EXPRESSO: País

04-09-2002
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Campanha do Bloco ao ataque à esquerda

O receio de que a coligação PS/CDU venha a sofrer uma derrota na corrida à Câmara Municipal de Lisboa e de que o Bloco de Esquerda, por arrastamento, também pague a mesma factura, levou Miguel Portas a partir para o ataque a João Soares na recta final da campanha. Ao EXPRESSO , o candidato do Bloco de Esquerda afirma que «a candidatura de João Soares não é séria» e que este «transformou-se no problema que a esquerda tem em Lisboa». Na opinião de Miguel Portas, «os seus defeitos são exactamente os mesmos de Santana Lopes. Não tem projecto, só tem passado».

«Hoje é absolutamente evidente que não será por minha causa que se verificará uma derrota de João Soares. Será sempre por deméritos próprios e nunca por méritos alheios», sustenta o candidato do BE.

A polémica da EPUL

Miguel Portas abriu as hostilidades logo no primeiro dia de campanha oficial, terça-feira, no debate na TSF, acusando o executivo camarário de ter pago, através da EPUL - empresa cujo capital é inteiramente da Câmara de Lisboa -, 2,5 milhões de contos a empresas privadas pela construção dos parques de estacionamento subterrâneos no Martim Moniz e na Praça da Figueira. Uma obra que, segundo Portas, «não custou mais de 600 mil contos».

João Soares recusou-se a revelar os números, que diz serem «públicos», e acusou o candidato do Bloco de usar «tácticas da extrema-direita», enquanto o presidente da EPUL, Fernando Saraiva, ameaçava Miguel Portas com um processo judicial, argumentando que os valores avançados pelo candidato bloquista «são redondamente falsos».

Miguel Portas aguarda «serenamente» os próximos desenvolvimentos desta polémica que marcou a primeira semana de campanha oficial. «Espero que as ameaças se concretizem, pois é nos tribunais que estas coisas se resolvem e que a verdade vem ao de cima», afirmou ao EXPRESSO.

Bloquistas em leilão

Mas nem só da polémica sobre a EPUL se fez a campanha do Bloco, que na quarta-feira realizou um leilão (o quinto da história do BE) para angariar fundos para a campanha de Lisboa. O restaurante Maria La Gorda, no Parque das Nações, foi o local escolhido. Num ambiente cubano, em que não faltou o típico cheiro a charuto e os ritmos «calientes», com músicas alusivas ao «el comandante Che Guevara», Miguel Portas contou com a boa vontade dos presentes. Praticamente tantos quantas as 80 peças oferecidas por vários artistas, entre os quais José Guimarães, Graça Dias, Chichorro, João Botelho e Paula Hespanha. Que renderam 1900 contos aos bloquistas, aumentando para cerca de 10 mil contos o total de receitas angariadas até ao momento.

A primeira peça a ser leiloada - de inegável valor sentimental para o candidato do BE - foi o livro Goa autografado pela «mana» Catarina Portas e pela outra autora da obra, Inês Gonçalves. Mas, de início, os braços teimavam em manter-se cruzados e as licitações eram tímidas. Várias serigrafias voltaram para trás sem qualquer oferta. Oportuno, Miguel Portas agarrou, então, no microfone para lembrar que as compras eram «todas dedutíveis no IRS, como doações para a campanha». Mas, ainda assim, de João Soares ninguém quis mesmo saber. Não que Miguel Portas não se tenha esforçado por o promover, passeando por toda a sala, com sorrido de orelha a orelha, a caricatura do presidente da Câmara, da autoria de Pedro Portugal, com um valor base de 40 mil escudos.

Entre aqueles que pagaram cinco contos pelo jantar, estavam os dirigentes do BE Francisco Louçã, Fernando Rosas e João Nabais. O mundo artístico e intelectual também se fez representar pelas actrizes São José Lapa e Ana Bola, a realizadora Margarida Gil, a escritora Luísa Costa Gomes, a jornalista Paula Moura Pinheiro, Carrilho da Graça e Augusto Seabra.

A obra mais cara, um quadro do pintor Manuel San Payo, foi arrecadada por 200 contos por Francisco Louçã. Uma verdadeira «pechincha», segundo alguns «especialistas» presentes.

Mas um dos momentos mais animados da noite foi a disputa pelo filme Pesadelo cor-de-rosa. Enquanto o leiloeiro de serviço, Anízio Salazar Franco, lembrava que o filme não tinha «qualquer alusão a candidatos à Câmara de Lisboa», foi posta a circular pela sala uma cesta onde iam sendo depositadas moedinhas. Quem lá colocasse a última levava a «obra de arte» para casa. Depois de muitas moedas terem voado pela sala, foi a actriz Ana Bola quem conseguiu arrecadar o filme... com uma ficha de supermercado.

Na primeira semana oficial de campanha, Miguel Portas dividiu-se entre debates e visitas aos bairros de Lisboa. Anteontem, fez uma «directa» em camiões de recolha de lixo, aproveitando para ver de perto as condições em que pernoitam centenas de «sem-abrigo».

Campanha do Bloco ao ataque à esquerda

O receio de que a coligação PS/CDU venha a sofrer uma derrota na corrida à Câmara Municipal de Lisboa e de que o Bloco de Esquerda, por arrastamento, também pague a mesma factura, levou Miguel Portas a partir para o ataque a João Soares na recta final da campanha. Ao EXPRESSO , o candidato do Bloco de Esquerda afirma que «a candidatura de João Soares não é séria» e que este «transformou-se no problema que a esquerda tem em Lisboa». Na opinião de Miguel Portas, «os seus defeitos são exactamente os mesmos de Santana Lopes. Não tem projecto, só tem passado».

«Hoje é absolutamente evidente que não será por minha causa que se verificará uma derrota de João Soares. Será sempre por deméritos próprios e nunca por méritos alheios», sustenta o candidato do BE.

A polémica da EPUL

Miguel Portas abriu as hostilidades logo no primeiro dia de campanha oficial, terça-feira, no debate na TSF, acusando o executivo camarário de ter pago, através da EPUL - empresa cujo capital é inteiramente da Câmara de Lisboa -, 2,5 milhões de contos a empresas privadas pela construção dos parques de estacionamento subterrâneos no Martim Moniz e na Praça da Figueira. Uma obra que, segundo Portas, «não custou mais de 600 mil contos».

João Soares recusou-se a revelar os números, que diz serem «públicos», e acusou o candidato do Bloco de usar «tácticas da extrema-direita», enquanto o presidente da EPUL, Fernando Saraiva, ameaçava Miguel Portas com um processo judicial, argumentando que os valores avançados pelo candidato bloquista «são redondamente falsos».

Miguel Portas aguarda «serenamente» os próximos desenvolvimentos desta polémica que marcou a primeira semana de campanha oficial. «Espero que as ameaças se concretizem, pois é nos tribunais que estas coisas se resolvem e que a verdade vem ao de cima», afirmou ao EXPRESSO.

Bloquistas em leilão

Mas nem só da polémica sobre a EPUL se fez a campanha do Bloco, que na quarta-feira realizou um leilão (o quinto da história do BE) para angariar fundos para a campanha de Lisboa. O restaurante Maria La Gorda, no Parque das Nações, foi o local escolhido. Num ambiente cubano, em que não faltou o típico cheiro a charuto e os ritmos «calientes», com músicas alusivas ao «el comandante Che Guevara», Miguel Portas contou com a boa vontade dos presentes. Praticamente tantos quantas as 80 peças oferecidas por vários artistas, entre os quais José Guimarães, Graça Dias, Chichorro, João Botelho e Paula Hespanha. Que renderam 1900 contos aos bloquistas, aumentando para cerca de 10 mil contos o total de receitas angariadas até ao momento.

A primeira peça a ser leiloada - de inegável valor sentimental para o candidato do BE - foi o livro Goa autografado pela «mana» Catarina Portas e pela outra autora da obra, Inês Gonçalves. Mas, de início, os braços teimavam em manter-se cruzados e as licitações eram tímidas. Várias serigrafias voltaram para trás sem qualquer oferta. Oportuno, Miguel Portas agarrou, então, no microfone para lembrar que as compras eram «todas dedutíveis no IRS, como doações para a campanha». Mas, ainda assim, de João Soares ninguém quis mesmo saber. Não que Miguel Portas não se tenha esforçado por o promover, passeando por toda a sala, com sorrido de orelha a orelha, a caricatura do presidente da Câmara, da autoria de Pedro Portugal, com um valor base de 40 mil escudos.

Entre aqueles que pagaram cinco contos pelo jantar, estavam os dirigentes do BE Francisco Louçã, Fernando Rosas e João Nabais. O mundo artístico e intelectual também se fez representar pelas actrizes São José Lapa e Ana Bola, a realizadora Margarida Gil, a escritora Luísa Costa Gomes, a jornalista Paula Moura Pinheiro, Carrilho da Graça e Augusto Seabra.

A obra mais cara, um quadro do pintor Manuel San Payo, foi arrecadada por 200 contos por Francisco Louçã. Uma verdadeira «pechincha», segundo alguns «especialistas» presentes.

Mas um dos momentos mais animados da noite foi a disputa pelo filme Pesadelo cor-de-rosa. Enquanto o leiloeiro de serviço, Anízio Salazar Franco, lembrava que o filme não tinha «qualquer alusão a candidatos à Câmara de Lisboa», foi posta a circular pela sala uma cesta onde iam sendo depositadas moedinhas. Quem lá colocasse a última levava a «obra de arte» para casa. Depois de muitas moedas terem voado pela sala, foi a actriz Ana Bola quem conseguiu arrecadar o filme... com uma ficha de supermercado.

Na primeira semana oficial de campanha, Miguel Portas dividiu-se entre debates e visitas aos bairros de Lisboa. Anteontem, fez uma «directa» em camiões de recolha de lixo, aproveitando para ver de perto as condições em que pernoitam centenas de «sem-abrigo».

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