Fusão nipónica dará lugar ao maior grupo bancário do mundo

11-08-2004
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Mitsubishi-Tokyo Financial Group pode salvar o UFJ Holdings

Fusão Nipónica Dará Lugar ao Maior Grupo Bancário do Mundo

Segunda-feira, 19 de Julho de 2004

Se o primeiro e o quarto maiores grupos bancários japoneses se fundirem, será criado um conglomerado com activos de 1,4 mil milhões de euros, quase 80 mil funcionários e cerca de mil agências

Ana Catarina Neves

O UFJ Holdings anunciou no passado dia 14 a possibilidade de fusão com o Mitsubishi-Tokyo Financial Group, o maior conglomerado financeiro do Japão. A conclusão do negócio resultará na criação do maior credor do mundo, com activos na ordem dos 1,4 mil milhões de euros, ultrapassando assim o líder Citigroup, cujos activos rondam os mil milhões de euros. A inicativa partiu do UFJ, o quarto maior banco japonês, que três meses antes tinha feito uma proposta ao grupo financeiro Sumitomo Trust & Banking, o sexto banco nacional. Após constatar a inviabilidade do processo, o UFJ Holdinds optou por propor a fusão ao Mitsubishi-Tokyo, com o intuito de eliminar empréstimos incobráveis.

Os dois grupos surgiram também da fusão entre outros bancos, como resposta à crise bancária provocada pela fase final da grande especulação imobiliária e bolsista da década de 80.

A medida não é uma surpresa para o governo nipónico. Heizo Takenaka, ministro da Economia e dos serviços financeiros, já utilizou essa solução para restaurar a saúde económica do país. Conhecido como um dos principais responsáveis da reforma bancária no Japão e pela consequente criação de quatro mega-bancos - entre os quais o Mitsubishi-Tokyo e o UFJ -, Takenaka é apontado como um dos responsáveis pelo progresso económico japonês registado nos últimos três anos.

O UFJ, entidade resultante da fusão dos bancos Sanwa, Tokai e Toyo no ano 2000, revela uma grande presença no mercado das PME, mas vê-se afectada pela acumulação de 9,5 mil milhões de euros em crédito malparado, de acordo com estimativas do jornal "Financial Times". A Agência dos Serviços Financeiros, entidade reguladora do sector bancário, recomendou recentemento ao UFJ que revisse os seus números antes de proceder à divulgação, em Março, dos resultados relativos ao passado ano fiscal. Ao invés dos resultados positivos anteriormente previstos, foram anunciados 2,9 mil milhões de euros de prejuízos; as previsões para o crédito malparado passaram de 3,6 para 9,5 mil milhões de euros. Perante estes resultados, a maioria dos executivos foi despedida e foi adoptado um plano de emergência de recuperação interna, que inclui uma nova estratégia de presença no mercado.

Ao contrário do UFJ, o Mitsubishi-Tokyo tem pouco crédito malparado e é o banco mais rentável do Japão, com uma capitalização bolsista de 49 mil milhões de euros. Com a fusão, o Mitsubishi-Tokyo passará a contar com a ampla rede de clientes individuais do UFJ, o que fará disparar a sua competitividade em todos os sectores. A fusão deverá ser concluída no final deste ano, passando a nova entidade a controlar quatro bancos: o Mitsubishi-Tokyo, o UFJ, o Mitsubishi Trust e o UFJ Trust, anunciou o diário "Nihon Keizai".

O novo grupo terá 78.800 trabalhadores, 835 sucursais no Japão e 107 no estrangeiro. Ultrapassará em activos o Citigroup, a maior entidade financeira do mundo desde 1998 - altura em que adquiriu o Travellers Group -, mas em valores de mercado será o segundo, com uma capitalização de 68,6 mil milhões de euros, perante os 189 mil milhões de euros do Citigroup. Apesar do enorme contributo que representará para o saneamento da bolsa de Tóquio, os analistas advertem que a fusão pode prejudicar o gigante Mitsubishi-Tokyo com o peso dos créditos incobráveis do UFJ.

Mitsubishi-Tokyo Financial Group pode salvar o UFJ Holdings

Fusão Nipónica Dará Lugar ao Maior Grupo Bancário do Mundo

Segunda-feira, 19 de Julho de 2004

Se o primeiro e o quarto maiores grupos bancários japoneses se fundirem, será criado um conglomerado com activos de 1,4 mil milhões de euros, quase 80 mil funcionários e cerca de mil agências

Ana Catarina Neves

O UFJ Holdings anunciou no passado dia 14 a possibilidade de fusão com o Mitsubishi-Tokyo Financial Group, o maior conglomerado financeiro do Japão. A conclusão do negócio resultará na criação do maior credor do mundo, com activos na ordem dos 1,4 mil milhões de euros, ultrapassando assim o líder Citigroup, cujos activos rondam os mil milhões de euros. A inicativa partiu do UFJ, o quarto maior banco japonês, que três meses antes tinha feito uma proposta ao grupo financeiro Sumitomo Trust & Banking, o sexto banco nacional. Após constatar a inviabilidade do processo, o UFJ Holdinds optou por propor a fusão ao Mitsubishi-Tokyo, com o intuito de eliminar empréstimos incobráveis.

Os dois grupos surgiram também da fusão entre outros bancos, como resposta à crise bancária provocada pela fase final da grande especulação imobiliária e bolsista da década de 80.

A medida não é uma surpresa para o governo nipónico. Heizo Takenaka, ministro da Economia e dos serviços financeiros, já utilizou essa solução para restaurar a saúde económica do país. Conhecido como um dos principais responsáveis da reforma bancária no Japão e pela consequente criação de quatro mega-bancos - entre os quais o Mitsubishi-Tokyo e o UFJ -, Takenaka é apontado como um dos responsáveis pelo progresso económico japonês registado nos últimos três anos.

O UFJ, entidade resultante da fusão dos bancos Sanwa, Tokai e Toyo no ano 2000, revela uma grande presença no mercado das PME, mas vê-se afectada pela acumulação de 9,5 mil milhões de euros em crédito malparado, de acordo com estimativas do jornal "Financial Times". A Agência dos Serviços Financeiros, entidade reguladora do sector bancário, recomendou recentemento ao UFJ que revisse os seus números antes de proceder à divulgação, em Março, dos resultados relativos ao passado ano fiscal. Ao invés dos resultados positivos anteriormente previstos, foram anunciados 2,9 mil milhões de euros de prejuízos; as previsões para o crédito malparado passaram de 3,6 para 9,5 mil milhões de euros. Perante estes resultados, a maioria dos executivos foi despedida e foi adoptado um plano de emergência de recuperação interna, que inclui uma nova estratégia de presença no mercado.

Ao contrário do UFJ, o Mitsubishi-Tokyo tem pouco crédito malparado e é o banco mais rentável do Japão, com uma capitalização bolsista de 49 mil milhões de euros. Com a fusão, o Mitsubishi-Tokyo passará a contar com a ampla rede de clientes individuais do UFJ, o que fará disparar a sua competitividade em todos os sectores. A fusão deverá ser concluída no final deste ano, passando a nova entidade a controlar quatro bancos: o Mitsubishi-Tokyo, o UFJ, o Mitsubishi Trust e o UFJ Trust, anunciou o diário "Nihon Keizai".

O novo grupo terá 78.800 trabalhadores, 835 sucursais no Japão e 107 no estrangeiro. Ultrapassará em activos o Citigroup, a maior entidade financeira do mundo desde 1998 - altura em que adquiriu o Travellers Group -, mas em valores de mercado será o segundo, com uma capitalização de 68,6 mil milhões de euros, perante os 189 mil milhões de euros do Citigroup. Apesar do enorme contributo que representará para o saneamento da bolsa de Tóquio, os analistas advertem que a fusão pode prejudicar o gigante Mitsubishi-Tokyo com o peso dos créditos incobráveis do UFJ.

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