Maioria dos jovens socialistas apoia Sócrates apesar da neutralidade institucional

27-10-2004
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Maioria dos Jovens Socialistas Apoia Sócrates Apesar da Neutralidade Institucional

Por CATARINA PEREIRA E GUSTAVO SAMPAIO

Segunda-feira, 13 de Setembro de 2004 A Juventude Socialista (JS) define-se como uma organização autónoma em relação ao Partido Socialista (PS) e, de forma a preservar essa condição, opta por não apoiar, a um nível institucional, nenhum dos candidatos a secretário-geral do PS. Não obstante, os militantes da JS, que na sua maioria são também militantes do PS, têm a liberdade de expressar a sua posição. A título individual, 12 dos 20 presidentes de distritais da JS contactados pelo PÚBLICO declaram que apoiam o candidato José Sócrates. A posição de neutralidade da JS é defendida pelo seu actual secretário-geral, o recém-eleito Pedro Nuno Santos, o qual garante que "a JS não se vai envolver" na campanha para a eleição do próximo secretário-geral do PS, remetendo-se unicamente a uma tarefa de "contribuição para o debate político" e de apresentação de "propostas concretas". Nesse sentido, a JS encontra-se neste momento a preparar um documento com diversas reivindicações que será apresentado nos próximos dias às três candidaturas. De acordo com Pedro Nuno Santos, ao não apoiar oficialmente um candidato, a JS pretende "preservar a sua autonomia" e assegurar "boas relações" com o futuro secretário-geral do partido. Para além das razões anteriormente apontadas, na sua opinião, o apoio formal a qualquer um dos candidatos provocaria "muito provavelmente" divisões internas no seio da JS, uma vez que "não existe unanimidade" quanto ao melhor candidato. O secretário-geral da JS tenciona "manter a unidade" no seio da organização através da posição neutral sustentada, uma decisão respeitada por todos os presidentes de distritais da JS contactados. Contudo, as distritais da JS de Castelo Branco, Coimbra, Évora, e Viana do Castelo agendaram a realização de reuniões, das quais poderão resultar declarações de apoio a um candidato. Nestas distritais, com a excepção de Évora, onde não foi possível saber, a tendência de apoio a José Sócrates é manifestamente dominadora, tendo em consideração as declarações proferidas pelos respectivos líderes. (ver texto na página ao lado) A federação regional da JS dos Açores, por sua vez, realizou recentemente uma reunião do Secretariado Regional, onde se decidiu que a estrutura não apoia institucionalmente nenhum dos candidatos. No entanto, segundo o presidente, Nuno Tomé, a "esmagadora maioria" dos membros apoia a título pessoal, e enquanto militantes do PS, a candidatura de José Sócrates, tal como o próprio líder da JS-Açores. Maioria com Sócrates Dos 20 presidentes de distritais da JS contactados, 12 apoiam pessoalmente o candidato José Sócrates, quatro preferem não revelar, três estão indecisos e apenas um (JS-Beja) admite apoiar a candidatura de Manuel Alegre. O próprio secretário-geral, Pedro Nuno Santos, confessa a sua preferência por um dos candidatos, embora prefira não o revelar na medida em que "é muito difícil não confundir a minha posição pessoal com a posição da própria JS", argumenta. A posição neutral da JS, enquanto instituição, em relação à eleição do secretário-geral do PS foi preservada pelos anteriores líderes da organização. No entanto, em eleições em que houve mais do que um candidato em disputa, anteriores secretários-gerais da JS não se coibiram de demonstrar a sua posição pessoal. Em Dezembro de 1974, o primeiro secretário-geral da história da JS, Alberto Arons de Carvalho, apoiou pessoalmente Mário Soares como candidato à liderança do PS, em detrimento de Manuel Serra, o outro candidato que viria a ser derrotado. Em declarações ao PÚBLICO, Arons de Carvalho considera, contudo, "normal", a posição actual de Pedro Nuno Santos. Por seu lado, em 1992, o então líder da JS, António José Seguro, apoiou a título individual a candidatura de António Guterres a secretário-geral do PS, numa disputa vitoriosa com Jorge Sampaio. António José Seguro explicou ao PÚBLICO que "na altura reuniram-se os órgãos da JS e decidiu-se participar activamente" na eleição do novo líder do PS. O actual líder parlamentar socialista considera que essa posição "não enfraqueceu" a JS. A influência da JS Os estatutos da JS prevêem a inscrição "automática" dos seus militantes com mais de 18 anos no PS, "através de comunicação feita pela sede nacional" aos órgãos do partido. Dos cerca de 44 mil militantes da JS, há apenas 1250 menores de idade. Cada presidente de federação da JS pertence, por inerência, ao secretariado distrital do PS. Os membros do secretariado distrital são, por sua vez, inerentes à Comissão Política distrital do partido. Tal como a maior parte dos presidentes de distritais, o líder da JS de Castelo Branco, Hélio Fazendeiro, salvaguarda a independência da estrutura a que preside, mas declara o seu apoio pessoal a um candidato. "O facto de ser dirigente da JS não deve limitar a minha participação no debate, nem os meus direitos enquanto militante do PS", argumenta. No entanto, alguns dos líderes distritais preferem não manifestar o seu apoio a um candidato. O presidente da distrital da JS de Viana do Castelo, Pedro Soares, discorda da assunção pública de uma posição pessoal: "Não consigo separar o Pedro Soares do líder da estrutura. Embora isso seja separável, aos olhos dos militantes da JS não o é." Gustavo Carranca, líder da JS-Porto, deputado e apoiante declarado de José Sócrates, reconhece que a influência de um presidente de federação da JS se estende às questões do partido. "Se não tivéssemos influência não éramos presidentes de federação", sublinha. Segundo Gustavo Carranca, essa influência passa pela existência de "um grupo de apoiantes" do líder. "Não quer dizer que todos sejam 'seguidistas' e que só porque nós apoiamos este ou aquele as pessoas se sintam obrigadas a apoiar, mas isso acontece claramente", afirma. De acordo com Gustavo Carranca, todos os membros do secretariado da JS-Porto apoiam a candidatura de José Sócrates. Devido à influência do líder da distrital? "Não só, mas também", responde. OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL Presidente da República é "parceiro de mudança" do Governo

"A revisão das funções do Estado é prioritária"

"Não tenho dúvida nenhuma que em 2004 vamos recorrer a receitas extraordinárias"

Soares condena "bloco social dos interesses"

Sócrates critica "ataques pessoais" e "maledicência"

Manuel Seabra pede levantamento da suspensão

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Os secretários-gerais da JS

As posições dos presidentes das distritais da JS

Maioria dos Jovens Socialistas Apoia Sócrates Apesar da Neutralidade Institucional

Por CATARINA PEREIRA E GUSTAVO SAMPAIO

Segunda-feira, 13 de Setembro de 2004 A Juventude Socialista (JS) define-se como uma organização autónoma em relação ao Partido Socialista (PS) e, de forma a preservar essa condição, opta por não apoiar, a um nível institucional, nenhum dos candidatos a secretário-geral do PS. Não obstante, os militantes da JS, que na sua maioria são também militantes do PS, têm a liberdade de expressar a sua posição. A título individual, 12 dos 20 presidentes de distritais da JS contactados pelo PÚBLICO declaram que apoiam o candidato José Sócrates. A posição de neutralidade da JS é defendida pelo seu actual secretário-geral, o recém-eleito Pedro Nuno Santos, o qual garante que "a JS não se vai envolver" na campanha para a eleição do próximo secretário-geral do PS, remetendo-se unicamente a uma tarefa de "contribuição para o debate político" e de apresentação de "propostas concretas". Nesse sentido, a JS encontra-se neste momento a preparar um documento com diversas reivindicações que será apresentado nos próximos dias às três candidaturas. De acordo com Pedro Nuno Santos, ao não apoiar oficialmente um candidato, a JS pretende "preservar a sua autonomia" e assegurar "boas relações" com o futuro secretário-geral do partido. Para além das razões anteriormente apontadas, na sua opinião, o apoio formal a qualquer um dos candidatos provocaria "muito provavelmente" divisões internas no seio da JS, uma vez que "não existe unanimidade" quanto ao melhor candidato. O secretário-geral da JS tenciona "manter a unidade" no seio da organização através da posição neutral sustentada, uma decisão respeitada por todos os presidentes de distritais da JS contactados. Contudo, as distritais da JS de Castelo Branco, Coimbra, Évora, e Viana do Castelo agendaram a realização de reuniões, das quais poderão resultar declarações de apoio a um candidato. Nestas distritais, com a excepção de Évora, onde não foi possível saber, a tendência de apoio a José Sócrates é manifestamente dominadora, tendo em consideração as declarações proferidas pelos respectivos líderes. (ver texto na página ao lado) A federação regional da JS dos Açores, por sua vez, realizou recentemente uma reunião do Secretariado Regional, onde se decidiu que a estrutura não apoia institucionalmente nenhum dos candidatos. No entanto, segundo o presidente, Nuno Tomé, a "esmagadora maioria" dos membros apoia a título pessoal, e enquanto militantes do PS, a candidatura de José Sócrates, tal como o próprio líder da JS-Açores. Maioria com Sócrates Dos 20 presidentes de distritais da JS contactados, 12 apoiam pessoalmente o candidato José Sócrates, quatro preferem não revelar, três estão indecisos e apenas um (JS-Beja) admite apoiar a candidatura de Manuel Alegre. O próprio secretário-geral, Pedro Nuno Santos, confessa a sua preferência por um dos candidatos, embora prefira não o revelar na medida em que "é muito difícil não confundir a minha posição pessoal com a posição da própria JS", argumenta. A posição neutral da JS, enquanto instituição, em relação à eleição do secretário-geral do PS foi preservada pelos anteriores líderes da organização. No entanto, em eleições em que houve mais do que um candidato em disputa, anteriores secretários-gerais da JS não se coibiram de demonstrar a sua posição pessoal. Em Dezembro de 1974, o primeiro secretário-geral da história da JS, Alberto Arons de Carvalho, apoiou pessoalmente Mário Soares como candidato à liderança do PS, em detrimento de Manuel Serra, o outro candidato que viria a ser derrotado. Em declarações ao PÚBLICO, Arons de Carvalho considera, contudo, "normal", a posição actual de Pedro Nuno Santos. Por seu lado, em 1992, o então líder da JS, António José Seguro, apoiou a título individual a candidatura de António Guterres a secretário-geral do PS, numa disputa vitoriosa com Jorge Sampaio. António José Seguro explicou ao PÚBLICO que "na altura reuniram-se os órgãos da JS e decidiu-se participar activamente" na eleição do novo líder do PS. O actual líder parlamentar socialista considera que essa posição "não enfraqueceu" a JS. A influência da JS Os estatutos da JS prevêem a inscrição "automática" dos seus militantes com mais de 18 anos no PS, "através de comunicação feita pela sede nacional" aos órgãos do partido. Dos cerca de 44 mil militantes da JS, há apenas 1250 menores de idade. Cada presidente de federação da JS pertence, por inerência, ao secretariado distrital do PS. Os membros do secretariado distrital são, por sua vez, inerentes à Comissão Política distrital do partido. Tal como a maior parte dos presidentes de distritais, o líder da JS de Castelo Branco, Hélio Fazendeiro, salvaguarda a independência da estrutura a que preside, mas declara o seu apoio pessoal a um candidato. "O facto de ser dirigente da JS não deve limitar a minha participação no debate, nem os meus direitos enquanto militante do PS", argumenta. No entanto, alguns dos líderes distritais preferem não manifestar o seu apoio a um candidato. O presidente da distrital da JS de Viana do Castelo, Pedro Soares, discorda da assunção pública de uma posição pessoal: "Não consigo separar o Pedro Soares do líder da estrutura. Embora isso seja separável, aos olhos dos militantes da JS não o é." Gustavo Carranca, líder da JS-Porto, deputado e apoiante declarado de José Sócrates, reconhece que a influência de um presidente de federação da JS se estende às questões do partido. "Se não tivéssemos influência não éramos presidentes de federação", sublinha. Segundo Gustavo Carranca, essa influência passa pela existência de "um grupo de apoiantes" do líder. "Não quer dizer que todos sejam 'seguidistas' e que só porque nós apoiamos este ou aquele as pessoas se sintam obrigadas a apoiar, mas isso acontece claramente", afirma. De acordo com Gustavo Carranca, todos os membros do secretariado da JS-Porto apoiam a candidatura de José Sócrates. Devido à influência do líder da distrital? "Não só, mas também", responde. OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL Presidente da República é "parceiro de mudança" do Governo

"A revisão das funções do Estado é prioritária"

"Não tenho dúvida nenhuma que em 2004 vamos recorrer a receitas extraordinárias"

Soares condena "bloco social dos interesses"

Sócrates critica "ataques pessoais" e "maledicência"

Manuel Seabra pede levantamento da suspensão

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As posições dos presidentes das distritais da JS

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