Costa mais eficaz num debate tecnocrata

21-09-2015
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Números e economia, mais números e mais economia. Foram 90 minutos de economia, de um debate à volta da ausência de números num programa eleitoral ou de números "aventureiros" no outro ou ainda de milhões de cortes nas pensões, de plafonamentos verticais "escondidos" e ainda de uma guerra (de números outra vez) sobre quem empregou mais ou menos, sobre quem conduziu mais ou menos ao desemprego. Foi à volta de números que Passos e Costa andaram durante hora e meia, num debate que pouco teve de frente-a-frente e onde os problemas concretos das pessoas, as famílias, a Europa ou os refugiados ficaram à porta.

O líder do PS partiu para o debate de ontem - o primeiro e único em televisão - sob grande pressão, com as sondagens a darem a coligação acima e com o caso Sócrates a incomodar. Passos, aliás, tentou ao longo de todo o debate encostá-lo à parede com a ex-governação de José Sócrates (referiu-o 12 vezes), mas António Costa, que entrou mais à defesa que ao ataque, mudou a estratégia na segunda parte do debate e acabou por conseguir contra-atacar. No final, eram muitos os comentadores, incluindo da Direita, como Marcelo Rebelo de Sousa, que admitiam ter sido o secretário-geral do PS a vencer o confronto. No PS, aliás, logo após o debate vivia-se um ambiente de "alívio", segundo disseram ao Diário Económico fontes do partido, uma vez que o facto de não ter perdido o debate deu à ‘entourage' de Costa novo embalo para a campanha.

Passos Coelho insistiu tanto em colar Costa a Sócrates que o líder do PS chegou a responder-lhe: "parece que está com muitas saudades de debater com José Sócrates, se é assim pode ir lá a casa convidá-lo". Passos e números dominaram o debate, onde pouco se falou de políticas sociais e de problemas concretos das pessoas.

O debate, conduzido por três ‘pivots', o que lhe tirou a eficiência e clareza própria de um frente-a-frente tradicional, começou sobretudo com um regresso ao passado: Passos a justificar que teve de "seguir uma política austeritária" por causa da crise e troika, Costa a responder que esta tese "é uma mistificação" porque o PSD "pediu a troika e queria a troika" para poder, ideologicamente, aplicar um programa muito além do memorando. Passos acusa Costa de usar um argumento "ridículo" mas admite: em reformas estruturais "sim" para permitir um "crescimento" sustentado do país. Costa insiste na tese de que o "Governo falhou" porque a dívida e o empobrecimento aumentaram nos últimos quatro anos e acusa Passos de não ter conseguido controlar a dívida, ao contrário do que o próprio fez enquanto autarca em Lisboa. E voltou a guerra de números. Passos atira: "conseguiu com o dinheiro que lhe demos dos terrenos do aeroporto". E Costa retaliou: "E o senhor o que fez com os três mil milhões que ganhou da ANA?"

Da guerra da dívida entre o Governo Sócrates e Passos e do desemprego passou-se para a Segurança Social. Costa voltou a dizer que não acorda com PSD qualquer corte de pensões, Passos negou que tivesse proposto este corte a Bruxelas e acusou Costa de propor sem assumir um "plafonamento vertical" que vai criar um buraco de cinco mil milhões à Segurança Social. Nesta altura, Passos fez questão de passar a mensagem que Costa representava a "incerteza" e que os "portugueses olham para si e vêem o passado". Costa não se ficou e acusou a proposta do PSD de plafonamento para a segurança social de ser "a maior aventura financeira", avisando que Passos está a tentar que as pessoas confiem num sistema "como o Governo pediu que confiassem as suas poupanças no BES".

Depois, Passos tentou o argumento Syriza para tentar encostar de novo Costa à parede mas a questão acabou por não ter contraditório. Aliás, Costa evitou muitas vezes responder directamente a questões - como vai promover emprego? como vai controlar finanças? - e até assumiu: "Eu não faço promessas, eu não assumo compromissos". E em noventa minutos não assumiu, de facto, embora a maioria dos comentadores tenham sido unânimes em considerar que Costa "foi muito mais eficaz" em passar a sua mensage. António Costa demarcou-se de Sócrates e um dos jornalistas perguntou-lhe directamente se pretendia agradecer pessoalmente ao ex-primeiro-ministro o apoio dado publicamente. Costa foi claro: não. Nem Passos, nem Costa se comprometeram num acordo pós-eleitoral no caso de não terem maioria absoluta - Costa até negou acordo com Passos - e ambos evitaram falar de presidenciais.

Números e economia, mais números e mais economia. Foram 90 minutos de economia, de um debate à volta da ausência de números num programa eleitoral ou de números "aventureiros" no outro ou ainda de milhões de cortes nas pensões, de plafonamentos verticais "escondidos" e ainda de uma guerra (de números outra vez) sobre quem empregou mais ou menos, sobre quem conduziu mais ou menos ao desemprego. Foi à volta de números que Passos e Costa andaram durante hora e meia, num debate que pouco teve de frente-a-frente e onde os problemas concretos das pessoas, as famílias, a Europa ou os refugiados ficaram à porta.

O líder do PS partiu para o debate de ontem - o primeiro e único em televisão - sob grande pressão, com as sondagens a darem a coligação acima e com o caso Sócrates a incomodar. Passos, aliás, tentou ao longo de todo o debate encostá-lo à parede com a ex-governação de José Sócrates (referiu-o 12 vezes), mas António Costa, que entrou mais à defesa que ao ataque, mudou a estratégia na segunda parte do debate e acabou por conseguir contra-atacar. No final, eram muitos os comentadores, incluindo da Direita, como Marcelo Rebelo de Sousa, que admitiam ter sido o secretário-geral do PS a vencer o confronto. No PS, aliás, logo após o debate vivia-se um ambiente de "alívio", segundo disseram ao Diário Económico fontes do partido, uma vez que o facto de não ter perdido o debate deu à ‘entourage' de Costa novo embalo para a campanha.

Passos Coelho insistiu tanto em colar Costa a Sócrates que o líder do PS chegou a responder-lhe: "parece que está com muitas saudades de debater com José Sócrates, se é assim pode ir lá a casa convidá-lo". Passos e números dominaram o debate, onde pouco se falou de políticas sociais e de problemas concretos das pessoas.

O debate, conduzido por três ‘pivots', o que lhe tirou a eficiência e clareza própria de um frente-a-frente tradicional, começou sobretudo com um regresso ao passado: Passos a justificar que teve de "seguir uma política austeritária" por causa da crise e troika, Costa a responder que esta tese "é uma mistificação" porque o PSD "pediu a troika e queria a troika" para poder, ideologicamente, aplicar um programa muito além do memorando. Passos acusa Costa de usar um argumento "ridículo" mas admite: em reformas estruturais "sim" para permitir um "crescimento" sustentado do país. Costa insiste na tese de que o "Governo falhou" porque a dívida e o empobrecimento aumentaram nos últimos quatro anos e acusa Passos de não ter conseguido controlar a dívida, ao contrário do que o próprio fez enquanto autarca em Lisboa. E voltou a guerra de números. Passos atira: "conseguiu com o dinheiro que lhe demos dos terrenos do aeroporto". E Costa retaliou: "E o senhor o que fez com os três mil milhões que ganhou da ANA?"

Da guerra da dívida entre o Governo Sócrates e Passos e do desemprego passou-se para a Segurança Social. Costa voltou a dizer que não acorda com PSD qualquer corte de pensões, Passos negou que tivesse proposto este corte a Bruxelas e acusou Costa de propor sem assumir um "plafonamento vertical" que vai criar um buraco de cinco mil milhões à Segurança Social. Nesta altura, Passos fez questão de passar a mensagem que Costa representava a "incerteza" e que os "portugueses olham para si e vêem o passado". Costa não se ficou e acusou a proposta do PSD de plafonamento para a segurança social de ser "a maior aventura financeira", avisando que Passos está a tentar que as pessoas confiem num sistema "como o Governo pediu que confiassem as suas poupanças no BES".

Depois, Passos tentou o argumento Syriza para tentar encostar de novo Costa à parede mas a questão acabou por não ter contraditório. Aliás, Costa evitou muitas vezes responder directamente a questões - como vai promover emprego? como vai controlar finanças? - e até assumiu: "Eu não faço promessas, eu não assumo compromissos". E em noventa minutos não assumiu, de facto, embora a maioria dos comentadores tenham sido unânimes em considerar que Costa "foi muito mais eficaz" em passar a sua mensage. António Costa demarcou-se de Sócrates e um dos jornalistas perguntou-lhe directamente se pretendia agradecer pessoalmente ao ex-primeiro-ministro o apoio dado publicamente. Costa foi claro: não. Nem Passos, nem Costa se comprometeram num acordo pós-eleitoral no caso de não terem maioria absoluta - Costa até negou acordo com Passos - e ambos evitaram falar de presidenciais.

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