Eixo Paris-Moscovo-Berlim esboçado no Eliseu

17-02-2003
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Eixo Paris-Moscovo-Berlim Esboçado no Eliseu

Por ANA NAVARRO PEDRO, Paris

Terça-feira, 11 de Fevereiro de 2003

Declaração conjunta sem precedentes

De visita a França, o Presidente russso, Vladimir Puti argumentou que "opiniões unânimes seriam parecidas com os congressos do antigo partido comunista da União Soviética".

A França, a Rússia e a Alemanha adoptaram ontem uma "declaração comum", sem precedentes, apelando a um reforço "substancial" das inspecções da ONU no Iraque e ao prosseguimento, "por todos os meios pacíficos", do desarmamento do Iraque, anunciou ontem o Presidente Jacques Chirac depois de duas horas de conversações com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, em visita de Estado a Paris.

"Ainda há uma alternativa à guerra", prosseguiu Chirac, dando leitura à declaração comum, esboçada depois da visita de Putin a Berlim, durante o fim-de-semana: "O uso da força não poderia ser senão um último recurso" contra o Iraque. Paris, Moscovo e Berlim estimam que "não foram ainda exploradas todas as possibilidades" oferecidas pela resolução 1441 do Conselho de Segurança da ONU, que exige a colaboração plena de Bagdad no processo de desarmamento, sob pena de sofrer sérias consequências. A Alemanha preside desde 1 de Fevereiro o Conselho de Segurança da ONU, de que a França e a Rússia são dois dos cinco membros permanentes, com direito de veto.

Paris, Moscovo e Berlim afirmam no texto comum que o debate sobre os meios para se desarmar o Iraque "deve prosseguir no espírito de amizade e de respeito que caracteriza as relações com os Estados-Unidos e com outros países". Esta última frase foi interpretada pela imprensa mundial presente no palácio Eliseu, em Paris, como uma tentativa do eixo Paris-Moscovo-Berlim para que este novo manifesto de uma frente comum de recusa da guerra, não seja interpretado com um espírito belicoso pelos EUA.

Antes da leitura da declaração comum, os conselheiros mais chegados do Presidente russo advertiam alguns jornalistas, nos corredores do Eliseu, sobre um eventual uso pela Rússia do seu direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, na perspectiva do voto de uma resolução de declaração de guerra contra o Iraque: "Nunca se deve dizer nunca. Consideramos que não devemos limitar a margem de manobra da diplomacia".

Tchetchénia esquecida

Para os russos, a melhor maneira de "se salvar" a coligação antiterrorista liderada pelos EUA, é de "se ter em conta" o eixo Paris-Moscovo-Berlim. "Somos contra a guerra. Este é, de momento, o meu ponto de vista", esclareceu Putin, minimizando a seguir, à sua maneira, as divergências com os EUA: "Claro que seria desejável que as opiniões fossem unânimes. Mas isso seria demasiado parecido com os congressos do antigo partido comunista da União Soviética! E sabemos que essa unanimidade não resulta".

A repressão da rebelião separatista na Tchetchénia foi a grande esquecida desta primeira ronda de conversações entre Jacques Chirac o Vladimir Putin. O Presidente francês limitou-se a referir que Paris "condena todas formas de terrorismo" e espera que o referendo prometido na Tchetchénia "abra a via para uma solução política do problema no quadro da Federação

da Rússia". O dia foi marcado em Paris por diversas manifestações de protesto contra a "censura e o silêncio que envolvem a guerra na Tchetchénia", convocadas por associações como a Amnistia Internacional, Repórteres sem Fronteiras, o Comité Tchetchénia e o partido ecologista os Verdes.

Eixo Paris-Moscovo-Berlim Esboçado no Eliseu

Por ANA NAVARRO PEDRO, Paris

Terça-feira, 11 de Fevereiro de 2003

Declaração conjunta sem precedentes

De visita a França, o Presidente russso, Vladimir Puti argumentou que "opiniões unânimes seriam parecidas com os congressos do antigo partido comunista da União Soviética".

A França, a Rússia e a Alemanha adoptaram ontem uma "declaração comum", sem precedentes, apelando a um reforço "substancial" das inspecções da ONU no Iraque e ao prosseguimento, "por todos os meios pacíficos", do desarmamento do Iraque, anunciou ontem o Presidente Jacques Chirac depois de duas horas de conversações com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, em visita de Estado a Paris.

"Ainda há uma alternativa à guerra", prosseguiu Chirac, dando leitura à declaração comum, esboçada depois da visita de Putin a Berlim, durante o fim-de-semana: "O uso da força não poderia ser senão um último recurso" contra o Iraque. Paris, Moscovo e Berlim estimam que "não foram ainda exploradas todas as possibilidades" oferecidas pela resolução 1441 do Conselho de Segurança da ONU, que exige a colaboração plena de Bagdad no processo de desarmamento, sob pena de sofrer sérias consequências. A Alemanha preside desde 1 de Fevereiro o Conselho de Segurança da ONU, de que a França e a Rússia são dois dos cinco membros permanentes, com direito de veto.

Paris, Moscovo e Berlim afirmam no texto comum que o debate sobre os meios para se desarmar o Iraque "deve prosseguir no espírito de amizade e de respeito que caracteriza as relações com os Estados-Unidos e com outros países". Esta última frase foi interpretada pela imprensa mundial presente no palácio Eliseu, em Paris, como uma tentativa do eixo Paris-Moscovo-Berlim para que este novo manifesto de uma frente comum de recusa da guerra, não seja interpretado com um espírito belicoso pelos EUA.

Antes da leitura da declaração comum, os conselheiros mais chegados do Presidente russo advertiam alguns jornalistas, nos corredores do Eliseu, sobre um eventual uso pela Rússia do seu direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, na perspectiva do voto de uma resolução de declaração de guerra contra o Iraque: "Nunca se deve dizer nunca. Consideramos que não devemos limitar a margem de manobra da diplomacia".

Tchetchénia esquecida

Para os russos, a melhor maneira de "se salvar" a coligação antiterrorista liderada pelos EUA, é de "se ter em conta" o eixo Paris-Moscovo-Berlim. "Somos contra a guerra. Este é, de momento, o meu ponto de vista", esclareceu Putin, minimizando a seguir, à sua maneira, as divergências com os EUA: "Claro que seria desejável que as opiniões fossem unânimes. Mas isso seria demasiado parecido com os congressos do antigo partido comunista da União Soviética! E sabemos que essa unanimidade não resulta".

A repressão da rebelião separatista na Tchetchénia foi a grande esquecida desta primeira ronda de conversações entre Jacques Chirac o Vladimir Putin. O Presidente francês limitou-se a referir que Paris "condena todas formas de terrorismo" e espera que o referendo prometido na Tchetchénia "abra a via para uma solução política do problema no quadro da Federação

da Rússia". O dia foi marcado em Paris por diversas manifestações de protesto contra a "censura e o silêncio que envolvem a guerra na Tchetchénia", convocadas por associações como a Amnistia Internacional, Repórteres sem Fronteiras, o Comité Tchetchénia e o partido ecologista os Verdes.

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