EXPRESSO: País

23-05-2002
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«Temos que pôr limão, seja na laranja, seja na rosa. Governo de uma só cor não serve»

«Temos que pôr limão, seja na laranja, seja na rosa. Governo de uma só cor não serve» Vítor Ramos, do CDS/PP de Estarreja «SuperPOP, política em pratos limpos»

Autocolante da Juventude Popular «Num país onde se pagam pensões de 38 contos, o crime anda à solta»

Paulo Portas, em Mirandela

Hora do toque a rebate Em luta contra as sondagens, Portas dramatiza apelo à mobilização da «família» democrata-cristã €€Portas em Vila Pouca d'Aguiar, com o apoio da tia de Durão, Júlia Barroso (à esquerda) NA ÚLTIMA semana de campanha, Paulo Portas começou a abrir os discursos para os seus apoiantes com uma nova máxima: «O CDS já passou o Bojador e dirige-se agora ao Cabo da Boa Esperança». E, mantendo o tom triunfal, num concorrido jantar em Águeda, imediatamente antes de se cantar o hino nacional, proclamou: «Rompemos o cerco. Estamos a subir e vamos em frente. Podemos ter um resultado histórico». NA ÚLTIMA semana de campanha, Paulo Portas começou a abrir os discursos para os seus apoiantes com uma nova máxima:. E, mantendo o tom triunfal, num concorrido jantar em Águeda, imediatamente antes de se cantar o hino nacional, proclamou: O optimismo oficial acentuou-se na quarta-feira, no rescaldo do debate na RTP. «Você ganhou aquilo», «você é quem fala melhor», «vossemecê sabe tudo o que existe de miséria», ouviu Portas na feira de Santo André, no distrito de Setúbal, à mistura com os habituais apelos emocionados de mulheres idosas ao aumento das pensões, talvez a reivindicação com que o «voto dos mercados» melhor identifica o líder do CDS/PP. «Cada voto vale ouro» Simultaneamente, porém, foi perceptível uma dramatização dos apelos dos responsáveis partidários, e em primeiro lugar de Portas, à plena mobilização dos eleitores do CDS para que ninguém falte à «chamada» no domingo. As sondagens, desqualificadas em público como «falsificações», fazem pairar um permanente factor de inquietação sobre os apoiantes que comparecem em jantares e almoços com discurso à sobremesa, numa campanha que desistiu dos comícios possíveis em eleições anteriores. Os próprios discursos de Portas tornam evidente que uma margem estreita separa o «resultado histórico», que segundo ele colocaria o CDS/PP como candidato a parceiro governamental, do desastre eleitoral. O líder passou a exibir gráficos coloridos para mostrar como umas centenas de votos a menos, em distritos como Setúbal e Santarém, podem significar a perda de deputados. E nas intervenções dos dirigentes regionais começaram a figurar instruções didácticas sobre a ajuda a dar aos mais idosos para se deslocarem às assembleias de voto e sobre a importância de enfrentar a chuva, se necessário, para ir votar. «Cada voto no CDS vale ouro», insiste Portas. A incerteza que assombra a campanha tornou-se patente, de forma inesperada, no jantar de Águeda, no distrito de Aveiro. Os organizadores, que esperavam 250 convivas, tiveram que acolher cerca de 400, e logo falaram em «milagre da multiplicação de lugares» e vaticinaram um «milagre dos votos». Entusiasmado, o presidente da concelhia, Manuel Coutinho, lembrou que sucesso semelhante só ocorrera «há precisamente 15 anos», e no mesmo restaurante. Talvez tenha sido imprudente: há 15 anos, nas legislativas antecipadas de 1987, foi quando o CDS se viu reduzido ao «grupo parlamentar do táxi»... e o PSD teve maioria absoluta. A súbita festa de Trás-os-Montes Certo é que, em Trás-os-Montes, a campanha extravasou finalmente o ritual do toque a reunir da «família» democrata-cristã e adquiriu um tom de festa que arrebatou visivelmente o líder. Em Mirandela, um entusiástico almoço de domingo, com mais de 250 participantes, foi seguido de uma caravana automóvel e de um passeio, com bombos e gaita-de-foles, pelo centro da cidade. E, ao fim da tarde, um comício encheu o cineteatro de Vila Pouca d'Aguiar. Nem sequer faltou a tia de Durão Barroso, Maria Júlia, a criticar as «petas» do PSD. Já no Porto, a campanha voltou à prudência. Em passeio pela «baixa», à chuva, Portas deu o habitual «show» de comunicabilidade, distribuindo beijos, conversando com transeuntes, proporcionando boas imagens mediáticas. Mas a comitiva evitou o «teste de fogo» obrigatório em eleições anteriores: «Então não vai ao Bolhão?», perguntavam transeuntes. Apelo à esquerda desiludida Em matéria de conteúdo, a novidade da ponta final da campanha é a ênfase de Portas na possibilidade de captar votos de eleitores socialistas desiludidos: «Há gente que votou PS e vai votar CDS; sabem que não somos de esquerda, mas temos preocupações sociais», diz. Em Setúbal - onde, uma semana antes, pusera a par «os discípulos de Brejnev» e «os discípulos de Chicago» - insistiu na tecla: «Nós não somos liberais, somos democratas-cristãos; temos de sair do buraco do socialismo sem nos metermos no túnel do liberalismo puro e duro». A tónica, contudo, continua a ser o incansável ataque à maioria absoluta do PSD e às «clientelas famintas que querem ocupar o Estado à conta do contribuinte». «Maioria absoluta para vender a Caixa Geral de Depósitos aos espanhóis? Para congelar os salários da função pública? Para promover a subida do IVA e dar cabo da competitividade das empresas portuguesas? Vão trabalhar!», proclamou em Mirandela, com uma violência verbal a milhas da contenção do debate televisivo. E que dá melhor imagem da encruzilhada dramática que o CDS enfrenta.

Frederico de Carvalho

Positivo Mesmo que não elejam deputados, as estruturas do CDS/PP em Trás-os-Montes deram provas de vida, exibindo, até, uma garra e alegria que contrastam com a pacatez da militância na maior parte do país. A incursão de Portas nos distritos de Bragança e Vila Real foi o melhor começo para a última semana de campanha e mostrou que, ali, o CDS «profundo» responde à chamada

Negativo O CDS/PP chega ao termo da campanha apenas com dois comícios no activo: o previsto para o encerramento, em Aveiro, e o de Vila Pouca d'Aguiar. No domingo se verá se teve sucesso uma campanha que apostou na exposição mediática do líder para captar votos, mas a capacidade do partido para mobilizar apoiantes fora das suas fileiras está no ponto mais baixo de sempre

Aveiro vive à sombra do líder ANTÓNIO Pinho preside à distrital do CDS de Aveiro há pouco mais de um mês. Professor de História num colégio em Águeda, não solicitou a licença que a lei lhe confere para se poder dedicar à campanha: «Não gosto disso», explica, orgulhoso de não ter faltado aos seus alunos uma única vez neste ano lectivo. ANTÓNIO Pinho preside à distrital do CDS de Aveiro há pouco mais de um mês. Professor de História num colégio em Águeda, não solicitou a licença que a lei lhe confere para se poder dedicar à campanha:, explica, orgulhoso de não ter faltado aos seus alunos uma única vez neste ano lectivo. A campanha local decorre, assim, numa espécie de «autogestão» - a que os centristas aveirenses já se habituaram, de resto, uma vez que o presidente do partido, e cabeça-de-lista, é o primeiro a não estar presente com a frequência desejada. E a sua ausência é tanto mais sentida quanto, reconhece António Pinho, «o partido é o Paulo». «As orientações que eu dou é que temos de o secundar, temos de estar à altura», revela. À sombra do líder, a máquina do CDS em Aveiro - o bastião por excelência do CDS, ainda que debilitado pelos resultados das últimas autárquicas, que lhe retiraram a presidência de três das cinco autarquias - vai funcionando: na segunda-feira, em Águeda, a presença de Paulo Portas garantiu acima de 400 pessoas num jantar-comício, superou as expectativas mais optimistas dos organizadores. E hoje à noite, no comício nacional de encerramento da campanha, em Aveiro, os responsáveis locais esperam conseguir repetir a dose de mobilização. «O Paulinho anda aí?» «Há uma relação afectiva do partido com o líder», explica o presidente da distrital, insistindo: «Se perguntar às pessoas se João Cravinho (o cabeça-de-lista do PS) ou Marques Mendes (do PSD) lhes dizem alguma coisa, a resposta é não; mas ao Paulo toda a gente trata pelo nome». O EXPRESSO confirma: «Então o Paulo, não vem?», é a pergunta ouvida com frequência, na terça-feira de manhã, na feira da Palhaça, freguesia do concelho de Oliveira do Bairro, pelo presidente da Câmara e número dois da lista de candidatos do CDS, Acílio Gala. , explica o presidente da distrital, insistindo:(o cabeça-de-lista do PS)(do PSD). O EXPRESSO confirma:, é a pergunta ouvida com frequência, na terça-feira de manhã, na feira da Palhaça, freguesia do concelho de Oliveira do Bairro, pelo presidente da Câmara e número dois da lista de candidatos do CDS, Acílio Gala. É a ele que cabe a ingrata tarefa de fazer as vezes de cabeça-de-lista, percorrendo todo o distrito em acções de campanha para as quais, manifestamente, não tem grande jeito nem particular gosto. As pessoas reconhecem-no pelo cargo que ocupa há doze anos e ele sabe-o: «Votam em mim porque me conhecem», afirma, considerando ser precisamente essa a sua mais-valia face aos adversários. «Não se conhece o distrito a tomar café com os amigos», diz, reclamando conhecimento de causa sobre as questões básicas que afectam Aveiro - acessibilidades, despoluição da Ria e ordenamento rural - e que quer levar à Assembleia da República. «Da última vez que lá estive (em 94), fiz três intervenções sobre o distrito. Todas produziram efeito», recorda ao EXPRESSO enquanto espera, à chuva que começa a cair cada vez com mais força, pelos correligionários que o hão-de acompanhar na volta pela feira. Por volta das 11h, o temporal dá finalmente tréguas ao candidato que, duas horas depois do previsto, se faz ao encontro dos potenciais eleitores no recinto lamacento da feira. «Temos de votar nas pessoas que conhecemos. Naqueles que vêm cá de vez em quando não vale a pena», insiste Acílio Gala para um vendedor. Mas o que a maioria das pessoas quer saber é se «o Paulinho anda aí?». «PP é Paulo Portas?», pergunta uma senhora. O número dois confirma, resignado à condição de «alter ego». Manuel Cambra, o ex-presidente da Câmara de São João da Madeira, e candidato em terceiro lugar, ajuda à «festa»: «Paulo Portas é o nosso homem de guerra». É assim, em nome do líder ausente, que se faz a campanha do CDS em Aveiro. «Não sei se é possível fazer mais», conclui António Pinho, lembrando que praticamente não houve intervalo entre as autárquicas e as legislativas - com o que isso implica a nível de resistência física, motivação e mesmo disponibilidade financeira dos militantes. Assumindo a dificuldade do desafio - que, em Aveiro, um optimista Portas fixou na obtenção de um terceiro deputado, além dos actuais dois -, mas desdramatizando os resultados do próximo domingo, o líder da distrital aveirense recorda: «Cada campanha é a última. Esta é mais uma».

Cristina Figueiredo

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«Temos que pôr limão, seja na laranja, seja na rosa. Governo de uma só cor não serve»

«Temos que pôr limão, seja na laranja, seja na rosa. Governo de uma só cor não serve» Vítor Ramos, do CDS/PP de Estarreja «SuperPOP, política em pratos limpos»

Autocolante da Juventude Popular «Num país onde se pagam pensões de 38 contos, o crime anda à solta»

Paulo Portas, em Mirandela

Hora do toque a rebate Em luta contra as sondagens, Portas dramatiza apelo à mobilização da «família» democrata-cristã €€Portas em Vila Pouca d'Aguiar, com o apoio da tia de Durão, Júlia Barroso (à esquerda) NA ÚLTIMA semana de campanha, Paulo Portas começou a abrir os discursos para os seus apoiantes com uma nova máxima: «O CDS já passou o Bojador e dirige-se agora ao Cabo da Boa Esperança». E, mantendo o tom triunfal, num concorrido jantar em Águeda, imediatamente antes de se cantar o hino nacional, proclamou: «Rompemos o cerco. Estamos a subir e vamos em frente. Podemos ter um resultado histórico». NA ÚLTIMA semana de campanha, Paulo Portas começou a abrir os discursos para os seus apoiantes com uma nova máxima:. E, mantendo o tom triunfal, num concorrido jantar em Águeda, imediatamente antes de se cantar o hino nacional, proclamou: O optimismo oficial acentuou-se na quarta-feira, no rescaldo do debate na RTP. «Você ganhou aquilo», «você é quem fala melhor», «vossemecê sabe tudo o que existe de miséria», ouviu Portas na feira de Santo André, no distrito de Setúbal, à mistura com os habituais apelos emocionados de mulheres idosas ao aumento das pensões, talvez a reivindicação com que o «voto dos mercados» melhor identifica o líder do CDS/PP. «Cada voto vale ouro» Simultaneamente, porém, foi perceptível uma dramatização dos apelos dos responsáveis partidários, e em primeiro lugar de Portas, à plena mobilização dos eleitores do CDS para que ninguém falte à «chamada» no domingo. As sondagens, desqualificadas em público como «falsificações», fazem pairar um permanente factor de inquietação sobre os apoiantes que comparecem em jantares e almoços com discurso à sobremesa, numa campanha que desistiu dos comícios possíveis em eleições anteriores. Os próprios discursos de Portas tornam evidente que uma margem estreita separa o «resultado histórico», que segundo ele colocaria o CDS/PP como candidato a parceiro governamental, do desastre eleitoral. O líder passou a exibir gráficos coloridos para mostrar como umas centenas de votos a menos, em distritos como Setúbal e Santarém, podem significar a perda de deputados. E nas intervenções dos dirigentes regionais começaram a figurar instruções didácticas sobre a ajuda a dar aos mais idosos para se deslocarem às assembleias de voto e sobre a importância de enfrentar a chuva, se necessário, para ir votar. «Cada voto no CDS vale ouro», insiste Portas. A incerteza que assombra a campanha tornou-se patente, de forma inesperada, no jantar de Águeda, no distrito de Aveiro. Os organizadores, que esperavam 250 convivas, tiveram que acolher cerca de 400, e logo falaram em «milagre da multiplicação de lugares» e vaticinaram um «milagre dos votos». Entusiasmado, o presidente da concelhia, Manuel Coutinho, lembrou que sucesso semelhante só ocorrera «há precisamente 15 anos», e no mesmo restaurante. Talvez tenha sido imprudente: há 15 anos, nas legislativas antecipadas de 1987, foi quando o CDS se viu reduzido ao «grupo parlamentar do táxi»... e o PSD teve maioria absoluta. A súbita festa de Trás-os-Montes Certo é que, em Trás-os-Montes, a campanha extravasou finalmente o ritual do toque a reunir da «família» democrata-cristã e adquiriu um tom de festa que arrebatou visivelmente o líder. Em Mirandela, um entusiástico almoço de domingo, com mais de 250 participantes, foi seguido de uma caravana automóvel e de um passeio, com bombos e gaita-de-foles, pelo centro da cidade. E, ao fim da tarde, um comício encheu o cineteatro de Vila Pouca d'Aguiar. Nem sequer faltou a tia de Durão Barroso, Maria Júlia, a criticar as «petas» do PSD. Já no Porto, a campanha voltou à prudência. Em passeio pela «baixa», à chuva, Portas deu o habitual «show» de comunicabilidade, distribuindo beijos, conversando com transeuntes, proporcionando boas imagens mediáticas. Mas a comitiva evitou o «teste de fogo» obrigatório em eleições anteriores: «Então não vai ao Bolhão?», perguntavam transeuntes. Apelo à esquerda desiludida Em matéria de conteúdo, a novidade da ponta final da campanha é a ênfase de Portas na possibilidade de captar votos de eleitores socialistas desiludidos: «Há gente que votou PS e vai votar CDS; sabem que não somos de esquerda, mas temos preocupações sociais», diz. Em Setúbal - onde, uma semana antes, pusera a par «os discípulos de Brejnev» e «os discípulos de Chicago» - insistiu na tecla: «Nós não somos liberais, somos democratas-cristãos; temos de sair do buraco do socialismo sem nos metermos no túnel do liberalismo puro e duro». A tónica, contudo, continua a ser o incansável ataque à maioria absoluta do PSD e às «clientelas famintas que querem ocupar o Estado à conta do contribuinte». «Maioria absoluta para vender a Caixa Geral de Depósitos aos espanhóis? Para congelar os salários da função pública? Para promover a subida do IVA e dar cabo da competitividade das empresas portuguesas? Vão trabalhar!», proclamou em Mirandela, com uma violência verbal a milhas da contenção do debate televisivo. E que dá melhor imagem da encruzilhada dramática que o CDS enfrenta.

Frederico de Carvalho

Positivo Mesmo que não elejam deputados, as estruturas do CDS/PP em Trás-os-Montes deram provas de vida, exibindo, até, uma garra e alegria que contrastam com a pacatez da militância na maior parte do país. A incursão de Portas nos distritos de Bragança e Vila Real foi o melhor começo para a última semana de campanha e mostrou que, ali, o CDS «profundo» responde à chamada

Negativo O CDS/PP chega ao termo da campanha apenas com dois comícios no activo: o previsto para o encerramento, em Aveiro, e o de Vila Pouca d'Aguiar. No domingo se verá se teve sucesso uma campanha que apostou na exposição mediática do líder para captar votos, mas a capacidade do partido para mobilizar apoiantes fora das suas fileiras está no ponto mais baixo de sempre

Aveiro vive à sombra do líder ANTÓNIO Pinho preside à distrital do CDS de Aveiro há pouco mais de um mês. Professor de História num colégio em Águeda, não solicitou a licença que a lei lhe confere para se poder dedicar à campanha: «Não gosto disso», explica, orgulhoso de não ter faltado aos seus alunos uma única vez neste ano lectivo. ANTÓNIO Pinho preside à distrital do CDS de Aveiro há pouco mais de um mês. Professor de História num colégio em Águeda, não solicitou a licença que a lei lhe confere para se poder dedicar à campanha:, explica, orgulhoso de não ter faltado aos seus alunos uma única vez neste ano lectivo. A campanha local decorre, assim, numa espécie de «autogestão» - a que os centristas aveirenses já se habituaram, de resto, uma vez que o presidente do partido, e cabeça-de-lista, é o primeiro a não estar presente com a frequência desejada. E a sua ausência é tanto mais sentida quanto, reconhece António Pinho, «o partido é o Paulo». «As orientações que eu dou é que temos de o secundar, temos de estar à altura», revela. À sombra do líder, a máquina do CDS em Aveiro - o bastião por excelência do CDS, ainda que debilitado pelos resultados das últimas autárquicas, que lhe retiraram a presidência de três das cinco autarquias - vai funcionando: na segunda-feira, em Águeda, a presença de Paulo Portas garantiu acima de 400 pessoas num jantar-comício, superou as expectativas mais optimistas dos organizadores. E hoje à noite, no comício nacional de encerramento da campanha, em Aveiro, os responsáveis locais esperam conseguir repetir a dose de mobilização. «O Paulinho anda aí?» «Há uma relação afectiva do partido com o líder», explica o presidente da distrital, insistindo: «Se perguntar às pessoas se João Cravinho (o cabeça-de-lista do PS) ou Marques Mendes (do PSD) lhes dizem alguma coisa, a resposta é não; mas ao Paulo toda a gente trata pelo nome». O EXPRESSO confirma: «Então o Paulo, não vem?», é a pergunta ouvida com frequência, na terça-feira de manhã, na feira da Palhaça, freguesia do concelho de Oliveira do Bairro, pelo presidente da Câmara e número dois da lista de candidatos do CDS, Acílio Gala. , explica o presidente da distrital, insistindo:(o cabeça-de-lista do PS)(do PSD). O EXPRESSO confirma:, é a pergunta ouvida com frequência, na terça-feira de manhã, na feira da Palhaça, freguesia do concelho de Oliveira do Bairro, pelo presidente da Câmara e número dois da lista de candidatos do CDS, Acílio Gala. É a ele que cabe a ingrata tarefa de fazer as vezes de cabeça-de-lista, percorrendo todo o distrito em acções de campanha para as quais, manifestamente, não tem grande jeito nem particular gosto. As pessoas reconhecem-no pelo cargo que ocupa há doze anos e ele sabe-o: «Votam em mim porque me conhecem», afirma, considerando ser precisamente essa a sua mais-valia face aos adversários. «Não se conhece o distrito a tomar café com os amigos», diz, reclamando conhecimento de causa sobre as questões básicas que afectam Aveiro - acessibilidades, despoluição da Ria e ordenamento rural - e que quer levar à Assembleia da República. «Da última vez que lá estive (em 94), fiz três intervenções sobre o distrito. Todas produziram efeito», recorda ao EXPRESSO enquanto espera, à chuva que começa a cair cada vez com mais força, pelos correligionários que o hão-de acompanhar na volta pela feira. Por volta das 11h, o temporal dá finalmente tréguas ao candidato que, duas horas depois do previsto, se faz ao encontro dos potenciais eleitores no recinto lamacento da feira. «Temos de votar nas pessoas que conhecemos. Naqueles que vêm cá de vez em quando não vale a pena», insiste Acílio Gala para um vendedor. Mas o que a maioria das pessoas quer saber é se «o Paulinho anda aí?». «PP é Paulo Portas?», pergunta uma senhora. O número dois confirma, resignado à condição de «alter ego». Manuel Cambra, o ex-presidente da Câmara de São João da Madeira, e candidato em terceiro lugar, ajuda à «festa»: «Paulo Portas é o nosso homem de guerra». É assim, em nome do líder ausente, que se faz a campanha do CDS em Aveiro. «Não sei se é possível fazer mais», conclui António Pinho, lembrando que praticamente não houve intervalo entre as autárquicas e as legislativas - com o que isso implica a nível de resistência física, motivação e mesmo disponibilidade financeira dos militantes. Assumindo a dificuldade do desafio - que, em Aveiro, um optimista Portas fixou na obtenção de um terceiro deputado, além dos actuais dois -, mas desdramatizando os resultados do próximo domingo, o líder da distrital aveirense recorda: «Cada campanha é a última. Esta é mais uma».

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