Entrevista a Joana Amaral Dias

26-05-2015
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Entrevista a Joana Amaral Dias

por Joana Amaral Dias

Joana, em que fase da tua vida estás agora?

Essa é uma questão curiosa e que não estava à espera que me fizessem. Enfim, assim sem pensar muito na questão, diria que estou na fase da vida que Shakespeare caracterizou como de som e fúria, desprovida de especial significado profundo e que Faulkner imortalizou na afirmação de que a história não é só o que fomos mas também aquilo que agora somos.

Lembras-te do teu primeiro namorado?

Sim, era um rapaz muito bem parecido. Porém, éramos incompatíveis, eu sendo de esquerda e ele sendo muito inteligente.

De que te arrependes, na tua militância na esquerda?

Basicamente não me arrependo de nada excepto de me ter inscrito no Bloco, um partido cheio de pessoas bem intencionadas mas que não sabem que são de direita, muito conservadoras e pouco vanguardistas na sua concepção do mundo artístico e multiculturalmente globalizado.

O que não dispensas na praia?

A toalha e o biquini. As pessoas são muito preconceituosas em Portugal, não há sequer igualdade no direito à exposição solar do peito sem um grupo de embasbacados a oprimirem a liberdade da mulher. Um bom livro, como qualquer um do Chomsky ou do Umberto Eco. Uma boa companhia. Protector solar.

Já leste o último livro dele?

Já. É um importante texto no qual procura definir os limites da pesquisa semiótica bem como fornecer uma nova compreensão da disciplina segundo pressupostos buscados em filósofos como Kant e Charles Sanders Peirce. Curiosamente, é um dos poucos autores que conciliam o trabalho teórico-crítico com produções artísticas, exercendo influência considerável nos dois âmbitos.

Achas que o teu pai foi uma grande influência na tua vida?

Foi e ainda é.

De que falam, a nível profissional?

De nada, é raro termos oportunidade para uma conversa séria, com o meu trabalho tão absorvente na luta pela união das esquerdas.

Não achas que é um bocado utópico querer unir as esquerdas?

Acho que, com esta austeridade, temos que ver o lado positivo, seguindo o exemplo de Anne Frank. Claro que a Anne Frank não assistiu à pobreza originada pela austeridade enquanto estava escondida na casa em Amsterdão, o que lhe confere uma certa frieza na análise. No meu caso, ao fim de um certo tempo comecei a ficar mais alterada com a desgraça testemunhada no holocausto da austeridade da Troika e do Passos Coelho. Sabias que a casa da Anne Frank fica mesmo em frente a um canal cujo nome, em Português, é o Canal do Príncipe? Claro, o Príncipe é também um livro de Maquiavel sobre a centralização do poder político, no fundo só possível através da união da verdadeira esquerda. Isto responde à tua questão?

Responde, claro. Achas que Marinho e Pinto pode ser a solução da união das esquerdas?

Eu não quero personalizar e criar uma espécie de Sebastião messiânico, até porque o valor da esquerda está na opinião de cada um e não na frieza da matemática ou das ciências exactas. Dito isto, tenho grande esperança que, mais cedo ou mais tarde, o povo português acorde para a necessidade de unir as esquerdas. Como dizia Wilfried Laurier, “fraternidade sem absorção, união sem fusão”.

Muito obrigado pela tua disponibilidade para esta entrevista.

De nada, foi um prazer.

Entrevista a Joana Amaral Dias

por Joana Amaral Dias

Joana, em que fase da tua vida estás agora?

Essa é uma questão curiosa e que não estava à espera que me fizessem. Enfim, assim sem pensar muito na questão, diria que estou na fase da vida que Shakespeare caracterizou como de som e fúria, desprovida de especial significado profundo e que Faulkner imortalizou na afirmação de que a história não é só o que fomos mas também aquilo que agora somos.

Lembras-te do teu primeiro namorado?

Sim, era um rapaz muito bem parecido. Porém, éramos incompatíveis, eu sendo de esquerda e ele sendo muito inteligente.

De que te arrependes, na tua militância na esquerda?

Basicamente não me arrependo de nada excepto de me ter inscrito no Bloco, um partido cheio de pessoas bem intencionadas mas que não sabem que são de direita, muito conservadoras e pouco vanguardistas na sua concepção do mundo artístico e multiculturalmente globalizado.

O que não dispensas na praia?

A toalha e o biquini. As pessoas são muito preconceituosas em Portugal, não há sequer igualdade no direito à exposição solar do peito sem um grupo de embasbacados a oprimirem a liberdade da mulher. Um bom livro, como qualquer um do Chomsky ou do Umberto Eco. Uma boa companhia. Protector solar.

Já leste o último livro dele?

Já. É um importante texto no qual procura definir os limites da pesquisa semiótica bem como fornecer uma nova compreensão da disciplina segundo pressupostos buscados em filósofos como Kant e Charles Sanders Peirce. Curiosamente, é um dos poucos autores que conciliam o trabalho teórico-crítico com produções artísticas, exercendo influência considerável nos dois âmbitos.

Achas que o teu pai foi uma grande influência na tua vida?

Foi e ainda é.

De que falam, a nível profissional?

De nada, é raro termos oportunidade para uma conversa séria, com o meu trabalho tão absorvente na luta pela união das esquerdas.

Não achas que é um bocado utópico querer unir as esquerdas?

Acho que, com esta austeridade, temos que ver o lado positivo, seguindo o exemplo de Anne Frank. Claro que a Anne Frank não assistiu à pobreza originada pela austeridade enquanto estava escondida na casa em Amsterdão, o que lhe confere uma certa frieza na análise. No meu caso, ao fim de um certo tempo comecei a ficar mais alterada com a desgraça testemunhada no holocausto da austeridade da Troika e do Passos Coelho. Sabias que a casa da Anne Frank fica mesmo em frente a um canal cujo nome, em Português, é o Canal do Príncipe? Claro, o Príncipe é também um livro de Maquiavel sobre a centralização do poder político, no fundo só possível através da união da verdadeira esquerda. Isto responde à tua questão?

Responde, claro. Achas que Marinho e Pinto pode ser a solução da união das esquerdas?

Eu não quero personalizar e criar uma espécie de Sebastião messiânico, até porque o valor da esquerda está na opinião de cada um e não na frieza da matemática ou das ciências exactas. Dito isto, tenho grande esperança que, mais cedo ou mais tarde, o povo português acorde para a necessidade de unir as esquerdas. Como dizia Wilfried Laurier, “fraternidade sem absorção, união sem fusão”.

Muito obrigado pela tua disponibilidade para esta entrevista.

De nada, foi um prazer.

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