PS justifica recuo com "desconforto" no PSD

24-06-2011
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Foi porventura um dos recuos mais visíveis no Orçamento do Estado (OE) para 2011, mas que os socialistas atribuem ao "desconforto" sentido na bancada do PSD. A bancada socialista voltou atrás na norma que desresponsabilizava financeiramente os autarcas. A norma proposta pelo Governo acabou por ser eliminada, por unanimidade. Os dois maiores partidos comprometeram-se em trabalhar a matéria mais tarde e o PS admite mesmo ponderar um âmbito mais alargado, incluindo a responsabilização dos governantes. Em causa estava uma norma proposta pelo Governo que retirava a responsabilidade financeira das decisões dos autarcas, desde que essas estejam de acordo com o parecer dos serviços. Esta norma motivou fortes preocupações ao Tribunal de Contas.

O deputado socialista Vítor Baptista justificou o recuo da bancada do PS com o "desconforto" que ficou evidente na bancada do PSD. "Foi patente que esta norma do OE criou alguma turbulência, algum desconforto, também é conhecido que o Tribunal de Contas pediu a sua eliminação", afirmou aos jornalistas, depois de a norma em causa, proposta pelo BE, ter sido eliminada.

O PS acordou com o Governo trabalhar sobre esta matéria, depois da votação do OE. "Somos pela responsabilização dos autarcas mas na medida adequada e entendemos [com o PSD] retomar este processo mais tarde", disse Vítor Baptista. O deputado considerou não ser "justo que se responsabilize autarcas que assumem decisões mediante pareceres técnicos".

Vítor Baptista defendeu também que "não é legítimo responsabilizar na mesma linha um vereador que não tem pelouro" e que "tem acesso aos dossiers com poucas horas de antecedência muitas das vezes" e um vereador com pelouro.

De manhã, quando o artigo em causa foi debatido em plenário, o PSD, pela voz da deputada Luísa Roseira, anunciou o apoio à proposta do BE. E defendeu uma reforma profunda nesta matéria e a revisão da responsabilização relativa aos membros do Governo que remonta a uma lei de 1933 e que recentemente foi proposta pelo líder do PSD, Passos Coelho. Vítor Baptista admite vir a discutir a questão de forma mais alargada.

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Em relação ao artigo dos autarcas, o deputado do CDS-PP João Almeida invocou igualmente o que classificou de "total desrespeito" pelo Tribunal de Contas para votar ao lado do BE na eliminação da norma. "Este artigo é um atentado ao Estado de direito, nunca nos poderíamos rever nele", sustentou João Almeida.

José Manuel Pureza, líder parlamentar dos bloquistas, argumentou que a proposta do Governo representaria "a abertura perigosíssima de uma caixa de Pandora em matéria de responsabilização financeira".

Numa audição parlamentar este mês, o vice-presidente do Tribunal de Contas Morais Antunes considerou que esta norma pode abrir a porta à não responsabilização dos líderes das empresas públicas, institutos públicos, como as universidades, alegando que se trata de responsabilização e não de penalização, já que as penas ou multas a aplicar, por exemplo no caso dos vereadores não executivos, são diminutas.Sofia Rodrigues

Foi porventura um dos recuos mais visíveis no Orçamento do Estado (OE) para 2011, mas que os socialistas atribuem ao "desconforto" sentido na bancada do PSD. A bancada socialista voltou atrás na norma que desresponsabilizava financeiramente os autarcas. A norma proposta pelo Governo acabou por ser eliminada, por unanimidade. Os dois maiores partidos comprometeram-se em trabalhar a matéria mais tarde e o PS admite mesmo ponderar um âmbito mais alargado, incluindo a responsabilização dos governantes. Em causa estava uma norma proposta pelo Governo que retirava a responsabilidade financeira das decisões dos autarcas, desde que essas estejam de acordo com o parecer dos serviços. Esta norma motivou fortes preocupações ao Tribunal de Contas.

O deputado socialista Vítor Baptista justificou o recuo da bancada do PS com o "desconforto" que ficou evidente na bancada do PSD. "Foi patente que esta norma do OE criou alguma turbulência, algum desconforto, também é conhecido que o Tribunal de Contas pediu a sua eliminação", afirmou aos jornalistas, depois de a norma em causa, proposta pelo BE, ter sido eliminada.

O PS acordou com o Governo trabalhar sobre esta matéria, depois da votação do OE. "Somos pela responsabilização dos autarcas mas na medida adequada e entendemos [com o PSD] retomar este processo mais tarde", disse Vítor Baptista. O deputado considerou não ser "justo que se responsabilize autarcas que assumem decisões mediante pareceres técnicos".

Vítor Baptista defendeu também que "não é legítimo responsabilizar na mesma linha um vereador que não tem pelouro" e que "tem acesso aos dossiers com poucas horas de antecedência muitas das vezes" e um vereador com pelouro.

De manhã, quando o artigo em causa foi debatido em plenário, o PSD, pela voz da deputada Luísa Roseira, anunciou o apoio à proposta do BE. E defendeu uma reforma profunda nesta matéria e a revisão da responsabilização relativa aos membros do Governo que remonta a uma lei de 1933 e que recentemente foi proposta pelo líder do PSD, Passos Coelho. Vítor Baptista admite vir a discutir a questão de forma mais alargada.

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Em relação ao artigo dos autarcas, o deputado do CDS-PP João Almeida invocou igualmente o que classificou de "total desrespeito" pelo Tribunal de Contas para votar ao lado do BE na eliminação da norma. "Este artigo é um atentado ao Estado de direito, nunca nos poderíamos rever nele", sustentou João Almeida.

José Manuel Pureza, líder parlamentar dos bloquistas, argumentou que a proposta do Governo representaria "a abertura perigosíssima de uma caixa de Pandora em matéria de responsabilização financeira".

Numa audição parlamentar este mês, o vice-presidente do Tribunal de Contas Morais Antunes considerou que esta norma pode abrir a porta à não responsabilização dos líderes das empresas públicas, institutos públicos, como as universidades, alegando que se trata de responsabilização e não de penalização, já que as penas ou multas a aplicar, por exemplo no caso dos vereadores não executivos, são diminutas.Sofia Rodrigues

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