Governo tem 90 dias para acordo que abre lugares de topo a mulheres

10-03-2015
marcar artigo

Governo tem 90 dias para acordo que abre lugares de topo a mulheres

Cristina Oliveira da Silva

Ontem 00:05

Além da menor representatividade em cargos de decisão, mulheres também ganham menos do que os homens.

O Governo quer mais mulheres nos lugares de topo e tem 90 dias para desenvolver as "diligências necessárias" que conduzam a um compromisso com as empresas cotadas em Bolsa, de acordo com a resolução publicada na sexta-feira. Objectivo: garantir a inclusão de 30% de mulheres nos conselhos de administração daquelas empresas até final de 2018. Os dados mais recentes apontam para uma representação inferior a 10%.

Este tema não preocupa apenas Portugal. A partir do próximo ano, também as grandes empresas alemãs serão obrigadas a cumprir uma quota, já que 30% dos lugares de gestão terão de ser preenchidos por mulheres. Outros países já seguiram o mesmo caminho.

E são as empresas públicas com mais mulheres no conselho de administração que têm menor tendência para casos de suborno, fraude ou conflito entre accionistas, de acordo com uma análise doMSCI, que olhou para mais de 6.500 empresas, citado pelo Financial Times.

Por cá, não está em causa a criação de uma quota mas sim a celebração de um compromisso, embora a secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade tenha deixado o aviso: se as empresas não aderirem ao objectivo, a alternativa poderá passar por "medidas de natureza mais imperativa".

As afirmações de Teresa Morais foram proferidas após o Conselho de Ministros de quinta-feira, na véspera do Dia Nacional da Igualdade Salarial. Em Portugal, esta data volta a celebrar-se a 6 de Março, marcando o número de dias extra (65) que as mulheres teriam de trabalhar num ano para conseguir o mesmo salário pago aos homens no ano anterior, indica a Comissão para a Igualdade no Trabalho e noEmprego (CITE). Isto tendo em conta que, de acordo com informação dos Quadros de Pessoal (que agregam informação de entidades com trabalhadores abrangidos pelo Código doTrabalho), em 2013 a remuneração base mensal das mulheres era inferior em 17,9% à dos homens, aponta a CITE. Mas a diferença ainda é maior analisado os ganhos: 20,8%. O Eurostat, através de uma metodologia diferente, também nota que a diferença salarial entre géneros emPortugal atingia 13% em 2013. O valor nacional está abaixo da média europeia (16,4%) mas representa a maior subida, face a 2008, entre os vários países (3,8 pontos percentuais).

Neste âmbito, o Governo também aprovou a criação de um mecanismo para identificar as diferenças salariais entre sexos, sem custos para as empresas, ficando estas vinculadas a uma estratégia para eliminar as desigualdades identificadas. Um estudo encomendado pelo Governo, baseado em dados de 2011, permitia perceber que, em 84 ramos de actividade, os homens contavam com um ganho superior em 71.

A maternidade também tem influência nos salários, de acordo com a Organização Internacional doTrabalho (OIT). No estudo que aborda a diferença salarial relacionada com a maternidade, a OIT indica que, emPortugal as mulheres com dois filhos experienciam penalizações nos seus salários (na ordem dos 10%), comparando com mulheres sem filhos.

Governo tem 90 dias para acordo que abre lugares de topo a mulheres

Cristina Oliveira da Silva

Ontem 00:05

Além da menor representatividade em cargos de decisão, mulheres também ganham menos do que os homens.

O Governo quer mais mulheres nos lugares de topo e tem 90 dias para desenvolver as "diligências necessárias" que conduzam a um compromisso com as empresas cotadas em Bolsa, de acordo com a resolução publicada na sexta-feira. Objectivo: garantir a inclusão de 30% de mulheres nos conselhos de administração daquelas empresas até final de 2018. Os dados mais recentes apontam para uma representação inferior a 10%.

Este tema não preocupa apenas Portugal. A partir do próximo ano, também as grandes empresas alemãs serão obrigadas a cumprir uma quota, já que 30% dos lugares de gestão terão de ser preenchidos por mulheres. Outros países já seguiram o mesmo caminho.

E são as empresas públicas com mais mulheres no conselho de administração que têm menor tendência para casos de suborno, fraude ou conflito entre accionistas, de acordo com uma análise doMSCI, que olhou para mais de 6.500 empresas, citado pelo Financial Times.

Por cá, não está em causa a criação de uma quota mas sim a celebração de um compromisso, embora a secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade tenha deixado o aviso: se as empresas não aderirem ao objectivo, a alternativa poderá passar por "medidas de natureza mais imperativa".

As afirmações de Teresa Morais foram proferidas após o Conselho de Ministros de quinta-feira, na véspera do Dia Nacional da Igualdade Salarial. Em Portugal, esta data volta a celebrar-se a 6 de Março, marcando o número de dias extra (65) que as mulheres teriam de trabalhar num ano para conseguir o mesmo salário pago aos homens no ano anterior, indica a Comissão para a Igualdade no Trabalho e noEmprego (CITE). Isto tendo em conta que, de acordo com informação dos Quadros de Pessoal (que agregam informação de entidades com trabalhadores abrangidos pelo Código doTrabalho), em 2013 a remuneração base mensal das mulheres era inferior em 17,9% à dos homens, aponta a CITE. Mas a diferença ainda é maior analisado os ganhos: 20,8%. O Eurostat, através de uma metodologia diferente, também nota que a diferença salarial entre géneros emPortugal atingia 13% em 2013. O valor nacional está abaixo da média europeia (16,4%) mas representa a maior subida, face a 2008, entre os vários países (3,8 pontos percentuais).

Neste âmbito, o Governo também aprovou a criação de um mecanismo para identificar as diferenças salariais entre sexos, sem custos para as empresas, ficando estas vinculadas a uma estratégia para eliminar as desigualdades identificadas. Um estudo encomendado pelo Governo, baseado em dados de 2011, permitia perceber que, em 84 ramos de actividade, os homens contavam com um ganho superior em 71.

A maternidade também tem influência nos salários, de acordo com a Organização Internacional doTrabalho (OIT). No estudo que aborda a diferença salarial relacionada com a maternidade, a OIT indica que, emPortugal as mulheres com dois filhos experienciam penalizações nos seus salários (na ordem dos 10%), comparando com mulheres sem filhos.

marcar artigo