Adão e Silva diz que sai do Governo se maternidades transmontanas encerrarem

04-04-2004
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Adão e Silva Diz Que Sai do Governo Se Maternidades Transmontanas Encerrarem

Por ALEXANDRA CAMPOS E ANA FRAGOSO

Sábado, 06 de Março de 2004

O transmontano Adão Silva, secretário de estado adjunto do Ministro da Saúde, garante que, enquanto fizer parte do Governo, as maternidades de Bragança, Mirandela e Chaves "não vão encerrar". "Se isso acontecesse eu sairia do Governo", afirma. Esta é a reacção do governante à hipótese de encerramentos das maternidades de Trás-os-Montes levantada por Albino Aroso, presidente da Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatalidade (CNSMN).

Uma das razões que poderiam originar esse encerramento é o reduzido número de partos, mas os números estatísticos só por si, não parecem convencer Adão Silva: "Não quero saber se fazem dois ou três partos por dia, eu tenho é de pensar nos quilómetros que às vezes contam entre as maternidades e os lugares de origem das parturientes", afirma.

A CNSMN não decidiu ainda quantas e quais são as maternidades (urgências de obstetrícia) que deverão encerrar a breve prazo, para permitir a concentração de recursos humanos que escasseiam, esclareceu ao PÚBLICO o pediatra Octávio Cunha, um dos elementos desta comissão reactivada no final do ano passado.

Referindo-se às notícias que ontem davam conta da possibilidade de encerramento das maternidades de Bragança, Chaves, Mirandela, Lamego, Guarda, Covilhã, Figueira da Foz e Castelo Branco - com base em declarações do presidente da Comissão, Albino Aroso (que ontem esteve incontactável) -, Octávio Cunha sustenta que "deve ter havido uma má interpretação do que ele disse". O que acontece é que todas estas maternidades fazem bem menos de 1500 partos por ano, o mínimo recomendado internacionalmente para um serviço deste tipo funcionar, "mas isso não quer dizer que vão encerrar", garante.

E isto porque o factor de número de partos por ano não pode ser o único a condicionar a escolha. Octávio Cunha avança com exemplos: pelo seu isolamento geográfico, as maternidades dos hospitais de Bragança e Chaves deverão manter-se abertas, estando a ser equacionada a hipótese de fechar a de Mirandela (uma vez que se situa a cerca de 30 quilómetros de Bragança). Mas Castelo Branco dificilmemte encerrará.

O pediatra lembra ainda que Famalicão, Braga, Guimarães, Barcelos, Santo Tirso e Viana do Castelo estão a distâncias inferiores a meia hora de carro entre si e que a distribuição dos especialistas nestas unidades de saúde não é a ideal. Em Braga, por exemplo, há obstetras suficientes, mas não há neonatologistas, enquanto em Famalicão a situação é a exactamente inversa.

De qualquer forma, o eventual encerramento das maternidades de Barcelos ou de Santo Tirso - que está a ser ponderado - terá de passar pela abertura de um posto de saúde permanente com uma ambulância à porta. "Não pode dizer-se fecha-se, pura e simplesmente", afirma, sublinhando, porém, que algumas maternidades sobretudo na região Norte vão ter que encerrar, até porque, se isso não for feito, "daqui a três ou quatro anos pode haver uma catástrofe".

Uma coisa é certa: os novos hospitais que querem uma maternidade à força dificilmente o conseguirão. É que a solução para o problema da falta de médicos, sobretudo obstetras e pediatras, vai ser inevitavelmente demorada e entretanto é necessário concentrar os recursos.

Pelas contas de Octávio Cunha, para uma maternidade funcionar é necessário que tenha, no mínimo, dois obstetras (ou um obstetra e um interno), um neonatologista e um anestesista a meia hora do hospital.

De qualquer forma, a Comissão continua ainda na fase de recolha de dados para fazer um inventário da situação em todo o país "Estas coisas não podem ser feitas em cima do joelho", explicou..

Octávio Cunha lembrou ainda que há mais de uma década foram encerradas cerca de 150 maternidades em todo o país e não houve reacções porque a medida foi precedida devidamente justificada e organizada.

Adão e Silva Diz Que Sai do Governo Se Maternidades Transmontanas Encerrarem

Por ALEXANDRA CAMPOS E ANA FRAGOSO

Sábado, 06 de Março de 2004

O transmontano Adão Silva, secretário de estado adjunto do Ministro da Saúde, garante que, enquanto fizer parte do Governo, as maternidades de Bragança, Mirandela e Chaves "não vão encerrar". "Se isso acontecesse eu sairia do Governo", afirma. Esta é a reacção do governante à hipótese de encerramentos das maternidades de Trás-os-Montes levantada por Albino Aroso, presidente da Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatalidade (CNSMN).

Uma das razões que poderiam originar esse encerramento é o reduzido número de partos, mas os números estatísticos só por si, não parecem convencer Adão Silva: "Não quero saber se fazem dois ou três partos por dia, eu tenho é de pensar nos quilómetros que às vezes contam entre as maternidades e os lugares de origem das parturientes", afirma.

A CNSMN não decidiu ainda quantas e quais são as maternidades (urgências de obstetrícia) que deverão encerrar a breve prazo, para permitir a concentração de recursos humanos que escasseiam, esclareceu ao PÚBLICO o pediatra Octávio Cunha, um dos elementos desta comissão reactivada no final do ano passado.

Referindo-se às notícias que ontem davam conta da possibilidade de encerramento das maternidades de Bragança, Chaves, Mirandela, Lamego, Guarda, Covilhã, Figueira da Foz e Castelo Branco - com base em declarações do presidente da Comissão, Albino Aroso (que ontem esteve incontactável) -, Octávio Cunha sustenta que "deve ter havido uma má interpretação do que ele disse". O que acontece é que todas estas maternidades fazem bem menos de 1500 partos por ano, o mínimo recomendado internacionalmente para um serviço deste tipo funcionar, "mas isso não quer dizer que vão encerrar", garante.

E isto porque o factor de número de partos por ano não pode ser o único a condicionar a escolha. Octávio Cunha avança com exemplos: pelo seu isolamento geográfico, as maternidades dos hospitais de Bragança e Chaves deverão manter-se abertas, estando a ser equacionada a hipótese de fechar a de Mirandela (uma vez que se situa a cerca de 30 quilómetros de Bragança). Mas Castelo Branco dificilmemte encerrará.

O pediatra lembra ainda que Famalicão, Braga, Guimarães, Barcelos, Santo Tirso e Viana do Castelo estão a distâncias inferiores a meia hora de carro entre si e que a distribuição dos especialistas nestas unidades de saúde não é a ideal. Em Braga, por exemplo, há obstetras suficientes, mas não há neonatologistas, enquanto em Famalicão a situação é a exactamente inversa.

De qualquer forma, o eventual encerramento das maternidades de Barcelos ou de Santo Tirso - que está a ser ponderado - terá de passar pela abertura de um posto de saúde permanente com uma ambulância à porta. "Não pode dizer-se fecha-se, pura e simplesmente", afirma, sublinhando, porém, que algumas maternidades sobretudo na região Norte vão ter que encerrar, até porque, se isso não for feito, "daqui a três ou quatro anos pode haver uma catástrofe".

Uma coisa é certa: os novos hospitais que querem uma maternidade à força dificilmente o conseguirão. É que a solução para o problema da falta de médicos, sobretudo obstetras e pediatras, vai ser inevitavelmente demorada e entretanto é necessário concentrar os recursos.

Pelas contas de Octávio Cunha, para uma maternidade funcionar é necessário que tenha, no mínimo, dois obstetras (ou um obstetra e um interno), um neonatologista e um anestesista a meia hora do hospital.

De qualquer forma, a Comissão continua ainda na fase de recolha de dados para fazer um inventário da situação em todo o país "Estas coisas não podem ser feitas em cima do joelho", explicou..

Octávio Cunha lembrou ainda que há mais de uma década foram encerradas cerca de 150 maternidades em todo o país e não houve reacções porque a medida foi precedida devidamente justificada e organizada.

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