais"

Alberto Santos

Presidente da Câmara de Penafiel

Câmara de Penafiel Cria Transportes Públicos para Os Mais Carenciados

Por SORAIA ABDULA

Sábado, 19 de Outubro de 2002

Serviço em fase experimental

Solução agrada aos mais idosos, mas deixa os taxistas temerosos perante uma possível diminuição de clientes

Os 79 anos de Olívio da Silva Moura, residente em Penafiel, já não ajudam nas caminhadas. Mas com o Hospital Padre Américo construido fora do centro da cidade e com uma reforma reduzida, a única solução possível parecia percorrer quatro extensos quilómetros para poder ir a uma consulta. "O táxi fica caríssimo! Não há reforma que dê para esse tipo de despesas!".

Percorrer longas distâncias a pé faz agora parte do passado deste idoso de Penafiel. Desde 7 de Outubro que a Câmara Muncipal de Penafiel pôs em funcionamento um circuito de transportes urbanos para facilitar o acesso dos munícipes aos serviços públicos mais afastados do centro da cidade, como o Hospital Padre Américo, o Centro de Saúde e a Estação de Caminhos de Ferro. O circuito de transportes, que comporta oito linhas e é efectuado por dois autocarros, encontra-se a funcionar a título experimental e vai ser, por isso, gratuito durante dois meses - "até que se possam fazer os devidos ajustamentos do percurso ou horários", como explicou ao PÚBLICO o presidente da câmara de Penafiel, Alberto Santos.

Segundo o autarca, a criação deste serviço "pretende atender a uma questão de natureza social, ou seja, corresponder aos anseios das pessoas mais carenciadas". E acrescentou: "Até agora, não havia uma resposta adequada por parte dos operadores privados, que muitas vezes deixavam os utentes nas paragens das estradas nacionais, bem longe dos serviços" e correndo riscos de atropelamento.

O vereador do pelouro responsável pela organização dos circuitos, Antonino de Sousa, afirmou que foram investidos cerca de 20 mil euros e que a "câmara está disposta a suportar um custo social para melhor servir a população, mas esse valor não ultrapassará os dez mil euros anuais".

Contudo, esta é uma medida que não agrada a gregos e a troianos. A insatisfação vem, especialmente, da parte dos taxistas do concelho - ao todo 20 - que temem uma baixa no serviço e os consequentes prejuízos. "Fomos muito penalizados! A toda a hora costumávamos receber chamadas do centro de saúde e do hospital... Agora, ficamos aqui uma manhã inteira para fazer três euros", afirma João Monteiro, 43 anos, taxista há dois.

Segundo Fernando Ribeiro, o delegado da associação de motoristas representativa da classe (ANTRAL), "os taxistas vão ser bastante prejudicados com esta situação, uma vez que os serviços destinam-se precisamente às classes médias e baixas, aqueles cidadãos que não possuem viatura própria". "Os clientes juntavam-se para dividir a corrida e, agora, esse tipo de serviço desaparece porque o transporte no autocarro da câmara é gratuito", salienta. O delegado da ANTRAL lamenta, ainda, que a autarquia nunca os tenha consultado para discutir esta questão.

"Não é sério que [os taxistas] venham acusar que não tinham conhecimento deste serviço", afirma Antonino de Sousa, sublinhando que "em reuniões com o delegado da ANTRAL o lançamento da linha urbana foi por várias vezes referido". O autarca de Penafiel considera que "a reacção de contestação dos taxistas é precipitada, uma vez que a linha é demasiado recente para se avançar com conclusões".

A frase

"Não havia uma resposta adequada por parte dos operadores privados, que muitas vezes deixavam os utentes nas paragens das estradas nacionais"

Alberto Santos

Presidente da Câmara de Penafiel

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