23/6/2001
OPINIÃO
O que eles dizem
AFINAL, «os profetas da desgraça», reunidos em Conselho de Ministros, levaram a sua avante e aprovaram um drástico pacote de 50 (cinquenta!) medidas para conter as despesas públicas e apertar o cinto ao país. Apenas um mês e meio depois de António Guterres ter tentado ridicularizar tais profetas no Congresso do PS. Aproximam-se dias de austeridade na função pública, os militares perdem milhões e reduzem efectivos nos quartéis, o TGV fica congelado, os hospitais e as autarquias passarão a viver em clima de restrição. Apesar de o primeiro-ministro, sempre distante e desdramatizador nos momentos difíceis da governação, continuar a garantir que tudo não passa de uma simples «moderação salarial». Ora, um dos «profetas da desgraça» veio, esta semana, confirmar o «difuso mal-estar», o «pessimismo» e a «descrença» que se instalaram na sociedade portuguesa. O profeta chama-se Mário Soares e foi mais longe e mais fundo nas suas considerações. Criticando a falta de convicções e de coragem dos actuais líderes políticos, que têm «um eterno sorriso de plástico» e vivem obcecados «pelo imediatismo, pela imagem que deles projectam os 'media', pela popularidade e pelo voto». Eis um retrato político a cores e de alta definição do primeiro-ministro de Portugal. Mário Soares insiste, contra os políticos do diálogo e do consenso, que «governar é escolher e escolher é desagradar». E conclui que «um político tem que ter a coragem de, às vezes, desagradar para governar bem, se não as suas estratégias voltam-se contra si». Nos momentos de crise, António Guterres devia saber que não há nada como ouvir os clássicos. Mas o estilo mole, indeciso e frouxo de governação resulta da própria natureza do primeiro-ministro. Não tem remédio nem emenda. Pina Moura, em vésperas de abandonar o Executivo, pode dizer que foi quase o único ministro deste Governo com coragem política para reformar e desagradar, avançando com a reforma fiscal e o plano de contenção da despesa pública. Guterres não as pôde evitar, mas tentou adiá-las, suavizá-las, amolecê-las. E fugiu a dar a cara pelas reformas do seu ministro. Mas mantém um eterno sorriso de plástico. J.A.L. jalima@mail.expresso.pt
COMENTÁRIOS
5 comentários 1 a 5
26 de Junho de 2001 às 15:11
A. Reis
A medida 51 decretada pelo PM, consiste em poupança energética, isto é, mandou “apagar a luz ao fundo do túnel”.
25 de Junho de 2001 às 09:17
Maria da Fonte
Isto é o eterno a escrever direito por linhas tortas, a tesisse é tanta que vai impedir grandes e irremediaveis disparates do calibre do tgv e do aeroporto da ota...
Confiemos no altissimo, que la esta a velar por nos, se não fosse o seu permanente empenho decerto que não existiriamos ao lado de povos sérios, sacrificados e infelizes por essa europa fora que ainda por cima têm lideres inteligentes e interessados no bem das respectivas nações!
25 de Junho de 2001 às 09:01
O QUE ANDA A FAZER O alberto martins ?????
.
Mas o brilhante contestatário dos anos 60 faz como os seus pares do governo, isto é, NADA FAZ.!!!!
CORJA IMUNDA DE CHULOS DO ESTADO
24 de Junho de 2001 às 22:50
boa memória
Cada pais´ tem o governo que
merece.Não somos uma excepção.
Mas temos também a imprensa ,radio e TV que merecemos. Isto é ,temos os jornalistas que merecemos.
Lembram-se da campanha infame que se fez 24 horas por dia ao Prof Cavaco Silva ? Quem saiba um pouco de História sabia de antemão o que está a suceder com o xuxialismo e seu cabeça de cartaz ,que atingiu o seu nivel de incompetencia na triste figura de 1º ministro desta republica de bananas ( sem bananas ).
24 de Junho de 2001 às 15:36
UMA MARIA INGÉNUA: ainda iremos a tempo da 51ª medida? Ou melhor, da que deveria ser a 1ª?
No receituário oficial não constam mezinhas para curar a pandemia dos tachos, das obscenas mordomias, das sinecuras? A equipa elogiada pelo Pina Moura não foi capaz de calcular a correspondente verba a abater?
E já agora: senhor articulista que tal contribuir para esclarecer o povo quanto à inexistência de uma administração pública sujeita a um mesmo estatuto de obrigações e direitos? A manta, de facto completamente esgaçada, tem retalhos de 1ª, 2ª e 3ª categorias.
O ministro Alberto Martins considera que os de 1ª, por ex os intitutos com autonomia administrativa e financeira (ah!ah1ah!) são muito importantes para a MODERNIZAÇÃO! Mas então por que continua a manta esgaçada?
Para que servirão os de 2ª e 3ª? Provavelmente para garantir que a manta não fique completamente rota!!!
E porque terão os de 1ª uma apetência inusitada para procriar? Que tal investigar o universo das suas participadas?
Senhor jornalista e seus colegas, que tal um trabalho de investigação que complemente o esforço de Vital Moreira?
O País precisa de jornalismo sério de investigação sob pena desta moda repentina do politicamente incorrecto, como todas as modas, ser transitória e inconsequente. Conto consigo. Não basta falarmos de uma opinião pública deficitária.
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23/6/2001
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O que eles dizem
AFINAL, «os profetas da desgraça», reunidos em Conselho de Ministros, levaram a sua avante e aprovaram um drástico pacote de 50 (cinquenta!) medidas para conter as despesas públicas e apertar o cinto ao país. Apenas um mês e meio depois de António Guterres ter tentado ridicularizar tais profetas no Congresso do PS. Aproximam-se dias de austeridade na função pública, os militares perdem milhões e reduzem efectivos nos quartéis, o TGV fica congelado, os hospitais e as autarquias passarão a viver em clima de restrição. Apesar de o primeiro-ministro, sempre distante e desdramatizador nos momentos difíceis da governação, continuar a garantir que tudo não passa de uma simples «moderação salarial». Ora, um dos «profetas da desgraça» veio, esta semana, confirmar o «difuso mal-estar», o «pessimismo» e a «descrença» que se instalaram na sociedade portuguesa. O profeta chama-se Mário Soares e foi mais longe e mais fundo nas suas considerações. Criticando a falta de convicções e de coragem dos actuais líderes políticos, que têm «um eterno sorriso de plástico» e vivem obcecados «pelo imediatismo, pela imagem que deles projectam os 'media', pela popularidade e pelo voto». Eis um retrato político a cores e de alta definição do primeiro-ministro de Portugal. Mário Soares insiste, contra os políticos do diálogo e do consenso, que «governar é escolher e escolher é desagradar». E conclui que «um político tem que ter a coragem de, às vezes, desagradar para governar bem, se não as suas estratégias voltam-se contra si». Nos momentos de crise, António Guterres devia saber que não há nada como ouvir os clássicos. Mas o estilo mole, indeciso e frouxo de governação resulta da própria natureza do primeiro-ministro. Não tem remédio nem emenda. Pina Moura, em vésperas de abandonar o Executivo, pode dizer que foi quase o único ministro deste Governo com coragem política para reformar e desagradar, avançando com a reforma fiscal e o plano de contenção da despesa pública. Guterres não as pôde evitar, mas tentou adiá-las, suavizá-las, amolecê-las. E fugiu a dar a cara pelas reformas do seu ministro. Mas mantém um eterno sorriso de plástico. J.A.L. jalima@mail.expresso.pt
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5 comentários 1 a 5
26 de Junho de 2001 às 15:11
A. Reis
A medida 51 decretada pelo PM, consiste em poupança energética, isto é, mandou “apagar a luz ao fundo do túnel”.
25 de Junho de 2001 às 09:17
Maria da Fonte
Isto é o eterno a escrever direito por linhas tortas, a tesisse é tanta que vai impedir grandes e irremediaveis disparates do calibre do tgv e do aeroporto da ota...
Confiemos no altissimo, que la esta a velar por nos, se não fosse o seu permanente empenho decerto que não existiriamos ao lado de povos sérios, sacrificados e infelizes por essa europa fora que ainda por cima têm lideres inteligentes e interessados no bem das respectivas nações!
25 de Junho de 2001 às 09:01
O QUE ANDA A FAZER O alberto martins ?????
.
Mas o brilhante contestatário dos anos 60 faz como os seus pares do governo, isto é, NADA FAZ.!!!!
CORJA IMUNDA DE CHULOS DO ESTADO
24 de Junho de 2001 às 22:50
boa memória
Cada pais´ tem o governo que
merece.Não somos uma excepção.
Mas temos também a imprensa ,radio e TV que merecemos. Isto é ,temos os jornalistas que merecemos.
Lembram-se da campanha infame que se fez 24 horas por dia ao Prof Cavaco Silva ? Quem saiba um pouco de História sabia de antemão o que está a suceder com o xuxialismo e seu cabeça de cartaz ,que atingiu o seu nivel de incompetencia na triste figura de 1º ministro desta republica de bananas ( sem bananas ).
24 de Junho de 2001 às 15:36
UMA MARIA INGÉNUA: ainda iremos a tempo da 51ª medida? Ou melhor, da que deveria ser a 1ª?
No receituário oficial não constam mezinhas para curar a pandemia dos tachos, das obscenas mordomias, das sinecuras? A equipa elogiada pelo Pina Moura não foi capaz de calcular a correspondente verba a abater?
E já agora: senhor articulista que tal contribuir para esclarecer o povo quanto à inexistência de uma administração pública sujeita a um mesmo estatuto de obrigações e direitos? A manta, de facto completamente esgaçada, tem retalhos de 1ª, 2ª e 3ª categorias.
O ministro Alberto Martins considera que os de 1ª, por ex os intitutos com autonomia administrativa e financeira (ah!ah1ah!) são muito importantes para a MODERNIZAÇÃO! Mas então por que continua a manta esgaçada?
Para que servirão os de 2ª e 3ª? Provavelmente para garantir que a manta não fique completamente rota!!!
E porque terão os de 1ª uma apetência inusitada para procriar? Que tal investigar o universo das suas participadas?
Senhor jornalista e seus colegas, que tal um trabalho de investigação que complemente o esforço de Vital Moreira?
O País precisa de jornalismo sério de investigação sob pena desta moda repentina do politicamente incorrecto, como todas as modas, ser transitória e inconsequente. Conto consigo. Não basta falarmos de uma opinião pública deficitária.
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