O Comércio do Porto

12-10-2004
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Arlindo Cunha disponível para presidência da Reabilitação Urbana SERVIÇOS Imprimir esta página Contactar Anterior Voltar Seguinte

O ex-ministro das Cidades confirmou ao COMÉRCIO o convite feito por Rui Rio; PS fala em desperdício de recursos financeiros que farão falta à Sociedade de Reabilitação Urbana

PATRÍCIA CARVALHO

Arlindo Cunha está dis-ponível para aceitar o cargo de presidente do conselho de administração da Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU). O ex-ministro das Cidades confirmou ao COMÉRCIO ter sido contactado pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, sobre a sua disponibilidade para assumir a liderança da estrutura responsável pela reabilitação da Baixa da cidade e disse estar pronto para assumir "essa função cívica". Indiferente às críticas da oposição, que encara como "uma situação normal", garante que o seu cargo não é político.

"Houve uma abordagem por parte do presidente da Câmara para saber se, quando a sociedade for constituída, eu aceitaria ser eleito pela Assembleia Geral como presidente da sociedade", esclarece Arlindo Cunha. A resposta favorável do político foi suficiente para que a edição de Outubro da revista camarária, "Porto Sempre", apresentasse já o anterior ministro de Durão Barroso como o futuro presidente da SRU. "Porto Vivo-SRU será presidida por Arlindo Cunha" é o título que encabeça a página dedicada ao tema.

Mais prudente, Cunha lembra que a SRU "ainda não existe", estando a sua constituição dependente da aprovação na Assembleia Municipal (AM) do Porto, onde deverá ser votada já na próxima segunda-feira. "A partir daí, se for criada, então a Assembleia Geral elegerá os seus órgãos", acrescenta. O COMÉRCIO sabe que Arlindo Cunha foi o nome de consenso, encontrado pela Câmara do Porto e o Instituto Nacional de Habitação (INH), os dois promotores da SRU, e o ex-ministro agarrou a oportunidade, numa fase em que, sorri, "estou no período de nojo da política".

Lembrando que o cargo que deverá ocupar na SRU é "não executivo" (Joaquim Branco será o presidente da Comissão Executiva), Arlindo Cunha explica porque decidiu aceitá-lo. "É um desafio aliciante e todos devemos dar o nosso contributo, por pequeno que seja, para reabilitar a cidade", diz.

Consciente das críticas já veiculadas pela oposição, Arlindo Cunha considera a situação "normal". "Isso é normal. Faz parte do debate político. Além disso, este não é um cargo político. Quem elege os órgãos sociais é a assembleia geral de accionistas", acrescenta.

Contactado pelo COMÉRCIO, o socialista Manuel Diogo explicou ter sido apanhado de surpesa pela notícia e critica a criação do cargo que Arlindo Cunha deverá assumir. "Não coloco, em circunstância alguma, a qualidade política do doutor Arlindo Cunha em causa. Mas acho desadequada a função. A SRU dispensava mais um gestor, é desperdiçar recursos financeiros que tanta falta farão para a requalificação do Porto", criticou. O socialista considera que a manutenção de Joaquim Branco à frente do projecto seria suficiente, argumentando: "Isto é uma duplicação de funções e acima de tudo, uma decisão que vai penalizar os cofres da câmara".

O vereador do PS na Câmara do Porto questiona mesmo se não se está a criar o cargo para "dar emprego" a Cunha. "A ideia que eu tenho das novas SRU é que elas foram criadas para resolver problemas de natureza estrutural e de requalificação e não para resolver problemas de emprego de políticos que conjunturalmente não estão a desempenhar funções de natureza politica, como é o caso do doutor Arlindo Cunha", atira.

Durante o dia de ontem não foi possível contactar o vereador da CDU na autarquia, Rui Sá, contudo, em declarações ao "Público", o comunista questionou a apresentação do nome de Arlindo Cunha para a presidência da SRU, considerando-o como uma escolha política. "Rui Rio tem de se convencer que lugares como este não devem ser ocupados apenas por militantes do PSD", disse. Sá explica que preferia ter visto o nome do futuro presidente da SRU consensualizado entre os vários partidos do executivo camarário. "A não ser que se tivesse encontrado uma pessoa acima de qualquer dúvida, como por exemplo Artur Santos Silva - que é uma figura com trabalho feito em prol da cidade, logo capaz de gerar um consenso tácito - , a opção devia ser conversada entre as diversas forças políticas representadas na câmara", defendeu.

SRU em debate segunda-feira na Assembleia

Não será exagero dizer-se que a reabilitação da baixa portuense é o "Ai, Jesus" do mandato de Rui Rio. Daí que o autarca se tenha mesmo indignado com o Governo pelo atraso na criação legal das Sociedades de Reabilitação Urbana. Depois de muita espera, seria o Porto a receber o aprovação, em Conselho de Ministros, do financiamento que permite a constituição da SRU, a 29 de Julho deste ano. De imediato, Rio fez aprovar a criação oficial da Comissão Instaladora, presidida por Joaquim Branco, na expectativa que a criação da Porto Vivo pudesse ser aprovada pela Assembleia Municipal (AM) ainda durante o mês de Setembro. Na semana passada, durante a apresentação do novo projecto para a Pedreira da Trindade, Rio lamento o facto do documento ainda não ter ido à AM mas afirmou ter garantias do presidente da mesa, Álvaro Castello-Branco, que o assunto será mesmo discutido na próxima segunda-feira.

Com um capital social de 6 milhões de euros (2,4 do orçamento camarário e 3,6 provenientes do Governo, via INH), a Porto Vivo viu os seus estatutos aprovados pela maioria camarária no passado dia 21 de Setembro (Rui Sá votou contra e o PS nem chegou a votar, por se encontrar ausente da sala no momento da aprovação do documento).

Agora, a sociedade aguarda pela aprovação na AM do Porto para ser oficialmente constituída.

Responsável pela futura reabilitação de vários quarteirões no centro da cidade, a SRU espera avançar com os primeiros trabalhos nos primeiros meses do próximo ano.

Por enquanto, continua com o trabalho de diagnóstico dos quarteirões-piloto (nas zonas de Carlos Alberto, Palácio das Cardosas, Praça D. João I/Sá da Bandeira, Rua Formosa, Praça do Infante e Cais das Pedras), que deverá estar concluído até ao final deste mês.

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Fica expressamente proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos oferecidos através deste meio, salvo autorização expressa de O Comércio do Porto

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O ex-ministro das Cidades confirmou ao COMÉRCIO o convite feito por Rui Rio; PS fala em desperdício de recursos financeiros que farão falta à Sociedade de Reabilitação Urbana

PATRÍCIA CARVALHO

Arlindo Cunha está dis-ponível para aceitar o cargo de presidente do conselho de administração da Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU). O ex-ministro das Cidades confirmou ao COMÉRCIO ter sido contactado pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, sobre a sua disponibilidade para assumir a liderança da estrutura responsável pela reabilitação da Baixa da cidade e disse estar pronto para assumir "essa função cívica". Indiferente às críticas da oposição, que encara como "uma situação normal", garante que o seu cargo não é político.

"Houve uma abordagem por parte do presidente da Câmara para saber se, quando a sociedade for constituída, eu aceitaria ser eleito pela Assembleia Geral como presidente da sociedade", esclarece Arlindo Cunha. A resposta favorável do político foi suficiente para que a edição de Outubro da revista camarária, "Porto Sempre", apresentasse já o anterior ministro de Durão Barroso como o futuro presidente da SRU. "Porto Vivo-SRU será presidida por Arlindo Cunha" é o título que encabeça a página dedicada ao tema.

Mais prudente, Cunha lembra que a SRU "ainda não existe", estando a sua constituição dependente da aprovação na Assembleia Municipal (AM) do Porto, onde deverá ser votada já na próxima segunda-feira. "A partir daí, se for criada, então a Assembleia Geral elegerá os seus órgãos", acrescenta. O COMÉRCIO sabe que Arlindo Cunha foi o nome de consenso, encontrado pela Câmara do Porto e o Instituto Nacional de Habitação (INH), os dois promotores da SRU, e o ex-ministro agarrou a oportunidade, numa fase em que, sorri, "estou no período de nojo da política".

Lembrando que o cargo que deverá ocupar na SRU é "não executivo" (Joaquim Branco será o presidente da Comissão Executiva), Arlindo Cunha explica porque decidiu aceitá-lo. "É um desafio aliciante e todos devemos dar o nosso contributo, por pequeno que seja, para reabilitar a cidade", diz.

Consciente das críticas já veiculadas pela oposição, Arlindo Cunha considera a situação "normal". "Isso é normal. Faz parte do debate político. Além disso, este não é um cargo político. Quem elege os órgãos sociais é a assembleia geral de accionistas", acrescenta.

Contactado pelo COMÉRCIO, o socialista Manuel Diogo explicou ter sido apanhado de surpesa pela notícia e critica a criação do cargo que Arlindo Cunha deverá assumir. "Não coloco, em circunstância alguma, a qualidade política do doutor Arlindo Cunha em causa. Mas acho desadequada a função. A SRU dispensava mais um gestor, é desperdiçar recursos financeiros que tanta falta farão para a requalificação do Porto", criticou. O socialista considera que a manutenção de Joaquim Branco à frente do projecto seria suficiente, argumentando: "Isto é uma duplicação de funções e acima de tudo, uma decisão que vai penalizar os cofres da câmara".

O vereador do PS na Câmara do Porto questiona mesmo se não se está a criar o cargo para "dar emprego" a Cunha. "A ideia que eu tenho das novas SRU é que elas foram criadas para resolver problemas de natureza estrutural e de requalificação e não para resolver problemas de emprego de políticos que conjunturalmente não estão a desempenhar funções de natureza politica, como é o caso do doutor Arlindo Cunha", atira.

Durante o dia de ontem não foi possível contactar o vereador da CDU na autarquia, Rui Sá, contudo, em declarações ao "Público", o comunista questionou a apresentação do nome de Arlindo Cunha para a presidência da SRU, considerando-o como uma escolha política. "Rui Rio tem de se convencer que lugares como este não devem ser ocupados apenas por militantes do PSD", disse. Sá explica que preferia ter visto o nome do futuro presidente da SRU consensualizado entre os vários partidos do executivo camarário. "A não ser que se tivesse encontrado uma pessoa acima de qualquer dúvida, como por exemplo Artur Santos Silva - que é uma figura com trabalho feito em prol da cidade, logo capaz de gerar um consenso tácito - , a opção devia ser conversada entre as diversas forças políticas representadas na câmara", defendeu.

SRU em debate segunda-feira na Assembleia

Não será exagero dizer-se que a reabilitação da baixa portuense é o "Ai, Jesus" do mandato de Rui Rio. Daí que o autarca se tenha mesmo indignado com o Governo pelo atraso na criação legal das Sociedades de Reabilitação Urbana. Depois de muita espera, seria o Porto a receber o aprovação, em Conselho de Ministros, do financiamento que permite a constituição da SRU, a 29 de Julho deste ano. De imediato, Rio fez aprovar a criação oficial da Comissão Instaladora, presidida por Joaquim Branco, na expectativa que a criação da Porto Vivo pudesse ser aprovada pela Assembleia Municipal (AM) ainda durante o mês de Setembro. Na semana passada, durante a apresentação do novo projecto para a Pedreira da Trindade, Rio lamento o facto do documento ainda não ter ido à AM mas afirmou ter garantias do presidente da mesa, Álvaro Castello-Branco, que o assunto será mesmo discutido na próxima segunda-feira.

Com um capital social de 6 milhões de euros (2,4 do orçamento camarário e 3,6 provenientes do Governo, via INH), a Porto Vivo viu os seus estatutos aprovados pela maioria camarária no passado dia 21 de Setembro (Rui Sá votou contra e o PS nem chegou a votar, por se encontrar ausente da sala no momento da aprovação do documento).

Agora, a sociedade aguarda pela aprovação na AM do Porto para ser oficialmente constituída.

Responsável pela futura reabilitação de vários quarteirões no centro da cidade, a SRU espera avançar com os primeiros trabalhos nos primeiros meses do próximo ano.

Por enquanto, continua com o trabalho de diagnóstico dos quarteirões-piloto (nas zonas de Carlos Alberto, Palácio das Cardosas, Praça D. João I/Sá da Bandeira, Rua Formosa, Praça do Infante e Cais das Pedras), que deverá estar concluído até ao final deste mês.

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