Divergência antiga Barreto/Santana abre crise no DN

21-08-2004
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Divergência Antiga Barreto/Santana Abre Crise no DN

Por PAULO MIGUEL MADEIRA

Quinta-feira, 19 de Agosto de 2004 A editora adjunta de política nacional do "Diário de Notícias", Graça Henriques, demitiu-se na sequência da decisão da direcção do jornal de retirar uma notícia da edição que foi para as bancas ontem. O texto em causa reportava-se a divergências antigas entre o actual primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, e o seu actual ministro de Estado e das Actividades Económicas, Álvaro Barreto, que é uma espécie de "número 2" do Governo. A peça em questão baseava-se numa entrevista que Álvaro Barreto deu ao "Semanário" de 12 de Outubro de 1996, pouco depois de um congresso do PSD. Nela, o agora ministro de Estado dizia: "Não penso, sinceramente, que Santana Lopes tenha grandes 'chances' de poder vir a ser no futuro líder do PSD, quaisquer que sejam as circunstâncias, pois cometeu demasiados erros nos últimos tempos. O seu prestígio do ponto de vista político está e estará seriamente abalado." Falava também "da encenação com que Santana Lopes rodeia sempre a sua entrada em reuniões deste tipo [congressos], entrando na sala de modo a centrar nele as atenções de toda a comunicação social". Quando a direcção do "Diário de Notícias" viu a notícia, já em página, próximo da hora do fecho da edição, considerou que não estava publicável. A editora adjunta da secção, que tinha a seu cargo a edição daquele dia, reuniu-se então com a direcção, tendo manifestado uma perspectiva muito diferente, irreconciliável ao ponto de não lhe permitir continuar a exercer funções. A notícia era assinada por uma estagiária e dois outros jornalistas da secção Nacional. Os nove jornalistas da secção fizeram chegar ao Conselho de Redacção do jornal um documento onde expressam a sua solidariedade com Graça Henriques. A secção esteve também reunida com a direcção ontem à tarde, durante cerca de três horas, entre próximo das 16h e próximo das 19h, tendo expressado a sua solidariedade para com a editora adjunta demissionária. Os jornalistas da secção são de opinião que o texto deveria ter sido publicado. O Conselho de Redacção tem prevista uma reunião para hoje à tarde, onde deverá tomar posição sobre o assunto, devendo depois reunir-se com o director, Fernando Lima. Contactado pelo PÚBLICO, o director do Diário de Notícias disse apenas que não se pronuncia sobre questões internas do jornal. Graça Henriques também não quis fazer qualquer comentário ao assunto. Divisões internas O editor da secção, Manuel Carlos Freire, não se solidarizou com a editora adjunta. Contactado pelo PÚBLICO, afirmou apenas: "Não tenho nada a dizer. É uma questão interna." Fonte do "Diário de Notícias" falou mesmo em "mal-estar na secção devido ao perfil do editor", que "veio da Lusa sem qualquer experiência de edição". Manuel Carlos Freire, ex-jornalista da Lusa, foi contratado pela actual direcção para editor da Política Nacional e assumiu funções no início de Novembro do ano passado, num ambiente de polémica devido ao director, Fernando Lima, ter tomado posse pouco depois de deixar as funções de assessor de Martins da Cruz, quando este foi ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro-ministro Durão Barroso. Na altura, um plenário da redacção aprovou uma moção crítica à nomeação de Fernando Lima, "por entender que o seu percurso profissional de assessoria de imprensa de Cavaco Silva, primeiro, e de Martins da Cruz, mais recentemente, o afasta de forma clara do perfil exigido ao líder executivo de um projecto de comunicação social como o 'Diário de Notícias'". O Conselho de Redacção deu depois parecer negativo à sua nomeação como director. Na mesma altura, a Alta-Autoridade para a Comunicação Social aprovou por maioria uma moção onde afirmava que a ida de Fernando Lima directamente de uma função de assessoria junto de um membro do Governo para director do "Diário de Notícias" podia "condicionar, em termos objectivos, a imagem" deste órgão de comunicação. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Divergência antiga Barreto/Santana abre crise no DN

Morreu o fotojornalista norte-americano Carl Mydans

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Quinta-feira, 19 de Agosto de 2004 A editora adjunta de política nacional do "Diário de Notícias", Graça Henriques, demitiu-se na sequência da decisão da direcção do jornal de retirar uma notícia da edição que foi para as bancas ontem. O texto em causa reportava-se a divergências antigas entre o actual primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, e o seu actual ministro de Estado e das Actividades Económicas, Álvaro Barreto, que é uma espécie de "número 2" do Governo. A peça em questão baseava-se numa entrevista que Álvaro Barreto deu ao "Semanário" de 12 de Outubro de 1996, pouco depois de um congresso do PSD. Nela, o agora ministro de Estado dizia: "Não penso, sinceramente, que Santana Lopes tenha grandes 'chances' de poder vir a ser no futuro líder do PSD, quaisquer que sejam as circunstâncias, pois cometeu demasiados erros nos últimos tempos. O seu prestígio do ponto de vista político está e estará seriamente abalado." Falava também "da encenação com que Santana Lopes rodeia sempre a sua entrada em reuniões deste tipo [congressos], entrando na sala de modo a centrar nele as atenções de toda a comunicação social". Quando a direcção do "Diário de Notícias" viu a notícia, já em página, próximo da hora do fecho da edição, considerou que não estava publicável. A editora adjunta da secção, que tinha a seu cargo a edição daquele dia, reuniu-se então com a direcção, tendo manifestado uma perspectiva muito diferente, irreconciliável ao ponto de não lhe permitir continuar a exercer funções. A notícia era assinada por uma estagiária e dois outros jornalistas da secção Nacional. Os nove jornalistas da secção fizeram chegar ao Conselho de Redacção do jornal um documento onde expressam a sua solidariedade com Graça Henriques. A secção esteve também reunida com a direcção ontem à tarde, durante cerca de três horas, entre próximo das 16h e próximo das 19h, tendo expressado a sua solidariedade para com a editora adjunta demissionária. Os jornalistas da secção são de opinião que o texto deveria ter sido publicado. O Conselho de Redacção tem prevista uma reunião para hoje à tarde, onde deverá tomar posição sobre o assunto, devendo depois reunir-se com o director, Fernando Lima. Contactado pelo PÚBLICO, o director do Diário de Notícias disse apenas que não se pronuncia sobre questões internas do jornal. Graça Henriques também não quis fazer qualquer comentário ao assunto. Divisões internas O editor da secção, Manuel Carlos Freire, não se solidarizou com a editora adjunta. Contactado pelo PÚBLICO, afirmou apenas: "Não tenho nada a dizer. É uma questão interna." Fonte do "Diário de Notícias" falou mesmo em "mal-estar na secção devido ao perfil do editor", que "veio da Lusa sem qualquer experiência de edição". Manuel Carlos Freire, ex-jornalista da Lusa, foi contratado pela actual direcção para editor da Política Nacional e assumiu funções no início de Novembro do ano passado, num ambiente de polémica devido ao director, Fernando Lima, ter tomado posse pouco depois de deixar as funções de assessor de Martins da Cruz, quando este foi ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro-ministro Durão Barroso. Na altura, um plenário da redacção aprovou uma moção crítica à nomeação de Fernando Lima, "por entender que o seu percurso profissional de assessoria de imprensa de Cavaco Silva, primeiro, e de Martins da Cruz, mais recentemente, o afasta de forma clara do perfil exigido ao líder executivo de um projecto de comunicação social como o 'Diário de Notícias'". O Conselho de Redacção deu depois parecer negativo à sua nomeação como director. Na mesma altura, a Alta-Autoridade para a Comunicação Social aprovou por maioria uma moção onde afirmava que a ida de Fernando Lima directamente de uma função de assessoria junto de um membro do Governo para director do "Diário de Notícias" podia "condicionar, em termos objectivos, a imagem" deste órgão de comunicação. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Divergência antiga Barreto/Santana abre crise no DN

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