Pensar no futuro para evitar erros

08-08-2004
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Investimentos

Pensar no Futuro para Evitar Erros

Segunda-feira, 19 de Julho de 2004

Os gestores de fundos globais esperam um abrandamento no crescimento da economia mundial e apontam o Japão como um dos mercados com mais possibilidades de crescimento. Estarão certos?

Gonçalo Morna

É impossível prever a evolução futura dos mercados financeiros. É impossível estar sempre do lado certo dos mercados financeiros, ou seja, investir numa determinada classe de activos no dia exacto do início do seu ciclo de subida e desinvestir no dia em que essa classe de activos começa uma fase de descida dos preços. Os primeiros a concordar com estas afirmações são os principais e mais bem sucedidos gestores de activos mundiais.

No último inquérito realizado pela Merrill Lynch a gestores de fundos globais, publicado no passado dia 13 de Julho, podemos constatar a opinião de verdadeiros profissionais da área da gestão de activos, que nos podem ajudar a perceber qual o sentimento actual e perspectivas de comportamento futuro dos mercados financeiros. As principais conclusões são: pela primeira vez desde o início de 2001, mais de metade dos inquiridos manifestaram a opinião de que o crescimento global da economia mundial irá enfraquecer no futuro; apenas dois por cento dos inquiridos acham que os resultados das empresas irão melhorar; 78 por cento afirmaram que a inflação estará mais elevada daqui a um ano; praticamente todos os inquiridos, mais precisamente 94 por cento, esperam que as taxas de juro de curto prazo estejam mais elevadas daqui a um ano; em termos de preferências regionais para os mercados accionistas mundiais, o mercado japonês é neste momento o preferido dos gestores de fundos, uma vez que as expectativas de crescimento dos resultados das empresas nipónicas são bastante favoráveis; ainda no Japão, de realçar que o iene é, na opinião do painel de gestores de fundos inquiridos, a moeda com maior potencial de apreciação futura.

Apesar dos inquiridos serem profissionais da matéria com respostas fundamentadas em análises profissionais e experiência adquirida, ninguém poderá afirmar, com toda a certeza, que estas previsões vão corresponder à realidade futura. Podemos, isso sim, aproveitar os resultados deste inquérito e de outras análises credíveis disponíveis para melhor definirmos a nossa estratégia futura.

Qualquer investidor, por mais conhecimentos e experiência que tenha sobre mercados, já cometeu erros e irá, com toda a certeza, voltar a tomar decisões de investimento erradas no futuro. Os investidores mais bem sucedidos não são os que não cometem erros, porque esses não existem. São, isso sim, aqueles que conseguem minimizar os erros cometidos. Vários estudos realizados têm mostrado que existem erros que são cometidos com maior frequência e podem, por isso mesmo, ser evitados mais facilmente. A falta de um plano, de uma estratégia, é um dos erros apontados mais frequentemente.

Primeiro temos que definir objectivos (ex: reforma, educação dos filhos, compra de casa, etc) e depois definir uma estratégia que seja adequada à realização desses objectivos. A falsa diversificação é outro erro frequentemente detectado. Por exemplo, um investidor que invista em três fundos de acções pode pensar que está a realizar uma correcta diversificação quando, na realidade, isso não está a acontecer. Basta para isso que os fundos em questão tenham nas suas carteiras uma percentagem elevada de acções das mesmas empresas.

A compra de activos baseada no seu comportamento histórico continua a ser, infelizmente, bastante comum. Está provado que, por mais alertas que sejam feitos, os investidores são psicologicamente influenciados principalmente pelos bons desempenhos passados, quando deveriam, isso sim, preocupar-se com as perspectivas de desempenho futuras, baseadas na análise actual e profissional dos activos. Muitos investidores confundem também a actividade de "trading" de acções com o melhor desempenho. Para além de a análise histórica provar que, na maior parte das situações, o investimento de longo prazo é o mais bem sucedido, o "trading" implica também um aumento substancial dos custos de transacções, que penaliza o desempenho. Aqueles que delegam a gestão dos seus investimentos em profissionais têm que pagar uma comissão sobre essa gestão. Uma comissão de gestão de, por exemplo, 1,2 por cento, pode ser mais do que justa se o trabalho for todo ele realizado por verdadeiros profissionais, mas pode ser extremamente elevada se grande parte desse trabalho for realizado pelos próprios investidores ou se os resultados dos profissionais forem constantemente abaixo do comportamento real dos mercados.

Muitos outros erros são frequentemente cometidos pelos investidores. Quem conseguir identificar os enganos mais vezes cometidos no passado e admitir esses mesmos erros estará, sem sombra de dúvida, mais apto a evitá-los no futuro e, consequentemente, a minimizar os erros globais.

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Pensar no Futuro para Evitar Erros

Segunda-feira, 19 de Julho de 2004

Os gestores de fundos globais esperam um abrandamento no crescimento da economia mundial e apontam o Japão como um dos mercados com mais possibilidades de crescimento. Estarão certos?

Gonçalo Morna

É impossível prever a evolução futura dos mercados financeiros. É impossível estar sempre do lado certo dos mercados financeiros, ou seja, investir numa determinada classe de activos no dia exacto do início do seu ciclo de subida e desinvestir no dia em que essa classe de activos começa uma fase de descida dos preços. Os primeiros a concordar com estas afirmações são os principais e mais bem sucedidos gestores de activos mundiais.

No último inquérito realizado pela Merrill Lynch a gestores de fundos globais, publicado no passado dia 13 de Julho, podemos constatar a opinião de verdadeiros profissionais da área da gestão de activos, que nos podem ajudar a perceber qual o sentimento actual e perspectivas de comportamento futuro dos mercados financeiros. As principais conclusões são: pela primeira vez desde o início de 2001, mais de metade dos inquiridos manifestaram a opinião de que o crescimento global da economia mundial irá enfraquecer no futuro; apenas dois por cento dos inquiridos acham que os resultados das empresas irão melhorar; 78 por cento afirmaram que a inflação estará mais elevada daqui a um ano; praticamente todos os inquiridos, mais precisamente 94 por cento, esperam que as taxas de juro de curto prazo estejam mais elevadas daqui a um ano; em termos de preferências regionais para os mercados accionistas mundiais, o mercado japonês é neste momento o preferido dos gestores de fundos, uma vez que as expectativas de crescimento dos resultados das empresas nipónicas são bastante favoráveis; ainda no Japão, de realçar que o iene é, na opinião do painel de gestores de fundos inquiridos, a moeda com maior potencial de apreciação futura.

Apesar dos inquiridos serem profissionais da matéria com respostas fundamentadas em análises profissionais e experiência adquirida, ninguém poderá afirmar, com toda a certeza, que estas previsões vão corresponder à realidade futura. Podemos, isso sim, aproveitar os resultados deste inquérito e de outras análises credíveis disponíveis para melhor definirmos a nossa estratégia futura.

Qualquer investidor, por mais conhecimentos e experiência que tenha sobre mercados, já cometeu erros e irá, com toda a certeza, voltar a tomar decisões de investimento erradas no futuro. Os investidores mais bem sucedidos não são os que não cometem erros, porque esses não existem. São, isso sim, aqueles que conseguem minimizar os erros cometidos. Vários estudos realizados têm mostrado que existem erros que são cometidos com maior frequência e podem, por isso mesmo, ser evitados mais facilmente. A falta de um plano, de uma estratégia, é um dos erros apontados mais frequentemente.

Primeiro temos que definir objectivos (ex: reforma, educação dos filhos, compra de casa, etc) e depois definir uma estratégia que seja adequada à realização desses objectivos. A falsa diversificação é outro erro frequentemente detectado. Por exemplo, um investidor que invista em três fundos de acções pode pensar que está a realizar uma correcta diversificação quando, na realidade, isso não está a acontecer. Basta para isso que os fundos em questão tenham nas suas carteiras uma percentagem elevada de acções das mesmas empresas.

A compra de activos baseada no seu comportamento histórico continua a ser, infelizmente, bastante comum. Está provado que, por mais alertas que sejam feitos, os investidores são psicologicamente influenciados principalmente pelos bons desempenhos passados, quando deveriam, isso sim, preocupar-se com as perspectivas de desempenho futuras, baseadas na análise actual e profissional dos activos. Muitos investidores confundem também a actividade de "trading" de acções com o melhor desempenho. Para além de a análise histórica provar que, na maior parte das situações, o investimento de longo prazo é o mais bem sucedido, o "trading" implica também um aumento substancial dos custos de transacções, que penaliza o desempenho. Aqueles que delegam a gestão dos seus investimentos em profissionais têm que pagar uma comissão sobre essa gestão. Uma comissão de gestão de, por exemplo, 1,2 por cento, pode ser mais do que justa se o trabalho for todo ele realizado por verdadeiros profissionais, mas pode ser extremamente elevada se grande parte desse trabalho for realizado pelos próprios investidores ou se os resultados dos profissionais forem constantemente abaixo do comportamento real dos mercados.

Muitos outros erros são frequentemente cometidos pelos investidores. Quem conseguir identificar os enganos mais vezes cometidos no passado e admitir esses mesmos erros estará, sem sombra de dúvida, mais apto a evitá-los no futuro e, consequentemente, a minimizar os erros globais.

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