Edições Cosmos: Labirintos da crise financeira internacional

30-06-2011
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“Fui levado a escrever este livro depois de ter ouvido uns senhores dos bancos a dizerem que a culpa da crise é de todos, na verdade uns são mais culpados do que outros, e para isso tive de recuperar a palavra banksters, que resulta da mistura de banqueiros com gangsters”, afirmou José Manuel Rolo, autor do livro “Labirintos da Crise Financeira Mundial” (2007-2010), apresentado no sábado, no salão nobre do Governo Civil de Santarém, numa sessão que incluiu um debate com os deputados do PSD, PCP e Bloco de Esquerda e representantes do PS e do CDS/PP, com moderação do director do jornal O Ribatejo Joaquim Duarte.Publicado pelas Edições Cosmos, de Joaquim Garrido, o livro “Labirintos da Crise Financeira Internacional” explica como, “em apenas dois anos, se passou de uma descuidada euforia a uma crise generalizada e profunda cuja solução não está à vista”.Professor universitário do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, José Manuel Rolo disse que foi levado a escrever este livro quando ouviu “os senhores dos bancos dizerem numa reunião que somos todos culpados desta crise; este livro serve também para mostrar que uns são mais culpados do que outros, e para isso tive de recuperar a palavra “banksters”, inventada na Grande depressão de 1930, e que resulta da mistura de banqueiros com gangsters”.José Manuel Rolo sublinha que “esta crise resultou do triunfo das ideias liberais na década de 80, nos EUA e Inglaterra, com a subida ao poder de Reagan e de Tatcher, que conduziu à desregulamentação dos mercados”.Sobre a situação de Portugal, o professor considera que “algo não está bem quando dos últimos quatro primeiros-ministros, dois saltaram lá para fora e os outros dois eram comentadores da televisão…” Critica os “antigos ministros e responsáveis políticos, que acumulam ordenados e duas ou três reformas, agora transformados em artistas de variedades como comentadores da televisão, e que ainda pedem a vinda do FMI”. Sublinha que “o apoio do FMI à Grécia foi no montante da dívida aos bancos alemães e franceses e isso diz tudo sobre o papel do FMI”. Em Portugal, desta vez, “o FMI só vai deixar maior pobreza e mais recessão; como não pode desvalorizar a moeda vai-se atirar aos suspeitos do costume, isto é, aos funcionários públicos, aos trabalhadores por conta de outrem, aos pensionistas e outros que não se podem defender, a não ser fazer umas manifestações”.O autor considera que “esta crise, que não dá sinais de querer abrandar, além dos incalculáveis prejuízos que provocou por esse mundo fora, teve três consequências fundamentais: decretou, espera-se, a falência do capitalismo financeiro liberal e desregulado de raiz anglo-saxónica com sede em Wall Street e na City de Londres, e ramificações nas restantes principais praças financeiras mundiais; confirmou ou fez emergir outros modelos de organização da vida económica, todos de raiz capitalista, que se perfilam como alternativas à economia de casino e que vão desde o modelo liberal regulamentado aos modelos nórdicos, à economia social de mercado alemã e ao modelo chinês de capitalismo de Estado com larga participação da iniciativa privada; e provocou o primeiro grande abalo da supremacia do Ocidente e da hegemonia dos EUA no mundo em favor da China e de mais dois ou três países emergentes”.No debate que se seguiu à apresentação, Tiago Leite, do CDS/PP de Santarém, recordou que “dantes o meu banco só me emprestava dinheiro para a casa se eu tivesse 20% do valor, depois veio a desregulação, as pessoas endividaram-se para o que precisavam e o que não precisavam e isso foi o princípio do fim”.O deputado António Filipe, do PCP, afirmou a sua perplexidade sobre como é que esta crise foi possível e como é que se aceita esta situação de termos o poder político submetido ao poder económico e mediático, o pensamento único a dominar os meios de comunicação, esquecendo que foi o dinheiro dos contribuintes que salvou os bancos e são ainda os contribuintes que vão pagar os impostos e o resto por causa de uma crise de que não tiveram culpa”. António Filipe considera que “esta não é a primeira e não será a última crise do capitalismo, mas é a prova do falhanço do capitalismo que não é a solução para os problemas da humanidade”.“Ouvimos todos os dias que os trabalhadores que recebem o ordenado mínimo e os beneficiários do rendimento mínimo andam a gastar à tripa forra e, por isso, é que estamos em crise”, ironizou o deputado José Gusmão, do Bloco de Esquerda. “A necessidade de regulamentação dos mercados financeiros é consensual, só não se percebe porque não se tomam medidas de controlo dos movimentos financeiros, de proibição da transformação das dívidas em títulos, e por aí além”, defendeu José Gusmão, citando uma frase do livro atribuída ao filósofo Montaigne: “entre o fraco e forte, a liberdade oprime e a lei liberta”.Nélson Carvalho, do PS, defendeu que a solução para a crise deverá passar por um reforço da integração na União Europeia.O deputado Vasco Cunha, do PSD, referiu que “esta crise coloca em causa o modelo social e de desenvolvimento do ocidente e, ironicamente, são antigos países do bloco comunista que estão a fazer o seu caminho, imunes à crise, com taxas de crescimento económico altas”.in Jornal O RIBATEJO


“Fui levado a escrever este livro depois de ter ouvido uns senhores dos bancos a dizerem que a culpa da crise é de todos, na verdade uns são mais culpados do que outros, e para isso tive de recuperar a palavra banksters, que resulta da mistura de banqueiros com gangsters”, afirmou José Manuel Rolo, autor do livro “Labirintos da Crise Financeira Mundial” (2007-2010), apresentado no sábado, no salão nobre do Governo Civil de Santarém, numa sessão que incluiu um debate com os deputados do PSD, PCP e Bloco de Esquerda e representantes do PS e do CDS/PP, com moderação do director do jornal O Ribatejo Joaquim Duarte.Publicado pelas Edições Cosmos, de Joaquim Garrido, o livro “Labirintos da Crise Financeira Internacional” explica como, “em apenas dois anos, se passou de uma descuidada euforia a uma crise generalizada e profunda cuja solução não está à vista”.Professor universitário do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, José Manuel Rolo disse que foi levado a escrever este livro quando ouviu “os senhores dos bancos dizerem numa reunião que somos todos culpados desta crise; este livro serve também para mostrar que uns são mais culpados do que outros, e para isso tive de recuperar a palavra “banksters”, inventada na Grande depressão de 1930, e que resulta da mistura de banqueiros com gangsters”.José Manuel Rolo sublinha que “esta crise resultou do triunfo das ideias liberais na década de 80, nos EUA e Inglaterra, com a subida ao poder de Reagan e de Tatcher, que conduziu à desregulamentação dos mercados”.Sobre a situação de Portugal, o professor considera que “algo não está bem quando dos últimos quatro primeiros-ministros, dois saltaram lá para fora e os outros dois eram comentadores da televisão…” Critica os “antigos ministros e responsáveis políticos, que acumulam ordenados e duas ou três reformas, agora transformados em artistas de variedades como comentadores da televisão, e que ainda pedem a vinda do FMI”. Sublinha que “o apoio do FMI à Grécia foi no montante da dívida aos bancos alemães e franceses e isso diz tudo sobre o papel do FMI”. Em Portugal, desta vez, “o FMI só vai deixar maior pobreza e mais recessão; como não pode desvalorizar a moeda vai-se atirar aos suspeitos do costume, isto é, aos funcionários públicos, aos trabalhadores por conta de outrem, aos pensionistas e outros que não se podem defender, a não ser fazer umas manifestações”.O autor considera que “esta crise, que não dá sinais de querer abrandar, além dos incalculáveis prejuízos que provocou por esse mundo fora, teve três consequências fundamentais: decretou, espera-se, a falência do capitalismo financeiro liberal e desregulado de raiz anglo-saxónica com sede em Wall Street e na City de Londres, e ramificações nas restantes principais praças financeiras mundiais; confirmou ou fez emergir outros modelos de organização da vida económica, todos de raiz capitalista, que se perfilam como alternativas à economia de casino e que vão desde o modelo liberal regulamentado aos modelos nórdicos, à economia social de mercado alemã e ao modelo chinês de capitalismo de Estado com larga participação da iniciativa privada; e provocou o primeiro grande abalo da supremacia do Ocidente e da hegemonia dos EUA no mundo em favor da China e de mais dois ou três países emergentes”.No debate que se seguiu à apresentação, Tiago Leite, do CDS/PP de Santarém, recordou que “dantes o meu banco só me emprestava dinheiro para a casa se eu tivesse 20% do valor, depois veio a desregulação, as pessoas endividaram-se para o que precisavam e o que não precisavam e isso foi o princípio do fim”.O deputado António Filipe, do PCP, afirmou a sua perplexidade sobre como é que esta crise foi possível e como é que se aceita esta situação de termos o poder político submetido ao poder económico e mediático, o pensamento único a dominar os meios de comunicação, esquecendo que foi o dinheiro dos contribuintes que salvou os bancos e são ainda os contribuintes que vão pagar os impostos e o resto por causa de uma crise de que não tiveram culpa”. António Filipe considera que “esta não é a primeira e não será a última crise do capitalismo, mas é a prova do falhanço do capitalismo que não é a solução para os problemas da humanidade”.“Ouvimos todos os dias que os trabalhadores que recebem o ordenado mínimo e os beneficiários do rendimento mínimo andam a gastar à tripa forra e, por isso, é que estamos em crise”, ironizou o deputado José Gusmão, do Bloco de Esquerda. “A necessidade de regulamentação dos mercados financeiros é consensual, só não se percebe porque não se tomam medidas de controlo dos movimentos financeiros, de proibição da transformação das dívidas em títulos, e por aí além”, defendeu José Gusmão, citando uma frase do livro atribuída ao filósofo Montaigne: “entre o fraco e forte, a liberdade oprime e a lei liberta”.Nélson Carvalho, do PS, defendeu que a solução para a crise deverá passar por um reforço da integração na União Europeia.O deputado Vasco Cunha, do PSD, referiu que “esta crise coloca em causa o modelo social e de desenvolvimento do ocidente e, ironicamente, são antigos países do bloco comunista que estão a fazer o seu caminho, imunes à crise, com taxas de crescimento económico altas”.in Jornal O RIBATEJO

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