A greve vista pelos partidos

18-12-2002
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A Greve Vista Pelos Partidos

Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2002

PS: Ferro quer "minimizar" riscos do Código do Trabalho

O secretário-geral do PS reafirmou, ontem, que os socialistas votarão contra a proposta de Código do Trabalho do Governo na generalidade, esperando que o debate na especialidade possa "minimizar os graves riscos" do diploma para o país.

Na conferência de imprensa em que se recusou a comentar se a greve geral tinha atingido os objectivos, o líder socialista limitou-se a dizer que "a greve geral em nada alterou a posição do PS" sobre o código laboral.

Ferro Rodrigues adiantou também que, na fase da discussão do Código do Trabalho na generalidade, os socialistas anunciarão a apresentação de propostas alternativas. "O PS mantém-se determinado em ser parceiro de um bom projecto e agir em conformidade na Assembleia da República." O secretário-geral do PS acabou por comentar que a paralisação representou "um sinal importante das consequências para o país do agravamento do clima de confrontação", e concluiu: "Esperamos que o Governo saiba interpretar, a partir de hoje, os sinais da sociedade portuguesa e que, daqui até à votação final [do código laboral] no Parlamento, saiba transformar uma má proposta numa boa iniciativa."

PSD: Críticas ao PS, elogios à UGT

O PSD considerou ontem que a adesão à greve geral convocada pela CGTP foi inferior à verificada na última paralisação da função pública e deveu-se, essencialmente, à participação do "sector dos transportes". No final da reunião da comissão política nacional do PSD, o vice-presidente Pedro Santana Lopes sustentou que "uma grande franja dos portugueses demonstrou querer exercer o seu direito ao trabalho".

"A nossa posição é de serenidade, amanhã o país volta a ser o mesmo. Foi uma espécie de dia sem carros, mas ao contrário", disse ainda Santana Lopes.

No comunicado da comissão política, o PSD aproveita para criticar o PS, pela "indefinição" sobre a greve geral e por tardar em "assumir-se como principal partido da oposição, sujeitando-se a andar a reboque das iniciativas dos outros". Os elogios da direcção social-democrata vão para "a atitude ponderada da UGT, a qual se insere na boa tradição da concertação social".

CDS-PP: Greve confirmou maioria

O dirigente do CDS-PP Luís Nobre Guedes sustentou ontem que a greve geral acabou por ficar marcada como o dia em que se confirmou a confiança na maioria e em que o Governo descobriu estar no caminho certo.

"O Governo implementou as reformas que devia ter implementado, o Governo está no caminho certo e vai conseguir ultrapassar as dificuldades, com a ajuda dos que fizeram greve e dos que não fizeram, que foram a maioria", salientou Luís Nobre Guedes, considerando que a greve esteve "longe de corresponder a qualquer protesto geral".

Se não tivesse havido paralisação no sector dos transportes, "a greve nem se tinha sentido", argumentou Nobre Guedes. "Hoje foi um dia em que se respeitou escrupulosamente o direito à greve dos trabalhadores" e também "o dia em que a confiança na maioria se confirmou", sublinhou.

PCP: Carvalhas diz que é "um sucesso"

O secretário-geral do PCP classificou ontem a greve geral como "um sucesso", acrescentando que a paralisação constituiu "uma resposta notável dos trabalhadores que, em unidade de acção, condenaram inequivocamente o pacote laboral e a política do Governo PSD-CDS".

Carvalhas, que acusou o ministro do Trabalho, Bagão Félix, de "faltar à verdade, com palavras mentirosas", sustentou que o impacte da greve convocada pela CGTP "tem tanto mais significado se se considerar as manobras de intimidação do Governo e do grande patronato". Como exemplos da alegada intimidação, apontou as tentativas de "fixar ilegalmente os serviços mínimos no sector dos transportes", o "uso das forças da GNR e da PSP contra grevistas" e as "pressões e ameaças em muitas empresas, particularmente sobre trabalhadores com vínculos precários ou não sindicalizados".

Em requerimento ontem entregue na Assembleia da República, o PCP exigiu ao Governo esclarecimentos sobre intervenções de forças policiais que geraram incidentes em empresas dos distritos de Aveiro e Braga.

BE: "Maior greve geral de sempre"

O Bloco de Esquerda (BE) considera que a greve de ontem é a maior greve geral de sempre. "Trata-se de uma moção de censura dos trabalhadores a este Governo e em especial ao ministro Bagão Félix. O ministro não pode viver no mesmo país que os portugueses, ao dizer que a greve está três por cento ou quatro por cento acima do absentismo normal. Com estas declarações, o ministro afecta sem remendo a sua credibilidade política", sustenta o comunicado do BE.

"Depois desta greve a manutenção da proposta de Código do Trabalho de Bagão Félix é insustentável e deve ser retirada, tal como exigiram hoje os portugueses. O ministro tem de tirar da paralisação as devidas consequências", acrescentam. O dirigente do BE João Teixeira Lopes denunciou ontem alegados casos de "pressão policial" sobre trabalhadores em greve e de "ardil" por parte do patronato.

PEV: Governo deve abandonar Código do Trabalho

O Partido Ecologista "Os Verdes" defendeu ontem que o Governo deve abandonar "definitivamente" a sua proposta do Código do Trabalho face à "forte adesão" dos trabalhadores à greve geral de ontem. "Os trabalhadores portugueses souberam responder de forma adequada à política do Governo e, em particular, à sua intenção de impor um Código do Trabalho que apenas visa dar força aos interesses daqueles que pensam que as pessoas existem para servir a economia e não o contrário", sustenta. Em comunicado, este partido considera ainda "inaceitável a ingerência e a pressão que as forças policiais procuraram fazer junto dos piquetes de greve, nalguns locais do país, numa tentativa de intimidar e desmobilizar os trabalhadores para a greve".

A Greve Vista Pelos Partidos

Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2002

PS: Ferro quer "minimizar" riscos do Código do Trabalho

O secretário-geral do PS reafirmou, ontem, que os socialistas votarão contra a proposta de Código do Trabalho do Governo na generalidade, esperando que o debate na especialidade possa "minimizar os graves riscos" do diploma para o país.

Na conferência de imprensa em que se recusou a comentar se a greve geral tinha atingido os objectivos, o líder socialista limitou-se a dizer que "a greve geral em nada alterou a posição do PS" sobre o código laboral.

Ferro Rodrigues adiantou também que, na fase da discussão do Código do Trabalho na generalidade, os socialistas anunciarão a apresentação de propostas alternativas. "O PS mantém-se determinado em ser parceiro de um bom projecto e agir em conformidade na Assembleia da República." O secretário-geral do PS acabou por comentar que a paralisação representou "um sinal importante das consequências para o país do agravamento do clima de confrontação", e concluiu: "Esperamos que o Governo saiba interpretar, a partir de hoje, os sinais da sociedade portuguesa e que, daqui até à votação final [do código laboral] no Parlamento, saiba transformar uma má proposta numa boa iniciativa."

PSD: Críticas ao PS, elogios à UGT

O PSD considerou ontem que a adesão à greve geral convocada pela CGTP foi inferior à verificada na última paralisação da função pública e deveu-se, essencialmente, à participação do "sector dos transportes". No final da reunião da comissão política nacional do PSD, o vice-presidente Pedro Santana Lopes sustentou que "uma grande franja dos portugueses demonstrou querer exercer o seu direito ao trabalho".

"A nossa posição é de serenidade, amanhã o país volta a ser o mesmo. Foi uma espécie de dia sem carros, mas ao contrário", disse ainda Santana Lopes.

No comunicado da comissão política, o PSD aproveita para criticar o PS, pela "indefinição" sobre a greve geral e por tardar em "assumir-se como principal partido da oposição, sujeitando-se a andar a reboque das iniciativas dos outros". Os elogios da direcção social-democrata vão para "a atitude ponderada da UGT, a qual se insere na boa tradição da concertação social".

CDS-PP: Greve confirmou maioria

O dirigente do CDS-PP Luís Nobre Guedes sustentou ontem que a greve geral acabou por ficar marcada como o dia em que se confirmou a confiança na maioria e em que o Governo descobriu estar no caminho certo.

"O Governo implementou as reformas que devia ter implementado, o Governo está no caminho certo e vai conseguir ultrapassar as dificuldades, com a ajuda dos que fizeram greve e dos que não fizeram, que foram a maioria", salientou Luís Nobre Guedes, considerando que a greve esteve "longe de corresponder a qualquer protesto geral".

Se não tivesse havido paralisação no sector dos transportes, "a greve nem se tinha sentido", argumentou Nobre Guedes. "Hoje foi um dia em que se respeitou escrupulosamente o direito à greve dos trabalhadores" e também "o dia em que a confiança na maioria se confirmou", sublinhou.

PCP: Carvalhas diz que é "um sucesso"

O secretário-geral do PCP classificou ontem a greve geral como "um sucesso", acrescentando que a paralisação constituiu "uma resposta notável dos trabalhadores que, em unidade de acção, condenaram inequivocamente o pacote laboral e a política do Governo PSD-CDS".

Carvalhas, que acusou o ministro do Trabalho, Bagão Félix, de "faltar à verdade, com palavras mentirosas", sustentou que o impacte da greve convocada pela CGTP "tem tanto mais significado se se considerar as manobras de intimidação do Governo e do grande patronato". Como exemplos da alegada intimidação, apontou as tentativas de "fixar ilegalmente os serviços mínimos no sector dos transportes", o "uso das forças da GNR e da PSP contra grevistas" e as "pressões e ameaças em muitas empresas, particularmente sobre trabalhadores com vínculos precários ou não sindicalizados".

Em requerimento ontem entregue na Assembleia da República, o PCP exigiu ao Governo esclarecimentos sobre intervenções de forças policiais que geraram incidentes em empresas dos distritos de Aveiro e Braga.

BE: "Maior greve geral de sempre"

O Bloco de Esquerda (BE) considera que a greve de ontem é a maior greve geral de sempre. "Trata-se de uma moção de censura dos trabalhadores a este Governo e em especial ao ministro Bagão Félix. O ministro não pode viver no mesmo país que os portugueses, ao dizer que a greve está três por cento ou quatro por cento acima do absentismo normal. Com estas declarações, o ministro afecta sem remendo a sua credibilidade política", sustenta o comunicado do BE.

"Depois desta greve a manutenção da proposta de Código do Trabalho de Bagão Félix é insustentável e deve ser retirada, tal como exigiram hoje os portugueses. O ministro tem de tirar da paralisação as devidas consequências", acrescentam. O dirigente do BE João Teixeira Lopes denunciou ontem alegados casos de "pressão policial" sobre trabalhadores em greve e de "ardil" por parte do patronato.

PEV: Governo deve abandonar Código do Trabalho

O Partido Ecologista "Os Verdes" defendeu ontem que o Governo deve abandonar "definitivamente" a sua proposta do Código do Trabalho face à "forte adesão" dos trabalhadores à greve geral de ontem. "Os trabalhadores portugueses souberam responder de forma adequada à política do Governo e, em particular, à sua intenção de impor um Código do Trabalho que apenas visa dar força aos interesses daqueles que pensam que as pessoas existem para servir a economia e não o contrário", sustenta. Em comunicado, este partido considera ainda "inaceitável a ingerência e a pressão que as forças policiais procuraram fazer junto dos piquetes de greve, nalguns locais do país, numa tentativa de intimidar e desmobilizar os trabalhadores para a greve".

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