Devagar que temos pressa

29-10-2013
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Este sábado em Aveiro, interrogado sobre a marcação da data do congresso do PS, Augusto Santos Silva respondeu aos jornalistas que normalmente deixava essas questões estatutárias “ao Vitalino Canas e ao Jorge Lacão”.

De facto, não haverá muito mais portugueses interessados nos regulamentos do PS ou em saber se, em termos táticos, Seguro faz bem em antecipar calendários. Mas, a avaliar pela opinião pública e publicada, há muitos portugueses que ainda não conhecem - mas que gostavam de conhecer - a alternativa do PS

ao actual governo.

Percebendo isto, o líder do PS agendou a apresentação dessa alternativa para a primavera. Até aqui tudo bem. A questão é que o fez ao mesmo tempo que anunciava "um viveiro de nomes para o governo" e que pedia "uma maioria absoluta". Naturalmente houve quem perguntasse: então e o congresso para aprovar essa estratégia eleitoral? Perante esta adversidade, Seguro reagiu de forma crispada: "qual é a pressa?!" Mas subitamente voltou a por o pé no acelerador e prepara-se, segundo a imprensa, para propor eleições diretas para daqui a um mês e meio.

Claro que é necessário compatibilizar o tempo do debate no PS com o debate autárquico. Aliás, para prejudicar o PS nas autárquicas já bastam escolhas como as de Matosinhos e Cascais. Mas também não vale a pena suspender a democracia. O PS precisa de um tempo razoável para clarificar a forma como avalia a sua recente experiência de governo e a sua relação com o Governo e a Europa. Precisa de encontrar respostas para uma classe média que está a empobrecer. E, já agora, ganhava muito em fazê-lo de forma aberta, no espaço público, e com vários candidatos. É o mínimo que se pode exigir a um partido progressista que, em pleno século XXI, continua a rejeitar primárias abertas à sociedade.

O próximo secretário-geral do PS será candidato a primeiro-ministro. Terá de mostrar que consegue unir o partido e convencer o país. Ou seja, não lhe basta ganhar de qualquer maneira.

Filipe Nunes, Sociólogo

Este sábado em Aveiro, interrogado sobre a marcação da data do congresso do PS, Augusto Santos Silva respondeu aos jornalistas que normalmente deixava essas questões estatutárias “ao Vitalino Canas e ao Jorge Lacão”.

De facto, não haverá muito mais portugueses interessados nos regulamentos do PS ou em saber se, em termos táticos, Seguro faz bem em antecipar calendários. Mas, a avaliar pela opinião pública e publicada, há muitos portugueses que ainda não conhecem - mas que gostavam de conhecer - a alternativa do PS

ao actual governo.

Percebendo isto, o líder do PS agendou a apresentação dessa alternativa para a primavera. Até aqui tudo bem. A questão é que o fez ao mesmo tempo que anunciava "um viveiro de nomes para o governo" e que pedia "uma maioria absoluta". Naturalmente houve quem perguntasse: então e o congresso para aprovar essa estratégia eleitoral? Perante esta adversidade, Seguro reagiu de forma crispada: "qual é a pressa?!" Mas subitamente voltou a por o pé no acelerador e prepara-se, segundo a imprensa, para propor eleições diretas para daqui a um mês e meio.

Claro que é necessário compatibilizar o tempo do debate no PS com o debate autárquico. Aliás, para prejudicar o PS nas autárquicas já bastam escolhas como as de Matosinhos e Cascais. Mas também não vale a pena suspender a democracia. O PS precisa de um tempo razoável para clarificar a forma como avalia a sua recente experiência de governo e a sua relação com o Governo e a Europa. Precisa de encontrar respostas para uma classe média que está a empobrecer. E, já agora, ganhava muito em fazê-lo de forma aberta, no espaço público, e com vários candidatos. É o mínimo que se pode exigir a um partido progressista que, em pleno século XXI, continua a rejeitar primárias abertas à sociedade.

O próximo secretário-geral do PS será candidato a primeiro-ministro. Terá de mostrar que consegue unir o partido e convencer o país. Ou seja, não lhe basta ganhar de qualquer maneira.

Filipe Nunes, Sociólogo

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