Passos promete "pacto de confiança" e Cavaco exige "solidez" ao Governo

24-06-2011
marcar artigo

Na hora da posse do Executivo, tom dos discursos de Cavaco e Passos foi muito idêntico daniel rocha

Presidente aconselha "compromissos alargados" com outros partidos, como PS. Os dois concordam que Portugal enfrenta tempos difíceis e "não pode falhar"

a O Presidente da República exigiu ontem "solidez, consistência e durabilidade" ao novo Governo. Nem tinham passado cinco minutos desde que assinara o auto de posse do novo primeiro-ministro e restantes ministros do XIX Governo Constitucional, na Sala dos Embaixadores, no Palácio da Ajuda, em Lisboa. Pedro Passos Coelho preferiu sublinhar que pretende, para o futuro, um "pacto de confiança, de responsabilidade e de abertura" com a sociedade.

Cavaco Silva apresentou depois uma espécie de caderno de encargos ao executivo PSD-CDS que vão além do plano de resgate da troika e aconselhou o novo primeiro-ministro a não esquecer "compromissos alargados" com outros partidos. O PS, no caso, e a pensar nas novas medidas de austeridade.

"É fundamental que o Governo tenha presente que o facto de dispor de maioria no Parlamento não deve afastá-lo da busca de compromissos alargados a outras forças", disse.

A esse último repto, o novo primeiro-ministro não respondeu directamente, apenas falando num espírito de abertura. Como não respondeu à exigência de os dois partidos "assegurarem que a coligação governativa tenha solidez e consistência". Afinal, ainda todos se lembravam do que aconteceu na véspera: a primeira divisão entre os dois parceiros que impediu a eleição do independente Fernando Nobre para presidente da Assembleia da República.

Cavaco e Passos afinados

No resto, os discursos de Cavaco Silva e Passos Coelho complementaram-se. Cavaco insistiu na ideia de que os próximos tempos serão difíceis. Passos também e falou em novas "tormentas". Que o país tem de "honrar os compromissos internacionais" (Passos) e que, se tal não acontecer, haverá "riscos catastróficos" (Cavaco). Apesar de todos os cenários cinzentos, os dois concordam: "Portugal não pode falhar" (Cavaco). "Sei que Portugal não falhará", garantiu Passos.

E porque a governação não pode esgotar-se no cumprimento dos acordos da troika, o Presidente apresentou uma série de prioridades.

A começar pela necessidade de uma "repartição equilibrada dos sacrifícios e uma utilização criteriosa dos recursos públicos, com vista a ajudar os cidadãos efectivamente mais carenciados". Passos respondeu com o Programa de Emergência Social, "orientado para as pessoas com maiores carências" para combater a "ameaça de crise social".

Cavaco Silva falou na "condição-chave" de reduzir o desequilíbrio externo e nas políticas para o aumento da competitividade externa. O primeiro-ministro lembrou o seu Programa de Estabilização Financeira para conseguir "o estancamento da dívida externa e pública", e também o Programa para o Crescimento, Competitividade e Emprego para "responder à estagnação económica".

À necessidade de desenvolver "hábitos de poupança" advogada por Cavaco, Passos respondeu com o Plano Nacional de Poupança. À exigência de uma aposta séria na "melhoria do sistema judicial" feita pelo Presidente, Passos respondeu com a promessa de uma "revisão da arquitectura do sistema de Justiça".

E, em frente a José Sócrates - o primeiro-ministro cessante que entrou e saiu sem dizer palavra aos jornalistas -, o novo chefe do Governo prometeu acabar com a "ilusão" de que a "dívida em espiral alimenta crescimento". "Portugal sabe por experiência própria que a embriaguez da dívida se limita a encenar um falso e curto bem-estar até ao dia em que chega a factura e o colapso." Sócrates fez cara séria nesta parte do discurso.

Clientelas, não

O melhor do Público no email Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Subscrever ×

Passos Coelho falou num espírito de mudança e garantiu que quer um Estado que "dará o exemplo de rigor e contenção para que haja recursos para os que mais necessitam", respondendo mais uma vez às preocupações presidenciais com "os mais carenciados".

"O meu Governo será o líder desse exemplo, como de resto a decisão de não nomear novos governadores civis já sinaliza", disse. Horas depois, vários governadores civis do PS anunciaram a sua demissão imediata.

De resto, o Presidente da República não deixou de fazer outros alertas a Pedro Passos e aos novos governantes. É necessária uma "atitude firme no combate à corrupção e às situações de promiscuidade entre interesses privados e o interesse público". Um segundo aviso presidencial: "O desempenho de funções públicas e a selecção dos altos responsáveis da administração têm de ser pautados exclusivamente por critérios de competência e mérito. As eleições servem para devolver a escolha ao povo, não para promover o rotativismo das clientelas."

O novo primeiro-ministro tinha resposta pronta. E promete um "Governo firme no fortalecimento do Estado perante a intrusão de interesses privados ou de clientelas partidárias e corporativas".

Na hora da posse do Executivo, tom dos discursos de Cavaco e Passos foi muito idêntico daniel rocha

Presidente aconselha "compromissos alargados" com outros partidos, como PS. Os dois concordam que Portugal enfrenta tempos difíceis e "não pode falhar"

a O Presidente da República exigiu ontem "solidez, consistência e durabilidade" ao novo Governo. Nem tinham passado cinco minutos desde que assinara o auto de posse do novo primeiro-ministro e restantes ministros do XIX Governo Constitucional, na Sala dos Embaixadores, no Palácio da Ajuda, em Lisboa. Pedro Passos Coelho preferiu sublinhar que pretende, para o futuro, um "pacto de confiança, de responsabilidade e de abertura" com a sociedade.

Cavaco Silva apresentou depois uma espécie de caderno de encargos ao executivo PSD-CDS que vão além do plano de resgate da troika e aconselhou o novo primeiro-ministro a não esquecer "compromissos alargados" com outros partidos. O PS, no caso, e a pensar nas novas medidas de austeridade.

"É fundamental que o Governo tenha presente que o facto de dispor de maioria no Parlamento não deve afastá-lo da busca de compromissos alargados a outras forças", disse.

A esse último repto, o novo primeiro-ministro não respondeu directamente, apenas falando num espírito de abertura. Como não respondeu à exigência de os dois partidos "assegurarem que a coligação governativa tenha solidez e consistência". Afinal, ainda todos se lembravam do que aconteceu na véspera: a primeira divisão entre os dois parceiros que impediu a eleição do independente Fernando Nobre para presidente da Assembleia da República.

Cavaco e Passos afinados

No resto, os discursos de Cavaco Silva e Passos Coelho complementaram-se. Cavaco insistiu na ideia de que os próximos tempos serão difíceis. Passos também e falou em novas "tormentas". Que o país tem de "honrar os compromissos internacionais" (Passos) e que, se tal não acontecer, haverá "riscos catastróficos" (Cavaco). Apesar de todos os cenários cinzentos, os dois concordam: "Portugal não pode falhar" (Cavaco). "Sei que Portugal não falhará", garantiu Passos.

E porque a governação não pode esgotar-se no cumprimento dos acordos da troika, o Presidente apresentou uma série de prioridades.

A começar pela necessidade de uma "repartição equilibrada dos sacrifícios e uma utilização criteriosa dos recursos públicos, com vista a ajudar os cidadãos efectivamente mais carenciados". Passos respondeu com o Programa de Emergência Social, "orientado para as pessoas com maiores carências" para combater a "ameaça de crise social".

Cavaco Silva falou na "condição-chave" de reduzir o desequilíbrio externo e nas políticas para o aumento da competitividade externa. O primeiro-ministro lembrou o seu Programa de Estabilização Financeira para conseguir "o estancamento da dívida externa e pública", e também o Programa para o Crescimento, Competitividade e Emprego para "responder à estagnação económica".

À necessidade de desenvolver "hábitos de poupança" advogada por Cavaco, Passos respondeu com o Plano Nacional de Poupança. À exigência de uma aposta séria na "melhoria do sistema judicial" feita pelo Presidente, Passos respondeu com a promessa de uma "revisão da arquitectura do sistema de Justiça".

E, em frente a José Sócrates - o primeiro-ministro cessante que entrou e saiu sem dizer palavra aos jornalistas -, o novo chefe do Governo prometeu acabar com a "ilusão" de que a "dívida em espiral alimenta crescimento". "Portugal sabe por experiência própria que a embriaguez da dívida se limita a encenar um falso e curto bem-estar até ao dia em que chega a factura e o colapso." Sócrates fez cara séria nesta parte do discurso.

Clientelas, não

O melhor do Público no email Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Subscrever ×

Passos Coelho falou num espírito de mudança e garantiu que quer um Estado que "dará o exemplo de rigor e contenção para que haja recursos para os que mais necessitam", respondendo mais uma vez às preocupações presidenciais com "os mais carenciados".

"O meu Governo será o líder desse exemplo, como de resto a decisão de não nomear novos governadores civis já sinaliza", disse. Horas depois, vários governadores civis do PS anunciaram a sua demissão imediata.

De resto, o Presidente da República não deixou de fazer outros alertas a Pedro Passos e aos novos governantes. É necessária uma "atitude firme no combate à corrupção e às situações de promiscuidade entre interesses privados e o interesse público". Um segundo aviso presidencial: "O desempenho de funções públicas e a selecção dos altos responsáveis da administração têm de ser pautados exclusivamente por critérios de competência e mérito. As eleições servem para devolver a escolha ao povo, não para promover o rotativismo das clientelas."

O novo primeiro-ministro tinha resposta pronta. E promete um "Governo firme no fortalecimento do Estado perante a intrusão de interesses privados ou de clientelas partidárias e corporativas".

marcar artigo