MEDITAÇÃO NA PASTELARIA

23-01-2012
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Os ingleses tinham a Índia, nós temos os pastéis de nata. “Ter” é melhor do que “ter tido” e o futuro a Deus pertence. A Deus ou à China.Na China, os nata chamam-se dan ta e são muito apreciados. Nunca fui à China mas soube que Chris Patten, último governador inglês de Hong Kong e fanático das portuguese egg tarts, numa recente viagem ao território chegou ao aeroporto e disse: “Desembarquei às 16 e às 17.15 já estava a comer um pastel de nata”.Dado que tal confissão é anterior à escandalosa comparação feita por Álvaro Santos Pereira entre pastéis de nata e frango no churrasco (“Será o pastel de nata diferente do frango no churrasco?”), devo concluir duas coisas.Uma, é que os ingleses, não contentes por nos andarem a intrujar com Tratados desde 1373, nos querem agora roubar o nosso pastel de nata!Outra, é que o ministro, ao comparar o incomparável, prova ser um péssimo gourmet, facto que – insondáveis são os caminhos da mente – me fez de súbito lembrar um verso de Mário Quintana: O que tem de bom numa galinha assada é que ela não cacareja.Mário Quintana/Brasil, Brasil/ “árvore das patacas”, expressão que, naturalmente, me ocorrera ao ler Catroga: “50% do que eu ganho vai para impostos. Quanto mais ganhar, maior é a receita do Estado (…), isso tem um efeito redistributivo para as políticas sociais”.E se alguns viram aqui um exemplo acabado de “pensamento mágico” descabido num economista; outros, um insulto aos portugueses a quem se exige sacrifícios diários, férias e feriados incluídos; logo houve quem declamasse Pessoa: Quem quer passar além do Bojador/Tem de passar além da dor.Algo semelhante fora dito em prosa pelo Almeida Santos: “O povo tem de sofrer as crises como o Governo as sofre”. E não foi assim há tanto tempo.Imagem


Os ingleses tinham a Índia, nós temos os pastéis de nata. “Ter” é melhor do que “ter tido” e o futuro a Deus pertence. A Deus ou à China.Na China, os nata chamam-se dan ta e são muito apreciados. Nunca fui à China mas soube que Chris Patten, último governador inglês de Hong Kong e fanático das portuguese egg tarts, numa recente viagem ao território chegou ao aeroporto e disse: “Desembarquei às 16 e às 17.15 já estava a comer um pastel de nata”.Dado que tal confissão é anterior à escandalosa comparação feita por Álvaro Santos Pereira entre pastéis de nata e frango no churrasco (“Será o pastel de nata diferente do frango no churrasco?”), devo concluir duas coisas.Uma, é que os ingleses, não contentes por nos andarem a intrujar com Tratados desde 1373, nos querem agora roubar o nosso pastel de nata!Outra, é que o ministro, ao comparar o incomparável, prova ser um péssimo gourmet, facto que – insondáveis são os caminhos da mente – me fez de súbito lembrar um verso de Mário Quintana: O que tem de bom numa galinha assada é que ela não cacareja.Mário Quintana/Brasil, Brasil/ “árvore das patacas”, expressão que, naturalmente, me ocorrera ao ler Catroga: “50% do que eu ganho vai para impostos. Quanto mais ganhar, maior é a receita do Estado (…), isso tem um efeito redistributivo para as políticas sociais”.E se alguns viram aqui um exemplo acabado de “pensamento mágico” descabido num economista; outros, um insulto aos portugueses a quem se exige sacrifícios diários, férias e feriados incluídos; logo houve quem declamasse Pessoa: Quem quer passar além do Bojador/Tem de passar além da dor.Algo semelhante fora dito em prosa pelo Almeida Santos: “O povo tem de sofrer as crises como o Governo as sofre”. E não foi assim há tanto tempo.Imagem

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