Crise no CDS/PP de Barcelos

17-06-2003
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Crise no CDS/PP de Barcelos

Por FRANCISCO FONSECA

Terça-feira, 17 de Junho de 2003

Juncal Pires, o candidato do CDS/PP nas últimas eleições autárquicas à câmara de Barcelos e membro da Conselho Nacional do partido, demitiu-se ontem. O militante não gostou da forma como foi afastado da escolha para vice-governador civil de Braga, no mandato do social-democrata Luís Cirilo, nem da alegada falta de apoio da Comissão Política Concelhia, e escreveu uma carta à estrutura partidária local a pedir a sua desvinculação do partido. Juncal Pires começou por acusar Nuno Melo, presidente da distrital de Braga, de lhe ter "mentido", quando excluiu o seu nome das negociações para vice-governador, e a concelhia de o convidar a sair do CDS/PP.

"Nuno Melo disse-me que Luís Cirilo não aceitava o meu nome para vice-governador por causa da idade. Recentemente, o governador disse que eu era um homem com perfil para o cargo. Mentiu-me para colocar Altino Bessa no lugar, mas acabou por prejudicar o partido, porque o PSD não aceitou esse nome e ficámos sem ninguém no governo do distrito", disse ao PÚBLICO Juncal Pires. "Só agora falei porque só agora soube que me enganaram", justifica ainda. O político também não perdoa à concelhia: "Tinha obrigação de defender o meu nome. Mas, em vez de o fazer, Filipe Pinheiro (presidente da Comissão Política Concelhia) atacou-me num comunicado a convidar a afastar-me do partido. Isso não admito", protesta.

Logo que soube que afinal o PSD apoiava o seu nome para o cargo, mas que o mesmo fora vetado, supostamente para que Nuno Melo colocasse no lugar um militante da sua confiança, Juncal Pires, em artigos na comunicação social local, chamou "amadores e aproveitadores" aos elementos da Comissão Política. Filipe Pinheiro entendeu, por seu turno, que o caso não era para ser discutido na praça pública, mas fez, apesar disso, um comunicado em que acusava o ex-candidato à câmara de apenas ter ganho protagonismo na vida política local depois de convidado para encabeçar a lista do partido nas últimas autárquicas. O presidente da estrutura concelhia do partido fez ainda questão de dizer que essa condição permitiu a Juncal Pires algum protagonismo social e pessoal, o que, considerou, deveria ter feito com que se recatasse nas declarações contra o partido.

Juncal Pires não gostou e foi muito directo: "Não gostei da maneira como a comissão política me dirigiu um comunicado, sem nunca me ter convidado para falar no assunto", disse. E concluiu: "Estive calado muito tempo, mas agora que soube que fui traído não me calarei. Comigo não contam mais".

Nuno Melo acha insólita a atitude e recorda que o seu nome foi indicado, nomeadamente pela distrital, ao presidente do partido que também não punha qualquer objecção, mas "o governador civil entendeu que não era a pessoa indicada para o lugar devido à idade". "O que se passou foi isto. Ele que acredite em quem quiser", disse Nuno Melo ao PÚBLICO, visivelmente aborrecido com o facto de o episódio estar a ser agora levantado, no seu entendimento "com a intenção de beneficiar outro partido".

Filipe Pinheiro também está admirado com a posição do militante. Garante que não o convidou a sair do partido, mas reconhece que o CDS/PP "não podia ficar contente com a sua actuação pública, sobretudo porque nos chamou aproveitadores". Pinheiro recusa também qualquer tipo de responsabilidade no veto do seu nome para escolha de vice-governador: "A decisão é da distrital. O assunto foi tratado pessoalmente entre o senhor Juncal Pires e a distrital. Só soubemos depois. Se nos tivesse pedido ajuda, teríamos feito tudo para que ocupasse o cargo porque era uma pessoa da nossa confiança", garante.

Crise no CDS/PP de Barcelos

Por FRANCISCO FONSECA

Terça-feira, 17 de Junho de 2003

Juncal Pires, o candidato do CDS/PP nas últimas eleições autárquicas à câmara de Barcelos e membro da Conselho Nacional do partido, demitiu-se ontem. O militante não gostou da forma como foi afastado da escolha para vice-governador civil de Braga, no mandato do social-democrata Luís Cirilo, nem da alegada falta de apoio da Comissão Política Concelhia, e escreveu uma carta à estrutura partidária local a pedir a sua desvinculação do partido. Juncal Pires começou por acusar Nuno Melo, presidente da distrital de Braga, de lhe ter "mentido", quando excluiu o seu nome das negociações para vice-governador, e a concelhia de o convidar a sair do CDS/PP.

"Nuno Melo disse-me que Luís Cirilo não aceitava o meu nome para vice-governador por causa da idade. Recentemente, o governador disse que eu era um homem com perfil para o cargo. Mentiu-me para colocar Altino Bessa no lugar, mas acabou por prejudicar o partido, porque o PSD não aceitou esse nome e ficámos sem ninguém no governo do distrito", disse ao PÚBLICO Juncal Pires. "Só agora falei porque só agora soube que me enganaram", justifica ainda. O político também não perdoa à concelhia: "Tinha obrigação de defender o meu nome. Mas, em vez de o fazer, Filipe Pinheiro (presidente da Comissão Política Concelhia) atacou-me num comunicado a convidar a afastar-me do partido. Isso não admito", protesta.

Logo que soube que afinal o PSD apoiava o seu nome para o cargo, mas que o mesmo fora vetado, supostamente para que Nuno Melo colocasse no lugar um militante da sua confiança, Juncal Pires, em artigos na comunicação social local, chamou "amadores e aproveitadores" aos elementos da Comissão Política. Filipe Pinheiro entendeu, por seu turno, que o caso não era para ser discutido na praça pública, mas fez, apesar disso, um comunicado em que acusava o ex-candidato à câmara de apenas ter ganho protagonismo na vida política local depois de convidado para encabeçar a lista do partido nas últimas autárquicas. O presidente da estrutura concelhia do partido fez ainda questão de dizer que essa condição permitiu a Juncal Pires algum protagonismo social e pessoal, o que, considerou, deveria ter feito com que se recatasse nas declarações contra o partido.

Juncal Pires não gostou e foi muito directo: "Não gostei da maneira como a comissão política me dirigiu um comunicado, sem nunca me ter convidado para falar no assunto", disse. E concluiu: "Estive calado muito tempo, mas agora que soube que fui traído não me calarei. Comigo não contam mais".

Nuno Melo acha insólita a atitude e recorda que o seu nome foi indicado, nomeadamente pela distrital, ao presidente do partido que também não punha qualquer objecção, mas "o governador civil entendeu que não era a pessoa indicada para o lugar devido à idade". "O que se passou foi isto. Ele que acredite em quem quiser", disse Nuno Melo ao PÚBLICO, visivelmente aborrecido com o facto de o episódio estar a ser agora levantado, no seu entendimento "com a intenção de beneficiar outro partido".

Filipe Pinheiro também está admirado com a posição do militante. Garante que não o convidou a sair do partido, mas reconhece que o CDS/PP "não podia ficar contente com a sua actuação pública, sobretudo porque nos chamou aproveitadores". Pinheiro recusa também qualquer tipo de responsabilidade no veto do seu nome para escolha de vice-governador: "A decisão é da distrital. O assunto foi tratado pessoalmente entre o senhor Juncal Pires e a distrital. Só soubemos depois. Se nos tivesse pedido ajuda, teríamos feito tudo para que ocupasse o cargo porque era uma pessoa da nossa confiança", garante.

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