BRITEIROS: Vivemos num mundo de aparências

21-01-2012
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quarta-feira, abril 18, 2007

Vivemos num mundo de aparências

Ainda com os motores mal aquecidos neste regresso de férias, leio que Joshua Bell , considerado um dos melhores violinistas do mundo, aceitou participar numa experiência promovida pelo Washington Post e destinada a demonstrar se as pessoas estão ou não preparadas para apreciar a virtuosidade num lugar e momento menos apropriados.Tratava-se de tocar incógnito nos corredores do metro de Washington, para ver qual seria a reacção dos transeuntes que percorriam a estação de Enfant Plaza. Com um Stradivarius de 3.500.000$, um boné de basebol e umas calças de ganga, Bell tocou durante 43 minutos para as 1097 pessoas que passaram pela sua frente. Os que se detiveram para o ouvir contaram-se pelos dedos de uma só mão e o rendimento dos donativos não ultrapassou os 32 dólares e... alguns cêntimos.

A estação de Enfant Plaza serve maioritariamente passageiros que se dirigem aos escritórios governamentais circundantes. Muitos deles são empregados de nível médio-alto que estariam dispostos a pagar preços elevadíssimos para assistirem a um dos famosos concertos de Joshua Bell. Gente que só consome (mesmo que seja cultura) se o produto for convenientemente publicitado e contar com o alarde e o estrondo necessários.É raro um autor ou uma obra conseguirem impor-se por si mesmos, não só perante o público, mas também perante os que estão encarregados de os difundir. A autora Doris Lessing demonstrou-o muito bem quando um dia enviou uma das suas novelas ao seu editor habitual, assinada sob pseudónimo. O editor respondeu que a novela era muito boa mas que era comercialmente inviável Ao invés, basta que um cantor de rock tenha que varrer ruas ou que uma top-model tenha que esfregar chão, no cumprimento das respectivas sentenças judiciais, para que se congreguem televisões de meio mundo e afluam multidões de curiosos.

quarta-feira, abril 18, 2007

Vivemos num mundo de aparências

Ainda com os motores mal aquecidos neste regresso de férias, leio que Joshua Bell , considerado um dos melhores violinistas do mundo, aceitou participar numa experiência promovida pelo Washington Post e destinada a demonstrar se as pessoas estão ou não preparadas para apreciar a virtuosidade num lugar e momento menos apropriados.Tratava-se de tocar incógnito nos corredores do metro de Washington, para ver qual seria a reacção dos transeuntes que percorriam a estação de Enfant Plaza. Com um Stradivarius de 3.500.000$, um boné de basebol e umas calças de ganga, Bell tocou durante 43 minutos para as 1097 pessoas que passaram pela sua frente. Os que se detiveram para o ouvir contaram-se pelos dedos de uma só mão e o rendimento dos donativos não ultrapassou os 32 dólares e... alguns cêntimos.

A estação de Enfant Plaza serve maioritariamente passageiros que se dirigem aos escritórios governamentais circundantes. Muitos deles são empregados de nível médio-alto que estariam dispostos a pagar preços elevadíssimos para assistirem a um dos famosos concertos de Joshua Bell. Gente que só consome (mesmo que seja cultura) se o produto for convenientemente publicitado e contar com o alarde e o estrondo necessários.É raro um autor ou uma obra conseguirem impor-se por si mesmos, não só perante o público, mas também perante os que estão encarregados de os difundir. A autora Doris Lessing demonstrou-o muito bem quando um dia enviou uma das suas novelas ao seu editor habitual, assinada sob pseudónimo. O editor respondeu que a novela era muito boa mas que era comercialmente inviável Ao invés, basta que um cantor de rock tenha que varrer ruas ou que uma top-model tenha que esfregar chão, no cumprimento das respectivas sentenças judiciais, para que se congreguem televisões de meio mundo e afluam multidões de curiosos.

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