Empresas fogem da bolsa alemã

24-09-2004
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TUI suspende IPO do seu armador

Empresas Fogem da Bolsa Alemã

Segunda-feira, 13 de Setembro de 2004

A rentável Hapag Lloyd, susidiária do maior operador turistico europeu, é a sexta empresa a cancelar a entrada em bolsa este ano, desferindo mais um duro golpe no mercado de capitais germânico

Helena Ferro de Gouveia, Frankfurt

A oferta pública inicial (IPO em inglês) da subsidiária marítima e logística da TUI, a Hapag Lloyd, desvaneceu-se face a condições de mercado desfavoráveis na Alemanha. A resolução é "definitiva" anunciou Michael Frentzel, presidente do maior operador turístico europeu, que afastou também o cenário de uma IPO no próximo ano.

A TUI tencionava colocar na Bolsa de Frankfurt, no Outono, entre 33 a 49,9 por cento da Hapag Lloyd, sociedade avaliada 2,5 mil milhões de euros. O ano até nem estava a correr mal para a empresa especializada em cruzeiros e no transporte marítimo de contentores que registou, no primeiro semestre deste ano, um aumento de 62,5 por cento para 104 milhões de euros nos lucros.

No entanto, durante a preparação da oferta pública da Hapag Lloy a situação nos mercados de capitais alterou-se. A Siltronic (fabricante de chips), a Autoteile Unger (componentes automóveis), a EWE (energia) e a X-Fab (semi-condutores) que também se preparavam para entrar em bolsa anularam os IPO, o que teria consequências na fixação do preço por acção da subsidiária da TUI, com prejuízo para o encaixe financeiro esperado pela casa mãe. Neste contexto já não seria possível obter o preço desejável pelos vendedores, consideram analistas. "Não vemos uma hipótese séria de obter o valor real da Hapag Lloyd num IPO", concordou Frenzel. Nas actuais condições do mercado de capitais, a companhia não valeria mais 1,5 mil milhões de euros. Em Junho o Post Bank, banco postal alemão, viu-se forçado a baixar o preço para encontrar compradores para as acções que colocou em bolsa, só assim garantindo o sucesso da operação.

OPA hostil em vez de IPO?

O recuo da TUI na intenção de cotar a sua participada não só não surpreendeu os meios bolsistas, como até terá ajudado à sua valorização devido à possibilidade de uma eventual oferta pública de aquisição (OPA). Embora os analistas do sector afirmem que o adiamento do IPO da Hapag Lloyd não deverá ter qualquer influência em eventuais tentativas de tomadas hostis da empresa mãe, Michael Frentzel classifica esse risco como "grande". O número de interessados na operadora turística é elevado, mas o facto de a Deutsche Börse ter decidido manter a TUI no DAX, o principal índice da bolsa de Frankfurt, tornou as acções mais caras e por isso menos acessíveis a OPA, desvalorizam os analistas.

Um dos objectivos do IPO da Hapag Lloyd era gerar receitas para combater o passivo do grupo TUI - 3,3 mil milhões de euros no final do primeiro seis meses de 2004 - "o que é realizável mesmo sem a entrada em Bolsa da Hapag Lloyd", garantiu Michael Frenzel. Por agora a TUI não tem planos para vender a Hapag Lloyd a um investidor estratégico: " a Hapag Lloyd manter-se-á cem cento do grupo TUI".

O mercado de capitais financeiros alemão não recuperou ainda da crise que o afecta desde 2003, ano em que não foi introduzida em Bolsa nenhuma nova empresa, o que sucedeu pela primeira vez de 1968. As colocações em Bolsa na Alemanha tiveram o seu pico em 1999 com 175 IPO, 113 das quais no Neuer Markt, a bolsa vocacionada para empresas da nova economia, hoje desaparecida.

TUI suspende IPO do seu armador

Empresas Fogem da Bolsa Alemã

Segunda-feira, 13 de Setembro de 2004

A rentável Hapag Lloyd, susidiária do maior operador turistico europeu, é a sexta empresa a cancelar a entrada em bolsa este ano, desferindo mais um duro golpe no mercado de capitais germânico

Helena Ferro de Gouveia, Frankfurt

A oferta pública inicial (IPO em inglês) da subsidiária marítima e logística da TUI, a Hapag Lloyd, desvaneceu-se face a condições de mercado desfavoráveis na Alemanha. A resolução é "definitiva" anunciou Michael Frentzel, presidente do maior operador turístico europeu, que afastou também o cenário de uma IPO no próximo ano.

A TUI tencionava colocar na Bolsa de Frankfurt, no Outono, entre 33 a 49,9 por cento da Hapag Lloyd, sociedade avaliada 2,5 mil milhões de euros. O ano até nem estava a correr mal para a empresa especializada em cruzeiros e no transporte marítimo de contentores que registou, no primeiro semestre deste ano, um aumento de 62,5 por cento para 104 milhões de euros nos lucros.

No entanto, durante a preparação da oferta pública da Hapag Lloy a situação nos mercados de capitais alterou-se. A Siltronic (fabricante de chips), a Autoteile Unger (componentes automóveis), a EWE (energia) e a X-Fab (semi-condutores) que também se preparavam para entrar em bolsa anularam os IPO, o que teria consequências na fixação do preço por acção da subsidiária da TUI, com prejuízo para o encaixe financeiro esperado pela casa mãe. Neste contexto já não seria possível obter o preço desejável pelos vendedores, consideram analistas. "Não vemos uma hipótese séria de obter o valor real da Hapag Lloyd num IPO", concordou Frenzel. Nas actuais condições do mercado de capitais, a companhia não valeria mais 1,5 mil milhões de euros. Em Junho o Post Bank, banco postal alemão, viu-se forçado a baixar o preço para encontrar compradores para as acções que colocou em bolsa, só assim garantindo o sucesso da operação.

OPA hostil em vez de IPO?

O recuo da TUI na intenção de cotar a sua participada não só não surpreendeu os meios bolsistas, como até terá ajudado à sua valorização devido à possibilidade de uma eventual oferta pública de aquisição (OPA). Embora os analistas do sector afirmem que o adiamento do IPO da Hapag Lloyd não deverá ter qualquer influência em eventuais tentativas de tomadas hostis da empresa mãe, Michael Frentzel classifica esse risco como "grande". O número de interessados na operadora turística é elevado, mas o facto de a Deutsche Börse ter decidido manter a TUI no DAX, o principal índice da bolsa de Frankfurt, tornou as acções mais caras e por isso menos acessíveis a OPA, desvalorizam os analistas.

Um dos objectivos do IPO da Hapag Lloyd era gerar receitas para combater o passivo do grupo TUI - 3,3 mil milhões de euros no final do primeiro seis meses de 2004 - "o que é realizável mesmo sem a entrada em Bolsa da Hapag Lloyd", garantiu Michael Frenzel. Por agora a TUI não tem planos para vender a Hapag Lloyd a um investidor estratégico: " a Hapag Lloyd manter-se-á cem cento do grupo TUI".

O mercado de capitais financeiros alemão não recuperou ainda da crise que o afecta desde 2003, ano em que não foi introduzida em Bolsa nenhuma nova empresa, o que sucedeu pela primeira vez de 1968. As colocações em Bolsa na Alemanha tiveram o seu pico em 1999 com 175 IPO, 113 das quais no Neuer Markt, a bolsa vocacionada para empresas da nova economia, hoje desaparecida.

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