Nobre Guedes não compreende críticas de Álvaro Barreto

17-09-2004
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Nobre Guedes Não Compreende Críticas de Álvaro Barreto

Por HELENA PEREIRA

Quarta-feira, 15 de Setembro de 2004

O ministro do Ambiente, Luís Nobre Guedes, considera não terem sentido as críticas do seu colega Álvaro Barreto, ministro dos Assuntos Económicos, que, anteontem nas jornadas parlamentares do PSD, queixou-se que deveria ter sido informado sobre o relatório ao incidente na refinaria da Galp em Matosinhos antes da sua divulgação em conferência de imprensa.

Desde que o ministro do Ambiente apresentou as conclusões do inquérito, na semana passada, que notícias de mal-estar por parte de Barreto, que acabaram por ser confirmadas anteontem pelo próprio. Nobre Guedes nunca chegou a comentar essas críticas que lhe foram dirigidas e ontem o seu gabinete de imprensa recusou a tecer quaisquer considerações sobre as afirmações de Barreto da véspera.

No entanto, segundo fontes do CDS e da maioria governamental, o ministro do Ambiente não vê razões para a indignação do colega de Governo. A comissão de inquérito ao acidente na refinaria foi presidida pelo Instituto do Ambiente e teve elementos indicados por mais quatro ministérios (Administração Interna, Obras Públicas, Defesa, Assuntos Económicos). O representante do Ministério dos Assuntos Económicos foi o director-geral de Geologia e Energia, Miguel Barreto Caldeira Antunes.

Nobre Guedes chegou a ligar para o ministro das Obras Públicas, António Mexia, antes da conferência de imprensa, alegadamente por cortesia por este ter sido administrador-executivo da GALP, antes de ir para o Governo.

Por outro lado, a conferência de imprensa de Nobre Guedes para divulgar as conclusões do inquérito esteve marcada para terça-feira, mas acabou por ser adiada dois dias pelo ministro devido às cerimónias fúnebres do presidente do Tribunal Constitucional, Luís Nunes de Almeida. Estes factos levam a que o ministério do Ambiente desvalorize as afirmações, feitas anteontem pelo ministro dos Assuntos Económicos, de que Guedes "devia ter esperado mais dois ou três dias" para não o pôr numa "posição incómoda" e dar lugar a "sensacionalismos".

O CDS, de que Guedes é o número dois, remeteu-se ontem ao silêncio, optando por não comentar as palavras de Barreto, depois de, nos últimos dias, se ter sido generoso em mensagens de apoio e solidariedade em relação ao ministro do Ambiente. Um dirigente nacional do CDS disse ontem ao PÚBLICO que o partido não quer "empolar" mais a polémica, embora o discurso de Barreto a atacar um colega de Governo tivesse sido considerado "insólito".

Outros dirigentes procuraram desvalorizar o episódio, lembrando que foi num debate com deputados, à porta fechada, e não aos jornalistas que as declrações foram feitas, acusando Barreto de "ingenuidade" por não prever o impacto que a conversa teria. Certo é que pessoas do CDS falaram ontem com deputados do PSD presentes na reunião para saberem ao certo como é que as declarações de Barreto, divulgadas pela comunicação social, tiveram lugar.

Para desdramatizar, o ministério dos Assuntos Económicos e o gabinete do primeiro-ministro, contactados pelo PÚBLICO, põem o enfoque no facto de Guedes e Barreto estarem de acordo no "essencial", que são as conclusões do relatório. Os dois ministros conversaram ao telefone, por iniciativa de Barreto, depois da divulgação do relatório. Apesar das divergências sobre coordenação política, o ministro dos Assuntos Económicos garantiu a Guedes que, como entidade que tutela a Galp, iria pôr em prática as recomendações do relatório.

O ministro do Ambiente foi criticado internamente por governantes e membros do PSD, que não gostaram do tom "justiceiro" que usou na divulgação do inquérito e que acabaria por visar outro colega, António Mexia. Pedro Santana Lopes acabaria por retirar a Guedes a tutela deste dossier da Galp.

Nobre Guedes Não Compreende Críticas de Álvaro Barreto

Por HELENA PEREIRA

Quarta-feira, 15 de Setembro de 2004

O ministro do Ambiente, Luís Nobre Guedes, considera não terem sentido as críticas do seu colega Álvaro Barreto, ministro dos Assuntos Económicos, que, anteontem nas jornadas parlamentares do PSD, queixou-se que deveria ter sido informado sobre o relatório ao incidente na refinaria da Galp em Matosinhos antes da sua divulgação em conferência de imprensa.

Desde que o ministro do Ambiente apresentou as conclusões do inquérito, na semana passada, que notícias de mal-estar por parte de Barreto, que acabaram por ser confirmadas anteontem pelo próprio. Nobre Guedes nunca chegou a comentar essas críticas que lhe foram dirigidas e ontem o seu gabinete de imprensa recusou a tecer quaisquer considerações sobre as afirmações de Barreto da véspera.

No entanto, segundo fontes do CDS e da maioria governamental, o ministro do Ambiente não vê razões para a indignação do colega de Governo. A comissão de inquérito ao acidente na refinaria foi presidida pelo Instituto do Ambiente e teve elementos indicados por mais quatro ministérios (Administração Interna, Obras Públicas, Defesa, Assuntos Económicos). O representante do Ministério dos Assuntos Económicos foi o director-geral de Geologia e Energia, Miguel Barreto Caldeira Antunes.

Nobre Guedes chegou a ligar para o ministro das Obras Públicas, António Mexia, antes da conferência de imprensa, alegadamente por cortesia por este ter sido administrador-executivo da GALP, antes de ir para o Governo.

Por outro lado, a conferência de imprensa de Nobre Guedes para divulgar as conclusões do inquérito esteve marcada para terça-feira, mas acabou por ser adiada dois dias pelo ministro devido às cerimónias fúnebres do presidente do Tribunal Constitucional, Luís Nunes de Almeida. Estes factos levam a que o ministério do Ambiente desvalorize as afirmações, feitas anteontem pelo ministro dos Assuntos Económicos, de que Guedes "devia ter esperado mais dois ou três dias" para não o pôr numa "posição incómoda" e dar lugar a "sensacionalismos".

O CDS, de que Guedes é o número dois, remeteu-se ontem ao silêncio, optando por não comentar as palavras de Barreto, depois de, nos últimos dias, se ter sido generoso em mensagens de apoio e solidariedade em relação ao ministro do Ambiente. Um dirigente nacional do CDS disse ontem ao PÚBLICO que o partido não quer "empolar" mais a polémica, embora o discurso de Barreto a atacar um colega de Governo tivesse sido considerado "insólito".

Outros dirigentes procuraram desvalorizar o episódio, lembrando que foi num debate com deputados, à porta fechada, e não aos jornalistas que as declrações foram feitas, acusando Barreto de "ingenuidade" por não prever o impacto que a conversa teria. Certo é que pessoas do CDS falaram ontem com deputados do PSD presentes na reunião para saberem ao certo como é que as declarações de Barreto, divulgadas pela comunicação social, tiveram lugar.

Para desdramatizar, o ministério dos Assuntos Económicos e o gabinete do primeiro-ministro, contactados pelo PÚBLICO, põem o enfoque no facto de Guedes e Barreto estarem de acordo no "essencial", que são as conclusões do relatório. Os dois ministros conversaram ao telefone, por iniciativa de Barreto, depois da divulgação do relatório. Apesar das divergências sobre coordenação política, o ministro dos Assuntos Económicos garantiu a Guedes que, como entidade que tutela a Galp, iria pôr em prática as recomendações do relatório.

O ministro do Ambiente foi criticado internamente por governantes e membros do PSD, que não gostaram do tom "justiceiro" que usou na divulgação do inquérito e que acabaria por visar outro colega, António Mexia. Pedro Santana Lopes acabaria por retirar a Guedes a tutela deste dossier da Galp.

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