Igualdade no Casamento

30-06-2011
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Michael Stephens/Epa

Por Rui ChavesDe entre os 35,3 por cento que são “a favor” dessa legalização (9,6 por cento manifestam-se “sem opinião”), a mesma sondagem indica que a maioria (53,8 por cento) são favoráveis à adopção por um casal de homens quando as crianças são “abandonadas pelos verdadeiros pais”, um valor que se aproxima dos dois terços (61,1 por cento) quando a possibilidade de adopção nas mesmas circunstâncias (abandono dos filhos pelos pais) se coloca perante um casal de mulheres homossexuais.Os inquiridos foram informados de que “em Espanha foi recentemente aprovada uma lei que permite o casamento entre homossexuais”, perguntando-se em seguida se “é a favor ou contra que em Portugal seja legalizado o casamento entre homossexuais?”. Aos 55,1 por cento de respostas “contra”, correspondem 35,3 por cento de respostas “a favor” da legalização e 9,6 por cento “sem opinião”.PSD CONTRA PS A FAVORNa distribuição por partidos, os eleitores do PSD (69,1 por cento) foram aqueles que mais abertamente se revelaram contra a legalização dos casamentos homossexuais, seguidos pelos votantes no PCP (64,2 por cento). Pelo contrário, os votantes do PS (46,1 por cento a favor e 44,8 por cento contra) foram os únicos que se revelaram maioritariamente favoráveis à possível legalização dos casamentos entre homossexuais.Abstencionistas (34,9 por cento) seguem-se na lista dos mais abertos à legalização. O PP caracteriza-se, na sondagem, por ser o partido com maior número de eleitores “sem opinião” (23,7 por cento). O Bloco de Esquerda não aparece representado.GRANDE PORTO FAVORÁVELPor regiões, o Grande Porto foi a única que mostrou maior número de respostas favoráveis (46,1 por cento a favor, 45,2 por cento contra), enquanto o Interior foi a que revelou maior disparidade entre as respostas “contra” (62,7 por cento) e “a favor” (31,7 por cento).Os habitantes do chamado meio “Rururbano”, ou misto, foram também os que se mostraram mais contrários à legalização (62,8 por cento contra e 31,7 por cento a favor), por oposição aos citadinos, do meio “urbano”, que se revelam mais divididos (44,8 por cento contra e 40,6 a favor).A relação entre a idade e a disponibilidade para a legalização é inversamente proporcional, com os eleitores de 60 ou mais anos a manifestar a maior oposição aos casamentos entre homossexuais (85,9 por cento contra e 10,9 por cento a favor), enquanto os eleitores do grupo entre os 18 e os 29 anos são os únicos maioritariamente a favor dessa legalização (68 por cento).HOMENS OPÕEM-SEOs homens (58 contra 31,2) oferecem mais resistência aos casamentos homossexuais do que as mulheres (52,4 contra, 39,1 a favor). Os inactivos (74,6), aqueles com instrução “primária ou menos” (74,5) e o estrato socio-económico mais baixo 870,4 por cento) estão preferencialmente “contra” a legalização.Por oposição, os trabalhadores “activos” (44,1 por cento), os que têm uma instrução “mais que primária”(50 por cento) e o estrato socio-económico mais alto (45,5 por cento) revelam maior número de respostas favoráveis à legalização do que contra a mesma."UNIÃO ENTRE HOMOSSEXUAIS NÃO É UM CASAMENTO" - D. ANTÓNIO MARCELINO, BISPO DE AVEIROCorreio da Manhã – Como é que a Igreja vê os resultados desta sondagem?D. António Marcelino – A minha opinião pessoal é a de que uma união entre homossexuais não é um casamento, não é uma família. pode até haver uma forma de união que seja reconhecida pelo Estado, mas isso não é um casamento no sentido em que a Igreja o entende.E quanto à adopção? Parece-lhe preferível que uma criança fique abandonada a ser adoptada por um casal homossexual?A questão não deve ser colocada assim porque há instituições e casais constituídos por um homem e uma mulher que têm de esperar anos para adoptar uma criança. Por princípio sou contra a adopção por homossexuais. Até pode haver casos concretos em que possam tratar bem de uma criança, mas há questões afectivas e por princípio uma criança só deve ser adoptada por um pai e uma mãe.Isso não é discriminação?Entendo que os homossexuais não devem ser discriminados e podem assumir a sua sexualidade. Mas são o que são, não queiram ser outra coisa. A Lei como está, está bem. – R.C. l"RESULTADOS SUGEREM MUDANÇA DE ATITUDES" -ANTÓNIO SERZEDELO, PRES. DA OPUS GAYCorreio da Manhã – O que acha dos resultados?António Serzedelo – Sugere uma mudança de atitudes. Apesar de a maioria ser contra a legalização, há um terço que é a favor se fosse há uns anos eram 90 por cento contra.Entende então que há uma maior abertura?É altura de se lançar de novo o tema à discussão pública. Nada há a temer que as diferentes comunidades, científica, civil e ‘gay’ façam ouvir as suas vozes.A Igreja continua a ser frontalmente contra?Estamos a falar de um casamento civil! A Igreja não deve pronunciar-se, como não se pronuncia sobre os divórcios. O casamento civil é um contrato. Por outro lado, a própria constituição diz que uma pessoa não deve ser discriminada pela sua orientação sexual. É uma questão de direito. Se depois o exerce é outra questão. Até costumo brincar e dizer que os ‘gays’ são os únicos que ainda acreditam no casamento.FAVORÁVEIS À LEGALIZAÇÃO ACEITAM ADOPÇÃOMULHERESAdopção por casais femininos recebe maior aceitação (61,1) do que por casais de dois homens (53,8), entre aqueles que aceitam a legalização dos casamentos.INTERIORA região Interior é aquela onde se regista maior discrepância quanto à adopção consoante o sexo (48,1 aceitam por homens e 62,7 aceitam se forem mulheres).GÉNEROAs mulheres mostram-se mais indiferentes ao sexo do casal que se proponha adoptar. Já os homens rejeitam se o casal for masculino e aceitam se for feminino.IDADEAo contrário da pergunta sobre legalização, a idade, instrução e condição económica não se revelam factopres decisivos nas respostas à adopção.REACÇÕES PARTIDÁRIASPSD INDISPONÍVEL PARA COMENTAR (SEM OPINIÃO,O CM tentou ontem à tarde contactar algum responsável do PSD para comentar a sondagem. Guilherme Silva, líder parlamentar, e os deputados Jorge Nuno de Sá, Gonçalo Capitão e Ana Manso revelaram-se incontactáveis. Miguel Frasquilho alegou não ser a sua área e Teresa Morais que estava “de férias”."PS MAIS ABERTO À LEGALIZAÇÃO" - VILTALINO CANAS, DEPUTADO DO PS“Não me surpreendem os resultados no que respeita ao casamento e ao facto de o PS ser o partido mais aberto à legalização. O PS é um partido por tradição liberal no que respeita aos costumes, mais do que o PCP. Já na questão da adopção parece-me não ter ainda havido um debate conclusivo no partido.”"SENTIMENTO DA MAIORIA" - PIRES DE LIMA, PORTA-VOZ DO PP“O resultado expressa aquilo que, no entender do PP, é o sentimento da maioria dos portugueses. Há o respeito pela orientação sexual de cada um, mas o casamento é uma instituição que simboliza o compromisso entre um homem e uma mulher. Portugal não deve seguir o exemplo de outros países, mesmo que vizinhos.”"CRESCENTE PREOCUPAÇÃO" - ANTÓNIO RODRIGUES, GAB. IMP. DO PCPA sondagem mostra a crescente preocupação social para estas matérias. O PCP tem estado atento a esta tendência, como o provam as sucessivas iniciativas parlamentares nesse sentido como a relativa às uniões de facto. Não me parece significativo o resultado da sondagem no que respeita aos eleitores do PCP.”Publicado no Correio da Manhã

Michael Stephens/Epa

Por Rui ChavesDe entre os 35,3 por cento que são “a favor” dessa legalização (9,6 por cento manifestam-se “sem opinião”), a mesma sondagem indica que a maioria (53,8 por cento) são favoráveis à adopção por um casal de homens quando as crianças são “abandonadas pelos verdadeiros pais”, um valor que se aproxima dos dois terços (61,1 por cento) quando a possibilidade de adopção nas mesmas circunstâncias (abandono dos filhos pelos pais) se coloca perante um casal de mulheres homossexuais.Os inquiridos foram informados de que “em Espanha foi recentemente aprovada uma lei que permite o casamento entre homossexuais”, perguntando-se em seguida se “é a favor ou contra que em Portugal seja legalizado o casamento entre homossexuais?”. Aos 55,1 por cento de respostas “contra”, correspondem 35,3 por cento de respostas “a favor” da legalização e 9,6 por cento “sem opinião”.PSD CONTRA PS A FAVORNa distribuição por partidos, os eleitores do PSD (69,1 por cento) foram aqueles que mais abertamente se revelaram contra a legalização dos casamentos homossexuais, seguidos pelos votantes no PCP (64,2 por cento). Pelo contrário, os votantes do PS (46,1 por cento a favor e 44,8 por cento contra) foram os únicos que se revelaram maioritariamente favoráveis à possível legalização dos casamentos entre homossexuais.Abstencionistas (34,9 por cento) seguem-se na lista dos mais abertos à legalização. O PP caracteriza-se, na sondagem, por ser o partido com maior número de eleitores “sem opinião” (23,7 por cento). O Bloco de Esquerda não aparece representado.GRANDE PORTO FAVORÁVELPor regiões, o Grande Porto foi a única que mostrou maior número de respostas favoráveis (46,1 por cento a favor, 45,2 por cento contra), enquanto o Interior foi a que revelou maior disparidade entre as respostas “contra” (62,7 por cento) e “a favor” (31,7 por cento).Os habitantes do chamado meio “Rururbano”, ou misto, foram também os que se mostraram mais contrários à legalização (62,8 por cento contra e 31,7 por cento a favor), por oposição aos citadinos, do meio “urbano”, que se revelam mais divididos (44,8 por cento contra e 40,6 a favor).A relação entre a idade e a disponibilidade para a legalização é inversamente proporcional, com os eleitores de 60 ou mais anos a manifestar a maior oposição aos casamentos entre homossexuais (85,9 por cento contra e 10,9 por cento a favor), enquanto os eleitores do grupo entre os 18 e os 29 anos são os únicos maioritariamente a favor dessa legalização (68 por cento).HOMENS OPÕEM-SEOs homens (58 contra 31,2) oferecem mais resistência aos casamentos homossexuais do que as mulheres (52,4 contra, 39,1 a favor). Os inactivos (74,6), aqueles com instrução “primária ou menos” (74,5) e o estrato socio-económico mais baixo 870,4 por cento) estão preferencialmente “contra” a legalização.Por oposição, os trabalhadores “activos” (44,1 por cento), os que têm uma instrução “mais que primária”(50 por cento) e o estrato socio-económico mais alto (45,5 por cento) revelam maior número de respostas favoráveis à legalização do que contra a mesma."UNIÃO ENTRE HOMOSSEXUAIS NÃO É UM CASAMENTO" - D. ANTÓNIO MARCELINO, BISPO DE AVEIROCorreio da Manhã – Como é que a Igreja vê os resultados desta sondagem?D. António Marcelino – A minha opinião pessoal é a de que uma união entre homossexuais não é um casamento, não é uma família. pode até haver uma forma de união que seja reconhecida pelo Estado, mas isso não é um casamento no sentido em que a Igreja o entende.E quanto à adopção? Parece-lhe preferível que uma criança fique abandonada a ser adoptada por um casal homossexual?A questão não deve ser colocada assim porque há instituições e casais constituídos por um homem e uma mulher que têm de esperar anos para adoptar uma criança. Por princípio sou contra a adopção por homossexuais. Até pode haver casos concretos em que possam tratar bem de uma criança, mas há questões afectivas e por princípio uma criança só deve ser adoptada por um pai e uma mãe.Isso não é discriminação?Entendo que os homossexuais não devem ser discriminados e podem assumir a sua sexualidade. Mas são o que são, não queiram ser outra coisa. A Lei como está, está bem. – R.C. l"RESULTADOS SUGEREM MUDANÇA DE ATITUDES" -ANTÓNIO SERZEDELO, PRES. DA OPUS GAYCorreio da Manhã – O que acha dos resultados?António Serzedelo – Sugere uma mudança de atitudes. Apesar de a maioria ser contra a legalização, há um terço que é a favor se fosse há uns anos eram 90 por cento contra.Entende então que há uma maior abertura?É altura de se lançar de novo o tema à discussão pública. Nada há a temer que as diferentes comunidades, científica, civil e ‘gay’ façam ouvir as suas vozes.A Igreja continua a ser frontalmente contra?Estamos a falar de um casamento civil! A Igreja não deve pronunciar-se, como não se pronuncia sobre os divórcios. O casamento civil é um contrato. Por outro lado, a própria constituição diz que uma pessoa não deve ser discriminada pela sua orientação sexual. É uma questão de direito. Se depois o exerce é outra questão. Até costumo brincar e dizer que os ‘gays’ são os únicos que ainda acreditam no casamento.FAVORÁVEIS À LEGALIZAÇÃO ACEITAM ADOPÇÃOMULHERESAdopção por casais femininos recebe maior aceitação (61,1) do que por casais de dois homens (53,8), entre aqueles que aceitam a legalização dos casamentos.INTERIORA região Interior é aquela onde se regista maior discrepância quanto à adopção consoante o sexo (48,1 aceitam por homens e 62,7 aceitam se forem mulheres).GÉNEROAs mulheres mostram-se mais indiferentes ao sexo do casal que se proponha adoptar. Já os homens rejeitam se o casal for masculino e aceitam se for feminino.IDADEAo contrário da pergunta sobre legalização, a idade, instrução e condição económica não se revelam factopres decisivos nas respostas à adopção.REACÇÕES PARTIDÁRIASPSD INDISPONÍVEL PARA COMENTAR (SEM OPINIÃO,O CM tentou ontem à tarde contactar algum responsável do PSD para comentar a sondagem. Guilherme Silva, líder parlamentar, e os deputados Jorge Nuno de Sá, Gonçalo Capitão e Ana Manso revelaram-se incontactáveis. Miguel Frasquilho alegou não ser a sua área e Teresa Morais que estava “de férias”."PS MAIS ABERTO À LEGALIZAÇÃO" - VILTALINO CANAS, DEPUTADO DO PS“Não me surpreendem os resultados no que respeita ao casamento e ao facto de o PS ser o partido mais aberto à legalização. O PS é um partido por tradição liberal no que respeita aos costumes, mais do que o PCP. Já na questão da adopção parece-me não ter ainda havido um debate conclusivo no partido.”"SENTIMENTO DA MAIORIA" - PIRES DE LIMA, PORTA-VOZ DO PP“O resultado expressa aquilo que, no entender do PP, é o sentimento da maioria dos portugueses. Há o respeito pela orientação sexual de cada um, mas o casamento é uma instituição que simboliza o compromisso entre um homem e uma mulher. Portugal não deve seguir o exemplo de outros países, mesmo que vizinhos.”"CRESCENTE PREOCUPAÇÃO" - ANTÓNIO RODRIGUES, GAB. IMP. DO PCPA sondagem mostra a crescente preocupação social para estas matérias. O PCP tem estado atento a esta tendência, como o provam as sucessivas iniciativas parlamentares nesse sentido como a relativa às uniões de facto. Não me parece significativo o resultado da sondagem no que respeita aos eleitores do PCP.”Publicado no Correio da Manhã

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