Helena Pinto acusa Paulo Portas de "insultar todas as mulheres portuguesas"

15-02-2005
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Helena Pinto Acusa Paulo Portas de "Insultar Todas as Mulheres Portuguesas"

Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2005

Comparar a despenalização do aborto à pena de morte "é inqualificável", diz a bloquist

Maria José Oliveir

"Portugal voltou a estar à frente do seu tempo quando não permitiu a despenalização do aborto no fim do século XX". A frase é de Paulo Portas (ver PÚBLICO de ontem), que, para além de considerar a vitória do "não" na consulta popular de 1998 como um reflexo da vanguarda do país ("a prevalência do direito à vida voltou a ser relevante na história de Portugal no final do século XX"), foi ainda mais longe com a comparação da despenalização do aborto à pena de morte. Helena Pinto, a quarta candidata do Bloco de Esquerda (BE) pelo distrito de Lisboa, contactada pelo PÚBLICO, manifestou-se "chocada" com as afirmações do líder do CDS/PP e não hesitou em classificá-las como "bastante graves".

Helena Pinto, uma das mais acérrimas defensoras da despenalização da interrupção voluntária da gravidez (reincide nesta matéria em todas as intervenções públicas que tem realizado ao longo da campanha eleitoral) começou por afirmar: "Quase não tenho palavras [sobre a comparação com a pena de morte]". "É inqualificável, chocante e bastante grave", continuou, acusando Portas de estar a "insultar todas as mulheres portuguesas". E alertou: "Só espero que no dia 20 as mulheres penalizem esta posição porque é preciso que elas utilizem o seu voto para penalizar quem pensa desta maneira."

O facto de o líder dos democratas-cristãos ter convocado a questão do aborto e brandido a comparação com a pena de morte tem várias justificações, apontou Helena Pinto. Portas "quer enganar as pessoas" ao argumentar que o resultado do referendo de 1998 ilustra o "Portugal à frente do seu tempo"."Basta olhar para a lei dos restantes países europeus para ver como estamos extremamente atrasados", explicou a candidata. Depois, acrescentou, há a possibilidade ainda não assegurada, em termos de calendário, de o eventual Governo do PS avançar com um novo referendo sobre o aborto: "Isto tem a ver com o [futuro] referendo", disse, "porque a direita agarra-se a resultados que têm cerca de sete anos e agora está com medo dos resultados".

Helena Pinto repetiu ainda aquilo que tem vindo a exigir desde o início da campanha: que o PS "clarifique a sua posição" sobre este tema. Também a terceira candidata bloquista por Lisboa, Ana Drago, centrou a sua intervenção no referendo sobre o aborto, num comício realizado anteontem à noite, em Faro. Drago reafirmou que a "questão do aborto não pode ser adiada", naquilo que foi um recado explícito para os socialistas, frisando ainda "qualquer outra proposta [que não referendar já este ano] é uma proposta cobarde".

Também Francisco Louçã reagiu à comparação feita por Portas, considerando-a "uma insensatez sem nome", como disse ontem no Funchal o candidato do BE. Louçã acusou Portas de não ainda percebido "o sofrimento das mulheres que decidiram, por razões que só elas sabem, interromper uma gravidez". O candidato do BE lembrou que "em todos os países da Europa essas mulheres são respeitadas e não são perseguidas", não fazendo sentido que Portugal seja o único país europeu onde uma mulher assim seja condenada.

com T. de N.

Helena Pinto Acusa Paulo Portas de "Insultar Todas as Mulheres Portuguesas"

Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2005

Comparar a despenalização do aborto à pena de morte "é inqualificável", diz a bloquist

Maria José Oliveir

"Portugal voltou a estar à frente do seu tempo quando não permitiu a despenalização do aborto no fim do século XX". A frase é de Paulo Portas (ver PÚBLICO de ontem), que, para além de considerar a vitória do "não" na consulta popular de 1998 como um reflexo da vanguarda do país ("a prevalência do direito à vida voltou a ser relevante na história de Portugal no final do século XX"), foi ainda mais longe com a comparação da despenalização do aborto à pena de morte. Helena Pinto, a quarta candidata do Bloco de Esquerda (BE) pelo distrito de Lisboa, contactada pelo PÚBLICO, manifestou-se "chocada" com as afirmações do líder do CDS/PP e não hesitou em classificá-las como "bastante graves".

Helena Pinto, uma das mais acérrimas defensoras da despenalização da interrupção voluntária da gravidez (reincide nesta matéria em todas as intervenções públicas que tem realizado ao longo da campanha eleitoral) começou por afirmar: "Quase não tenho palavras [sobre a comparação com a pena de morte]". "É inqualificável, chocante e bastante grave", continuou, acusando Portas de estar a "insultar todas as mulheres portuguesas". E alertou: "Só espero que no dia 20 as mulheres penalizem esta posição porque é preciso que elas utilizem o seu voto para penalizar quem pensa desta maneira."

O facto de o líder dos democratas-cristãos ter convocado a questão do aborto e brandido a comparação com a pena de morte tem várias justificações, apontou Helena Pinto. Portas "quer enganar as pessoas" ao argumentar que o resultado do referendo de 1998 ilustra o "Portugal à frente do seu tempo"."Basta olhar para a lei dos restantes países europeus para ver como estamos extremamente atrasados", explicou a candidata. Depois, acrescentou, há a possibilidade ainda não assegurada, em termos de calendário, de o eventual Governo do PS avançar com um novo referendo sobre o aborto: "Isto tem a ver com o [futuro] referendo", disse, "porque a direita agarra-se a resultados que têm cerca de sete anos e agora está com medo dos resultados".

Helena Pinto repetiu ainda aquilo que tem vindo a exigir desde o início da campanha: que o PS "clarifique a sua posição" sobre este tema. Também a terceira candidata bloquista por Lisboa, Ana Drago, centrou a sua intervenção no referendo sobre o aborto, num comício realizado anteontem à noite, em Faro. Drago reafirmou que a "questão do aborto não pode ser adiada", naquilo que foi um recado explícito para os socialistas, frisando ainda "qualquer outra proposta [que não referendar já este ano] é uma proposta cobarde".

Também Francisco Louçã reagiu à comparação feita por Portas, considerando-a "uma insensatez sem nome", como disse ontem no Funchal o candidato do BE. Louçã acusou Portas de não ainda percebido "o sofrimento das mulheres que decidiram, por razões que só elas sabem, interromper uma gravidez". O candidato do BE lembrou que "em todos os países da Europa essas mulheres são respeitadas e não são perseguidas", não fazendo sentido que Portugal seja o único país europeu onde uma mulher assim seja condenada.

com T. de N.

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