Cordão humano pela Palestina juntou duas mil pessoas em Lisboa

14-04-2002
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Cordão Humano pela Palestina Juntou Duas Mil Pessoas em Lisboa

Por FRANCISCA GORJÃO HENRIQUES

Domingo, 14 de Abril de 2002 "Um corpo de interposição [da ONU] é a única coisa que pode levar à paz" no Médio Oriente, defendeu Mário Soares, um dos participantes "ONU, ONU onde estás tu?" Talvez 1500 pessoas, talvez 2000, foram ontem dar as mãos para formar um cordão humano entre a sede das Nações Unidas e a embaixada de Israel, em Lisboa. Famílias inteiras, políticos e cidadãos, intelectuais e artistas foram pedir o envio de uma força internacional para o Médio Oriente. Muita gente, para uns curtos 250 metros. Foi preciso formar zigue-zagues, ao longo de dois quarteirões. "A ideia é isto ser um movimento ecuménico", disse ao PÚBLICO Clara Ferreira Alves, responsável pela organização do cordão "de protesto contra a atitude de Israel", juntamente com Helena Roseta, Luisa Teotónio Pereira e Miguel Portas. E a verdade é que responderam ao apelo pessoas de todos os quadrantes políticos: ao lado de Diogo Freitas do Amaral, fundador do CDS, estiveram o ex-Presidente Mário Soares e Francisco Louçã, dirigente do Bloco de Esquerda. Todos defendendo que "dois povos, dois Estados" é "a única solução durável para o conflito" israelo-palestiniano. "Timor venceu, Palestina vencerá", foi um dos "slogans" mais gritados ontem, véspera das primeiras eleições presidenciais timorenses (ver pág. 18/19). "Timor tinha um problema igual ao da Palestina: um grande sofrimento", comentou o padre timorense Guilherme da Costa Barros, que está há quatro meses em Lisboa para estudar português. "Os timorenses têm de dar apoio aos palestinianos. A Palestina é como Timor, também precisa da ajuda da ONU. Timor venceu por causa do apoio de todo o mundo". "Timor venceu, Palestina vencerá", lê-se também no folheto distribuído com o logotipo do Bloco de Esquerda (o único sinal partidário, para além de algumas ''t-shirts'' com a estrela bloquista). Para Francisco Louçã, "as situações não são iguais, mas há pontos em comum". Nomeadamente, "o ultrapassar da fronteira da dignidade humana" e a existência de "um Exército que massacra uma população". O Padre Vítor Milícias diz que o que se está a assistir no Médio Oriente é "uma flagrante violação dos direitos humanos". E tal como aconteceu com a causa timorense, "a igreja deve estar na vanguarda em todas as manifestações pela paz e pela justiça", acrescenta. "Estivemos aqui [em frente à ONU] por Timor e pelas mesmas razões", comentou o deputado socialista Manuel Alegre. "Trata-se do mesmo direito, que é o direito de um povo ao seu próprio Estado". Manuel Alegre não tem dúvidas: "A Europa está muito passiva. A União Europeia deveria impor sanções a Israel e reagir com mais autonomia" em relação à Administração norte-americana. "Estamos a ver um Exército contra pessoas indefesas. Nada disto aconteceria sem a cumplicidade dos EUA". Em declarações ao PÚBLICO, Mário Soares defendeu que "um corpo de interposição [da ONU] é a única coisa que pode levar à paz", e adianta que a União Europeia deve decretar sanções contra o Governo de Ariel Sharon. "Apoiámos uma resolução no Parlamento Europeu para suspender o acordo com Israel". No final do encontro, Helena Roseta anunciou aos manifestantes que fora recebida pela representante da ONU em Lisboa, Maria Costa Pinto, que garantiu que o secretário-geral, Kofi Annan, estaria "em negociações com o Conselho de Segurança para a formação de uma força multilateral". [Annan solicitou, na sexta-feira, ao Conselho de Segurança que avaliasse essa possibilidade, contudo os Estados Unidos e Israel, assim como países aliados destes estados, não o aceitaram ou expressaram dúvidas.] OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Powell encontra-se hoje com Arafat

A costureira bombista

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Igrejas pedem retirada imediata

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