SG Buiça: Bem me parecia...

21-02-2005
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Não há paz na Palestina sem o fim do estado de IsraelOs milhares de mortos da Intifada e de Jenin são a trágica comprovação de que a política de dois estados não passa de uma utopiaA ofensiva militar de Israel contra o povo palestiniano é um autêntico genocídio nazi e como tal deve ser denunciado. Apoiado, como sempre, pelos Estados Unidos, agora sob a bandeira da "guerra ao terrorismo" levantada pelo presidente Bush, os assassinos Sharon e Shimon Peres querem submeter pelo terrorismo de estado uma população inteira. Os sionistas estão destruindo cidades e matando civis, exercendo a punição colectiva pelo terror, com a clara intenção de amedrontar a população e derrotar a Intifada.Até o fecho desta edição, Arafat e a direcção da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) estavam presos em seu quartel-general em Ramallah, reféns das tropas sionistas. Sob os escombros de Jenin eram retirados corpos mutilados e feridos, vítimas do massacre do exército naquela cidade. Como definiu o intelectual palestino Edward Said: "É um conflito racista e, do ponto de vista estratégico e táctico, uma guerra colonial. Mata-se e faz-se sofrer cidadãos por não serem judeus! Que ironia!".A existência de IsraelUma das discussões mais importantes entre os activistas que se indignam com os ataques assassinos de Israel e se mobilizam para defender os direitos dos palestinianos é sobre a paz. Defende-se a paz através da garantia de existência de dois estados - Israel e Palestina - prevista na fundação de Israel e nas resoluções da ONU. Mas a verdadeira paz não pode ser conquistada com a manutenção do Estado de Israel. A única paz possível com essa política é a dos cemitérios.Israel não é um estado qualquer, mas um estado artificial, criado a partir da ocupação do Estado Palestino, a serviço da política do imperialismo norte-americano no Médio Oriente. É, por definição, um enclave teocrático e racista, que exclui e explora outras etnias e religiões. O facto de ser um enclave molda a política e a própria lógica de sobrevivência desse estado e de seus habitantes. Para sobreviver, tem de armar-se até os dentes e manter uma política expansionista na região, como o comprovam os seus 54 anos de existência.O estado palestiniano proposto nos acordos de Oslo e Camp David não era um estado independente, mas um conglomerado de pequenas "ilhas", cortadas por auto-estradas e colonatos israelitas, cujo governo teria como principal função policiar e reprimir os opositores de Israel. Caso não obtivesse bons resultados nessa missão, Israel estaria ali ao lado para invadir e pôr ordem nos colonatos. Afinal, foi isso ou não que aconteceu nos últimos anos e agora, tragicamente, com a invasão das poderosas Forças Armadas israelitas na Cisjordânia?O tão elogiado acordo de Oslo - classificado por Edward Said como uma fraude - só reconhecia 18% da Cisjordânia e 60% de Gaza como territórios independentes. Apesar de Arafat o ter aceite e ter cumprido todas as exigências dos EUA, os governos israelitas, em particular o do trabalhista Barak, não tiveram o mesmo comportamento e desrespeitaram-no, permitindo e incentivando a construção de colonatos judeus. O acordo de Camp David, que os "democratas" da grande imprensa apontam como a oportunidade perdida de Arafat, simplesmente mantinha o apartheid, além de não concordar com o retorno dos mais de 4 milhões de refugiados palestinianos.Os governos israelitas não aceitam o retorno dos palestinianos que foram expulsos de sua terra, mas, pelo contrário, incentivam a imigração de mais judeus, que vêm em massa do Leste Europeu e da ex-URSS após 1989, para povoar os colonatos nos territórios palestinianos e justificar o expansionismo sionista.Isso não quer dizer que não seja importante conseguir a retirada de Israel dos territórios ocupados, o fim das colónias judaicas e que Jerusalém deixe de ser uma cidade dominada por Israel. Mas isso não significa que acreditemos que uma possível criação de um estado Palestiniano nos territórios ocupados em 1967 seja a solução para o conflito. Mesmo que seja criado esse estado, numa parcela que corresponde a somente 22% do território da Palestina, este será permanentemente atacado, provocado e ameaçado militarmente caso subsista o Estado de Israel. A solução democrática passa pelo fim do Estado de Israel e pelo estabelecimento de uma Palestina laica, democrática e não-racista, onde possam conviver sem discriminação palestinos, judeus ou católicos.Cristina PortellaEsta "pérola" foi retirada do site da "Ruptura/Frente de Esquerda Revolucionária, agremiação que integra o Bloco de Esquerda e que se auto-entitula "Secção Portuguesa da Liga Internacional dos Trabalhadores - IV Internacional.Parece-me que outros blogues não esquerdistas escreveriam coisas parecidas! Agradece-se urgente comentário do nosso especialista nesta matéria, o nosso caro Eurico de Barros!

This entry was posted on Terça-feira, Abril 06, 2004 at 12:49 AM.

Não há paz na Palestina sem o fim do estado de IsraelOs milhares de mortos da Intifada e de Jenin são a trágica comprovação de que a política de dois estados não passa de uma utopiaA ofensiva militar de Israel contra o povo palestiniano é um autêntico genocídio nazi e como tal deve ser denunciado. Apoiado, como sempre, pelos Estados Unidos, agora sob a bandeira da "guerra ao terrorismo" levantada pelo presidente Bush, os assassinos Sharon e Shimon Peres querem submeter pelo terrorismo de estado uma população inteira. Os sionistas estão destruindo cidades e matando civis, exercendo a punição colectiva pelo terror, com a clara intenção de amedrontar a população e derrotar a Intifada.Até o fecho desta edição, Arafat e a direcção da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) estavam presos em seu quartel-general em Ramallah, reféns das tropas sionistas. Sob os escombros de Jenin eram retirados corpos mutilados e feridos, vítimas do massacre do exército naquela cidade. Como definiu o intelectual palestino Edward Said: "É um conflito racista e, do ponto de vista estratégico e táctico, uma guerra colonial. Mata-se e faz-se sofrer cidadãos por não serem judeus! Que ironia!".A existência de IsraelUma das discussões mais importantes entre os activistas que se indignam com os ataques assassinos de Israel e se mobilizam para defender os direitos dos palestinianos é sobre a paz. Defende-se a paz através da garantia de existência de dois estados - Israel e Palestina - prevista na fundação de Israel e nas resoluções da ONU. Mas a verdadeira paz não pode ser conquistada com a manutenção do Estado de Israel. A única paz possível com essa política é a dos cemitérios.Israel não é um estado qualquer, mas um estado artificial, criado a partir da ocupação do Estado Palestino, a serviço da política do imperialismo norte-americano no Médio Oriente. É, por definição, um enclave teocrático e racista, que exclui e explora outras etnias e religiões. O facto de ser um enclave molda a política e a própria lógica de sobrevivência desse estado e de seus habitantes. Para sobreviver, tem de armar-se até os dentes e manter uma política expansionista na região, como o comprovam os seus 54 anos de existência.O estado palestiniano proposto nos acordos de Oslo e Camp David não era um estado independente, mas um conglomerado de pequenas "ilhas", cortadas por auto-estradas e colonatos israelitas, cujo governo teria como principal função policiar e reprimir os opositores de Israel. Caso não obtivesse bons resultados nessa missão, Israel estaria ali ao lado para invadir e pôr ordem nos colonatos. Afinal, foi isso ou não que aconteceu nos últimos anos e agora, tragicamente, com a invasão das poderosas Forças Armadas israelitas na Cisjordânia?O tão elogiado acordo de Oslo - classificado por Edward Said como uma fraude - só reconhecia 18% da Cisjordânia e 60% de Gaza como territórios independentes. Apesar de Arafat o ter aceite e ter cumprido todas as exigências dos EUA, os governos israelitas, em particular o do trabalhista Barak, não tiveram o mesmo comportamento e desrespeitaram-no, permitindo e incentivando a construção de colonatos judeus. O acordo de Camp David, que os "democratas" da grande imprensa apontam como a oportunidade perdida de Arafat, simplesmente mantinha o apartheid, além de não concordar com o retorno dos mais de 4 milhões de refugiados palestinianos.Os governos israelitas não aceitam o retorno dos palestinianos que foram expulsos de sua terra, mas, pelo contrário, incentivam a imigração de mais judeus, que vêm em massa do Leste Europeu e da ex-URSS após 1989, para povoar os colonatos nos territórios palestinianos e justificar o expansionismo sionista.Isso não quer dizer que não seja importante conseguir a retirada de Israel dos territórios ocupados, o fim das colónias judaicas e que Jerusalém deixe de ser uma cidade dominada por Israel. Mas isso não significa que acreditemos que uma possível criação de um estado Palestiniano nos territórios ocupados em 1967 seja a solução para o conflito. Mesmo que seja criado esse estado, numa parcela que corresponde a somente 22% do território da Palestina, este será permanentemente atacado, provocado e ameaçado militarmente caso subsista o Estado de Israel. A solução democrática passa pelo fim do Estado de Israel e pelo estabelecimento de uma Palestina laica, democrática e não-racista, onde possam conviver sem discriminação palestinos, judeus ou católicos.Cristina PortellaEsta "pérola" foi retirada do site da "Ruptura/Frente de Esquerda Revolucionária, agremiação que integra o Bloco de Esquerda e que se auto-entitula "Secção Portuguesa da Liga Internacional dos Trabalhadores - IV Internacional.Parece-me que outros blogues não esquerdistas escreveriam coisas parecidas! Agradece-se urgente comentário do nosso especialista nesta matéria, o nosso caro Eurico de Barros!

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