Personagem: Álvaro Barreto
Segunda-feira, 13 de Setembro de 2004
O ministro Álvaro Barreto cultiva a discrição. Não é adepto dos "sound-bites". O que, na sociedade mediática em que vivemos, o faz correr risco de ser visto como alguém que pouco ou nada faz. Esta semana, no entanto, o ministro esteve no centro das atenções. Deslocações a Bruxelas e a Madrid permitiram-lhe dar gás a matérias complexas como são as inerentes ao Mercado Ibérico da Electricidade (Mibel). Na Comissão Europeia, Barreto recebeu a garantia de que Bruxelas irá sancionar a política de compensação dos produtores históricos; e com Madrid acertou o novo calendário de oncretização do Mibel. Como nem tudo são rosas, Barreto terá de esperar ainda pelo que a Comissão irá dizer àcerca da reorganização entretanto realizada, com a passagem do negócio do gás para a EDP e a ENI, ficando a Galp apenas com o petróleo.
A Frase
"O impulso vem essencialmente do lado do consumo, e o crescimento baseado apenas no consumo não dá resultados a prazo e significa um maior endividamento perante o exterior"
Silva Lopes, economista, sobre as Contas Nacionais do 2º trimestre
In "Diário Económico"
Revista da semana: PIB cresce, mas...
O produto interno bruto (PIB) português cresceu 1,5 por cento no segundo trimestre de 2004, por comparação com o período homólogo do ano passado. A força da recuperação é também visível no resultado alcançado face ao trimestre anterior: 1,2 por cento. Os responsáveis políticos exultaram, nomeadamente o primeiro-ministro, mas há muitos especialistas a considerarem que ainda são necessários muitas cautelas e caldos de galinha. Porque o resultado é bom, mas tem um formato muito conjuntural - foi muito determinado pelos impactos do Euro, cresceu essencialmente à custa do consumo privado. Aquilo que seria saudável (um aumento significativo das exportações) não aconteceu, muito embora não seja dispiciendo o aumento do investimento, como que a mostrar que o sector empresarial confia que as nuvens negras não estarão para voltar tão cedo.
Shell foi-se, mas...
A aposta da Galenergia para reforçar a presença em Espanha saiu furada. Uma quase desconhecida Disa acabou por vencer a corrida à compra da rede da Shell no país vizinho, que poderia funcionar como alavanca para a petrolífera portuguesa pensar em posicionar-se, no terreno, como operadora ibérica - o grande sonho do agora ministro António Mexia. As circunstâncias não foram as melhores para a Galp. Envolvida num processo de recomposição accionista, a petrolífera não teve mãos livres para formular aquela que acreditaria ser a proposta ideal. Os novos accionistas, do consórcio Petrocer, garantem que a perda não é irreparável e que a empresa poderá continuar a apostar no crescimento orgânico do outro lado da fronteira. Os consórcios que ficaram pelo caminho dizem que a derrota é pesada.
Novas rendas a caminho, mas...
O ministro António Arnaut recebeu, na semana passada, associações de sectores que têm a ver com a mexida na lei das rendas. Mas ainda não adiantou que contornos terá o novo diploma, o que deixou os parceiros chamado ao gabinete ministerial desiludidos. À margem dos corredores oficiais vão saindo algumas dicas. A saber: que os agregados familiares que têm rendimentod abaixo dos três salários mínimos receberão apoios do Estado para fazer face aos previsíveis aumentos; que as casas alugadas por indivíduos com mais de 65 anos terão direito a rendas condicionadas; e, por último, que os senhorios só poderão aumentar as rendas na posse de certificado de habitabilidade, o que poderá implicar a realização de obras na habitação. O diploma, tome que forma tomar, será sempre polémico. O Governo parece ter optado por deixar escapar algumas medidas para testar o pulso à opinião pública, antes de avançar com um projectos global.
SCUT a caminho, mas...
O novo ministro das Obras Públicas, António Mexia, tem em curso o processo que visa instalar portagens nas auto-estradas portuguesas em regime de SCUT (sem custos para o utilizador). A intenção vem dos primeiros meses de vida do Governo de Durão Barroso, ainda pela mão do então ministro Valente de Oliveira. Mas a promessa do agora presidente da Comissão Europeia - de que a Via do Infante (Algarve) e a auto-estrada da Beira Interior não teriam portagens - acabou por cair. Haverá portagens para todos, embora alguns possam ter descontos - populações locais, utentes sem alternativas e por aí adiante.
Fertagus explora, mas...
O Estado prepara-se para comprar a frota de comboios de dois pisos que a Fertagus - operador privado que tem a concessão da ligação ferroviária entre Lisboa e o Fogueteiro - detém. De seguida, vende-a a uma empresa de "leasing" a quem a Fertagus pagará um aluguer pela utilização das composições. É uma forma do Estado ressarcir o consórcio pela redução do período de concessão do serviço. Acresce que é também o Estado quem paga à Refer a portagem referente ao uso que a Fertagus faz das linhas ferroviárias. Sendo assim, será pertinente a pergunta: Por que é que o serviço está concessionado a um privado se o Estado é chamado quando as coisas correm mal?
Tap perde, mas...
A Tap fechou o primeiro semestre do ano com prejuízos superiores a 35 milhões de euros, algo muito semelhante aos resultados obtidos no período homólogo de 2003. Sem resultados extraordinários, com o preço dos combustíveis a disparar por força da escalada do valor do crude, nem o aumento das receitas chegou para compôr o ramalhete. Só em combustíveis, a companhia viu a factura aumentar 16 milhões de euroas em seis meses. Mas, apesar da crise, a administração mantém o objectivo de terminar o ano com lucros de cerca de 16 milhões de euros.
Agenda: Hoje, 13
·A Comissão Europeia decide se inclui na directiva relativa à protecção legal de desenhos e modelos da União Europeia a "Cláusula de Reparações". Este documento garante aos consumidores a possibilidade de adquirir peças sobresselentes para os automóveis onde quiserem e não nas lojas da marca de origem.
·A Confederação do Turismo Português organiza um jantar/debate com o ministro da tutela, Telmo Correia, no Hotel Ritz, em Lisboa, às 20h. 'O Turismo Enquanto Desígnio Nacional' é o tema escolhido para o debate.
Terça, 14
·Reunião ministerial da OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo, em Viena. A organização poderá actualizar as suas quotas ao nível real de produção.
Quarta, 15
·O Parlamento Europeu, reunido em sessão plenária em Estrasburgo, debate a reforma do Pacto de Estabilidade e Crescimento proposta pela Comissão Europeia na semana passada.
·Data prevista para entrada em vigor do Novo Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas
·Arrancam as negociações salariais entre a Volkswagen e os representantes sindicais dos trabalhadores das suas fábricas na Alemanha. O contrutor alemão vai propor o congelamento dos salários durante dois anos. Os sindicatos, por seu lado, querem aumentos na ordem dos 4 por cento.
·Tem início, na Escola Superior Agrágia em Ponte de Lima, às 10h30, o Congresso Ibérico sobre Recursos Genéticos Animais. Participam representantes de associações de raças autóctones espanholas, argentinas e brasileiras.
·É apresentado, na FNAC do Centro Colombo, pelas 18h30, o livro 'A lógica da logística', de José Crespo de Carvalho, professor catedrático do ISCTE.
Quinta, 16
·A OCDE divulga o seu relatório anual sobre a situação económica de Portugal.
·A Assembleia da República discute, entre outros temas, um projecto de resolução do PS sobre a transparência nas contas públicas. Ás 15h.
·As duas maiores associações de empresas imobiliárias portuguesas - AMIP e APEMI - votam hoje nas respectivas assembleias gerais a sua fusão.
Sexta, 17
·Termina, em Roterdão, na Holanda, a Terceira Conferência para a Qualidade nas Administrações Públicas da União Europeia.
Domingo, 19
·Tem início, no Centro de Congressos de Lisboa, o 57º congresso anual da Associação Internacional de Profissionais em Estudos de Opinião e de Mercado. Decorre até dia 22.
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Personagem: Álvaro Barreto
Segunda-feira, 13 de Setembro de 2004
O ministro Álvaro Barreto cultiva a discrição. Não é adepto dos "sound-bites". O que, na sociedade mediática em que vivemos, o faz correr risco de ser visto como alguém que pouco ou nada faz. Esta semana, no entanto, o ministro esteve no centro das atenções. Deslocações a Bruxelas e a Madrid permitiram-lhe dar gás a matérias complexas como são as inerentes ao Mercado Ibérico da Electricidade (Mibel). Na Comissão Europeia, Barreto recebeu a garantia de que Bruxelas irá sancionar a política de compensação dos produtores históricos; e com Madrid acertou o novo calendário de oncretização do Mibel. Como nem tudo são rosas, Barreto terá de esperar ainda pelo que a Comissão irá dizer àcerca da reorganização entretanto realizada, com a passagem do negócio do gás para a EDP e a ENI, ficando a Galp apenas com o petróleo.
A Frase
"O impulso vem essencialmente do lado do consumo, e o crescimento baseado apenas no consumo não dá resultados a prazo e significa um maior endividamento perante o exterior"
Silva Lopes, economista, sobre as Contas Nacionais do 2º trimestre
In "Diário Económico"
Revista da semana: PIB cresce, mas...
O produto interno bruto (PIB) português cresceu 1,5 por cento no segundo trimestre de 2004, por comparação com o período homólogo do ano passado. A força da recuperação é também visível no resultado alcançado face ao trimestre anterior: 1,2 por cento. Os responsáveis políticos exultaram, nomeadamente o primeiro-ministro, mas há muitos especialistas a considerarem que ainda são necessários muitas cautelas e caldos de galinha. Porque o resultado é bom, mas tem um formato muito conjuntural - foi muito determinado pelos impactos do Euro, cresceu essencialmente à custa do consumo privado. Aquilo que seria saudável (um aumento significativo das exportações) não aconteceu, muito embora não seja dispiciendo o aumento do investimento, como que a mostrar que o sector empresarial confia que as nuvens negras não estarão para voltar tão cedo.
Shell foi-se, mas...
A aposta da Galenergia para reforçar a presença em Espanha saiu furada. Uma quase desconhecida Disa acabou por vencer a corrida à compra da rede da Shell no país vizinho, que poderia funcionar como alavanca para a petrolífera portuguesa pensar em posicionar-se, no terreno, como operadora ibérica - o grande sonho do agora ministro António Mexia. As circunstâncias não foram as melhores para a Galp. Envolvida num processo de recomposição accionista, a petrolífera não teve mãos livres para formular aquela que acreditaria ser a proposta ideal. Os novos accionistas, do consórcio Petrocer, garantem que a perda não é irreparável e que a empresa poderá continuar a apostar no crescimento orgânico do outro lado da fronteira. Os consórcios que ficaram pelo caminho dizem que a derrota é pesada.
Novas rendas a caminho, mas...
O ministro António Arnaut recebeu, na semana passada, associações de sectores que têm a ver com a mexida na lei das rendas. Mas ainda não adiantou que contornos terá o novo diploma, o que deixou os parceiros chamado ao gabinete ministerial desiludidos. À margem dos corredores oficiais vão saindo algumas dicas. A saber: que os agregados familiares que têm rendimentod abaixo dos três salários mínimos receberão apoios do Estado para fazer face aos previsíveis aumentos; que as casas alugadas por indivíduos com mais de 65 anos terão direito a rendas condicionadas; e, por último, que os senhorios só poderão aumentar as rendas na posse de certificado de habitabilidade, o que poderá implicar a realização de obras na habitação. O diploma, tome que forma tomar, será sempre polémico. O Governo parece ter optado por deixar escapar algumas medidas para testar o pulso à opinião pública, antes de avançar com um projectos global.
SCUT a caminho, mas...
O novo ministro das Obras Públicas, António Mexia, tem em curso o processo que visa instalar portagens nas auto-estradas portuguesas em regime de SCUT (sem custos para o utilizador). A intenção vem dos primeiros meses de vida do Governo de Durão Barroso, ainda pela mão do então ministro Valente de Oliveira. Mas a promessa do agora presidente da Comissão Europeia - de que a Via do Infante (Algarve) e a auto-estrada da Beira Interior não teriam portagens - acabou por cair. Haverá portagens para todos, embora alguns possam ter descontos - populações locais, utentes sem alternativas e por aí adiante.
Fertagus explora, mas...
O Estado prepara-se para comprar a frota de comboios de dois pisos que a Fertagus - operador privado que tem a concessão da ligação ferroviária entre Lisboa e o Fogueteiro - detém. De seguida, vende-a a uma empresa de "leasing" a quem a Fertagus pagará um aluguer pela utilização das composições. É uma forma do Estado ressarcir o consórcio pela redução do período de concessão do serviço. Acresce que é também o Estado quem paga à Refer a portagem referente ao uso que a Fertagus faz das linhas ferroviárias. Sendo assim, será pertinente a pergunta: Por que é que o serviço está concessionado a um privado se o Estado é chamado quando as coisas correm mal?
Tap perde, mas...
A Tap fechou o primeiro semestre do ano com prejuízos superiores a 35 milhões de euros, algo muito semelhante aos resultados obtidos no período homólogo de 2003. Sem resultados extraordinários, com o preço dos combustíveis a disparar por força da escalada do valor do crude, nem o aumento das receitas chegou para compôr o ramalhete. Só em combustíveis, a companhia viu a factura aumentar 16 milhões de euroas em seis meses. Mas, apesar da crise, a administração mantém o objectivo de terminar o ano com lucros de cerca de 16 milhões de euros.
Agenda: Hoje, 13
·A Comissão Europeia decide se inclui na directiva relativa à protecção legal de desenhos e modelos da União Europeia a "Cláusula de Reparações". Este documento garante aos consumidores a possibilidade de adquirir peças sobresselentes para os automóveis onde quiserem e não nas lojas da marca de origem.
·A Confederação do Turismo Português organiza um jantar/debate com o ministro da tutela, Telmo Correia, no Hotel Ritz, em Lisboa, às 20h. 'O Turismo Enquanto Desígnio Nacional' é o tema escolhido para o debate.
Terça, 14
·Reunião ministerial da OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo, em Viena. A organização poderá actualizar as suas quotas ao nível real de produção.
Quarta, 15
·O Parlamento Europeu, reunido em sessão plenária em Estrasburgo, debate a reforma do Pacto de Estabilidade e Crescimento proposta pela Comissão Europeia na semana passada.
·Data prevista para entrada em vigor do Novo Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas
·Arrancam as negociações salariais entre a Volkswagen e os representantes sindicais dos trabalhadores das suas fábricas na Alemanha. O contrutor alemão vai propor o congelamento dos salários durante dois anos. Os sindicatos, por seu lado, querem aumentos na ordem dos 4 por cento.
·Tem início, na Escola Superior Agrágia em Ponte de Lima, às 10h30, o Congresso Ibérico sobre Recursos Genéticos Animais. Participam representantes de associações de raças autóctones espanholas, argentinas e brasileiras.
·É apresentado, na FNAC do Centro Colombo, pelas 18h30, o livro 'A lógica da logística', de José Crespo de Carvalho, professor catedrático do ISCTE.
Quinta, 16
·A OCDE divulga o seu relatório anual sobre a situação económica de Portugal.
·A Assembleia da República discute, entre outros temas, um projecto de resolução do PS sobre a transparência nas contas públicas. Ás 15h.
·As duas maiores associações de empresas imobiliárias portuguesas - AMIP e APEMI - votam hoje nas respectivas assembleias gerais a sua fusão.
Sexta, 17
·Termina, em Roterdão, na Holanda, a Terceira Conferência para a Qualidade nas Administrações Públicas da União Europeia.
Domingo, 19
·Tem início, no Centro de Congressos de Lisboa, o 57º congresso anual da Associação Internacional de Profissionais em Estudos de Opinião e de Mercado. Decorre até dia 22.