Inquérito Os Meus Livros

21-06-2003
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Inquérito Os Meus Livros

Sábado, 21 de Junho de 2003

Ana Drago

Socióloga

1. - Qual foi o último livro que leu?

De ficção, foi "Menina a Caminho" de Raduan Nasser, esse brilhante escritor brasileiro, que, feito Rimbaud, abandonou a escrita com apenas três livros publicados para se dedicar ao cultivo da terra. No campo das ciências sociais, estou agora a ler uma colectânea de textos sobre "A Invenção da Pornografia", que refaz o tempo histórico da fabricação do imoral e do interdito. Recomendo ambos.

2. - O último que abandonou a meio?

"Globalization and Postmodern Politics": dispensável.

3. - E o último que ofereceu?

Penso que foi o "Levantado do Chão", de Saramago, que ofereci à minha mãe.

4. - Lê vários ao mesmo tempo?

Depende do sentido de urgência despertado por cada livro. Mas sim, tendo a ter vários na cabeceira e na mesa do escritório que se vão acumulando e entremeando, até serem arrumados na estante com estatuto de "lido".

5. - Como é que arruma os seus livros?

Partindo da separação simplista de ficção/não ficção. Depois deste corte problemático, tudo se mistura: poesia e prosa de um lado; história, sociologia e ensaio de teoria social nas estantes do escritório.

6. - Tem mais ficção, poesia, ensaio...?

Tenho mais "ciência social" ou tipo ensaio. Diria que são ossos do ofício, mas é uma questão de inquietude e gosto.

7. - Onde é que prefere ler (cama, café, praia, etc.)?

Não há local preferido, antes áreas de influência. O romance tende a ficar reservado para a mesa de cabeceira, o ensaio e a teoria social acompanham-me em geral para o café. Na praia, tendem a imperar os jornais e revistas. Como sempre, nada disto é seguido à letra. Mas a regra é tentar nunca ler em bibliotecas.

8. - Que livro gostaria de ver traduzido em Portugal?

O livro que anda por aí, mundo afora, a disseminar debates e controvérsias: "Empire" de Michael Hardt e Antoni Negri. Só para alargar ainda mais o debate e multiplicar discussões sobre os arranjos do poder, neste nosso (aparentemente) novo tempo.

9. - Sublinha os livros, escreve nas margens, usa marcadores?

Sublinho avidamente, desbragamente os livros de ciências sociais. A ficção, por seu lado, é espaço de descanso do lápis e de páginas imaculadas: algumas excepções é claro, mas em geral esta é a regra.

10. - Consegue escolher o livro da sua vida?

Não. Diferentes livros foram bússola em diferentes momentos. Diria sem preocupação de rigor, e no campo da ficção (porque estranhamente é mais fácil): "Cem Anos de Solidão", de García Márquez, "Uma Barragem Contra o Pacífico", de Duras, "Os Meteoros", de Michael Tournier, "As Memórias de Adriano", de Yourcenar, "Ensaio sobre a Cegueira", de Saramago, "O Som e a Fúria", de W. Faulkner. Uma mistura pouco coerente, talvez...

Inquérito Os Meus Livros

Sábado, 21 de Junho de 2003

Ana Drago

Socióloga

1. - Qual foi o último livro que leu?

De ficção, foi "Menina a Caminho" de Raduan Nasser, esse brilhante escritor brasileiro, que, feito Rimbaud, abandonou a escrita com apenas três livros publicados para se dedicar ao cultivo da terra. No campo das ciências sociais, estou agora a ler uma colectânea de textos sobre "A Invenção da Pornografia", que refaz o tempo histórico da fabricação do imoral e do interdito. Recomendo ambos.

2. - O último que abandonou a meio?

"Globalization and Postmodern Politics": dispensável.

3. - E o último que ofereceu?

Penso que foi o "Levantado do Chão", de Saramago, que ofereci à minha mãe.

4. - Lê vários ao mesmo tempo?

Depende do sentido de urgência despertado por cada livro. Mas sim, tendo a ter vários na cabeceira e na mesa do escritório que se vão acumulando e entremeando, até serem arrumados na estante com estatuto de "lido".

5. - Como é que arruma os seus livros?

Partindo da separação simplista de ficção/não ficção. Depois deste corte problemático, tudo se mistura: poesia e prosa de um lado; história, sociologia e ensaio de teoria social nas estantes do escritório.

6. - Tem mais ficção, poesia, ensaio...?

Tenho mais "ciência social" ou tipo ensaio. Diria que são ossos do ofício, mas é uma questão de inquietude e gosto.

7. - Onde é que prefere ler (cama, café, praia, etc.)?

Não há local preferido, antes áreas de influência. O romance tende a ficar reservado para a mesa de cabeceira, o ensaio e a teoria social acompanham-me em geral para o café. Na praia, tendem a imperar os jornais e revistas. Como sempre, nada disto é seguido à letra. Mas a regra é tentar nunca ler em bibliotecas.

8. - Que livro gostaria de ver traduzido em Portugal?

O livro que anda por aí, mundo afora, a disseminar debates e controvérsias: "Empire" de Michael Hardt e Antoni Negri. Só para alargar ainda mais o debate e multiplicar discussões sobre os arranjos do poder, neste nosso (aparentemente) novo tempo.

9. - Sublinha os livros, escreve nas margens, usa marcadores?

Sublinho avidamente, desbragamente os livros de ciências sociais. A ficção, por seu lado, é espaço de descanso do lápis e de páginas imaculadas: algumas excepções é claro, mas em geral esta é a regra.

10. - Consegue escolher o livro da sua vida?

Não. Diferentes livros foram bússola em diferentes momentos. Diria sem preocupação de rigor, e no campo da ficção (porque estranhamente é mais fácil): "Cem Anos de Solidão", de García Márquez, "Uma Barragem Contra o Pacífico", de Duras, "Os Meteoros", de Michael Tournier, "As Memórias de Adriano", de Yourcenar, "Ensaio sobre a Cegueira", de Saramago, "O Som e a Fúria", de W. Faulkner. Uma mistura pouco coerente, talvez...

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