SILÊNCIO CULPADO: CORRUPÇÃO E FINANCIAMENTO DOS PARTIDOS

03-07-2011
marcar artigo


Este é um tema delicado na medida em que não podemos apontar o dedo sem ter provas concretas, fere determinadas sensibilidades e incide, fundamentalmente, sobre os partidos do poder.Pese embora eu ter considerado que o caso SOMAGUE impunha uma postagem dada a linha editorial do blogue, entendi que não o devia fazer por duas ordens de razões. A primeira prende-se com o facto de não pretender politizar e a segunda a de fazer pontaria a um partido específico quando, em meu entender e pela experiência adquirida, as incorrecções nestas matérias não são exclusivas nem têm maior incidência no PSD. O que a experiência no terreno me sugere é que os partidos de poder (e aqui incluo por igual PS e PSD) têm, ao longo dos anos, sido financiados através de expedientes pouco transparentes. É frequente verificar-se que, em grandes empresas públicas, os chefes dos departamentos de compras (onde ocorrem os concursos para selecção de fornecedores), têm sido da confiança dos dois maiores partidos e, o que é mais curioso, é que em alturas em que se verificava uma mudança da cor política e substituições de chefias de 1º. nível o homem/mulher forte das compras lá se ia aguentando como que por um acordo tácito.Nos corredores, e à boca pequena, murmurava-se sobre a encomenda de estudos que somam, na moeda corrente, milhões de euros (pagos pelos nossos impostos) e que não acrescentam nada aos estudos feitos pelos técnicos da casa que muitas vezes iam parar à prateleira para que se reunissem todas as condições para encomendar os estudos ao exterior. A selecção das empresas era feita na base de critérios que permitiam excluir os que "não interessavam" ainda que apresentassem um bom curriculum e preços mais vantajosos. É assim que não me surpreende que, depois do caso Somague, tenhamos a PJ a investigar, a pedido da Polícia Federal Brasileira, o alegado envolvimento de empresários e políticos portugueses com a denominada ‘Máfia dos Bingos’ do Brasil.Segundo a edição deste sábado do jornal ‘Público’, que cita o coordenador do gabinete de comunicação da força brasileira, Bruno Santos, foi solicitada “uma cooperação judicial e policial directa a Portugal com vista a averiguar o eventual envolvimento de portugueses e alguns elementos ligados ao Partido Socialista com o caso”. O caso trata de um grupo acusado de comprar sentenças judiciais e decisões políticas para a expansão do negócio do jogo clandestino, explica o diário, acrescentando que a denominada ‘Máfia dos Bingos’ terá sido desmantelada pela Operação Furacão.A Polícia Federal brasileira já esteve entretanto em Portugal para recolher elementos sobre a ligação entre cidadãos portugueses com o grupo detido no passado mês de Abril.Vitalino Canas, porta-voz do PS, afirmou ao ‘Público’ desconhecer a referida investigação, mas que, “se existe, vigora sobre ela o segredo de Justiça e, a confirmar-se, o PS aguarda serenamente o resultado desse processo”. Dos 25 implicados no caso, dois são empresários portugueses. De acordo com o matutino, um dos lusos, Licínio Soares Bastos chegou a ser nomeado cônsul honorário pelo Governo português, é o principal financiador da campanha socialista nas terras de Vera Cruz e proprietário da sede do PS no Rio de Janeiro.Os dois empresários, Soares Bastos e Laurentino Santos, “encontram-se fugidos às autoridades”, já depois de terem sido beneficiados de um habeas corpus, posteriormente anulado, explica o jornal, especificando que sobre os dois foragidos recaem suspeitas de que “sejam intermediários no negócio da expansão de casa de jogo e os operadores de lavagem de dinheiro”, de acordo com a Polícia Federal brasileira Além de se referir a políticos portugueses nas escutas telefónicas, a força brasileira “investiga também outras ligações a Portugal e Macau, supondo que no país operavam elementos incumbidos de manter contactos com partidos políticos”.As autoridades brasileiras solicitaram ainda à Polícia portuguesa para bloquearem contas bancárias pertencentes a off-shores registadas na Ilha da Madeira, “solicitação já cumprida”, adianta o ‘Público’.Fonte: Correio da Manhã 15-09-07Bom, mas eu não quero dizer com isto que a corrupção tenha uma conotação partidária. O que acontece é que são sempre os maiores partidos que estão nos centros de decisão por onde circulam os grandes negócios. Só por isso. Porém tudo o que aqui está dito não passam de meras hipóteses que não podem ser provadas. É como uma empresa que não quer contratar uma mulher grávida: diz que não tem perfil. Relativamente às hipóteses que ventilei a explicação é simples: as pessoas que estão à frente dos aprovisionamentos e compras são sempre as mais competentes, os concursos são sempre necessários e transparentes e os fornecedores os que oferecem melhores condições. Face a isto que cada um tire as suas próprias ilações.


Este é um tema delicado na medida em que não podemos apontar o dedo sem ter provas concretas, fere determinadas sensibilidades e incide, fundamentalmente, sobre os partidos do poder.Pese embora eu ter considerado que o caso SOMAGUE impunha uma postagem dada a linha editorial do blogue, entendi que não o devia fazer por duas ordens de razões. A primeira prende-se com o facto de não pretender politizar e a segunda a de fazer pontaria a um partido específico quando, em meu entender e pela experiência adquirida, as incorrecções nestas matérias não são exclusivas nem têm maior incidência no PSD. O que a experiência no terreno me sugere é que os partidos de poder (e aqui incluo por igual PS e PSD) têm, ao longo dos anos, sido financiados através de expedientes pouco transparentes. É frequente verificar-se que, em grandes empresas públicas, os chefes dos departamentos de compras (onde ocorrem os concursos para selecção de fornecedores), têm sido da confiança dos dois maiores partidos e, o que é mais curioso, é que em alturas em que se verificava uma mudança da cor política e substituições de chefias de 1º. nível o homem/mulher forte das compras lá se ia aguentando como que por um acordo tácito.Nos corredores, e à boca pequena, murmurava-se sobre a encomenda de estudos que somam, na moeda corrente, milhões de euros (pagos pelos nossos impostos) e que não acrescentam nada aos estudos feitos pelos técnicos da casa que muitas vezes iam parar à prateleira para que se reunissem todas as condições para encomendar os estudos ao exterior. A selecção das empresas era feita na base de critérios que permitiam excluir os que "não interessavam" ainda que apresentassem um bom curriculum e preços mais vantajosos. É assim que não me surpreende que, depois do caso Somague, tenhamos a PJ a investigar, a pedido da Polícia Federal Brasileira, o alegado envolvimento de empresários e políticos portugueses com a denominada ‘Máfia dos Bingos’ do Brasil.Segundo a edição deste sábado do jornal ‘Público’, que cita o coordenador do gabinete de comunicação da força brasileira, Bruno Santos, foi solicitada “uma cooperação judicial e policial directa a Portugal com vista a averiguar o eventual envolvimento de portugueses e alguns elementos ligados ao Partido Socialista com o caso”. O caso trata de um grupo acusado de comprar sentenças judiciais e decisões políticas para a expansão do negócio do jogo clandestino, explica o diário, acrescentando que a denominada ‘Máfia dos Bingos’ terá sido desmantelada pela Operação Furacão.A Polícia Federal brasileira já esteve entretanto em Portugal para recolher elementos sobre a ligação entre cidadãos portugueses com o grupo detido no passado mês de Abril.Vitalino Canas, porta-voz do PS, afirmou ao ‘Público’ desconhecer a referida investigação, mas que, “se existe, vigora sobre ela o segredo de Justiça e, a confirmar-se, o PS aguarda serenamente o resultado desse processo”. Dos 25 implicados no caso, dois são empresários portugueses. De acordo com o matutino, um dos lusos, Licínio Soares Bastos chegou a ser nomeado cônsul honorário pelo Governo português, é o principal financiador da campanha socialista nas terras de Vera Cruz e proprietário da sede do PS no Rio de Janeiro.Os dois empresários, Soares Bastos e Laurentino Santos, “encontram-se fugidos às autoridades”, já depois de terem sido beneficiados de um habeas corpus, posteriormente anulado, explica o jornal, especificando que sobre os dois foragidos recaem suspeitas de que “sejam intermediários no negócio da expansão de casa de jogo e os operadores de lavagem de dinheiro”, de acordo com a Polícia Federal brasileira Além de se referir a políticos portugueses nas escutas telefónicas, a força brasileira “investiga também outras ligações a Portugal e Macau, supondo que no país operavam elementos incumbidos de manter contactos com partidos políticos”.As autoridades brasileiras solicitaram ainda à Polícia portuguesa para bloquearem contas bancárias pertencentes a off-shores registadas na Ilha da Madeira, “solicitação já cumprida”, adianta o ‘Público’.Fonte: Correio da Manhã 15-09-07Bom, mas eu não quero dizer com isto que a corrupção tenha uma conotação partidária. O que acontece é que são sempre os maiores partidos que estão nos centros de decisão por onde circulam os grandes negócios. Só por isso. Porém tudo o que aqui está dito não passam de meras hipóteses que não podem ser provadas. É como uma empresa que não quer contratar uma mulher grávida: diz que não tem perfil. Relativamente às hipóteses que ventilei a explicação é simples: as pessoas que estão à frente dos aprovisionamentos e compras são sempre as mais competentes, os concursos são sempre necessários e transparentes e os fornecedores os que oferecem melhores condições. Face a isto que cada um tire as suas próprias ilações.

marcar artigo