PSD endurece estratégia de colagem de António Costa a José Sócrates

30-09-2014
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PSD endurece estratégia de colagem de António Costa a José Sócrates

Inês David Bastos

00:05

Afirmação da união entre PSD e CDS e mudança de discurso político serão outras armas da maioria.

O regresso de António Costa à primeira linha da política partidária e uma eventual conquista do poder equivale ao regresso de José Sócrates, do seu ‘inner-circle' e das suas políticas. Vai ser esta uma das principais linhas de orientação da estratégia do PSD para o ano eleitoral que se avizinha até às legislativas de 2015.

Quando António Costa surgiu no terreno a desafiar Seguro para uma luta interna, o PSD e o Governo perceberam de imediato que o caminho até 2015 podia ficar mais difícil. Costa acabou por se afirmar o vencedor nas primárias de domingo e, de imediato, nas redes sociais começaram a aparecer nas páginas pessoais de vários social-democratas comentários e até imagens a colar o ainda autarca de Lisboa a Sócrates e à sua governação. Estava lançado o ‘embrião' daquela que será a estratégia dos social-democratas para tentarem manter-se no poder em 2015. Uma conquista que sabem ter ficado mais distante com a vitória de Costa, "um adversário mais forte e temido", admitem fontes do PSD. Ainda mais depois de uma semana em que Passos viu a sua credibilidade fragilizada por causa do caso Tecnoforma.

Se Costa tem um ano para unir o PS, Passos tem igual tempo para tentar conquistar o eleitorado tradicionalmente PSD que perdeu nas teias da austeridade (o partido fala numa queda de 30%) e tentar dificultar a vida a António Costa. Dirigentes social-democratas ouvidos ontem pelo Diário Económico admitiam que Costa é "um adversário mais temido" que Seguro, mas lembram que o autarca de Lisboa "representa um regresso ao passado, um passado que os portugueses ainda não esqueceram". Estará aqui a tónica da narrativa do PSD nos próximos tempos: Costa traz consigo quase todos os que estiveram com José Sócrates nos anteriores governos. O próprio Costa é um deles. O autarca tentará descolar-se desta imagem e o PSD tentará até à exaustão lembrá-la e reforçá-la.

Já Passos terá de descolar do discurso carregado de austeridade. O líder do PSD já deixou por diversas vezes a garantia de que não mudará o seu comportamento por o país entrar em ano eleitoral (declaração que nunca é bem recebida pelas bases), mas a verdade é que a agulha já começou a virar no terreno, com a aprovação recente, por exemplo, do aumento do salário mínimo nacional.

O orçamento que começa agora a ser preparado poderá ser outra campo aproveitado para dar novos sinais ao país. Paulo Portas não vai desaproveitá-lo: "A maioria têm de conseguir desanuviar a austeridade para o próximo ano", dizia ao Económico um dirigente do CDS. Partido que tem feito pressão para que seja reduzido o IRS já no próximo ano.

Embora oficialmente o PSD tente desvalorizar o impacto da vitória de Costa - Teresa Leal Coelho disse ontem que o importante é o PS voltar-se para o país e Passos disse estar "preparado para qualquer circunstância" - a estratégia mudará. Ontem, nos bastidores, já se falava na relevância que ganha agora PSD e CDS firmarem o quanto antes um acordo de coligação para 2015. No discurso da vitória, Costa avisou que domingo foi o "1º dias dos últimos do actual governo" e tanto PSD e CDS sabem que, mais que nunca, a maioria tem de mostrar que está unida.

PSD endurece estratégia de colagem de António Costa a José Sócrates

Inês David Bastos

00:05

Afirmação da união entre PSD e CDS e mudança de discurso político serão outras armas da maioria.

O regresso de António Costa à primeira linha da política partidária e uma eventual conquista do poder equivale ao regresso de José Sócrates, do seu ‘inner-circle' e das suas políticas. Vai ser esta uma das principais linhas de orientação da estratégia do PSD para o ano eleitoral que se avizinha até às legislativas de 2015.

Quando António Costa surgiu no terreno a desafiar Seguro para uma luta interna, o PSD e o Governo perceberam de imediato que o caminho até 2015 podia ficar mais difícil. Costa acabou por se afirmar o vencedor nas primárias de domingo e, de imediato, nas redes sociais começaram a aparecer nas páginas pessoais de vários social-democratas comentários e até imagens a colar o ainda autarca de Lisboa a Sócrates e à sua governação. Estava lançado o ‘embrião' daquela que será a estratégia dos social-democratas para tentarem manter-se no poder em 2015. Uma conquista que sabem ter ficado mais distante com a vitória de Costa, "um adversário mais forte e temido", admitem fontes do PSD. Ainda mais depois de uma semana em que Passos viu a sua credibilidade fragilizada por causa do caso Tecnoforma.

Se Costa tem um ano para unir o PS, Passos tem igual tempo para tentar conquistar o eleitorado tradicionalmente PSD que perdeu nas teias da austeridade (o partido fala numa queda de 30%) e tentar dificultar a vida a António Costa. Dirigentes social-democratas ouvidos ontem pelo Diário Económico admitiam que Costa é "um adversário mais temido" que Seguro, mas lembram que o autarca de Lisboa "representa um regresso ao passado, um passado que os portugueses ainda não esqueceram". Estará aqui a tónica da narrativa do PSD nos próximos tempos: Costa traz consigo quase todos os que estiveram com José Sócrates nos anteriores governos. O próprio Costa é um deles. O autarca tentará descolar-se desta imagem e o PSD tentará até à exaustão lembrá-la e reforçá-la.

Já Passos terá de descolar do discurso carregado de austeridade. O líder do PSD já deixou por diversas vezes a garantia de que não mudará o seu comportamento por o país entrar em ano eleitoral (declaração que nunca é bem recebida pelas bases), mas a verdade é que a agulha já começou a virar no terreno, com a aprovação recente, por exemplo, do aumento do salário mínimo nacional.

O orçamento que começa agora a ser preparado poderá ser outra campo aproveitado para dar novos sinais ao país. Paulo Portas não vai desaproveitá-lo: "A maioria têm de conseguir desanuviar a austeridade para o próximo ano", dizia ao Económico um dirigente do CDS. Partido que tem feito pressão para que seja reduzido o IRS já no próximo ano.

Embora oficialmente o PSD tente desvalorizar o impacto da vitória de Costa - Teresa Leal Coelho disse ontem que o importante é o PS voltar-se para o país e Passos disse estar "preparado para qualquer circunstância" - a estratégia mudará. Ontem, nos bastidores, já se falava na relevância que ganha agora PSD e CDS firmarem o quanto antes um acordo de coligação para 2015. No discurso da vitória, Costa avisou que domingo foi o "1º dias dos últimos do actual governo" e tanto PSD e CDS sabem que, mais que nunca, a maioria tem de mostrar que está unida.

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